segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

SER LIVRE, DE DEUS

Venancio junior

        Ser livre, de Deus. Ser, livre de Deus. Há uma antagônica diferença na qual abordaremos as duas condições de liberdade. A liberdade é uma sensação ou uma condição? Sendo uma sensação, a liberdade é um processo esotérico, ou seja, de dentro para fora. O encontro consigo mesmo é uma das maiores sensações de liberdade. No processo inverso de introspecção, de fora para dentro, não tem como, pois, se trata de uma condição de aprisionado pelos fatores externos. Como explicar em palavras esta sensação e condição? Uma das questões mais emblemáticas em que não se encontra resposta plausível é a do conceito criacionista sobre a liberdade. O gênero humano “tornou-se livre” após decidir fazer algo de espontânea vontade? Porque, após isto, todos se tornaram culpados e escravizados pelo pecado mesmo antes de nascer? Esta culpabilidade causa revolta nas pessoas, pois, se consideram que nada tem a ver com o erro dos outros. No caso, os outros, seriam Adão e Eva. Antes da queda, havia liberdade determinada por Deus no sentido de fazer o que lhe foi confiado. Como tinha domínio sobre toda a criação, então, deveria cuidar da natureza e dos animais. Tudo o que fosse gerado nesta dimensão, teria a mesma essência de liberdade. Se os filhos de Adão e Eva nascessem nesta dimensão, provavelmente os seus descendentes diretos, estariam livres desta culpa do erro dos seus pais. Infelizmente, os seus filhos da qual descende toda a raça humana, nasceram na dimensão após a queda e todos já nascem com o “DNA do pecado”. O gênero humano, desde então, tornou-se escravo do pecado buscando de forma obstinada se ver livre da culpa e controlar o destino da sua vida. O que é a liberdade que tanto se busca e quando e como se sente verdadeiramente livre? Essencialmente ninguém é livre no sentido de desvinculo ou desligado. Todo conceito de liberdade que conhecemos é paliativo. Ser solto e ser livre não é a mesma coisa. A vida é um pequeno trajeto de tempo no infinito em que saímos de um lugar (nossa origem onde estamos presos) e prosseguimos até outro (nosso final que não tem como fugir). Condicionados a este espaço de tempo onde planejamos e agimos para que o futuro seja uma realidade presente. Após um tempo, quando já temos consciência do que seja viver, relembramos o passado e sabemos de onde viemos. Muitos, denominados saudosistas, permanecem presos a este passado na ânsia de que o tempo pare. Os mais arrojados e progressistas, ignoram o passado e rumam ao futuro que se torna também uma prisão porque, obcecados, tudo o que conquistarem, ainda não terá sido o ideal. Enquanto uns tentam retornar ao passado, outros fogem. Com o futuro é a mesma coisa, muitos querem que o futuro chegue logo, enquanto outros, temendo o envelhecimento, tentam, a qualquer custo, retardá-lo. Esta obsessão, independentemente se é otimista ou pessimista, faz as pessoas buscar freneticamente a famigerada liberdade. Liberdade para fazer o que quiser. Liberdade para ir onde quiser. Liberdade para comprar o que quiser. Liberdade para falar o que quiser. Liberdade para ver o que quiser. É a liberdade sem critério, sem parâmetro, sem vergonha e inconsequente. As pessoas querem a liberdade sem barreiras, sem regras, sem cobranças e sem limites. Mesmo com toda esta suposta liberdade, ora, “conquistada”, porque a maioria ainda não se sente livre? No meio jurídico é possível conseguir uma determinada liberdade que foi perdida devido a um ato criminoso. Esta reconquista pode ser com boas ações, delação premiada e outras “brechas” que a lei permita. Ainda não é exatamente esta liberdade que se busca mesmo que, a princípio, se tenha esta sensação. Pode ser também que seja aquela liberdade em que um astronauta fora da atmosfera e sem gravidade fique totalmente solto. Infelizmente, isto também não significa liberdade. Esta busca é incessante e extenuante. Para não ser surpreendido pela ilusão de uma falsa liberdade, é preciso reconhecer que se está ligado a um campo de “disciplina natural”. A partir desta disciplina, a liberdade muda de aspecto. Podemos partir do princípio de que, essencialmente, uma consciência livre, é de fato, o conceito primordial de liberdade. Muitos, daqueles, que estão fisicamente presos cumprindo suas penas, podem ser mais livres do que muitos que estão fora da cadeia aprisionados pelos seus traumas, seus vícios, seus próprios conceitos, portanto, escravizados pelas suas emoções. Tem aqueles que estão “presos” a uma cadeira de rodas ou a uma cama devido a um impedimento físico, porém, mesmo limitados fisicamente, são livres do peso da amargura ou da depressão porque conseguem prosseguir na contramão da absorção emocional das dificuldades impostas pela vida. Independentemente da condição, todos têm uma referência ou uma origem, então não somos, de fato, soltos ao vento, para fazer o que bem entende. Estamos presos a atmosfera como frutos de uma concepção conjugal. Nem fisicamente e nem intelectualmente podemos nos sentir totalmente livres. Estamos conectados para o bem comum. Fomos concebidos com uma origem, desta forma, somos seres sociáveis, ou seja, interligados e individualmente parte de um todo (também não absoluto) que é o conceito humano. Tanto os céticos como os religiosos pregam e difundem a sua liberdade através de suas filosofias e crenças respectivamente. Os céticos são descrentes e racionais. Os religiosos de qualquer linha são crentes e tem o sobrenatural como princípio regulador de suas crenças. De qualquer forma, a ideologia ceticista e a tradição das religiões não foram convincentes no conceito de liberdade. Podemos afirmar que a liberdade aglutina, constrói e aproxima, enquanto que a falta dela divide, destrói e afasta-se da essência da liberdade. Progredir é desfrutar de liberdade, enquanto que a prisão em qualquer aspecto, regride. Dentro do contexto social, liberdade é se relacionar doando a si mesmo. Enquanto que no contexto de isolamento, liberdade é exatamente não se envolver com as pessoas. Podemos, então, afirmar que a liberdade é relativa. Dentro deste último conceito de que se pode fazer o que quiser devido não ter compromisso firmado com alguém, liberdade seria algo egoísta, pois, busca o seu próprio interesse. Fazer o que se queira pode ser uma armadilha letal da própria liberdade tornando-se escravo de si mesmo. No primeiro caso, da sociabilidade, a prática do altruísmo é regra que define a conduta, por princípio, é sociável e dedicado ao outro visando o bem-estar de todos. Todos foram essencialmente concebidos altruístas. Até o momento, liberdade denota livrar-se de si mesmo, dedicar-se ao outro e, de certa forma, negar-se a si mesmo. Este é um dos princípios do evangelho de Cristo que aponta o caminho da verdadeira liberdade (Marcos 8:34). Liberdade para fazer o que precisa é praticar o bem. Isto acontece no processo de dedicação ao outro. Agora, fazer o que se queira, é submeter-se à prática do mal. Fazer o bem liberta, enquanto que, fazer o mal, escraviza. Isto é consequência de uma “desconfiguração” da natureza original quando somente se quer praticar o mal que veio habitar em nós. Tornamo-nos escravos deste mal a ponto de não se fazer o bem que se queira, mas, o mal que não se quer. Em qual destas condições se sente, de fato, livre? Será que a culpa da prática do mal escraviza e o prazer da realização daquilo que se precisa proporciona liberdade? Coloco em campo a lei da ética, da moral, da racionalidade e da espiritualidade. No caso, a espiritualidade está intrinsicamente ligada a dimensão mística que, nada mais é que a forma de “religar” o ser humano a um ser superior. Vamos nos ater exclusivamente na linha do propósito desta reflexão que é aquilo que o evangelho de Cristo que nos foi revelado em relação ao conceito de liberdade e não de acordo com a religião de cada um que diz que todas elas levam à um deus. Um texto que sintetiza o conceito de liberdade abordada nesta reflexão encontra-se em João 8:32, o próprio Jesus afirma que devemos buscar e, consequentemente, encontraremos nele a verdadeira liberdade, “...conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Conforme este evangelho que é a manifestação de Deus revelada aos homens, existe um caminho e não uma religião. A religião nunca foi apresentada como um caminho e, muito menos, como o caminho. O evangelho coloca a religião submissa a atitude em servir aos que necessitam. Em hipótese alguma, este serviço deva ser prestado, na condição de servo, a alguém superior hierarquicamente falando. Não é uma condição de título, mas, de atitude. Sem atitude, não há religião. Se tirar as tradições e costumes da religião dos homens, nada sobra. É a típica religião “casca de cigarra”, está oca e se decompõem com o tempo. A atitude é para quem é livre desta religião e está no caminho. Foi-nos revelado o caminho, que é Jesus. Ele próprio se revelou como o caminho para ser livre da religião também. Enquanto que a religião dos homens, com várias facetas, escraviza com rituais e sacrifícios, cujos líderes sempre procuram e até exigem, de forma persuasiva, serem servidos. O desempenho de Jesus na terra como homem foi inteiramente de humilde submissão a uma causa que não era justa da perspectiva de Deus. Tornamo-nos escravos, é justo que soframos as consequências do pecado. Para aliviar esta carga, Jesus, na sua peregrinação, foi ao encontro dos necessitados e agiu sobrenaturalmente aliviando a carga de uma doença, de possessões malignas e até da morte. Além de tudo isto, Jesus sempre despertava a consciência de que, cada ser humano, deva ser livre de si mesmo. O “eu” escraviza de tal forma que deforma a essência do sopro de vida de Deus em nós. A verdadeira liberdade é desvencilhar-se da carga emocional/espiritual nociva que a vida terrena impõe e converge todas as ações para servir a si mesmo alimentando as vaidades. Ao contrário do que muitas filosofias afirmam em relação a se valorizar, a ação de Deus em resgatar é exatamente para se tornar livre de verdade em Cristo. Mas livres do quê? Em João 8:34, Jesus afirmou “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. O que significa verdadeiramente sereis livres? Não importa que o viciado em drogas seja liberto das drogas ou que o ladrão deixe suas práticas de furto, para Deus isto é indiferente, todos, mesmo que sejam bons aos seus próprios olhos, continuarão a ser escravo, mesmo deixando suas práticas imorais. O que ate mesmo os religiosos precisam é de salvação em Deus justificado em Jesus Cristo para serem livres da condenação do pecado. Esta é a verdadeira liberdade que Jesus falou. Deus não enviou Jesus para que o viciado fosse somente liberto das drogas que é isto que a sociedade quer. Reconheço que isto é muito bom, pois evitara muitos males, mas o que o viciado, assim como, qualquer outra pessoa com ou sem vício, precisa é de liberdade espiritual. As pessoas buscam a todo instante e estão dispostas a pagar por isto com grandes somas de dinheiro e sacrifícios diversos para alcançar esta liberdade. Estas tentativas frustradas, na verdade, são consequências de se estar fora da presença de Deus. Para que sejamos, de fato, livres precisamos ir além da ética e da moral que é a questão espiritual e tem tudo a ver com a integridade que a Bíblia fala. O diálogo entre o Senhor e satanás quando se referia a Jó é um exemplo da pessoa íntegra: “Disse o Senhor a Satanás: Notaste porventura o meu servo Jó, que ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal?” Jó2;3. O próprio Deus afirmou que não existiu e não existe ninguém semelhante à sua integridade e que se desvia do mal. Jó foi alguém livre e pertencente a Deus. Os livres de Deus a que me refiro são aqueles resgatados e usufruem da verdadeira liberdade proporcionada pela pessoa de Jesus Cristo que é Deus encarnado. O próprio Deus veio tirar “tudo a limpo” e nos deixar livres novamente para Ele. A grande promessa que Deus fez é da vida eterna. É claro que é importante que as pessoas sejam libertas dos seus males humanos, mais importante que isto é ser liberto definitivamente da condição de escravos do pecado. Jesus afirmou que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Entendo isto, não como uma ação isolada, diria, dos nossos “pecadinhos” porque continuamos sendo pecadores, porém resgatados e libertos pela abundante graça de Jesus, mas se referiu àqueles que ainda não aceitaram a misericórdia de Deus porque a raça humana foi expulsa da Sua presença pela Sua justiça e fomos resgatados pela Sua misericórdia e graça. Os livres escolhidos e pertencentes a Deus são os predestinados pela Sua graça salvadora. Esta predestinação não é personalizada, em Efésios 1:11 o apóstolo Paulo não cita nomes,“...fomos feitos herança, havendo sido predestinados...” e em Marcos 16:6 creio que seja o complemento onde diz que “...quem crer será salvo e quem não crer será condenado”. Crer é uma questão de livre escolha. Salvação se escolhe, enquanto que a condenação já foi impingida a todos sem exceção. Ninguém vai para o inferno porque quer e ninguém vai para o céu porque não quer ir para o inferno. Nós temos a liberdade designada por Deus em escolher amar a Deus ou amar ao mundo e suas paixões. “Todo aquele que crer...” isto significa aceitar a sua graciosidade e confiar a sua vida à Ele “...será salvo”, esta é a consequência da liberdade quando escolhemos à Deus. E“...quem não crer já está condenado” é a consequência da rejeição à graça salvadora de Deus. Os livres de Deus foram predestinados pela sua promessa. Antes da graça de Deus não tínhamos escolha porque fomos condenados ao inferno. Todos que aceitam a sua graça são, de fato, livres da condenação eterna. Qualquer outro conceito de liberdade é digno de questionamento. A liberdade no conceito humano é relativa e a liberdade oferecida por Deus é absoluta. Deus é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas.

