Venancio
Junior
Diante
de tanta aglomeração urbana o que causa efeitos sociais negativos profundos,
somos submetidos a todo tipo de violência, no trânsito, no roubo a residências,
nos carros e nas ruas, as tragédias previsíveis causadas pelas chuvas e a
ocupação desordenada. A onda de criminalidade cresce a cada ano cujo índice é
consideravelmente maior que o crescimento econômico e social. Nossos gestores
públicos, na prática, parecem que não se importam em nada com isto e investem
somente em seus projetos pessoais. Nos discursos de campanha ouvimos promessas
e mais promessas de que tudo vai melhorar caso sejam eleitos. No final das
contas, são mentiras infindas e continuamos na esperança de dias melhores, ao
que parece, nunca vai chegar.
Chega
o próximo pleito e os discursos não mudam e a cada dia o crescimento desordenado
tornam-se “currais eleitorais” e ninguém é capaz de mudar a realidade, nem
mesmo os próprios moradores. Pobreza, falta de saneamento básico que afetam
diretamente a saúde, desemprego que causa instabilidade nos relacionamentos
familiares e todo o caos possível que são consequências dos discursos
mentirosos que prometeram mudar para melhor a realidade das pessoas. A classe
melhor favorecida, com medo (e com razão) de que sua vida e da sua família
sofram as consequências desta insegurança quase que se refugiam nos
condomínios. A princípio, é seguro e confortável o que em tese, é possível
desfrutar da felicidade que os anúncios prometeram.
Acreditar
em propaganda e em político é tão inútil quanto ensacar vento. São os
verdadeiros ladrões de felicidade. A felicidade não está no anúncio que promete
vida nova e nem nos discursos políticos, mesmo que se cumpra à risca tudo o que
foi prometido. A felicidade está em qualquer lugar. Os fatores externos é apenas
o contexto e não a essência.
Além
destes relatados, existem outros ladrões de felicidade. Os maus sentimentos são
os principais ladrões de felicidade. A frustração do anúncio de vida nova e da
propaganda mentirosa dos políticos talvez sejam os maiores ladrões de
felicidade. A mágoa causada por alguém próximo também é um ladrão de
felicidade. Pior que, quanto mais próximo, mais desprovido de felicidade se
torna. Hoje em dia as famílias se tornaram um sumidouro da felicidade. Os casais
não se entendem, os pais não se entendem com os filhos e os filhos não se
entendem com os seus irmãos. Se ampliarmos o leque, os sogros e os avós não se
entendem com os seus genros e netos e os tios e tias não se entendem com os
seus sobrinhos. Neste contexto, a mágoa é o principal elo de sentimento
predominante na família. Consequência disto, a felicidade foi totalmente
roubada pela mágoa. A tristeza causada por algo que aconteceu com alguém também
rouba, e muito, a felicidade. A morte de alguém querido ou a tristeza de
pessoas queridas também roubam a felicidade.
Onde
mais que existe o roubo da felicidade? No trabalho, a frustração em ser
preterido a algum cargo de promoção é um fator que rouba a felicidade. O relacionamento
profissional também é algo que rouba a felicidade quando se percebe que os
colegas estão mal-intencionados nas suas aspirações e falam mal do colega e
esquece deles quando a situação traz vantagens profissionais. Na igreja também
existem fatores que roubam a felicidade. O que se acredita e o que os líderes
religiosos sempre defendem é que na igreja podemos encontrar a felicidade, não
uma simples felicidade, mas, a felicidade plena e absoluta. Qualquer pessoa vai
à igreja em busca da felicidade. Qualquer um tem aquele momento de solidão
emocional e recebe uma mensagem religiosa de esperança e quer encontrar pessoas
que a faz feliz. A frustração é precedida pela esperança. Quanto maior a
esperança, maior é a frustração. Quando depositamos a esperança nas pessoas, a
frustração é o muro onde será uma barreira, muitas vezes intransponível. A frustração
tem uma ramificação no fator surpresa que pode ser positivo ou negativo. Surpreendente
é aquilo que brota no caminho do inesperado e não tem raiz. Posso até
classificar este adjetivo como um oximoro quando os significados entre si estão
juntos na mesma frase, porém, os significados são antônimos, tanto pode ser de
felicidade ou de infelicidade.
