Venancio Junior
O título desta reflexão foi dito em outras palavras
a milênios pelo profeta João quando afirmou que o mundo jaz no maligno I João
5:19. Mas, o que significa esta expressão e condição a que fomos submetidos?
Inclusive, muitos estão abismados com o grau de maldade nos acontecimentos
trágicos nestes últimos dias ocorridos em algumas escolas e creches. Talvez a intensa propagação do extremismo ocorrida em anos recentes tenha inspirado estas ações
absolutamente reprováveis em todos os sentidos. Por incrível que pareça, este comportamento é considerado uma liberdade de expressão que eles defendem. Qual a principal motivação para
estas barbáries?
A violência não é um fato novo. O mal está por aqui
já a algum tempo. Diria que, desde o princípio de quando houve a queda do ser
humano e tudo foi desconfigurado e o caráter do ser humano desfigurado. Como
era antes deste evento que mudou essencialmente a condição da raça humana?
Conforme descrito na bíblia, o ser humano vivia numa íntima relação com o
criador. Deus visitava diariamente o casal Adão e Eva no jardim do Éden
(Gênesis 3:8). Porém, houve a sedução praticada pela astuta serpente. Interessante
é que, como o mal estava no paraíso e por onde ele entrou? A única explicação
plausível é que, quando Deus determinou que não se comesse da árvore, foi bem
explícito que era do conhecimento do bem e do mal. Pronto, o mal foi colocado
no contexto do jardim do Éden pelo próprio criador. Esta foi a brecha que o
diabo encontrou para seduzir o ser humano e plantar a semente do mal. Poderia
dizer que nem tudo eram flores. No jardim já existiam a fonte dos espinhos e
das flores murchas. Observo também que Deus foi quem criou também o mal. Ele é
a fonte de todas as coisas visíveis e invisíveis. Leia o texto de Isaias
45:7 “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu
sou o Senhor, que faço todas estas coisas”. Numa outra reflexão afirmei
que Deus sem o mal não seria completo. Deus é perfeito, pois, é bondade e
composto pela fonte do mal porque é completo.
Afinal, o que é o mal? É uma pessoa ou é um
espírito solto por aí? Não tem outra finalidade que não seja trazer malefício
às pessoas. Por que Deus criou o mal? Na verdade, quando Deus afirmou que
criou, o mal já existia em Deus. Não pense que Deus seja mal por causa disto. A
soberania de Deus é absoluta. Se existe o bem, por conseguinte, o mal também
existe. Reitero que o bem e o mal não são poderes equiparados. Esta
similaridade de poder é restrita ao contexto da criação. No contexto celestial,
só o bem prevalece. Deus definiu que o mal não teria mais parte no seu Reino e
criou um contexto específico que é o inferno que foi criado exclusivamente para
o diabo onde o mal foi manifestado e seus anjos caídos. O inferno não foi
criado para as pessoas más. Como Deus expulsou a raça humana da sua presença,
então, o único lugar fora do Reino de Deus é exatamente o que chamamos de
inferno. O inferno nunca é uma escolha, mas, uma consequência.
O mal tem agido de forma avassaladora na vida das
pessoas. Os que não acreditam em Deus, não conseguem responder o porquê o mal
existe. O bem e o mal são como o imã onde os polos não se atraem, pelo contrário,
se repelem.
Pois bem, qual, então, a influência dos conhecidos
discursos de ódio que recentemente ocuparam até os púlpitos onde se deveria
propagar as ações do bem? Recentemente houve uma confusão no meio religioso,
especificamente o evangélico e quem poderia imaginar que os discursos políticos
se tornariam plataforma eleitoral dos evangélicos. Não conseguimos identificar
o que seja púlpito e o que seja palanque, pois, ambos são utilizados para
campanhas políticas ou falar de um evangelho, por sinal, muito estranho. Usar o
púlpito para falar de política é uma grave usurpação. Seria mais útil se
utilizassem o palanque para falar do evangelho e nas suas propostas de mudança.