Campinas, dezembro de 2018

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

SEXO À TRÊS

Venancio Junior

A princípio, alguns ficarão chocados só de ler o título desta minha reflexão e nem se darão ao trabalho em continuar a leitura. A intenção é confrontar alguns valores, ora, mal concebidos e desmistificar esta questão com o objetivo de esclarecer à luz do evangelho bíblico para usufruir ao máximo deste nível de relacionamento. No contexto bíblico, o "sexo à três" não existe? Claro que existe. Não da forma como a sociedade secular apregoa. O sexo, como todos sabem e quem ainda não sabe que fique sabendo agora, é o ápice de um relacionamento intencionalmente embasado por direitos e responsabilidades. Quem decide compartilhar sentimento e emoção e até as despesas tem a clara intenção em abrir mão da solidão. Vamos discorrer sobre o começo, os meios e a finalidade do relacionamento conjugal.

Vivemos num mundo progressista. Nada é o mesmo que se mantenha por um longo período. As coisas mudam, assim como alguns conceitos. Toda esta mudança é provocada pela insatisfação e o desconforto emocional. As pessoas investem muito para se satisfazerem emocionalmente em todas as áreas da vida. Altas somas de dinheiro e tempo dedicado para alguns míseros segundos de prazer. No relacionamento conjugal não é diferente. O investimento na aparência visa, principalmente, atrair os olhares. Achar o seu par ou a cara metade não é fácil e pode não sair barato. Quase todo mundo busca uma vida a dois. O pior da solidão é conviver consigo mesmo. Por muitas décadas perdurou o conceito da monogamia como forma padrão de relacionamento heterossexual. Conforme o desconforto se manifesta, sente-se a necessidade de mudança e os padrões dos relacionamentos acompanham estas mudanças. Atualmente, conforme a sociedade progressista, não existe padrão heterossexual e, “pior”, no relacionamento à dois, foram incluídas uma ou mais pessoas para “esquentar” a relação. Muitos pares (relacionamento a dois independentemente do sexo), incluíram mais uma pessoa sem qualquer vínculo civil ou sentimental. Existem casais que são casados e moram cada um em suas casas e tem liberalidade para escolher os seus parceiros sexuais ocasionais. Enfim, diante de uma sociedade com conceito amplamente pluralista, é difícil dizer o que é certo ou errado. O que se difunde é que errado é ser infeliz e certo é ser feliz.

Diversidades à parte e cada pessoa sendo responsável pelos rumos da sua vida, vamos prosseguir, porém, dentro da linha cristã bíblica que foi definida por Deus. A bíblia é muito clara sobre os desígnios de Deus ao homem. O próprio Deus afirma em Gênesis 2:18 que não é bom que o homem esteja só e fez-lhe uma companheira. Se o próprio Deus soberano julgou que não é bom viver só, então, a questão do relacionamento é muito mais séria do que imaginamos. Não existe uma fórmula que alcance a perfeição no relacionamento. O que existe são princípios básicos que, aplicados em qualquer nível de relacionamento, evitam desconforto e mal-entendido. A palavra ou atitude, mesmo sendo certas, mas, na hora errada causarão um grande problema. Aliás, muitos relacionamentos começam a se desintegrar pela falta de sabedoria em lidar com as situações de contrariedade. O respeito é aplicável em qualquer situação e a qualquer pessoa. Respeito é neutro, pois, quem respeita, sempre tem razão.

E na intimidade do relacionamento conjugal, será que existe algo além do que já conhecemos e muito disseminado e avacalhado pelas redes sociais? Sim, e devemos crer que existe. Como já afirmei que o ato conjugal é o ápice do relacionamento, pelo menos enquanto a libido estiver ativa. Tudo o que acontece no cotidiano do casal se reflete na cama. Conforme o que determina a bíblia sendo esta, a palavra de Deus revelada aos homens, em outras palavras, é o próprio Deus se manifestando, qualquer convivência, mesmo sendo à dois, sempre há uma terceira pessoa. Esta pessoa é Deus através do seu Espírito Santo. Diria que, quando Jesus afirmou de que estaria presente onde dois ou três se reunissem no nome dEle (Mateus 18:20), se referia a este tipo de convivência também. Não somente na igreja, mas, Deus está sempre presente em toda e qualquer situação da vida onde se reúnem em nome dEle. Fazer sexo em nome de Jesus? Soa estranho, mas, é fato que Deus deve estar presente. Lembre-se do texto em Colossenses 3:17: “E tudo quanto fizerdes, seja por meio de palavras ou ações, fazei em o Nome do Senhor Jesus, oferecendo por intermédio dele graças a Deus Pai”.

Um relacionamento conforme o critério bíblico é profundamente salutar a vida espiritual. O ato conjugal nada mais é que um servindo ao outro com desejo e entrega de si. Em I Coríntios 7:3 e 4 lemos “O marido deve cumprir seus deveres conjugais para com sua esposa, e, da mesma forma, a esposa para com seu, marido. A esposa não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas, sim, o marido. Da mesma maneira, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas, sim, a esposa”. Muitos julgariam um absurdo Deus estar presente num momento de intimidade do casal. O cristão que se preza é íntegro. Absurdo seria, Deus não fazer parte da nossa vida de forma integral em tudo o que nos envolve. Em relação ao ato conjugal, Deus, com certeza, só não está presente no relacionamento extraconjugal. O maior desconforto que sofremos é causado pela ausência de Deus nos nossos relacionamentos. Eu digo que Deus, além de presente, potencializa o prazer e o desejo deste ato que é bíblico. “Não vos priveis um ao outro...” diz o texto de I Coríntios 7:5. Este texto não se refere somente ao ato sexual puro e simples em si, mas, em ser "criativo" na relação e não impor limites na busca do prazer.

Alguns detalhes precisam ser esclarecidos. Quais os papéis do homem e da mulher na sociedade? Ninguém tem dúvida de que são distintos e, desta forma, deve permanecer na sua essência. O desempenho de cada um reflete diretamente no relacionamento sexual. O homem sempre foi visto e se comporta erroneamente desta maneira como um “dominador inveterado". Este domínio que acompanha gerações tem fundamentos distorcidos que o machismo oculta por uma questão de “preservação da dignidade masculina”. Parece que a honra depende em dominar sempre em qualquer circunstância e a qualquer custo. Para tristeza da classe masculina, primeiramente reconheço que o homem, de fato, mesmo sendo controverso, é o dominador e isto é bíblico para horror das feministas, mas, este domínio não é para impor suas vontades de forma possessiva e de forma absoluta. O domínio do homem primeiramente de si mesmo é para servir e cuidar, neste caso, da mulher. Esta característica de dominação se estende para o cuidado de tudo o que o envolve no planeta terra. Quem não gosta e não precisa de proteção, cuidado, carinho, afeto e dedicação? Com a mulher não é diferente. No ato conjugal, o homem é sempre o ativo no sentido de provocar o desejo e proporcionar-lhe prazer. Orgasmo e prazer são diferentes. Enquanto o orgasmo é resultado de um estímulo natural do corpo e que dura apenas alguns segundos, o prazer a dois no ato conjugal é o calor da sensualidade mesmo sem a penetração, sendo contínuo e incessante permanecendo enquanto ambos mantiverem o compromisso da mutualidade em provocar um ao outro de forma sadia e respeitosa. Muitos, tem um comportamento egoísta quando busca somente os seus interesses e não se importa se o cônjuge está sendo satisfeita(o) e os prazeres exauridos não correspondem à realidade dos fatos no convívio. Nesta condição, a frustração começa a ocupar a zona de perigo. Qualquer relacionamento se desgasta com o tempo, sendo necessário uma reavaliação do propósito assumido no começo. O Espírito Santo, uma vez sempre presente, é o agente capacitador das nossas emoções. Num ambiente de desgaste ou não, é preciso sempre envolver a terceira pessoa da trindade, o Espírito Santo, para se redescobrir dentro do relacionamento. De forma egoísta e independente, muitas vezes buscamos as nossas próprias soluções e quando tomamos o nosso próprio rumo, ficamos à mercê dos conceitos que a sociedade defende que o errado é ser infeliz e acaba por envolver uma terceira pessoa estranha no convívio do casamento numa tentativa de ser feliz.

