terça-feira, 4 de julho de 2017

MANIFESTAÇÕES DA CARNE E DO ESPÍRITO

Venancio Jr

Acho que estamos perdendo muito o foco e nos descaracterizando pela febre da política atual do nosso país. Não creio em políticos e não creio na política como forma de transformação das pessoas e nem de uma nação inteira. Será que mudando o governo as coisas irão melhorar? Não é isto que Deus diz em II Crônicas 7:14 quando lemos: “...e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.

Como identificar quem é de fato o povo de Deus? Em Jeremias 24:7 encontramos a resposta: “E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração”.

Conforme este contexto bíblico, as manifestações da carne se tornaram nulas para a transformação que a nossa nação precisa. Esta transformação nascerá no coração dos verdadeiros adoradores pelos quais Deus está à procura (João 4:23). Será que encontrará algum nas manifestações motivadas pela carne? Será que encontrará algum votando as leis? Será que encontrará nas igrejas feitas por mãos humanas? Com certeza não! "Deus não habita em templos feitos por mãos humanas" (Atos 17:24). A Bíblia diz que somos agora o templo do Espírito Santo que se manifesta em nós e também age em nós e através de nós. Sinto-me mal todas as vezes que leio esta palavra. Como pode Deus habitar num corpo pecador? Todos somos pecadores, porém, há diferenças cruciais. Um corpo pecador é diferente de um corpo em estado pecaminoso. A graça de Deus nos alcançou para que não morrêssemos, enquanto a superabundante graça, age para que cresçamos também em conhecimento. É o que diz em II Coríntios 4:16 "Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia". É a palavra de Deus se renovando para o nosso corpo envelhecido pelo pecado. O Espírito de Deus não nos deixa perder o fôlego de vida que precisamos para louvá-lo e adorá-lo. Em Salmos 150:6 lemos que “Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!

Este texto do livro de Salmos reafirma de que não existem limites quando se trata de louvor à Deus que, para isto, basta apenas um coração livre. Não me refiro a ser livre para uma mera manifestação política, o que não é errado, aliás, reafirme sua convicção política, mas não se esqueça de que nossa liberdade inicia em Deus. Em Deus não temos limite para louvá-lo. Louvá-lo? Mas não é só com música que O louvamos? Definitivamente não é somente com música que O louvamos. Louvar é uma expressão esotérica, para entender melhor dentro do contexto desta reflexão, é uma manifestação exclusiva à Deus. No texto bíblico acima mostra que louvor não é exclusivamente música porque tudo quanto tem fôlego deve louvar ao Senhor. As plantas e os animais têm fôlego e naturalmente não entendem absolutamente nada de música. Também percebemos que não há limites, no caso, este louvor sendo música para qual tipo de instrumento que deva ser usado para louvar à Deus. Muito menos o ritmo foi definido e nem o estilo para esta demonstração de louvor, caso contrário, nem a “agitada” e nem a “lenta” irão alcançar o trono da Graça.

A ação do Espírito Santo não se limita à nossa conformidade. Não podemos afirmar que o Espírito Santo se manifesta quando se tem música agitada e da mesma forma não é somente no silêncio que o Espírito Santo age. A ação do Espírito Santo, diria, é “metafísica”. O Espírito Santo se manifesta quando existe espaço para Ele na nossa vida porque, muitas vezes o orgulho, a vaidade, a indiferença, o preconceito, a inveja, o medo, a religiosidade, o partidarismo, a descrença, o materialismo, o exibicionismo, os instrumentos, o ritmo, a falta de amor, a cobiça, a leviandade, a preguiça, a família, o emprego, o carro, os amigos, o dinheiro, a aparência, a fama e o sucesso já ocuparam todo o espaço disponível e Deus não quer o tempo que sobra, (se é que sobra algum), Ele quer exclusividade, caso contrário estaremos alimentando a nossa hipocrisia. Muito pesado? Muito mais pesada foi a cruz incrustada pelos nossos pecados que Ele carregou para que você pudesse louvá-lo hoje. Este é um grande motivo para nos manifestarmos. Alguns apoiam a ordem dos fatores daquilo que deva ser prioridade. Eu coloco da seguinte forma. Deus sendo soberano e como está sob o seu controle, então, Deus em primeiro lugar, o tudo vem depois, cada qual no seu devido tempo e lugar na conformidade de Deus.

O que Deus criou, aliás, Ele criou o tudo e tanto pode ser usado para o bem como para o mal. Uma bela faca de cozinha tanto pode desfiar uma bela carne suculenta como pode matar alguém. Forma errada de uso. Uma bela mulher tanto pode ser uma excelente esposa como uma destruidora de lares. Lugar errado. Da mesma forma que o homem aparentemente belo tanto pode ser um exemplar marido e pai como um fracasso para a família. Não existe forma, existe postura que caracterize a integridade que dará honestidade à sua manifestação de louvor.

