terça-feira, 4 de julho de 2017

O PECADOR, ESTE INJUSTO!

Venancio Junior

Não é pecado roubar, matar, fumar, embriagar-se, prostituir-se, drogar-se, mentir e tantas outras coisas que caracterizamos como pecado. Estas práticas são, na verdade, consequências do pecado. Não herdamos o Reino dos céus simplesmente por deixar de praticar tais coisas. Existem centenas de milhares de pessoas que não praticam estas maldades, porém, não herdarão o Reino dos céus. O pecado que, de fato, nos tirou esta herança do Reino é estar fora da presença de Deus. Não existe a condição estar longe da presença de Deus. Ou se está na presença de Deus ou não está. Estar longe de Deus é apenas uma metáfora para nos mostrar que estamos no caminho errado. É como aquela antiga brincadeira de quente ou frio. Está quente quando estamos próximos daquilo que buscamos e frio quando nos distanciamos. Mas Deus derruba esta definição quando diz que vomitará quem estiver morno. O morno, no caso, é aquele que está fora e finge que está dentro tentando enganar a Deus. O próprio Deus nos expulsou da sua presença porque nos tornamos indignos. Este é o único pecado que nos condena à morte eterna e que Deus considera.

Até agora deu a entender que se trata apenas de uma opinião pessoal. Como não quero que a minha opinião prevaleça, vamos à Bíblia que é a forma como Deus se manifestou aos homens.

Primeiramente vamos ao princípio onde tudo se perdeu e saímos da presença de Deus, consequentemente ficamos sem a condição de herdeiros do Reino. Em Romanos 3:23 lemos: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Pronto, aqui teve início a peregrinação do homem na tentativa de voltar à presença de Deus. Em vão. Fomos condenados por Deus e foi uma decisão, até então, irredutível.

A partir daí as consequências desta condição tornaram-se brutais e com infinitos níveis de crueldade por parte do ser humano. Estes pecados pontuais foram caracterizados porque vivíamos sob a lei. Leiamos Romanos 7:5 “Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte…”. Antes a lei nos condenava, por exemplo, Jesus foi morto por causa da lei. Os sacerdotes e as autoridades condenaram Jesus e o crucificaram conforme lemos em Lucas 24:20 “...e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram”. Quantos textos temos na Bíblia o suficiente para nos esclarecer que não precisaria falar mais alguma coisa.

O ser humano sempre teve o pecado como “arqui-inimigo” desde a sua criação. Afinal, é a única coisa que nos distancia de Deus, ou melhor dizendo, que nos mantem fora da presença de Deus. É, na verdade, algo intolerável para Deus. Tanto é que nos expulsou da sua presença.

Mas, quem é bom a ponto de merecer a vida eterna? Quantas vezes ouvimos: “Que pessoa boa, sempre foi correto. Quando morrer vai direto para o céu!”. Quando alguém importante morre, segue-se o comentário: “Este nos deixou, mas, como foi uma pessoa que nunca falou mal de alguém tem um lugar reservado no céu”. As coisas não funcionam desta forma. Lembre-se do texto em Romanos 3:23 onde lemos: “Porque todos pecaram...”, como Deus não tolera o pecado, todos foram expulsos da sua presença. Os “pecados pontuais” são consequências desta ação de Deus em nos expulsar da sua presença. Absolutamente ninguém é merecedor. Em Marcos 10:18 o próprio Jesus reafirmou a absoluta bondade de Deus, respondendo ao jovem rico, que na carne não existe bondade porque não poderia negar-se a si mesmo. Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um que é Deus.

As religiões têm causado mais confusão do que esclarecido esta questão do pecado. Mesmo as não cristãs, como as orientais, reconhecem o pecado. Outras negam o pecado e afirmam que não existe. Muitas outras afirmam que o próprio inferno não existe, mas, reconhecem que o pecado existe e até reconhece que o filho de Deus veio para livrar do pecado. Neste caso, se não livrar do pecado, qual é condenação para os que pecam sem perdão? Vamos nos ater apenas às religiões cristãs que já tem bagagem o suficiente para analisar. A maioria delas aceitam o pecado como o único problema que impede a entrada no céu. Até reconhecem que todos nós somos pecadores inveterados. Porém, adotam a filosofia de que o pecado é fazer algo errado. De certa forma, todos têm razão. Mas, não é isto que nos impede de herdarmos o Reino. Partamos do princípio de que não existe “pecadinho” e nem “pecadão”. Muitas atentam-se para as leis. As religiões muçulmanas e os judeus ainda se valem das leis. Em Gálatas 5:4,5 diz que: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes. Nós, entretanto, pelo Espírito aguardamos a esperança da justiça que provém da fé”. Para aqueles que ainda se esforçam e se sacrificam tentando justificar a salvação pela sua acuidade com as regras ofereço o texto contido em Gálatas 2:16: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada”. Isto significa que as regras não mudaram. Os homens é que distorceram as regras dando suas próprias interpretações. O próprio Jesus afirmou que não veio mudar as regras, mas, cumpri-las, leia Mateus 5:17,18. As regras já foram estabelecidas por Deus e os homens a distorceram e fizeram suas próprias considerações criando um reino de Deus aqui na terra, não amando o próximo, não dando a outra face, adorando deuses estranhos, dando falsos testemunhos e não reconhecendo a Jesus como o Messias, só para citar alguns. Isto demonstra como é distorcida a nossa visão da carne. Tudo isto criamos como forma em nos livrar da condenação pelo pecado.