O sexo à três deve ser praticado à dois somente, sendo o ato conjugal abençoado por Deus na pessoa do seu Espírito Santo!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

PECADO DE ESTIMAÇÃO

Venancio Junior

Primeiramente devemos saber o que é pecado e como age em nós. Sem lei, não há pecado. Para o ser humano, a lei começou quando Deus falou que “não se podia comer e nem tocar no fruto da árvore do bem e do mal” (Gênesis 3:3) porque “onde não há lei, o pecado não é levado em conta”, Romanos 5:13. Não estou dizendo que não existia pecado antes deste fato que mudou toda a história da raça humana. Pecado é tudo aquilo que contraria a Deus. O pecado é uma afronta a Deus. Quando falamos de pecado, não podemos ignorar aquele que peca desde o princípio, o diabo. Lemos isto em I João 3:8. Que princípio seria este? Na minha concepção, este princípio é quando houve a manifestação do mal. O diabo não é Deus, ele é a manifestação do mal. O diabo é o fomentador do pecado porque é inimigo de Deus e de todos aqueles que o amam Pois bem, onde tudo começou em relação ao pecado e porque o pecado foi impingido a toda raça humana? O pecado existia, mas, ainda não influenciava o ser humano. No livro de Gênesis 3:6 Adão e Eva comeram do fruto. O pecado foi a desobediência à Deus e no livro de Romanos 3:23, o apóstolo Paulo enfatizou que “Todos pecaram e foram expulsos da glória de Deus”. Perdemos o manto da glória porque saímos da sua presença. Desde então, tudo o que a carne milita é pecado porque pecado, na verdade, é estar fora da presença de Deus. Respiramos em pecado, pensamos em pecado, sentimos o pecado e tudo o que fazemos é em pecado. Conhecemos o ditado “quem está na chuva é para se molhar”. O texto de Paulo aos Romanos 7:19 reflete o como sobrevivemos: “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico”. A nossa relação com o pecado é desta forma e sempre estaremos envolvidos ou submersos no pecado. Mesmo que aos olhos do mundo sejamos pessoas corretas, cumprindo com todas as obrigações sociais e religiosas e podemos até ajudar os pobres, nada feito, fora da presença de Deus fomos condenados por causa do pecado que está em nós. Como se resolve isto? Morrer é a solução definitiva. Não me refiro à suicídio, mas, submeter-se a uma força maior que o pecado capaz de anular toda influência do pecado na nossa vida. O pecado é extremamente nocivo. O evangelho nos diz que o pecado nos impõe um envelhecimento precoce. No Salmo 32:3 lemos “Enquanto eu calei os meus pecados, envelheci de tão cansado”. Tem um texto bíblico muito difundido e utilizado nas situações de cansaço físico ou emocional, mas, na verdade, este texto se refere exclusivamente à culpa pelos nossos pecados. Leiamos o texto de Mateus 11:28: “Vinde a mim todos vós que estão cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei”. O pecado, envelhece, debilita, cansa, sobrecarrega e nos desgasta a ponto de sucumbirmos frente ao peso da culpa porque somos incapazes de anular a força do pecado. Jamais devemos ignorar esta força que é muito maior que nós e nos faz ter práticas que nos mantem fora da presença de Deus que é o único lugar seguro onde estaremos fortalecidos para resistir ao diabo, Tiago 4:7. O pecado considerado por Deus não são focos como se pudesse afirmar que nunca estamos em pecado mesmo após a conversão. Muita gente se preocupa, quando no arrebatamento se não estiver pecando será salvo, tipo, “se Jesus voltasse agora eu subiria porque neste exato momento eu não pequei” ou o contrário disto quando diz, “se Jesus voltar quando estiver pecando, não serei salvo”. Isto é tolice. As coisas não funcionam desta forma. As práticas espiritualmente erradas são consequências, pois, habita em nós o pecado original, pode-se dizer que é o “pecado de estimação”. O pecado age em nós contínua, incessante e incansavelmente. Se um evangelho qualquer me convence de que esteja sem pecado mesmo sendo convertido, então, este evangelho é digno de repúdio e desprezo. O evangelho legítimo nos convence sempre de que somos errados porque o pecado habita em nós. O evangelho não é para nos deixar acomodados, mas, incomodados pela situação de pecado. O pecado é um incômodo. Paulo é considerado o intelectual dentre os autores dos evangelhos pela profundidade das suas explanações e não há como imaginar que ele próprio, mesmo sendo um dos apóstolos, sofreu a ponto de afirmar que o pecado que habitava nele é quem agia, “...não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim”. Romanos 7:17. Chego à conclusão de que Cristo não morreu na cruz para nos livrar do pecado, mas, para nos libertar da condenação do pecado. Pecado é uma situação de imersão. Tudo o que fazemos, de certa forma, é absolutamente pecado porque tem origem na corrupção humana e o mal ainda habita em nós e continuará em nós. O texto de I João 1:10 se refere aos convertidos, onde se lê: “Se dissermos que não temos cometido pecado, nos tornamos mentirosos e a palavra de Deus não está em nós”. Estamos atolados até o pescoço no pecado, mas, uma vez justificados em Cristo, não pertencemos mais ao pecado. Cristo morreu e ressuscitou para nos livrar e mudar a nossa condição de condenados pelo pecado. Ser livre do pecado em Cristo é não carregar mais a culpa, pois, levou esta culpa na cruz. Porém, devido ao corpo pecaminoso, não estamos livres, pois, o pecado habita em nós até recebermos um corpo glorificado definitivamente livre e também liberto da condenação do pecado quando não terá mais influência em nós porque o Espírito Santo assume o controle das nossas ações, nos convencendo também do pecado. Um exemplo bem interessante aconteceu com Jesus numa de suas peregrinações terrenas quando, disseminando o seu evangelho, deparou-se com situações que nos traz uma nova visão do que permeava o seu ministério. O Espírito Santo influenciava diretamente o ambiente em que Jesus estava inserido. Por exemplo, o episódio da mulher adúltera que estava prestes a ser apedrejada, quando Jesus desafiou a todos os que estavam com pedras na mão, prontos para arremessá-las, o Espírito Santo agiu no coração de cada um, os convencendo de que todos estão errados. Jesus também não a condenou e disse que partisse e não pecasse mais. Jesus quis dizer que saísse daquela vida que a mantinha fora da presença de Deus. Engana-se quem pensa que quando Jesus assumiu a nossa culpa, cruzamos os braços e nada precisamos fazer. O pecado continuará tentando nos derrubar porque age em nós continuamente. No livro de I Pedro 5:8 lemos que “...o diabo, vosso adversário, anda ao nosso redor, rugindo como um leão, pronto a nos devorar”. Percebe-se que este texto também se refere aos convertidos em Cristo, por isto que está ao redor. Os não convertidos, além de carregar o peso da culpa, sofre as consequências desta culpa. Esta culpa não é relativa às “pessoas más” de acordo com as nossas rasas considerações, mas, a todos, porque fomos condenados e não tem como o corpo retroagir na sua essência sem a ação do Espírito Santo de Deus. O único meio de ser livre é por meio da graça e justificação de Cristo vivendo em nós. Precisamos morrer para que as ações da carne sejam anuladas e a vida em Cristo sobreviva. Leia este texto de Romanos 8:10 “...se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça”. Isto é plena justificação. Esqueça o que te disseram que os crentes não pecam. Não tem como fugir do pecado, no máximo, evitar ou impedir a aparência do mal (I Tessalonicenses 5:22). A diferença é que, mesmo estando em meio ao pecado, não pertencemos mais ao pecado. No livro de II Coríntios 10:3 o apóstolo Paulo, dentro de um contexto espiritual, diz que “...embora andando na carne, não militamos segundo a carne”. Estamos no mundo, mas, não pertencemos ao mundo porque Cristo nos justifica e vive em nós. Qualquer processo humano, sejam rituais ou autoflagelo, absolutamente será incapaz de nos livrar desta condenação. É preciso uma conversão. Para não ser somente convencido, mas, sim, convertido é preciso sentir este incômodo do evangelho que nos mostra o caminho, a verdade e a vida livres da condenação do pecado, Jesus Cristo, João 14:6.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

VAMOS PARA CASA!

