quinta-feira, 13 de abril de 2023

SOB A INSÍGNIA DO MAL

Venancio Junior

O título desta reflexão foi dito em outras palavras a milênios pelo profeta João quando afirmou que o mundo jaz no maligno I João 5:19. Mas, o que significa esta expressão e condição a que fomos submetidos? Inclusive, muitos estão abismados com o grau de maldade nos acontecimentos trágicos nestes últimos dias ocorridos em algumas escolas e creches. Talvez a intensa propagação do extremismo ocorrida em anos recentes tenha inspirado estas ações absolutamente reprováveis em todos os sentidos. Por incrível que pareça, este comportamento é considerado uma liberdade de expressão que eles defendem. Qual a principal motivação para estas barbáries?

A violência não é um fato novo. O mal está por aqui já a algum tempo. Diria que, desde o princípio de quando houve a queda do ser humano e tudo foi desconfigurado e o caráter do ser humano desfigurado. Como era antes deste evento que mudou essencialmente a condição da raça humana? Conforme descrito na bíblia, o ser humano vivia numa íntima relação com o criador. Deus visitava diariamente o casal Adão e Eva no jardim do Éden (Gênesis 3:8). Porém, houve a sedução praticada pela astuta serpente. Interessante é que, como o mal estava no paraíso e por onde ele entrou? A única explicação plausível é que, quando Deus determinou que não se comesse da árvore, foi bem explícito que era do conhecimento do bem e do mal. Pronto, o mal foi colocado no contexto do jardim do Éden pelo próprio criador. Esta foi a brecha que o diabo encontrou para seduzir o ser humano e plantar a semente do mal. Poderia dizer que nem tudo eram flores. No jardim já existiam a fonte dos espinhos e das flores murchas. Observo também que Deus foi quem criou também o mal. Ele é a fonte de todas as coisas visíveis e invisíveis. Leia o texto de Isaias 45:7 “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas”. Numa outra reflexão afirmei que Deus sem o mal não seria completo. Deus é perfeito, pois, é bondade e composto pela fonte do mal porque é completo.

Afinal, o que é o mal? É uma pessoa ou é um espírito solto por aí? Não tem outra finalidade que não seja trazer malefício às pessoas. Por que Deus criou o mal? Na verdade, quando Deus afirmou que criou, o mal já existia em Deus. Não pense que Deus seja mal por causa disto. A soberania de Deus é absoluta. Se existe o bem, por conseguinte, o mal também existe. Reitero que o bem e o mal não são poderes equiparados. Esta similaridade de poder é restrita ao contexto da criação. No contexto celestial, só o bem prevalece. Deus definiu que o mal não teria mais parte no seu Reino e criou um contexto específico que é o inferno que foi criado exclusivamente para o diabo onde o mal foi manifestado e seus anjos caídos. O inferno não foi criado para as pessoas más. Como Deus expulsou a raça humana da sua presença, então, o único lugar fora do Reino de Deus é exatamente o que chamamos de inferno. O inferno nunca é uma escolha, mas, uma consequência.

O mal tem agido de forma avassaladora na vida das pessoas. Os que não acreditam em Deus, não conseguem responder o porquê o mal existe. O bem e o mal são como o imã onde os polos não se atraem, pelo contrário, se repelem.