Deus quando nos expulsou da tua presença, não foi um ato personalizado. Ele não expulsou simplesmente Adão e Eva, mas, o gênero humano. Como eu seria expulso sequer tinha nascido? Então, neste caso, não existem “pecados personalizados” ou “condenação personalizada”. Deus não irá se preocupar quem você é, mas, como você está. Todos, é absoluto, tanto para condenação como para salvação. Todos pecaram... e que ...todos sejam salvos. Nosso pecado é estar fora da presença de Deus e ficamos sujeitos a qualquer ação como consequência desta condição. Se o mentiroso não herda o Reino, então quem não mente herda o Reino? Negativo! Quem não nascer de novo, por melhor que a pessoa seja na concepção humana, não entra no Reino de Deus. No texto de Romanos 8:13 diz: “porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. Deus salva a alma que é a nossa consciência. A carne foi destinada ao pó, pois sofreu uma degeneração em consequência de estar fora da presença de Deus.

E como voltamos a herdar o Reino ou à presença de Deus? Em Romanos 6:19 lemos “Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um, muitos serão constituídos justos”. Lembrando que continuamos a ser pecadores, porém, justificados em Cristo pela superabundante graça de Deus. Em Romanos 8:3 vemos que o próprio Deus, (como tudo na vida, pois sua vontade é soberana), permitiu-nos através de Jesus Cristo em forma humana, uma nova oportunidade: “Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado”. Somos justificados em Cristo porque onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. Romanos 6:20 “Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça”. Esta condição é fruto do amor e da bondade de Deus. A superabundante graça nos resgata no mais profundo abismo. Este abismo não significa que se encontram os “piores pecadores”, mas, demonstra a profundidade da alma pecaminosa, onde não se tem mais condições de qualquer indício de fé ou de temor à Deus. Por exemplo, aqueles que estão envolvidos num ambiente totalmente desprovido da pregação do evangelho. Não precisa ser um ambiente ateu onde há a negação de Deus, mas, pode ser num ambiente religioso onde se fala de um evangelho estranho. Nesta situação, somente a graça pela fé é capaz de alcançar estas pessoas. Leia o texto de Efésios 2:8 "...portanto pela graça sois salvos por meio da fé". A graça nos alcança e, de forma, anula o nosso “eu” que é a carne que produz somente frutos para condenação. A superabundante graça nos mantém na presença de Deus em meio a abundância de pecado "...porque o mundo inteiro jaz no maligno" I João 5:19.  A graça e a superabundante graça agem na velha criatura para que uma nova criatura surja. Em Romanos 8:10 lemos que o corpo deve morrer para que a vida que há em Cristo viva em nós. “Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justificação de Cristo”. Isto não significa que haverá uma “despersonificação”. O que será anulada é a característica do pecado. Da forma como nasceu em termos de personalidade, continuará sendo a maneira como você é e cabe a si mesmo administrar. A alegria e o prazer serão, tipo, "potencializados".

Uma ideia errônea que imperceptivelmente vem a nossa mente é se somos salvos ou estamos salvos? Surge, então, aquela questão: E se Jesus vir quando eu estiver pecando? Relaxe! Lembre-se da superabundante graça. Será que podemos afirmar que a graça é para todos e a superabundante graça é para manter os justificados? A superabundante graça de Deus não é para que saiamos pecando por aí. Para aqueles alcançados por esta superabundante graça, pecador não é uma situação, mas, uma condição. Porque, nossa condição é de regenerados, porém, continuamos na situação de pecadores porque ainda estamos no mundo. Porém, Deus não nos trata conforme a nossa justiça terrena. O pecador é somente um, o ser humano. A salvação é para todos segundo a vontade e a justiça de Deus. I Timóteo 2:4 "...o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade". O que não podemos é continuar, após a conversão que significa “mudar a direção”, dando vasão à carne. Na carta de II Coríntios 10:3 o apóstolo Paulo exorta que “...embora andando na carne, não militamos segundo a carne”. Andemos em novidade de vida (Romanos 6:4) porque a palavra de Deus se renova a cada dia em nossas vidas devido o pecado que nos envelhece (Salmos 32:2). Como se renovar? Romanos 12:2 nos dá a receita: ...transformai-vos pela renovação da vossa mente!" A mente nada mais é que a alma. Renovar a mente é essencialmente não deixar que a tendência da carne prevaleça. O texto do livro de Ezequiel 18:20 diz que o pecado nos leva a morte, “...a alma que pecar, esta morrerá”. O que vai sofrer no inferno é a consciência (alma). O espírito não peca porque é uma expressão ou um sopro. Quem for para o inferno é porque não se regenerou e não porque errou muito na terra. Não se pode condenar quem já está condenado. Ninguém vai para o céu porque odeia o diabo. O céu retorna como herança para aqueles pecadores que são justificados e restaurados em Cristo Jesus para viver eternamente na presença de Deus.

Campinas – 20/09/2016

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