Venancio Junior

O pôr-do-sol é algo deslumbrante e no quintal da minha casa tenho este privilégio em apreciá-lo. Dias atrás, final de tarde, chegando em casa e, como algumas vezes faço quando já me sinto “desacelerado”, vou direto para o quintal e observo o sol se pondo. Com a vista para as árvores balançando, sinto uma leve brisa, e, coincidentemente naquele momento ímpar, ouvia aquelas grandes canções nas vozes dos grandes krooners Frank Sinatra, Tony Bennetti, Harry Connick Jr, Diana Krall, o desconhecido Matt Dusk e tantos outros acompanhados por grandes orquestras. Na rua de trás, tem uma escola muito arborizada e o sol se pondo entre as árvores é uma coisa muito linda. Particularmente, sou fissurado pelo final de tarde que é quando todos se recolhem, indo para as suas casas. O número de carros diminui e o silêncio “vai ocupando o seu espaço” e só ouvimos os pássaros findando os seus voos e os sons definem as diversas espécies que se aninham nas árvores. Com a mesma intensidade as pessoas também estão ansiosas para chegar às suas casas e tomar um revigorante banho, degustar uma bela janta e rever os seus familiares. Isto é muito confortável. Na escola também se ouve o sinal de fim de aula e as crianças e adolescentes correm, numa gritaria, cada um para as suas casas com toda a energia peculiar nesta fase maravilhosa da vida. Nada melhor que a segurança da nossa casa e também o conforto e o aconchego do nosso lar neste cotidiano. E não existe rotina mais gostosa do que voltar para casa. Quem não se lembra de quando a professora escrevia na “velha” lousa: “Para Casa”, que era a lição que deveríamos trazer na próxima aula e isto significava que a aula daquele dia acabara e iríamos voltar para casa. De certa forma, é para casa que voltamos, dando o sentido da nossa origem. Eu me extasiava em euforia. Minha casa estava sempre me esperando. Minha família estava lá sempre me esperando. Os meus brinquedos estavam lá também, como os deixei, me esperando. Isto também acontece nos filmes e quantas vezes assistimos os dramas onde tudo de ruim acontece seja um terremoto, um incêndio e até mesmo um sequestro e quando, no final do filme, tudo volta ao normal, alguém da família diz: “Vamos para casa!”. Que alívio! Na minha casa é onde me sinto seguro. Não conheço quem reclame desta rotina maravilhosa. Gosto muito de voltar para casa que é onde encontro literalmente o abrigo e o carinho que preciso. Afinal, em nossa casa é que nos sentimos confortáveis e seguros dentro de um contexto familiar. Infelizmente este contexto de família tem sido vítima das circunstâncias que cada um, muitas vezes é obrigado a se submeter. Outros, de livre escolha, decidem criar a família a seu próprio modo. Não entrarei no mérito desta questão porque envolve outros pormenores intimamente complexos. Mas, o lar é onde construímos os nossos valores, amadurecemos os nossos relacionamentos e contribuímos com a sociedade quando ensinamos os nossos filhos a enfrentar as dificuldades e os desafios da vida. Paz no lar. Lar doce lar. Todas estas frases denotam o desejo de cada um de ter um lar onde se “respire” conforto. Tal como aquela poltrona em que nos sentamos e não precisamos ficar nos remexendo para nos acomodar. Assim deve ser o lar onde não precisamos ficar nos “remexendo” tentando achar a melhor posição de conforto porque tudo o que desejamos e o que precisamos devemos encontrar no lar, a alegria da família. Nem tudo são flores no lar. Infelizmente, as contrariedades da vida atingem a todos sem escolher pessoas ou lugar e o lar tornou-se o alvo principal, seja numa crise conjugal, uma doença ou envolvimento dos filhos com drogas ou álcool, colocando em xeque a segurança do lar. A bíblia nos alerta sobre alguns procederes da coluna mestre do lar que é o casal formado pelo marido e a mulher. Sobre o homem, encontramos o alerta: “Qual a ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lugar”. Provérbios 27:8. Qual é o lugar do homem? Este texto não se refere exatamente a um lugar físico, mas, da responsabilidade e o seu compromisso como homem. Quando assume um relacionamento conjugal, o seu lar será o seu mundo onde todo esforço e dedicação deverão ser para propiciar segurança, conforto, alegria e prazer no convívio com aqueles que dependem do lar. Abrir mão desta responsabilidade é tornar vulnerável aquilo que lhe foi confiado. Quanto à mulher, não existe responsabilidade maior ou menor em relação ao homem, mesmo que aparentemente impute uma carga maior de trabalho. A bíblia mexe no cerne da questão quando lemos que “Toda mulher sábia edifica o seu lar. A insensata, com as próprias mãos o destrói”. Provérbios 14:1. Esta repreensão serve tanto para a mulher como para o homem. Toda ação deve ser feita com amor que, neste caso, é atitude que reflete diretamente no bem-estar do lar que o torna confortável mesmo em meio às dificuldades que a vida impõe. Muitos buscam este conforto no luxo que são situações díspares onde o piso, as portas e os utensílios de cada cômodo custaram uma pequena fortuna. O lar não se constrói com dinheiro e muito menos precisa do luxo. A casa serve para o conforto do nosso corpo abrigando-o do frio, da chuva e do calor, enquanto o lar é o conforto para o espírito. E é onde, também, compartilhamos sentimentos, sonhos, desejos, fazemos planos e traçamos metas. Creio que o maior exemplo, para este caso de desconforto é a do filho pródigo que, sem pensar, decidiu sair de casa. Deixou e menosprezou a segurança do seu lar para conhecer o mundo além das fronteiras da sua casa. (Lucas 15:13). Padeceu horrores sofrendo humilhações e privações do conforto da casa e do lar. Quando já não dispunha mais dos recursos que ainda o mantinham em condições decentes, sem opção, começou a se alimentar do que os porcos comiam e veio-lhe a lembrança do conforto da sua casa onde dispunha de roupas, uma cama confortável, comida à vontade e da melhor qualidade e, acima de tudo, o carinho da sua família. No versículo 18 dá-se a entender que ele disse: “Quero voltar pra casa!”. Nunca em sua vida ele valorizou tanto aquela rotina e “mesmice” da sua casa onde desfrutava do conforto do lar. Que situação decadente sofremos quando desprezamos a nossa casa e, consequentemente, perdemos o conforto do nosso lar. Não falo simplesmente de deixar a casa, mas o abandono do lar. Existem milhares de pessoas que não saíram das suas casas, mas estão distantes dos seus lares. Mesmo não abandonando a casa, muitos precisam voltar para o lar. Em contrapartida, mesmo saindo de suas casas para construir sua vida, existem também aqueles que, por motivos diversos, não estão sempre nas suas casas, mas não abandonaram o lar. O conforto do lar sempre está de “braços abertos”, mas quando perde este conforto ele deixa de ser um lar. Todos precisam de um lar. Não se trata de opção, mas de necessidade. Fora do lar estamos sujeitos às intempéries, as paixões lascivas, a insegurança diante das tragédias emocionais e corremos o risco de comer junto com tantos outros porcos sem lares. O lar é um lugar perfeito para pessoas imperfeitas como nós. O lar é onde nascemos, crescemos, amadurecemos. O lar é onde iniciamos a nossa vida. Quando abandonamos o lar nos perdemos e ficamos sem rumo. A caminhada espiritual nada mais é que o retorno ao lar. Quando pecamos perdemos o vínculo do lar e Jesus nos religa novamente a Deus e nos reconduz sendo Ele próprio o caminho no retorno ao lar. O lar é o nosso ponto de origem que é o ventre materno e o nosso ponto de destino que é o lar celestial.

sábado, 7 de julho de 2018

CRENÇAS

Venancio Jr.

Crer é algo natural no ser humano, seja no tudo, em alguma coisa ou no nada. De certa forma, até o incrédulo crê em alguma coisa porque para crer no nada precisa ter uma “fé dos diabos”.

O problema não é a capacidade em crer que sabemos que é natural, mas, naquilo que se crê e ao que as pessoas se submetem para potencializar suas crenças. Nunca se viu tantas crendices, simpatias e rituais para se conquistar ideais que denotam bem-estar e neste esforço adotam-se as mais diversificadas formas das mais diferentes ramificações religiosas. Inclui-se aí, um grupo de evangélicos que se sucumbiu à teologia da prosperidade e promove uma catarse sem precedentes. 

Crer instintivamente é a principal motivação para dar o próximo passo e avançar porque não se admite estagnação porque quando se deixa de crer, a vida entra num estágio de aparente morbidez.

Hoje não se consegue identificar a linha de crença de alguém apenas pelos seus rituais. A maioria tem um comportamento confuso provocado pela necessidade em eliminar as “brechas” do fracasso. Como se diz na linguagem popular quando alguém quer abraçar tudo de uma vez, “atira para todos os lados” porque não tem um alvo definido. Neste caso, tenta-se de tudo sem critérios e sem o cuidado em não piorar uma situação que ainda estava sob controle. O problema se agrava mais ainda quando algumas linhas religiosas associam o insucesso a problemas de espiritualidade. Este ambiente tem levado pessoas à exaustão emocional onde muitos até se entregam, mesmo contra vontade, aos seus fracassos e desistem da jornada em busca de uma “virada de mesa” da própria vida.

Mas o que é crer? Seria a mola propulsora da motivação? Deixar de crer é deixar de existir? Sabemos que crer é pensar à frente, avançar, enfrentar e superar os obstáculos. Os Coaching exploram esta capacidade de crer das pessoas para motivá-las emocionalmente. Se você levanta cedo todos os dias para trabalhar é porque crê que será recompensado, no mínimo por uma mera questão de sobrevivência o que já é relativamente uma grande motivação. Se você agenda compromissos é porque crê que o outro dia existe. Como ter certeza de algo quando não se tem qualquer controle que é o dia de amanhã? Como crer que os dias virão se não são controlados por si mesmo? Se você se alimenta é porque crê que esta ingestão irá te sustentar com os devidos nutrientes. Tudo isto é crer na fluidez natural das coisas. Quem controla o natural? O importante é que temos também esta crença antropológica. Crer é algo primordial, caso contrário o além jamais chegará e consequentemente o aquém nunca existiu.

Vamos desconsiderar as crenças esotéricas e refletir fria e introspectivamente em tudo aquilo que traz motivação. Será por tradição, adoção ou reflexão? Primeiramente tem de haver um auto questionamento. A autocrítica deve ser uma atitude diária e incessante. Deve-se questionar tudo o que se pensa e faz. Isto é sábio e também evita alguns equívocos, gerando com isto, boas oportunidades de amadurecimento. Quando escolhe algo é porque crê que é uma decisão certa e convicto de que o objetivo será atingido. Mal se sabe que, nem tudo o que é palpável fará diferença na vida, muitas vezes, nenhuma diferença. Isto se denomina futilidade quando se permanece na superfície da vida sem o devido e necessário aprofundamento. Incrível, mas escolhe-se coisas fúteis também. Por quê? Muitas vezes se é envolvido em ambientes nada sadios carregados de preconceito e tradições nocivas a sanidade espiritual. Este tipo de comportamento não é novo e vários embates já foram travados em busca do que seja certo ou errado.

Crer é inerente exclusivamente à espiritualidade? Geralmente quando se fala em crer logo associa-se à espiritualidade. O que é espiritualidade? Espiritualidade não é uma parte de nós. Tudo o que acontece fora é reflexo do que acontece no espírito. Então, podemos afirmar que tudo o que sentimos, pensamos ou fazemos tem reflexo espiritual. Do ponto de vista humano, espiritualidade não é uma exclusividade bíblica. A expressão do espírito é denominada esoterismo que abrange todas as linhas religiosas, incluindo as não cristãs. Vamos prosseguir, então, tendo como referência a Bíblia, porque cremos que o evangelho bíblico é divinamente inspirado conforme lemos em II Timóteo 3:16. Segundo a bíblia, não existem múltiplos caminhos para se chegar a alcançar a vida eterna, onde cada um escolhe o seu. Existe apenas um caminho, Jesus disse em João 14:6“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. O caminho do mal pode ser qualquer outro porque fora de Deus não há outro Salvador, Isaías 43:11. O próprio Jesus afirmou, “quem não é por mim, é contra mim”! Mateus 12:30 eliminando qualquer dúvida de que haja várias crenças com um mesmo objetivo.

A Bíblia tem inúmeras referências sobre crença ou sobre a fé que são expressões que se assemelham. A maioria delas já conhecemos exaustivamente e são todas desafiadoras, por isto que a misericórdia de Deus é infinita, se renova a cada dia e a sua graça superabundante nos sustenta frente a uma fé em frangalhos nos levando à nocaute de tão combalido que, sem estes predicados divinos, a fé não tem qualquer eficácia. A expressão da fé não se aplica num ambiente neutro porque revela o que você é e em quem confia. Um Deus em que apenas se acredita não faz qualquer diferença na vida porque se trata de uma relação superficial. Um Deus em que crê tem propensão a assumir compromisso entregando a vida que seria uma extrema atitude de confiança e isto acontece somente através da fé porque “...sem fé é impossível agradar a Deus”. Hebreus 11:6 e no versículo 1 deste mesmo capítulo fala o que seja a fé. É impossível praticar a fé com uma vida incrustada de tradições. Antes de se ter fé é preciso saber quais são as crenças que permeiam a espiritualidade humana. Acreditar, crer e confiar são múltiplas expressões onde acreditar é saber que Deus existe, porém, não assumindo qualquer compromisso. Crer é reconhecê-lo como Deus, sendo este o primeiro passo para efetivação da fé e o segundo é confiar que é a entrega de si mesmo a alguém em quem tenha plena confiança. A fé englobaria as três expressões, sendo o que define o caráter cristão.

