Venancio Junior
Ser ou não ser? Esta célebre frase de William
Shakespeare, um dos maiores nomes da dramaturgia, ainda atravessa séculos,
fronteiras geográficas e intelectuais. Esta é a encruzilhada da crise
existencial. Perdemos o rumo, a identidade e a referência do que somos e qual
caminho seguir. Pela lógica a opção seria pelo mais fácil. Dependendo da
situação e do propósito há implicação ética, moral, espiritual e intelectual.
Como os conceitos mudam conforme os anos passam, porque as pessoas não sabem
mais definir o que é princípio moral, ético ou espiritual, daí, surge a famosa
encruzilhada. Os formadores de opinião dizem que somos na essência aquilo que
pensamos. Outros afirmam que somos conforme as nossas reações e não como as
nossas ações. Os psicólogos geralmente insistem nesta linha. Mas, a reação, na
verdade, é um reflexo, enquanto a ação é premeditada. Se somos um reflexo,
então não existimos de fato. A simbiose trata da relação vantajosa de duas
espécies diferentes. A cibernética é quem dita o rumo da comunicação que
atualmente é muito difundida pela internet. Então, vamos falar de relação,
afinal, a forma como nos relacionamos influi naquilo que queremos ser.
Como nos relacionamos hoje? Que nível de
relacionamento mantemos com as pessoas? Quem são estas pessoas? Se relacionar
nos dias de hoje é algo simples. Não me refiro a intimidade no sentido de
trocar confidências. Me refiro à facilidade de conhecer pessoas o que é
diferente de conhecer as pessoas. A tecnologia facilitou a interação pessoal.
Será que as pessoas são o que de fato elas publicam? Este questionamento é
muito antigo, muito antes do computador. É como conquistar um novo amor,
primeiro faço a propaganda da minha pessoa a quem quero conquistar. Sou
galanteador, honesto, simpático, responsável, etc. depois começa a “explodir” o
verdadeiro “eu”. A pessoa que se desejou conquistar se encanta com toda
encenação que visava a conquista. Analisemos esta situação. No início houve uma
ação claramente premeditada onde a intenção era chegar ao fim desejado, a
conquista. Após a consumação do ato começou a surgir as reações causadas pelo
desgaste do relacionamento. Especificamente saber o que tenha causado estas
reações é difícil identificar. Sofremos pressão em qualquer lugar que vivemos e
com qualquer pessoa. Somos intensamente pressionados e isto gera uma gama de
sentimentos capazes de alterar o que, de fato, nós somos. Por isto que os
psicólogos insistem em diagnosticar os seus pacientes com depressão causada
pelo “stress”. Uma das causas da depressão é exatamente não saber conciliar o
mundo real com o mundo “irreal”. Muitas pessoas nos fazem sonhar com promessas
do impossível. O que nos faz rir e o que mais nos motiva é o mundo irreal.
Sonhamos com aquilo que nunca alcançaremos. Iludimo-nos com a conquista do
impossível. Sofremos por isto. O mundo sofre, atualmente em grande escala, de
opressões ideológicas devido aos insanos ditadores em forçar as pessoas a
pensarem como eles. A intolerância religiosa dos terroristas é premeditada e
causada pela ilusão de que as pessoas têm de pensarem iguais, assim todos serão
felizes. A pior opressão é aquela em que conseguem atingir a sua consciência e
você começa a tomar a sua decisão independente do conceito de sociedade.
Estamos no Brasil. Um país pacífico, sem guerras e
sem ataques terroristas, por isto vivemos em paz. Será? Vamos focar o nosso
cotidiano. No final do dia, após intenso trabalho e o sufoco do trânsito, nos sentamos
tranquilamente em nosso confortável sofá e queremos assistir qualquer coisa,
mas eu decido o que assistir. Se você acha que está privativo em sua casa,
esqueça. Eles irão te buscar. Os filmes, novelas, seriados e programas diversos
moldam a sua maneira de ser. Definem a moda, “sugerem” comportamento e ganham
muito dinheiro com você assistindo inocentemente aquilo que eles querem e não o
que você decidiu “livremente”. Quem paga tudo isto é você através dos
patrocinadores que nos “bombardeiam” com milhares de informações através dos
meios de comunicação. O interesse destas propagandas não é o de vender
simplesmente, porque quem decide comprar é você, mas precisam te convencer
primeiro de que o seu modo de vida está errado. Se não houver mudança do estilo
de vida você nada comprará. Para as empresas você precisa se tornar cliente.