Não é isto o que tem acontecido. E o pior é que as pregações evangelísticas dos
pastores foram substituídas pelos discursos inflamados com ódio e não se
envergonharam desta postura reprovável. Qual a principal motivação? Não muito
tempo atrás as pessoas buscavam conforto e apoio nas pregações que aconteciam
nas igrejas. Isto abriu um vácuo no ambiente da moral e da ética e que foi
ocupado pelos extremistas que disseminam o ódio ultrapassando a fronteira
verbal e assumiram a ação da violência até física sem limites. Estas pessoas
não estão possuídas, mas, sofrem grande influência do mal. Há uma
clara distinção entre ser possuído e ser influenciado. A pessoa possuída pelo
demônio não tem controle sobre suas ações e não sabe o que está
fazendo. Enquanto a pessoa influenciada vive normalmente e pode até frequentar a
igreja, porém, pratica suas maldades de forma pontual. De certa forma, ela não
tem consciência e nem controle sobre suas ações, porém, todas elas são
intencionais, pois, deseja fazer aquele mal custe o que custar.
Na bíblia constam dois exemplos de possessão e
influência. Um exemplo de uma pessoa endemoniada é relatado no livro de Marcos
5:2 a 5. Segundo o texto, ele vivia em túmulos gritando e nada podia prendê-lo
e se cortava com pedras. Uma pessoa literalmente possessa pelos demônios. Um
outro exemplo, agora de alguém que sofre influência, mesmo assim, é preciso que
seja expulso quem está influenciando, é relatado também no livro de Marcos 8:33
quando Jesus acompanhado dos seus discípulos indaga-os para saber o que dizem
sobre ele. Depois que os discípulos o respondem, Jesus fala sobre a traição,
sofrimento, morte e ressurreição e Pedro contraria suas palavras afirmando que
isto não aconteceria e Jesus de imediato expulsa a influência de Satanás
naquela atitude de Pedro. Ele não estava possesso, apenas sofreu a influência
para confundir todo o processo de salvação exposto por Jesus. As ações de
satanás começaram quando foi precipitado nesta dimensão. Leia o texto de
Apocalipse 12:9 “Foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que
se chama Diabo e Satanás, aquele que engana todo o mundo; sim, foi precipitado
na terra, e precipitados com ele os seus anjos”. Perceba que aqui foi
lembrado que o diabo e satanás é a mesma serpente do paraíso que engana todo
mundo e tentou enganar a Pedro.
Diante deste cenário onde percebemos uma forte
influência do mal na vida das pessoas, inclusive daqueles que professam a fé em
Deus, há algum indício em que vemos Deus agindo no sentido de que o evangelho
chegue até o coração destas e de outras pessoas? Talvez o que saia na grande
mídia e nas redes sociais ofusque algumas fagulhas de boas novas que,
eventualmente alguém deixe escapar sem qualquer consciência do que esteja
querendo dizer. O que quero dizer é que Deus usa quem Ele deseja e da maneira
como deseja. Com ou sem sutileza, é possível que Deus aja sem muito alarde na vida da pessoa. É uma característica da ação de Deus. Então, como perceber os verdadeiros adoradores em espírito e em
verdade? Creio que o texto de Lucas 6:45 define muito bem como
identificamos “O homem bom do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o
homem mau do mau tesouro tira o mal; porque a sua boca fala do que está cheio o
coração”. Temos outro texto de Paulo que fala sobre os frutos da carne e
os frutos do espírito Gálatas 5:19 a 23.
Infelizmente, enquanto estivermos nesta dimensão, sofreremos as consequências do mal e devemos cumprir com o nosso dever civil e se precaver utilizando os recursos das forças de repressão e de educação conforme a lei determina e como discípulos, amar as pessoas, interceder por elas e semear a semente do bem contida no evangelho que fala sobre a redenção propiciada por Jesus. Sobre a possessão e a influência, em ambas as situações é preciso expulsar satanás, pois, a sua livre e espontânea vontade é praticar o mal e, se possível, usar as pessoas para este fim. Eu acho que este é o problema, muitas pessoas estão permitindo que o mal influencie as ações. A Igreja é o contraponto neste contexto de um mundo entregue sob a influência do mal.
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