A ratificação da crença tem uma essência abstrata ou concreta? A crença é a partir somente daquilo que é palpável? Jesus, logo depois da sua morte e ressurreição, conversa com Tomé que é famoso por crer somente naquilo que vê. Qual era o tipo de espiritualidade de Tomé que cria somente naquilo que era concreto? Tomé simplesmente não creu que era mesmo Jesus que havia ressuscitado e precisou que tocassem com os dedos nas feridas para dirimir toda a sua dúvida. E o mestre chamou-lhe a atenção como lemos em João 20:29: “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram”. Não tiro totalmente a razão de Tomé em ver para crer, mas, isto não deve, em hipótese alguma, ser adotado como regra de fé. Talvez este posicionamento esteja associado mais à sua personalidade do que ao caráter. Jesus, como sempre, aliás, era a sua principal missão quebrar os paradigmas e contrariar a conformidade humana que sempre tinha uma visão exotérica quando enxergava somente o exterior. Exatamente este ponto que quero destacar. Milhões de pessoas creem somente naquilo que vê. São as chamadas “crendices”. Fabricam esculturas e criam imagens e creem piamente neles como um elo que os mantem conectados aos seus deuses. A idolatria nos move em ver para crer, enquanto a fé nos motiva a crer para ver. A cada dia surgem diversos referenciais para potencializar suas crenças. Crê-se em rituais, em fitinhas, em bruxas, em imagens, na natureza, no próprio ser humano, em animais e tudo aquilo que contraria os princípios bíblicos apresentados desde a criação de que há um só Deus e um só mediador entre Deus e o homem, Jesus Cristo homem. O texto de Isaias 45:20 derruba toda esta crendice idólatra quando afirma que “...nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feita de madeira, suplicando a um deus que não pode salvar”. Toda ação em busca de resposta para a saciedade humana é subterfúgio para mudar o foco desviando a atenção daquilo que é verdadeiro e que acrescenta algo de concreto à vida e revela uma espiritualidade legítima.

Jesus como mediador, sendo o próprio Deus que peleja por nós(Deuteronômio 3:22) no seu curto e pujante ministério terreno sempre apresentava a opção “...quem crer será salvo, quem não crer será condenado” Marcos 16:16. Como dizem, foi “curto e grosso”. “Será salvo” porque ainda estamos em via de ser salvos e será condenado porque o fim dos tempos ainda não se consumou. Esta afirmação é porque todos foram destituídos da presença de Deus e para voltar à sua presença é preciso, primeiramente crer no seu único filho, Jesus Cristo e retornar à condição do princípio da criação.

A Bíblia não nos impõe regras, apenas sugere-nos o caminho expondo aquilo que é humanamente impossível, mas, para Deus tudo é possível (Marcos 10:27) e o próprio Jesus afirmou que “...tudo é possível ao que crê” Marcos 9:23 sendo Ele próprio a porta quando disse: “...eu sou a porta” João 10:9. É preciso crer, lembrando que esta crença não é desprovida de responsabilidade e disciplina. Qualquer estrutura tem os seus caminhos e destinos peculiares. Não escolha o caminho menos difícil. Escolha o caminho que tem início e fim designado por Deus que é a vida eterna. Desta forma, deve-se processar uma renúncia dos valores corrompidos na queda afim de provocar uma reavaliação daquilo que se crê. A crença em Deus é a porta de acesso à nossa integridade diante dEle. A crença depende do esvaziamento de nós mesmos porque o caminho designado pelo homem natural é de perdição e o homem espiritual precisa ser liberto desta profusão de crenças para que Deus aja pelo Espírito Santo fazendo valer a nossa crença. 

Campinas, julho de 2018

sexta-feira, 22 de junho de 2018

O DESERTO NOSSO DE CADA DIA

Venancio Junior

Quem já teve a experiência em atravessar um deserto? Primeiramente, ao contrário do que a maioria sabe, o deserto não é um lugar totalmente vazio ou ausente de vida. Mesmo sendo um lugar inóspito para a maioria das espécies de vida da terra, a biodiversidade é algo fascinante e ocupa todos os espaços disponíveis, inclusive o deserto. Esta diversidade das espécies, principalmente animal e orgânica se recompõe e se adapta ao meio ambiente. É um mundo inteligente. Da mesma forma que existe vida nas profundezas do mar e dos rios, existe vida no deserto em harmonia com o seu “habitat” natural. O que podemos encontrar nesta exótica jornada e, muitas vezes, terrível? No deserto encontramos um terreno extremamente árido e com enorme, mas, não a pior, dificuldade em caminhar, sol escaldante queimando a pele causando feridas, escassez de água que seca a garganta, falta de horizonte que causa perda de referência e alucinações devido ao calor na cabeça. Tudo isto gera cansaço, desânimo, fraqueza e mina a esperança de que encontrará alívio para as inúmeras dificuldades causadas por esta condição terrível. Mesmo com a extenuante aventura, interromper a caminhada é desistir da própria vida porque agravaria ainda mais a situação. Persistência, esforço descomunal, resistência e força de vontade que sai de algum lugar obscuro são os únicos recursos para superar todas estas dificuldades inerentes à esta jornada. Nem tudo é ruim no deserto, existem os oásis que muitos conhecem como alucinações devido ao calor, mas, de fato, existem e servem como “pitstop” dos viajantes. Por incrível que pareça, existe também o turismo pelo deserto, porém, há todo um equipamento de sobrevivência que torna esta jornada agradabilíssima e sem traumas. De qualquer forma, é uma experiência inesquecível. Uma caminhada pelo deserto, por incrível que pareça, nem sempre pode ser algo, assim, tão ruim. Na vida, utiliza-se muito a metáfora de atravessar o deserto em que muitas situações, seria como se fosse uma travessia interminável. São diversas as situações impostas pela vida que nos provoca esta sensação de atravessar pelo deserto. Seja a cura de uma doença, uma situação financeira complicada, relacionamentos familiares teoricamente insolúveis e crises conjugais intensas, todos nós temos um deserto a ser explorado no sentido de buscar equilíbrio emocional. Ninguém está livre do deserto que não faz distinção de cor, credo, de nível social e até mesmo os psicólogos e os líderes religiosos cujas funções é trabalhar o enigmático sistema emotivo das pessoas, não estão isentos desta travessia pelo deserto. Em muitos casos, é o único caminho a ser percorrido. Atravessar o deserto da vida é aplicável somente ao aspecto emocional. Em qualquer um destes casos e tudo o que esteja envolvido na vida, o emocional é o principal agente de equilíbrio para ser bem-sucedido na vida. Tudo pode estar em ordem, mas, se o emocional estiver fora do lugar, nada irá compensar. Tudo o que se fizer terá uma leve sensação de fracasso. Independentemente das dificuldades externas, o deserto está no interior de cada um. Quando sentir que está no deserto, é hora de aprender a conviver com a solidão que será a sua melhor companheira apoiado por um grande vazio existencial. Alguns desertos a vida nos impõem inexplicavelmente, enquanto outros desertos, são consequências das nossas escolhas. O mundo por fora é o reflexo daquilo que somos por dentro que é onde a vida acontece de fato. O mundo exterior é apenas um cenário. Cada indivíduo tem o seu deserto particular com as suas implicações e os recursos para enfrentá-lo, um tanto quanto, ínfimos. Podemos afirmar que, enquanto estivermos de passagem por este mundo, atravessaremos pelo nosso deserto interior. O ruim desta questão é que não tem como alcançar o equilíbrio emocional sem passar pelo deserto. O deserto interior tem o poder de transformar fracassados em heróis ou o inverso. Muitos não conseguem passar ilesos pelo deserto das suas vidas. Temos muitas personalidades que tinham tudo, menos o equilíbrio emocional que ajudaria a atravessar os seus desertos. O grau de instabilidade emocional é tão grande que sequer conseguem sobreviver ao deserto e dão fim à própria vida. Este radicalismo nada mais é que consequência de um desajuste interior. É preciso perceber que não se pode exigir muito de si mesmo, isto causa desconexão da serenidade. O deserto não é um meio, mas, sim, o meio para avançar para um novo estágio da vida. De qualquer forma, considerando que o deserto é um trecho obrigatório e, às vezes, não tem como mudar os personagens e nem o cenário, neste caso, a melhor decisão é mudar a perspectiva. Nada mudou, então, mude a si mesmo, não exatamente de lugar, mas, as decisões, adotando a visão de um novo ângulo. Costuma-se enxergar a vida de fora para dentro, que tal mudar a perspectiva e começar a enxergar a vida de dentro para fora? Desta forma, mesmo o calor do deserto ainda sendo difícil, não será insuportável. Ninguém está ileso das dificuldades da vida. Na bíblia encontra-se o alerta do apóstolo João no capítulo 16:33 “...no mundo tereis aflições”. Isto significa que enquanto viver, as dificuldades permearão a vida. Na sequência, o próprio Jesus nos acalma dizendo “...tende bom ânimo porque eu venci o mundo”. Nesta frase “tende bom ânimo”, na verdade, Jesus quis dizer que, enquanto atravessar o deserto, deve-se manter a esperança porque Ele já venceu as implicações desta travessia. Jesus sempre enfocou os desajustes do nosso interior. Jesus não se preocupava com os efeitos das dificuldades financeiras, da vida desregrada no aspecto moral ou da religiosidade, o que Ele enfatizava e insistia para que fossem eliminadas, eram as causas que traziam à tona este comportamento nocivo à saúde emocional. Um texto muito propício é o que lemos em Mateus 15:11 quando Jesus responde, como sempre, aos fariseus dizendo “...não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas, o que sai da boca, isso é o que contamina”. Ele se preocupava continuamente com o interior do ser humano. Jesus não veio para nos libertar do deserto interior, mas, nos livrar, quem sabe de nós mesmos, durante a travessia neste deserto. “Tende bom ânimo” não significa sair do deserto, mas, seguir em frente que “Ele segura a rojão”. Não há qualquer condição para atravessar o deserto emocional sozinho. Precisa-se de um aparato que capacite e resgate o equilíbrio emocional, ora, combalido, fragilizado e quase sem condições de reagir. O texto ainda em Mateus 11:28 sintetiza a preocupação de Jesus com o interior e a disposição em ajudar a superar a travessia do nosso deserto interior: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Aliviar a carga é continuar no deserto, porém, com o aparato necessário para suportar as adversidades no deserto. A vida é bela para os que enfrentam e enxergam vida além do deserto. Para os de espírito frívolo, a vida não passa de um mero deserto onde sucumbirão respirando a vida toda por aparelhos.

