Venancio Jr
Acho que estamos perdendo muito o foco
e nos descaracterizando pela febre da política atual do nosso país. Não creio
em políticos e não creio na política como forma de transformação das pessoas e
nem de uma nação inteira. Será que mudando o governo as coisas irão melhorar?
Não é isto que Deus diz em II Crônicas 7:14 quando lemos: “...e se o
meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha
face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei
os seus pecados, e sararei a sua terra”.
Como identificar quem é de fato o povo
de Deus? Em Jeremias 24:7 encontramos a resposta: “E dar-lhes-ei
coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e
eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração”.
Conforme este contexto
bíblico, as manifestações da carne se tornaram nulas para a transformação
que a nossa nação precisa. Esta transformação nascerá no coração dos
verdadeiros adoradores pelos quais Deus está à procura (João 4:23). Será que
encontrará algum nas manifestações motivadas pela carne? Será que encontrará
algum votando as leis? Será que encontrará nas igrejas feitas por mãos humanas?
Com certeza não! "Deus não habita em templos feitos por mãos
humanas" (Atos 17:24). A Bíblia diz que somos agora o templo do
Espírito Santo que se manifesta em nós e também age em nós e através de nós.
Sinto-me mal todas as vezes que leio esta palavra. Como pode Deus habitar num
corpo pecador? Todos somos pecadores, porém, há diferenças cruciais. Um corpo
pecador é diferente de um corpo em estado pecaminoso. A graça de Deus nos
alcançou para que não morrêssemos, enquanto a superabundante graça, age para
que cresçamos também em conhecimento. É o que diz em II Coríntios 4:16 "Por
isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja
consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia". É a palavra
de Deus se renovando para o nosso corpo envelhecido pelo pecado. O Espírito de
Deus não nos deixa perder o fôlego de vida que precisamos para louvá-lo e
adorá-lo. Em Salmos 150:6 lemos que “Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor.
Louvai ao Senhor!”
Este texto do livro de Salmos reafirma
de que não existem limites quando se trata de louvor à Deus que, para isto,
basta apenas um coração livre. Não me refiro a ser livre para uma mera manifestação
política, o que não é errado, aliás, reafirme sua convicção política, mas não
se esqueça de que nossa liberdade inicia em Deus. Em Deus não temos limite para
louvá-lo. Louvá-lo? Mas não é só com música que O louvamos? Definitivamente não
é somente com música que O louvamos. Louvar é uma expressão esotérica, para
entender melhor dentro do contexto desta reflexão, é uma manifestação exclusiva
à Deus. No texto bíblico acima mostra que louvor não é exclusivamente música
porque tudo quanto tem fôlego deve louvar ao Senhor. As plantas e os animais
têm fôlego e naturalmente não entendem absolutamente nada de música. Também
percebemos que não há limites, no caso, este louvor sendo música para qual tipo
de instrumento que deva ser usado para louvar à Deus. Muito menos o ritmo foi
definido e nem o estilo para esta demonstração de louvor, caso contrário, nem a
“agitada” e nem a “lenta” irão alcançar o trono da Graça.
A ação do Espírito Santo não se limita
à nossa conformidade. Não podemos afirmar que o Espírito Santo se manifesta
quando se tem música agitada e da mesma forma não é somente no silêncio que o
Espírito Santo age. A ação do Espírito Santo, diria, é “metafísica”. O Espírito
Santo se manifesta quando existe espaço para Ele na nossa vida porque, muitas
vezes o orgulho, a vaidade, a indiferença, o preconceito, a inveja, o medo, a
religiosidade, o partidarismo, a descrença, o materialismo, o exibicionismo, os
instrumentos, o ritmo, a falta de amor, a cobiça, a leviandade, a preguiça, a
família, o emprego, o carro, os amigos, o dinheiro, a aparência, a fama e o
sucesso já ocuparam todo o espaço disponível e Deus não quer o tempo que sobra,
(se é que sobra algum), Ele quer exclusividade, caso contrário estaremos
alimentando a nossa hipocrisia. Muito pesado? Muito mais pesada foi a cruz
incrustada pelos nossos pecados que Ele carregou para que você pudesse louvá-lo
hoje. Este é um grande motivo para nos manifestarmos. Alguns apoiam a ordem dos
fatores daquilo que deva ser prioridade. Eu coloco da seguinte forma. Deus
sendo soberano e como está sob o seu controle, então, Deus em primeiro lugar, o
tudo vem depois, cada qual no seu devido tempo e lugar na conformidade de Deus.
O que Deus criou, aliás, Ele criou o
tudo e tanto pode ser usado para o bem como para o mal. Uma bela faca de
cozinha tanto pode desfiar uma bela carne suculenta como pode matar alguém.
Forma errada de uso. Uma bela mulher tanto pode ser uma excelente esposa como
uma destruidora de lares. Lugar errado. Da mesma forma que o homem
aparentemente belo tanto pode ser um exemplar marido e pai como um fracasso
para a família. Não existe forma, existe postura que caracterize a integridade
que dará honestidade à sua manifestação de louvor.
