Venancio Junior
Quem
é você na multidão que acompanhava Jesus? A multidão era formada, provavelmente
por mais de 10 mil pessoas. Todos queriam ver Jesus ou presenciar os seus
milagres. Muitos estavam em busca destes milagres porque sofriam com alguma
doença, dificuldade financeira, problemas de relacionamentos ou perturbações
diversas. Talvez tivesse também o grupo de curiosos. Sempre tem aqueles que gostam
de estar em meio a multidão e nem soubesse o que estava acontecendo. De qualquer
forma, todos os que se encontravam em meio a multidão fez algum tipo de
sacrifício. Tanto é que Jesus teve de operar o milagre da multiplicação dos pães
e peixes, pois, a multidão estava faminta. Muitos vieram de muito longe e
deixaram suas casas, seu trabalho e o sacrifício era de acordo com o grau de
necessidade.
Jesus
é Deus encarnado e onisciente e sabia da condição de cada um naquela multidão. Os
relatos deste episódio tiveram como foco principal o milagre da multiplicação,
mas, Jesus deve ter curado muitos enfermos, abençoou a todos cada qual com a
sua carência porque a multidão não estava atrás de comida. Porém, ninguém prestaria
atenção no que Jesus falaria se estivesse com fome. Se alguém estiver na igreja
e esteja com fome, a mensagem não causará o resultado pretendido porque a mente
da pessoa está preocupada com a fome. A psicologia de Jesus era de uma precisão
cirúrgica. A moça do poço não estava com fome, ela foi buscar água e Jesus se
apresentou como sendo a água da vida e que ela nunca mais teria sede. Ela era
alguém que tentava matar a sua sede espiritual nos relacionamentos diversos
levando uma vida que ela própria não estava satisfeita. Se acomodar é diferente
de satisfação. Ela estava acomodada com aquela situação porque não conseguia
enxergar um horizonte que lhe trouxesse paz e satisfizesse a sua sede
espiritual. Outro episódio que demonstra a precisão cirúrgica da psicologia de
Jesus é o aleijado que não conseguia chegar (por motivos óbvios) até a água
para ser curado. Jesus perguntou se ele queria ser curado e prontamente
respondeu que sim, porém, relatou a dificuldade em chegar até a água que o anjo
movimentava. Jesus não lhe ofereceu comida e não se importou em como era a vida
dele no cotidiano, ele precisava de cura que era o maior anseio da sua vida.
Jesus
também confrontava os líderes religiosos e que zelavam pela lei de Moisés. Os sacerdotes
eram muito críticos a Jesus porque se apresentou como o Messias, como filho de
Deus e como o próprio Deus. Os sacerdotes o julgaram como blasfemo e arrogante.
Jesus não ofereceu comida a eles porque não tinham fome. Também não ofereceu a
cura, pois, aparentemente não estavam doentes. E não estavam buscando saciar a
sede espiritual porque focavam mais cumprir a tradição da religião que tanto
zelavam. Então Jesus criticou e chamou a atenção afirmando que valorizavam mais
a tradição do que o evangelho de salvação que eles relutavam em não conhecer
porque tinham de renunciar às suas tradições. Em meio a multidão tinham aquelas
pessoas frustradas com a religião e estendo esta frustração com o governo
tirano e explorador e que submetia a multidão aos seus caprichos cobrando
impostos abusivos e não revertendo em benefícios para a multidão.
Quem
seria você na multidão? A mulher do poço com sede espiritual, o doente que
precisava de cura ou os religiosos que precisavam ter a mente e o coração no
evangelho e para isto, precisavam abandonar a tradição da religião? Ninguém busca
e faz sacrifício por algo que não precisa. É diferente de um consumidor
contumaz que compra produto sem necessidade julgando que precisa. As necessidades
da multidão eram emergentes e só resolveria com uma intervenção divina. A multidão
não encontrou a água viva na religião. Também não encontrou na religião a cura
para as suas enfermidades. E a religião exigia rituais que fugiram dos
princípios que levava a multidão a presença de Deus. A religião também acusava as
pessoas de serem pecadoras e as submetia ao castigo para serem perdoadas, mas,
não falava do perdão de Deus através do amor. A religião não amava a multidão.
Jesus demonstrava sempre que amava a multidão e demonstrava este amor saciando
a sede da moça do poço, curando a enfermidade do doente e salvando aqueles que
abandonavam a tradição da religião e abraçavam o evangelho de salvação.
Deus
está presente em nós com o teu Santo Espírito. Jesus age em nós, pois, o nosso
corpo é o templo do Espírito Santo. Sem o Espírito Santo expomos o pior de nós.
Com o Espírito Santo expomos o melhor de nós. Jesus não veio para nos acusar
das nossas imperfeições. Ele veio para nos curar de nós mesmos. Somos pessoas
com sede espiritual e espiritualmente doentes e cheias da tradição da religião.
Sem Jesus, somos o pior de nós mesmos. A vida que vivemos pertence a Deus que
deseja dar um novo significado e uma nova perspectiva revelando o melhor de nós
para a sua glória. Os valores e talentos que nos compõe é para glorificar a
Deus. Parte da multidão julga que Deus precisa de nós para ser Deus. Ele não
precisa de nós, porque se não dedicarmos o nosso melhor para a sua glória, isto
poderá ser uma armadilha. De nada adianta chegar ao topo da carreira, ganhar muito dinheiro e ter uma vida saudável e equilibrada se não houver a humildade em reconhecer de que Deus é o único diferencial na nossa vida e de que sem Ele, sequer pó seríamos. Oferecemos a glória a Deus para que sejamos esvaziados
do orgulho, da soberba e da frustração que poderão nos consumir. A frustração acontece quando não somos reconhecidos como merecedores. Qualquer movimento
no processo do relacionamento criador-criatura gera energia que deverá ser
canalizada em Deus que é a fonte desta energia.
Não
importa quem você seja na multidão. Saiba que Deus não o considera como sendo
mais um na multidão. A realidade de cada um na multidão é diferente e com o seu
grau de necessidade. Para Deus isto é indiferente e se envolve pessoalmente na
vida de cada um fazendo a diferença.
Há muito mais coisas por trás dos milagres. Parte da multidão tinha
uma visão periférica e estava buscando somente estes milagres sem se ater ao
principal propósito do evangelho de Jesus. Quem é você na multidão? Aquele que
deseja somente o milagre para se ter uma vida boa e tranquila sem compromisso ou uma vida além
dos milagres em que a sede não mais existirá e a doença não será parte do corpo? Ou, talvez, seja daqueles que buscam na religião algum significado na vida. A religião nada mais é que um atalho criado pelo ser humano e que não leva a lugar algum. A principal mensagem de Jesus é para a vida eterna no seu
Reino. Para isto é preciso que deixe de ser mais um na multidão e aceite o convite de Jesus renunciando a velha criatura e se torne uma nova criatura em Cristo que te reconhece em meio a multidão.
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