Campinas, inverno de 2018


quarta-feira, 30 de maio de 2018

FRAGMENTOS CONJUGAIS

Venancio Junior

     Dizem que o casamento é uma loteria. Muitos insistem nesta teoria fazendo entender que se trata de uma “roleta russa”. Será que isto é verdade? Acho que não. Primeiro, sorte biblicamente “falando” significa possibilidades. Não é algo solto que acontece por acaso. Segundo, as pessoas são imprevisíveis, caso contrário, acertaríamos sempre. Não existe uma receita infalível. Sequer receita exista. O que existe são princípios aplicados na vida individual que afetam diretamente o outro numa situação de compromisso conjugal. Qual seria, então, o melhor caminho? Na crise, a decisão certa, muitas vezes, é não tomar nenhuma decisão. Parar, refletir e deixar que as coisas fluam naturalmente sem perda de controle porque qualquer “pré-ocupação” gera tensão e, nesta condição, a falta de serenidade anula a capacidade de optar pelo melhor caminho que, pode não ser o que queira, mas, o que precisa, mesmo sendo dolorido e traumático. Pode ser que o caminho ainda não tenha sido encontrado e precise abri-lo na “mata cerrada” do relacionamento. Estas crises, muitas vezes, acontecem nos primeiros anos do casamento quando há somente os dois. Assentamento das emoções, adaptação das personalidades e uma gama de costumes e manias dispostas num ambiente agora compartilhado. Isto pode ser o começo de uma grande e excitante jornada.

     Mesmo casados e já acostumados com a nova vida, o que nunca deve deixar é o respeito mútuo. Lembro que respeito não é um mérito, mas, uma questão de educação. Respeitamos porque somos educados e não porque a pessoa merece. O casamento pode ter sido circunstancial, conveniente ou nunca fez parte de um processo construtivo e o resultado, neste caso, não precisará de terapia de casal para detectar onde aconteceu o erro. Vamos considerar o erro como ações na tentativa em acertar. O erro não é uma culpa isolada. O casamento é uma relação concomitante. Onde não há parceria, é impossível ter um ambiente que respire segurança quando tudo favorece a fragmentação do relacionamento. Numa situação de extrema insegurança, ao invés de se abrir e viver a verdade a dois, por mais dolorida que seja, se omitem e buscam soluções fora do núcleo conjugal gerando, desta forma, mais problemas tanto para o relacionamento e, muitas vezes, traumas pessoais que se perpetuará na vida individual de ambos. Quando isto acontece, numa situação emocional em “frangalhos”, o melhor é evitar os ressentimentos que causam desfiguração em tudo o que foi construído e que, em hipótese alguma, deva ser descartado como se fosse algo sem importância. A pressa é livrar-se o mais rápido possível do passado. Ninguém consegue se livrar do passado. O que precisa é aprender a conviver com ele.

     Na vida, de uma maneira geral, muitas coisas não acontecem conforme planejamos. A frustração surge quando o que se espera fica aquém daquilo que se idealizou. Isto é normal. Esta situação será saudável e construtiva se considerar como um momento de rever a relação se não se tornou algo nocivo à saúde emocional e nada tem acrescentado. Não existe comportamento padrão generalizado porque cada um tem a sua peculiaridade que deverá ser administrada de forma que se adéque aos diversos níveis de personalidades. Não hesite em desabafar, porém, com sabedoria. Evite o acúmulo de carga emocional, pois, poderá descarregar em hora errada.

     O gostoso de qualquer relacionamento é saber administrar o inevitável. Até mesmo as crises, por pior que seja, é obrigação comum enfrentar a dois que, quando bem-sucedido, traz grande prazer fortalecendo o vínculo. O relacionamento conjugal nunca deve ser assumido como um risco. Pode ser um grande e maravilhoso desafio na vida. Superá-los juntos ou separados, é uma questão de hombridade. Independentemente da decisão, o que foi construído juntos deve ser preservado mesmo separados. O respeito é algo que sempre deve fazer parte da relação por uma questão de princípios. Como já afirmei, o respeito nada tem a ver com mérito. Tem tudo a ver com caráter elevado. Perder o respeito é desvio de caráter. Isto é muito sério. O que seria exatamente a falta de respeito? Na relação conjugal, o pior deles é a traição. Quem trai, não pode dizer que errou, pois, só erra quem está tentando acertar e traição jamais será uma tentativa em acertar. Traição é uma prática do mal. Não precisa ser exatamente um caso extraconjugal, mas, pode ser também uma simples decisão isolada que infringe diretamente o casal ou a família. Expor problemas conjugais ou familiares a terceiros. De qualquer forma, a traição é uma extrema falta de respeito e deve ser banida. Isto se aplica também na vida social, profissional e outros.

        Em qualquer nível de relacionamento, a atenção e dedicação ao outro deve ser sempre de forma altruísta. Na relação conjugal o carinho deve ser parceiro constante nas palavras e nos gestos. Todos nós precisamos de carinho, afeto e atenção. Sem esta afetuosidade a vida perde muito o sentido e a sua graça. O que devemos evitar é que a atenção exclusiva das pessoas, filhos ou o cônjuge, se torne uma exigência. Atenção dedicada é algo espontâneo porque é a única forma de demonstrar sinceridade. Todo mundo tem alguém com quem quer estar sempre por mera questão de empatia. O ideal seria o próprio cônjuge porque, quanto mais presente na vida, mais implica intimidade. Conhecer um ao outro é uma questão de necessidade e sobrevivência conjugal. Por exemplo, no relacionamento sexual, não se trata de sobrevivência no sentido de obrigação, mas, quando ambos ainda estão ativos e não acontece, com certeza, o relacionamento sobreviverá à mingua. Em I Coríntios 7:5 o apóstolo Paulo foi incisivo, “não vos priveis um ao outro”. No verso 3 do mesmo capítulo ainda lemos que “marido e mulher devem cumprir com o seu dever conjugal” e na sequência diz que “nem a mulher e nem o homem devem se dispor do corpo a terceiros porque um pertencem ao outro”. Fazendo um adendo, particularmente, no ato conjugal, julgo que a mulher é passiva e o homem é o ativo. O comportamento passivo da mulher é de ser amada e protegida na sua intimidade. O comportamento ativo do homem é o de cuidado, dedicação e proteção a alguém de sua intimidade. Dentro desta conjuntura, não faz qualquer sentido o relacionamento extraconjugal. A sexualidade é uma entrega. Assumir um compromisso conjugal é entregar-se também de corpo ao outro que, teoricamente, é a pessoa de maior confiança. Ninguém entrega o que é seu para um estranho. No capítulo 6:19 o apóstolo enfatiza de que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo para a glória de Deus e devemos fugir da imoralidade sexual.

     Casamento é uma construção de valores para favorecimento mútuo. Filhos, por exemplo, valor incalculável. Ouço muitos casais já desiludidos e até mesmo terapeutas conjugais afirmarem que filhos não “segura” casamento. Concordo em parte. Os filhos não podem ser jogados ao acaso quando “ninguém é culpado” por nascerem. "Os filhos são herança do Senhor para as nossas vidas" Salmos 127:3. Mesmo inicialmente não fazendo parte do plano original do relacionamento, um filho deve ser assumido como uma grande conquista. Quando nascem os filhos, a carga de preocupação se acentua porque a responsabilidade pela formação é dos genitores que ainda precisam administrar incessantemente a relação. Lembro que o cuidado para com eles independe da condição do relacionamento. Não amamos os nossos filhos porque são bons. Da mesma forma que também não amamos o nosso cônjuge por ser uma boa pessoa. Amar é algo incondicional. Muitos dizem que amor não é sentimento, mas é atitude. Creio que sejam as duas coisas intrinsecamente ligadas. O apreço aproxima as pessoas e o amor intensifica a relação pelas atitudes seja intencionalmente na parceria ou de forma espontânea. No relacionamento sempre deve haver o compartilhar das ideias, dos planos e, principalmente, dos sentimentos. Porém no decorrer da vida os relacionamentos se desgastam e podem perder o sentido e instintivamente tomar rumos ignorados. O ideal seria que, antes que aconteça este desgaste, reagir no sentido de revitalizar a relação ou, a grosso modo, cortar o mal pela raiz. Com ou sem crise, o entendimento deve ser um processo contínuo. O respeito ao outro nunca deve ser por mérito, pois, respeita-se a pessoa, mesmo que não mereça. Tanto no relacionamento conjugal ou com os filhos, em meio à uma potencial crise, deve-se evitar o confronto direto. No caso dos filhos, quando ainda estão na adolescência que é uma fase difícil até para eles mesmos que, numa busca incessante de identidade e querem conquistar o mundo, muitas decisões precisam ser tomadas em pouco espaço de tempo e julgam que já conquistaram o mundo e não admitem que alguém diga o que eles devem fazer. Entrar em confronto direto para quem está aceitando todos os desafios possíveis não é uma boa ideia porque a relação vai minando e chega num ponto que não tem muito o que fazer, tudo o que os pais disserem não vale e a melhor coisa é exatamente nada fazer e torcer para que aprendam da melhor forma possível. A maioria dos filhos nesta fase avançam destemidamente e transpõem todos os obstáculos possíveis. Isto é causado pela sobrecarga de energia da novidade em decidir pela própria vida. Não tem limite, até que amadureçam e percebam que precisam retornar, abaixar a poeira e reconhecer que sem o apoio dos pais nada seria possível porque, muitos, ainda dependem deles. Não se trata de questão financeira, mas de sentimento, afeto, apoio nas incertezas e o carinho que qualquer pessoa precisa principalmente daqueles que são mais próximos.