O que é um coração honesto? A princípio
imaginamos como que os frutos se caracterizam. A honestidade é exprimir
exatamente o que acontece dentro de nós, é como um raio-x. O Espírito
Santo nos desmascara, nos constrange, nos esmiúça e nos coloca numa posição de
pecador arrependido. Por isto devemos ter cuidado com o que cantamos, porque,
geralmente não vivemos o que cantamos e, graças à Deus, que também não cantamos
o que vivemos (imagine uma letra que reflita a nossa vida), então é melhor não
cantar quando não há honestidade. Mas numa situação inversa onde o coração
anseia por transformação, a partir daí Deus começa a perceber algo diferente em
nós e nos liberta da velha criatura. Esta libertação altera até o nosso humor,
leia Salmos 64:10 diz: "O justo se alegrará no Senhor e confiará nele,
e todos os de coração reto cantarão louvores". Quem são os de coração
reto? Os perfeitos? Não! São os sinceros e arrependidos! Não estou falando de
pessoas perfeitas, daquele tipo que foi estereotipado pela igreja: “Olha,
aquele pecador se arrependeu, agora ele anda certinho!”. Nada disso. Talvez o
arrependimento nasça na necessidade do que na vontade. O próprio apóstolo Paulo
tinha dificuldades em “andar certinho” tal como citei quando declarou em
Romanos 7:19: “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse
pratico!”. Paulo foi um pecador arrependido e sincero. E esta sinceridade não o
desqualificou a ponto de Deus rejeitar a sua adoração. Uma das definições da
sinceridade que mais se aproxima desta atitude de Paulo seria a lealdade.
Lealdade é ser fiel até o fim. Em João 15:04 diz que se permanecermos
nEle, (Jesus) Ele permanecerá em nós. Qual a motivação que nos leva a
sermos sinceros ou não na expressão de louvor? Este é um ponto bastante
controvertido, discutido e mal interpretado atualmente. A partir da “nova
unção” amplamente disseminada pelo movimento gospel na década de 90, o púlpito
foi transformado em palco e também palanque, os músicos em profissionais, os
ministros em artistas e começou algo diferente em meio a tanta motivação
estranha. Apoio integralmente qualquer ação no sentido de qualificar tanto a
música como também os músicos, afinal, Deus é o principal dos artistas e sua
obra é perfeita. Mas a forma de utilização pode ser errada.
A música por si só consegue arrancar
belos arrepios porque ela atinge o nosso sentimento e este arrepio é muito
confundido com manifestação do Espírito Santo. Muitas músicas causam verdadeiro
“frisson” e que nos impulsiona a dançar e até a pular. Isto também confunde a
nossa espiritualidade pueril. A espiritualidade é percebida quando a mensagem
das músicas, independente do estilo e do ritmo, o impulsiona a adorar à Deus e
fazer discípulos. Conheço muitos que se arrepiam e abrem sorriso quando movidos
por alguma música, porém seus lares estão desfeitos, o linguajar é
comprometedor, a fonte espiritual de alimentação está seca e o comportamento
gera questionamento e também não existe a intenção em mudar a situação, porém,
a música ainda continua a arrepiá-lo, nada mais que isto, apenas arrepios.
Quando assistimos algum filme de suspense também ficamos arrepiados, isto não
quer dizer que somos medrosos, é apenas uma reação natural. Não existe magia na
música tradicional ou contemporânea e também não são remédios para se tomar em
doses homeopáticas durante os cultos. A música é expressão de um sentimento
causado por uma transformação de vida e que rende louvor e adoração à Deus a
partir de um coração sincero. A adoração e o louvor através da música não são
um todo, mas parte de um todo liberto do pecado e que agora manifesta o seu
sentimento através das músicas.
Qual a história das nossas músicas?
Elas revelam situações vividas por uma igreja? Elas revelam condição humana?
Será que é tudo verdade o que diz a música ou os compositores querem apenas nos
fazer arrepiar ou dançar? A música particularmente julgo que deva ser
“encorpada”. Não falo de arranjos ou muitos músicos e instrumentos. Encorpada a
que me refiro é a história por trás da música. Para o verdadeiro louvor à Deus
o compositor antes de tudo deve ser um pecador arrependido e posteriormente um
adorador em potencial. O ministro de louvor tem o seu valor intrínseco e não
usa de subterfúgios para convencer a igreja porque ele é apenas um instrumento
e não o principal naquele momento de adoração e o “dono” da unção, agindo assim
ele usará de soberba, consequentemente o Espírito Santo não o usará mais como
instrumento.
Nem músicas tradicionais e muito menos
músicas contemporâneas farão qualquer pessoa chegar-se a Deus caso ela não
tenha um espírito desarmado de todos os conceitos pré-estabelecidos. Tudo o que
se fala sobre música, louvor e adoração caso não seja assimilado com um
espírito quebrantado sentiremos apenas a emoção da música e será apenas uma
cantoria e não louvor que agrade a Deus. O que nos fará chegar a Deus é termos
uma só fé, um só amor e o mesmo Espírito agindo em nós este é o sentimento de
todas as músicas sejam novas ou antigas e de todos os momentos em qualquer
lugar de que somos um corpo só em Cristo. Ao contrário do que acontece hoje,
não seremos nós que manifestaremos, mas Deus se manifestará através do Espírito
Santo na sua igreja que somos nós e somente desta forma toda uma nação será
sarada das suas feridas.
campinas sp 02/01/2007
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