O que é um coração honesto? A princípio imaginamos como que os frutos se caracterizam. A honestidade é exprimir exatamente o que acontece dentro de nós, é como um raio-x. O Espírito Santo nos desmascara, nos constrange, nos esmiúça e nos coloca numa posição de pecador arrependido. Por isto devemos ter cuidado com o que cantamos, porque, geralmente não vivemos o que cantamos e, graças à Deus, que também não cantamos o que vivemos (imagine uma letra que reflita a nossa vida), então é melhor não cantar quando não há honestidade. Mas numa situação inversa onde o coração anseia por transformação, a partir daí Deus começa a perceber algo diferente em nós e nos liberta da velha criatura. Esta libertação altera até o nosso humor, leia Salmos 64:10 diz: "O justo se alegrará no Senhor e confiará nele, e todos os de coração reto cantarão louvores". Quem são os de coração reto? Os perfeitos? Não! São os sinceros e arrependidos! Não estou falando de pessoas perfeitas, daquele tipo que foi estereotipado pela igreja: “Olha, aquele pecador se arrependeu, agora ele anda certinho!”. Nada disso. Talvez o arrependimento nasça na necessidade do que na vontade. O próprio apóstolo Paulo tinha dificuldades em “andar certinho” tal como citei quando declarou em Romanos 7:19: “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico!”. Paulo foi um pecador arrependido e sincero. E esta sinceridade não o desqualificou a ponto de Deus rejeitar a sua adoração. Uma das definições da sinceridade que mais se aproxima desta atitude de Paulo seria a lealdade. Lealdade é ser fiel até o fim. Em João 15:04 diz que se permanecermos nEle, (Jesus) Ele permanecerá em nós. Qual a motivação que nos leva a sermos sinceros ou não na expressão de louvor? Este é um ponto bastante controvertido, discutido e mal interpretado atualmente. A partir da “nova unção” amplamente disseminada pelo movimento gospel na década de 90, o púlpito foi transformado em palco e também palanque, os músicos em profissionais, os ministros em artistas e começou algo diferente em meio a tanta motivação estranha. Apoio integralmente qualquer ação no sentido de qualificar tanto a música como também os músicos, afinal, Deus é o principal dos artistas e sua obra é perfeita. Mas a forma de utilização pode ser errada.

A música por si só consegue arrancar belos arrepios porque ela atinge o nosso sentimento e este arrepio é muito confundido com manifestação do Espírito Santo. Muitas músicas causam verdadeiro “frisson” e que nos impulsiona a dançar e até a pular. Isto também confunde a nossa espiritualidade pueril. A espiritualidade é percebida quando a mensagem das músicas, independente do estilo e do ritmo, o impulsiona a adorar à Deus e fazer discípulos. Conheço muitos que se arrepiam e abrem sorriso quando movidos por alguma música, porém seus lares estão desfeitos, o linguajar é comprometedor, a fonte espiritual de alimentação está seca e o comportamento gera questionamento e também não existe a intenção em mudar a situação, porém, a música ainda continua a arrepiá-lo, nada mais que isto, apenas arrepios. Quando assistimos algum filme de suspense também ficamos arrepiados, isto não quer dizer que somos medrosos, é apenas uma reação natural. Não existe magia na música tradicional ou contemporânea e também não são remédios para se tomar em doses homeopáticas durante os cultos. A música é expressão de um sentimento causado por uma transformação de vida e que rende louvor e adoração à Deus a partir de um coração sincero. A adoração e o louvor através da música não são um todo, mas parte de um todo liberto do pecado e que agora manifesta o seu sentimento através das músicas.

Qual a história das nossas músicas? Elas revelam situações vividas por uma igreja? Elas revelam condição humana? Será que é tudo verdade o que diz a música ou os compositores querem apenas nos fazer arrepiar ou dançar? A música particularmente julgo que deva ser “encorpada”. Não falo de arranjos ou muitos músicos e instrumentos. Encorpada a que me refiro é a história por trás da música. Para o verdadeiro louvor à Deus o compositor antes de tudo deve ser um pecador arrependido e posteriormente um adorador em potencial. O ministro de louvor tem o seu valor intrínseco e não usa de subterfúgios para convencer a igreja porque ele é apenas um instrumento e não o principal naquele momento de adoração e o “dono” da unção, agindo assim ele usará de soberba, consequentemente o Espírito Santo não o usará mais como instrumento.

Nem músicas tradicionais e muito menos músicas contemporâneas farão qualquer pessoa chegar-se a Deus caso ela não tenha um espírito desarmado de todos os conceitos pré-estabelecidos. Tudo o que se fala sobre música, louvor e adoração caso não seja assimilado com um espírito quebrantado sentiremos apenas a emoção da música e será apenas uma cantoria e não louvor que agrade a Deus. O que nos fará chegar a Deus é termos uma só fé, um só amor e o mesmo Espírito agindo em nós este é o sentimento de todas as músicas sejam novas ou antigas e de todos os momentos em qualquer lugar de que somos um corpo só em Cristo. Ao contrário do que acontece hoje, não seremos nós que manifestaremos, mas Deus se manifestará através do Espírito Santo na sua igreja que somos nós e somente desta forma toda uma nação será sarada das suas feridas.

campinas sp 02/01/2007

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