        Não somos perfeitos e temos os nossos defeitos, mas, em algum lugar deve ter alguma coisa de valor em cada um que propicie uma “compensação” e demonstre que vale a pena a convivência. Muitas vezes é difícil encontrar estes valores porque estão sufocados por um comportamento fechado, retraído e egoísta. Geralmente, reagimos de acordo com as circunstâncias e não tomamos qualquer iniciativa em agir conforme as qualidades. Muitas pessoas, mesmo na velhice, quando nesta fase não se exige muito da vida, estão escravizadas pelas suas convicções, ocultando o que tem de melhor. Talvez tenham de ser livres de si mesmas porque a própria vida pode estar fragmentada e que afeta o relacionamento conjugal. Viva a vida a dois sem a marra do ressentimento desfragmentando as emoções.

terça-feira, 15 de maio de 2018

CAIR DA GRAÇA

Venancio Junior

Cair da graça é quando não demonstramos aquilo que Deus é em nós. Por nós mesmos, decaímos e perdemos os privilégios da santificação. O apóstolo Paulo já nos advertiu em Gálatas 5:4 quando diz: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído”. Fomos separados após a queda, quando houve uma ruptura na relação com Deus e o homem sofreu uma completa e profunda desfiguração, trazendo consequências irreparáveis do ponto de vista humano. Porém, Deus redarguiu com a sua graça ao pecado. A graça faz parte da configuração original da criação, mesmo com esta queda, está disponível à nós, potencializadas em Deus somente, não dependendo de nossos esforços. Cada indivíduo tem este acesso e muitos a estão rejeitando e se mantendo fora da presença de Deus. Em Mateus 24:10 lemos sobre o acontece quando rejeitamos a graça de Deus aonde as pessoas irão “...trair-se uns aos outros e mutuamente se odiarão”. Nem mesmo os evangélicos escaparam como lemos ainda no texto de Mateus 24 no versículo 11 que é bem explícito, “...surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos” e na continuação, no verso 12 e que já está acontecendo, "o amor de muitos esfriará, pois, a iniquidade se multiplicará” (Mateus 24:12). O amor, que é a essência do nosso relacionamento com Deus, esfriou porque fogem da sua graça e reforça ainda mais este distanciamento.

Graça é uma das manifestações de Deus. Em hipótese alguma pode ser considerada uma oposição à sua justiça, porque é a única forma manifestada de Deus que permite sermos reconduzidos à sua presença novamente. Quando fomos expulsos da sua presença, Deus foi justo e quando nos ofereceu a salvação que nos reconduz à sua presença, foi gracioso. Fomos condenados ao inferno pela justiça de Deus. A justiça divina deve ser vista nesta perspectiva, de que Deus não compactua com o pecado, sendo esta, uma convivência impossível. Deus se manifestou movido pelo amor e veio em carne para salvação do homem pela sua graça. “Porque pela graça sois salvos...” Efésios 2:8. A graça vem de Deus que está também em Cristo como lemos no livro de Lucas 2:40 onde há o relato do desenvolvimento de Jesus: “E o menino crescia, e se fortalecia no espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele”. Devemos continuamente buscar o crescimento no conhecimento e na graça como nos adverte o apóstolo Pedro da segunda carta no capítulo 3:18, “...antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.

Numa sociedade em que ser evangélico tornou-se moda, contrariamente ao que imaginávamos anos atrás que poderia facilitar, é difícil perceber qual a marca, não da roupa, mas, da graça de Deus que revele o verdadeiro discípulo. Vimos o esforço da maioria dos evangélicos em cumprir com as suas “obrigações” dentro e fora da igreja numa conduta até condizente com os princípios da palavra de Deus. E os não evangélicos, como explicar a boa conduta? Lembrando que o princípio da moral, da ética, da bondade, da dignidade e do respeito é a partir do evangelho. Temos a mesma origem em Deus pela sua graça. Pelo simples fato de a pessoa não ser evangélica não significa que ela será moral e socialmente irresponsável. Conheço muitos destes que não seguem e nem gostam de algum tipo de religião, principalmente as cristãs, porém, assimilam sem saber, os princípios da palavra de Deus cuidando e amando as suas famílias, não desejando o mal ao próximo e zelando pela integridade moral do meio em que convivem. Por que isto acontece? Simples, a graça de Deus é concedida a todos, independentemente da condição. No entanto, estas pessoas não têm consciência de que as boas intenções são legitimadas na graça de Deus. Não basta ser bom, tem de ser justificado em Cristo. Por estarmos fora da presença de Deus, perdemos a graça intrínseca, porém, todos são alcançados e reconduzidos pela sua graça desde que renuncie à velha criatura “sem graça”. A graça de Deus é o meio que foi concedido a todos, principalmente, para salvação e outras benesses porque ela é abrangente. Mesmo salvos pela graça, continuamos em pecado e incessantemente sendo justificados em Cristo. Por meio da graça somos salvos e a superabundante graça, sendo ampla e contínua, é o processo que nos mantem salvos.

Justificados ou não, vivemos em pecado, porém, devemos rejeitar o pecado em nossa vida. Deus não está interessado em saber quem peca pouco, quem peca muito, se é “pecadinho” ou “pecadão”, na verdade, não existe quantificação e nem qualificação de pecado. Toda citação de quantidade de pecados é uma metáfora porque estar fora da presença de Deus significa estar imerso no pecado. Quando o apóstolo Tiago fala sobre cobrir uma multidão de pecados se alguém salvar uma alma, na verdade, ele deu ênfase para que entendêssemos o fato de que salvar uma vida do inferno tem uma grandiosidade indescritível. Pedro também utilizou esta metáfora em relação ao ardente amor uns pelos outros que “encobriria uma multidão de pecados”. Quem pode mensurar o amor? É uma grande missão pregar o evangelho e deve ser feito com o amor autêntico de Deus, caso contrário, não atingirá a mente para a consciência e nem o coração que define a conversão. Esta missão em pregar até os confins da terra foi designada a todos que foram alcançados pela graça e a grande mensagem do evangelho é que todos podem ser salvos pela graça. Sem a graça, já estaríamos condenados à morte eterna sem qualquer chance de resgate porque fomos rejeitados por Deus. O pecado separa o homem de Deus. A graça permitiu o acesso. A graça de Deus e tudo o que provêm dEle são manifestações da sua presença no sentido de nos reerguer para que vivamos sob a sua graça.

sábado, 21 de abril de 2018

OS SEM IGREJA

Venancio Junior

Nota: Os Sem alguma coisa tornou-se moda. Os Sem Terra, Os Sem Teto e já algum tempo surgiu o grupo informal Os Sem igreja. Esta reflexão é para aqueles que, assim como eu, não abandonou a fé, frequenta uma igreja sem ser membro e tem pouco ou nenhum envolvimento com a mesma. É para aqueles também que simplesmente deixaram de frequentá-la mesmo não abrindo mão da fé. Dedico também aqueles que abandonaram a igreja e a fé. Se você se encaixa num destes grupos, bem vindo, você pertence aos Os Sem igreja.

Quem instituiu a igreja e para o quê serve?

          A pedra fundamental da Igreja é Cristo, filho do Deus vivo. O próprio Jesus afirmou isto a Pedro de que edificaria a sua igreja a partir da declaração de quem Ele é. Não há mérito algum nesta postura de Pedro. Ninguém tem mérito por afirmar que Jesus é o Cristo, filho do Deus vivo. Somente os regenerados reconhecem isto e aceitam o convite de Jesus. Ser um discípulo é intrinsecamente assimilar a mensagem de salvação do Cristo e repassá-la aos outros. Ide e fazei discípulos de todas as nações disse Jesus o qual lemos em Mateus 28:19. Esta é a grande missão da igreja. 

        Que igreja seria esta? Com certeza, não são as igrejas abertas em cada esquina. A igreja propriamente dita é formada por discípulos e não por paredes. Neste caso, então, não é necessário frequentar ou pertencer a uma igreja instituição? Não é exatamente isto o que a bíblia diz, pelo contrário, devemos congregar e com alegria. O salmista nos congraçou com o texto contido no capítulo 122:1 “Alegrei-me quando me disseram, vamos à casa do Senhor”! Isto significa literalmente ir à igreja ou congregar com entusiasmo! Entusiasmo significa “presença de Deus”. Como seres humanos falhos e limitados e, considerando aqueles que não frequentam regularmente e nem tenham atividades, nem sempre se têm a disposição em ir à igreja. Em qualquer nível, seja pessoal ou institucional, esta relação como em qualquer outro tipo, se desgasta e precisa constantemente de um novo motivador. 

         Igreja é algo relacional e exige entrega exponencial. Neste ponto que as coisas começam a complicar. Doar-se subentende-se dedicar tempo, dentre outras coisas, muitas vezes escassos. Como entregar-se a uma missão se não consegue administrar o tempo nem para si mesmo? A grosso modo dizemos que, quando temos o foco, não nos preocupamos com o que encontraremos pela frente porque o importante é a meta atingida. Reconheço que o projeto de crescimento de muitas igrejas é expansionista e cada dia menos dedicada à profundidade da palavra. Pregam o evangelho da bíblia de forma rasteira. O discipulado tornou-se irrelevante e os estudos bíblicos que, de tão enfadonhos, foram até descartados da programação regular da igreja. 

          Mesmo com todos estes problemas, a igreja tem cumprido a sua missão em fazer discípulo e segue caminhando. A instituição não faz discípulo. Quem o faz é cada um de nós. O Ide é para a Igreja constituída como templo do Espírito Santo. Apesar deste crescimento vertiginoso dos cristãos, principalmente na Ásia e na África, muitos tem abandonado a igreja e os motivos são os mais diversos possíveis. Tem aqueles que não tem motivo, simplesmente se desencantaram, não exatamente com o cristianismo, mas, decidiram adotar outro estilo de vida menos “intervencionista” imposto pela denominação. Outros abandonaram a fé e eram membros atuantes e assíduos nas programações e ir à igreja deixou de ser um hábito. Qual é o principal motivo deste “êxodo congregacional”? Segundo dados do Centro de Estudos do Cristianismo Global norte americano, o número de “desigrejados” no mundo supera os 40 milhões. O percentual dos principais motivos são: “59% das pessoas decidiram abandonar a casa de Deus por causa da mudança de situação de vida (transferência de cidade, divórcio, nascimento de filhos, morte na família). Em torno de 37% dos entrevistados alegaram que foram desapontados por membros e pastores, e 19% estavam ocupados demais para participar das atividades da igreja. Por fim, 17% disseram que as responsabilidades da casa e a família contribuíram para o afastamento”.

          Basicamente eu entendo que a igreja tem uma missão e, junto com outros, na comunhão, deva exercer atividades diversas em cumprir esta missão. O texto em Hebreus 10:24,25 fala exatamente sobre isto, mas, não de forma pejorativa e nem acusatória. Vamos ao texto:

...e consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros;

          Vamos discorrer um pouco sobre o texto de hebreus que é mais realista e não poético como o de salmos. O contexto fala basicamente da remissão de pecados cujo sacrifício vicário de Jesus eliminou qualquer outro tipo de processo que liberasse o perdão. O texto fala também de entrega, de dedicação, amparo e aconselhamento uns aos outros à prática do amor e às boas obras. A igreja sem estas práticas seria uma igreja disfuncional. Creio que a intenção é mudar o foco e trazer a visão de uma igreja essencialmente funcional. A igreja é um corpo onde cada membro é funcional. Não precisa praticar a fé e as obras somente dentre as quatro paredes. A igreja é Igreja além da igreja. Observe estes textos. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6), a fé sem obras é morta (Tiago 2:26) e a salvação não é pelas obras para que ninguém se glorie (Efésios 2:8,9). Estes textos constituem a espinha dorsal do evangelho no que tange à predisposição do discípulo. A igreja está onde tiver um discípulo consciente de que toda ação visa construir o Reino de forma altruísta. Servir é abrir mão de coisas pessoais. Talento, tempo, casa e até dinheiro devem estar disponíveis para este serviço dedicado a uma causa profundamente nobre conforme nos ensina o evangelho. Não se pode iludir-se de que, servindo na igreja, não haverá problemas de relacionamento. Todo grupo organizado onde há relacionamento de qualquer natureza tem problemas porque há envolvimento de sentimentos, personalidade distintas e pontos de vista diversos. Administrá-los convergindo todas as ações para o bem comum não é uma tarefa fácil. Principalmente se este grupo, como uma igreja organizada, por exemplo, cuja finalidade vai de encontro às necessidades inerentes à espiritualidade. O mais importante é ser constrangido pelo Espírito Santo e ter o foco na missão a qual todos devem estar submissos. 