É
sempre um risco ser feliz. Para avançar na vida o risco será sempre iminente. Ilude-se
quem procura sempre ser feliz e faz de tudo para não ser infeliz. O problema da
felicidade roubada é que para ser feliz tem de sair da defensiva e manter a
guarda aberta. Isto é totalmente arriscado. Para os padrões humanos a que
estamos acostumados, isto seria um absurdo. Mas, existem outros conceitos de
felicidade que não é exatamente o que se busca considerando o que foi aprendido
desde criança de que o importante é ser feliz.
Vamos
buscar na bíblia outros conceitos de felicidade, muitas vezes surpreendentes. A
bíblia fala sobre a igreja, mas, não fala que na igreja qualquer pessoa será
feliz. A bíblia fala sobre diversos tipos de relacionamento, mas, não categoriza
que nas relações humanas em qualquer nível se encontra a felicidade. É surpreendentemente
absurdo quando lemos na bíblia que “Há
maior felicidade em dar do que em receber” (Atos 20:35). O apóstolo Paulo
afirma que foi Jesus quem fez esta afirmação. Não há nenhum relato bíblico sobre
Jesus fazendo uso destas palavras. Paulo, na verdade, se referia as
bem-aventuranças que foram apresentadas pelo próprio Jesus e que é um
contrassenso absurdo daquilo que nos foi ensinado sobre a felicidade. Feliz e bem-aventurado
são sinônimos. Por exemplo, bem no começo, na segunda exposição das bem-aventuranças
Jesus afirma que felizes são os que
choram porque serão consolados!? É uma felicidade surpreendente, que, neste
caso, é positiva ou negativa? Jesus fala sempre em se doar ou se entregar a uma
causa altruísta, daí, no final, encontra-se, enfim, a felicidade tão almejada. Muitos
farão aquela cara de “sério Jesus que
isto é a felicidade prometida?”. O que nos foi prometido que vai gerar em
nós plena felicidade “os olhos ainda não
viram e nem os ouvidos ouviram” (I Coríntios 2:9). O foco de Jesus não era
e nunca foi a busca da felicidade na terra, mas, no Reino de Deus. Alguns
textos bíblicos nos trazem algum indício das práticas que geram esta felicidade
focada no Reino de Deus, que não é uma felicidade passageira como a que
vivenciamos, mas, é uma felicidade eterna. Na vida terrena a felicidade é
relativa. Estamos felizes quando não estamos tristes. Como saberemos o que vem
a ser a felicidade se no contexto do céu não existe tristeza? A promessa é de
Deus, então, Ele sabe o que está falando e quem é capaz de dizer o contrário?
Primeira
coisa, segundo a bíblia, para ser plenamente feliz é preciso agradar a Deus em
tudo. Colossenses 1:10 lemos "...vivam
de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo". Dá-se a
entender de que Deus é que precisa receber algo para se sentir feliz. Agradar a
Deus, de certa forma, é fazê-lo feliz. Mas, e nós como ficamos na história? Onde
exatamente está escrito de que seremos felizes com esta atitude de devoção? Já lemos
que Jesus afirmou que muito melhor dar do que receber. Dedicamos tudo a Deus e
o fazemos feliz. Deus não precisa que o façamos feliz. Todo o processo em busca
da felicidade é por causa de nós e não por causa de Deus. Lembrando de que
estamos num contexto de vida que foi essencialmente desconfigurado e foi
preciso implantar um processo de reintegração do ser humano com Deus. Não foi
algo fácil para Deus que se dispôs pessoalmente na pessoa de Jesus Cristo para
que a esperança da felicidade fosse real novamente em nossas vidas. A felicidade
genuína e absoluta é aquela em que não há oximoro quando felicidade e tristeza são
antônimos entre si e não compõem a mesma frase ou, neste caso, a mesma dimensão.
É
apenas uma suspeita ou Deus quer demonstrar com isto de que devemos nos
esvaziar de nós para sermos cheios da sua felicidade? Então, podemos afirmar
com plena convicção de que o Deus que é a fonte da felicidade tem todo o
interesse por nós a ponto de nos oferecer a felicidade eterna.
Quando pensarmos em nós mesmos, lembremos de Deus de que tudo é para sua glória e honra. Este é o único processo eficaz que nos torna esvaziados de nós mesmos e cheios da sua graça. A graça de Deus é inviolável e ninguém consegue roubar a felicidade propiciada por Ele a nós.
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