Que tipo de decisão você irá tomar? Você é aquilo que você consome? Você é
aquilo que você veste? Você é aquilo que você come? Você é um indivíduo livre
para decidir o rumo que você deseja para a sua vida. Mas esta liberdade não nos
torna desligadas de outras pessoas. Somos ligados pela mesma origem e Deus nos
deu personalidade, isto caracteriza a nossa individualidade. Quando agimos para
nós mesmos, perdemos esta característica, consequentemente, fragilizamos o
corpo que é formado pelo coletivo. Na verdade, somos interligados. Nesta
condição não interessa o que somos para nós mesmos. Apesar de que precisamos
nos conhecer individualmente. Este processo de conhecimento de si mesmo nos
leva a agir num mundo fechado e exclusivo. É confortável saber o que somos e
viver bem da maneira que somos. Somos surpreendidos quando percebemos que o
nosso “estoque” de necessidades está no fim e precisamos sair do nosso
“mundinho” fechado e confortável. Procuramos de todas as formas buscar os
suprimentos necessários para nos fechar novamente no nosso “mundinho” e
continuar hibernando até o próximo verão. Estes meios de busca é que nos traem
e ficamos despersonalizados e deformados. Esta deformação é caracterizada por
egoísmo, rispidez, descumpridor de suas obrigações, mentiroso, falso, violento
e tantos outros maus adjetivos que nos faz pessoas distantes do ideal que os
nossos pais sonharam quando fomos concebidos e daqueles com quem convivemos.
Ser alguém que faz a diferença para melhor na nossa sociedade é algo acima de
qualquer questionamento. Todos nós devemos ser flexíveis nas nossas opiniões e
na perspectiva de vida. Radicalismo nunca foi e nunca será um caminho
simpático. Antes tínhamos os ditadores que assumiam um país como se fosse
propriedade deles. Hoje, quase não temos estes antipáticos ditadores assumidos,
nem precisamos mais deles porque temos a televisão, as revistas, os jornais e
todo meio de comunicação que são usados pelos ditadores virtuais que se colocam
como democratas liberais, mas usam as armas da ditadura social. Esta forma de
ditadura é a pior porque estamos no conforto do nosso lar e somos induzidos a
fazer aquilo que não queremos e a comprar aquilo que não precisamos. Entramos
em nossa casa de um jeito e saímos de outro. A cada década somos alguém
diferente. A diferença no pensamento é algo até previsível porque o conceito de
algumas coisas muda e a cultura sofre adaptações, consequentemente, nos
adequamos para não ficarmos parado no tempo. É impossível ter o mesmo conceito
de cem anos atrás porque muitas das coisas atuais desconheciam-se e tantas
outras evoluíram. O que não pode mudar é a linha de conduta que está inserida
nos princípios ético, moral e espiritual. Isto não muda e de forma alguma, deve
ser definido pela sociedade que sofre mutação destes princípios e a sua maneira
de ver a vida é questionada pelas consequências trágicas que vivenciamos. O
princípio ético, moral e espiritual está descrito na Bíblia que é a regra de fé
daqueles que, não somente desejam, mas pregam e semeiam a paz, a fé, o amor e a
esperança de uma vida melhor. Talvez não precisemos ser uma nova pessoa, mas,
tenho certeza de que precisamos ser uma nova criatura. Ser uma nova criatura é
na sua essência ser refeita. Na Bíblia achamos o caminho deste nosso novo ser:
“Quem está em Cristo é uma nova criatura” II Coríntios 5:17. Alguém que segue
por este caminho certo e seguro e não alguém fora deste caminho é o que, de
fato, devemos ser.
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