Pois bem, qual, então, a influência dos conhecidos discursos de ódio que recentemente ocuparam até os púlpitos onde se deveria propagar as ações do bem? Recentemente houve uma confusão no meio religioso, especificamente o evangélico e quem poderia imaginar que os discursos políticos se tornariam plataforma eleitoral dos evangélicos. Não conseguimos identificar o que seja púlpito e o que seja palanque, pois, ambos são utilizados para campanhas políticas ou falar de um evangelho, por sinal, muito estranho. Usar o púlpito para falar de política é uma grave usurpação. Seria mais útil se utilizassem o palanque para falar do evangelho e nas suas propostas de mudança. Não é isto o que tem acontecido. E o pior é que as pregações evangelísticas dos pastores foram substituídas pelos discursos inflamados com ódio e não se envergonharam desta postura reprovável. Qual a principal motivação? Não muito tempo atrás as pessoas buscavam conforto e apoio nas pregações que aconteciam nas igrejas. Isto abriu um vácuo no ambiente da moral e da ética e que foi ocupado pelos extremistas que disseminam o ódio ultrapassando a fronteira verbal e assumiram a ação da violência até física sem limites. Estas pessoas não estão possuídas, mas, sofrem grande influência do mal. Há uma clara distinção entre ser possuído e ser influenciado. A pessoa possuída pelo demônio não tem controle sobre suas ações e não sabe o que está fazendo. Enquanto a pessoa influenciada vive normalmente e pode até frequentar a igreja, porém, pratica suas maldades de forma pontual. De certa forma, ela não tem consciência e nem controle sobre suas ações, porém, todas elas são intencionais, pois, deseja fazer aquele mal custe o que custar.

Na bíblia constam dois exemplos de possessão e influência. Um exemplo de uma pessoa endemoniada é relatado no livro de Marcos 5:2 a 5. Segundo o texto, ele vivia em túmulos gritando e nada podia prendê-lo e se cortava com pedras. Uma pessoa literalmente possessa pelos demônios. Um outro exemplo, agora de alguém que sofre influência, mesmo assim, é preciso que seja expulso quem está influenciando, é relatado também no livro de Marcos 8:33 quando Jesus acompanhado dos seus discípulos indaga-os para saber o que dizem sobre ele. Depois que os discípulos o respondem, Jesus fala sobre a traição, sofrimento, morte e ressurreição e Pedro contraria suas palavras afirmando que isto não aconteceria e Jesus de imediato expulsa a influência de Satanás naquela atitude de Pedro. Ele não estava possesso, apenas sofreu a influência para confundir todo o processo de salvação exposto por Jesus. As ações de satanás começaram quando foi precipitado nesta dimensão. Leia o texto de Apocalipse 12:9 “Foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama Diabo e Satanás, aquele que engana todo o mundo; sim, foi precipitado na terra, e precipitados com ele os seus anjos”. Perceba que aqui foi lembrado que o diabo e satanás é a mesma serpente do paraíso que engana todo mundo e tentou enganar a Pedro.

Diante deste cenário onde percebemos uma forte influência do mal na vida das pessoas, inclusive daqueles que professam a fé em Deus, há algum indício em que vemos Deus agindo no sentido de que o evangelho chegue até o coração destas e de outras pessoas? Talvez o que saia na grande mídia e nas redes sociais ofusque algumas fagulhas de boas novas que, eventualmente alguém deixe escapar sem qualquer consciência do que esteja querendo dizer. O que quero dizer é que Deus usa quem Ele deseja e da maneira como deseja. Com ou sem sutileza, é possível que Deus aja sem muito alarde na vida da pessoa. É uma característica da ação de Deus. Então, como perceber os verdadeiros adoradores em espírito e em verdade? Creio que o texto de Lucas 6:45 define muito bem como identificamos “O homem bom do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau do mau tesouro tira o mal; porque a sua boca fala do que está cheio o coração”. Temos outro texto de Paulo que fala sobre os frutos da carne e os frutos do espírito Gálatas 5:19 a 23.

Infelizmente, enquanto estivermos nesta dimensão, sofreremos as consequências do mal e devemos cumprir com o nosso dever civil e se precaver utilizando os recursos das forças de repressão e de educação conforme a lei determina e como discípulos, amar as pessoas, interceder por elas e semear a semente do bem contida no evangelho que fala sobre a redenção propiciada por Jesus. Sobre a possessão e a influência, em ambas as situações é preciso expulsar satanás, pois, a sua livre e espontânea vontade é praticar o mal e, se possível, usar as pessoas para este fim. Eu acho que este é o problema, muitas pessoas estão permitindo que o mal influencie as ações. A Igreja é o contraponto neste contexto de um mundo entregue sob a influência do mal.

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