          A missão propriamente dita é levar o evangelho usando de todos os meios (I Coríntios 9:22) para que atinja a mente e o coração. Deve-se ter estratégias adequadas a cada grupo de pessoas. Se é um grupo socialmente carente, teoricamente é fácil falar do Reino de Deus pois atinge os anseios de esperança daqueles que ouvem. A situação se complica quando é um grupo que se denomina “autossuficiente” e não tem qualquer necessidade que provoque algum interesse na igreja ou no evangelho que é mais importante. O evangelho, na maioria das vezes, não é atraente porque confronta diretamente os valores adquiridos pelo ser humano. O evangelho é atraente apenas numa situação. Um evangelho espúrio que fala o que se quer ouvir e que traz somente as promessas de Deus e oculta os compromissos e a renúncia da velha criatura. O outro evangelho, este não é nada atraente vai de encontro a aquele que tem um espírito “desarmado” dos velhos conceitos independente da condição social e saúde que são necessidades essenciais. Este último grupo quer o evangelho porque deseja uma mudança de dentro para fora. Este tipo de mudança abre a mente, consequentemente, também o coração. Quando o evangelho atinge a mente e o coração percebemos a mudança e a autenticidade da conversão nas suas atitudes e predisposição ao serviço eclesiástico não buscando, desta forma, o próprio interesse.

      Observamos também que existe uma linha tênue que divide a seguinte questão de que a frequência à igreja não ratifica a nossa espiritualidade, porém, deixar de ir, transparece de que deve estar havendo algum problema com ela. Os motivos são diversos. Caso decida frequentá-la novamente, saiba que deve-se buscar os interesses dos outros, nem tanto os seus e tudo deve ser feito com sabedoria e discernimento porque ir à igreja pode alimentar o ativismo. Deixar de ir e de se envolver denota, de certa forma, que ainda falta ou perdeu-se algo que compreenda que o Ide de Jesus é uma missão a ser cumprida dentro e fora da igreja.

         A Igreja deve estar em todo lugar porque a Igreja é cada discípulo com a missão na mente e no coração em fazer outros discípulos. Não precisa esperar estar na igreja para isto, mas, faz parte da caminhada cristã ajudar outros e dar assistência a quem precisa. O texto de hebreus fala sobre isto “...estimular ao amor e às boas obras e incentivar outros”.

      Igreja é corpo unido na comunhão e no serviço. Não devemos permitir que fatores externos desestimule o compromisso com Deus. Nunca ignore o fato de que o mundo é sedutor e continuamente quer tirar o foco da missão em servir. Nosso foco é o próximo seja de casa, da família ou fora dela e seja da igreja ou fora dela. Frequentar a igreja não é primariamente um compromisso social mesmo tendo estas atividades. Frequentar a igreja não deve ser em hipótese alguma um modo prático para desencargo de consciência. Quando perdemos a disposição em servir, a primeira coisa que fazemos é deixar de congregar. Geralmente, também, deixamos de buscar à Deus e esquecemos que, quando conversamos com Deus, a nossa visão é introspectiva com o intuito de reavaliação para Deus nos refazer. Quando servimos, a nossa visão é para fora porque nos preocupamos em que cada um saiba que Deus é o maior interessado em que todos vivam bem e isto está no evangelho que deve ser repassado à toda criatura. Não importa se tem títulos ou cargos, repassar o evangelho é missão de todos. O Ide é para todos (Marcos 16:15). Deus não irá nos cobrar pelos títulos que temos, todos são irrelevantes quando estivermos diante dEle. Ultimamente temos visto a proliferação de “títulos sacerdotais”. A bíblia até incentiva que se busque, não o título, mas, o que significa e o que isto implica. Deus capacita cada um para uma determinada função conforme lemos em Efésios 4:11,12. Chamo a atenção para o apostolado. Muitos têm se autointitulado apóstolo. A bíblia nem diz sim e nem não. Particularmente julgo que apóstolo são somente aqueles que receberam a mensagem diretamente de Cristo. Surge, então, a indagação sobre Paulo, mas, o apóstolo mesmo não tendo convivido, recebeu a mensagem pessoalmente quando foi abordado na estrada para Damasco e Jesus se apresentou como luz. Creio que este episódio finalizou a questão do apostolado. Não importa qual a função exercida. Todos foram chamados para servir como discípulos. Deus não chama ninguém para servir a igreja, mas, para ser Igreja. Ser Igreja em casa, ser Igreja na família, ser Igreja no trabalho, ser Igreja para os vizinhos e ser Igreja para si mesmo que é uma questão de honestidade. Nos holofotes não vale ser igreja. Tal como os políticos que são honestos em frente a câmera de televisão, porém, nos recônditos dos gabinetes tiram a máscara da honestidade e colocam a vestimenta do que realmente são.

       Para ser Igreja devemos tirar os olhos dos homens porque sempre estaremos vendo as suas imperfeições. Ser Igreja é ter a mente e o coração dedicados à causa do nosso Mestre Jesus. Os olhos em Cristo sempre e as mãos no arado deixando a velha criatura com as tendências carnais para trás. Jesus em caminhada para Jerusalém com os discípulos deixou bem claro de que somente é apto para o reino de Deus aquele que põe a mão no arado e não olha para trás (Lucas9:61).

 

Campinas, SP, Abril de 2018

quinta-feira, 29 de março de 2018

A DOUTRINA DA PÁSCOA

Venancio Jr.

Considerando a distância milenar dos eventos, o que a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito tem a ver com a morte e ressurreição de Jesus?

O primeiro evento provocou a comemoração da Páscoa pelos judeus e o segundo evento motivou a Páscoa dos cristãos.

Resumidamente vou apresentar o contexto da “captura”, condenação e morte de Jesus no contexto da festa da Páscoa dos judeus. Toda esta trama pode-se ler no livro de Marcos 14.

Páscoa quer dizer “passagem” do povo hebreu da escravidão do Egito rumo à terra prometida onde estariam livres. As comemorações da Páscoa originalmente é uma festa judaica (cerca de 1280 a. C.) celebrada basicamente com pães ázimos (sem fermento) e sacrifício de cordeiro relembrando a libertação do povo hebreu do cativeiro egípcio. Esta peregrinação foi marcada por diversas ocorrências onde a fé e a crença naquilo que lhes foi prometido por Deus foi amplamente testada. A Páscoa dos cristãos será que foi uma “coincidência”? Porque a condenação, morte e ressurreição de Jesus aconteceram na mesma época da celebração da Páscoa dos judeus! Na verdade, foi uma oportunidade para prenderem Jesus que, como judeu, também se fez presente nesta festa de grande vulto nesta época. Ele próprio afirmou que deveria ser assim em cumprimento às escrituras. A data da comemoração pelos cristãos foi estabelecida via decreto pelo Concílio de Nicéia no ano de 325 d. C. Os judeus ainda comemoram a Páscoa sem qualquer vínculo com a ressurreição de Jesus. Enquanto os cristãos nas suas celebrações da Páscoa, faz pouca referência à libertação dos hebreus.

Enquanto Jesus ainda não tinha sido preso, os discípulos estavam preparando a celebração da Páscoa. Era o primeiro dia das comemorações quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal. Neste ínterim, os discípulos perguntaram a Jesus onde poderia ser feito os preparativos e Jesus indicou qual seria o local. Quando já estavam acomodados, Jesus novamente se contrapondo às tradições judaicas, tomou a iniciativa em instituir um novo pacto e um novo sacrifício celebrando a primeira ceia como símbolo da nova aliança durante a celebração da Páscoa. Isto era uma afronta para os judeus, principalmente para a liderança religiosa que ainda não sabia e nem entendia que a ceia seria o Jesus rejeitado pelos judeus se apresentando como o cordeiro para o sacrifício. A escritura estava se cumprindo porque a partir daquele sacrifício vicário de Cristo não precisava mais qualquer outro para a remissão dos pecados.

Dois dias antes da celebração da Páscoa, os principais sacerdotes e os escribas (as mais importantes e influentes autoridades religiosas da época) procuraram uma forma de prender Jesus por traição. Estas autoridades não se conformavam com um estranho se “autodenominar” o Messias, o filho de Deus e até o próprio Deus e prometer que iria perdoar todos os pecados com o seu próprio sacrifício. Imagine toda esta “arrogância” de Jesus em meio a uma festa tipicamente judaica. Devido a esta festa, eles não queriam chamar a atenção, pois, Jesus havia conquistado uma certa popularidade e queriam evitar, desta forma, um tumulto que complicaria todo o esquema da prisão.

O assunto aqui não é abordar historicamente os dois episódios. Por incrível que pareça, há uma ligação que faz parte de um “megaprojeto” de Deus em resgate do ser humano. Iremos falar no que consiste a doutrina de ambos que é comemorado pelo mundo cristão, sendo muitas destas comemorações desprovidas da acuidade do significado e que, com o passar do tempo, assumiu também um caráter comercial quando os supermercados são invadidos pelos ovos de Páscoa (nada contra) numa clara evidência consumista porque a Páscoa tornou-se uma mera tradição especulativa. Estas comemorações cristãs de motivos religiosos estão cada dia mais vazio devido os corações daqueles que o comemoram estarem bem distantes dos fundamentos da doutrina bíblica e se apegam às tradições dos homens. Sequer sabem qual o significado da palavra páscoa. Nesta época e noutras festas religiosas, as igrejas são invadidas até por aqueles que raramente a frequentam ratificando esta forte tradição deste evento. Sobre isto, o próprio Jesus advertiu os mestres da lei e os fariseus conforme o texto de Marcos 7:8 “...E assim abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos às tradições dos homens”.

O comportamento dos religiosos nos dias atuais não é diferente dos tempos da peregrinação do povo hebreu. Diante disto faço a seguinte indagação de qual é, de fato, o fundamento da doutrina que levou o povo hebreu a crer na terra prometida e que ficou conhecido como Páscoa? Primeiramente, precisamos saber um pouco sobre o autor da promessa e da redenção do povo hebreu e da humanidade. Mesmo sendo um único Deus e se manifestando posteriormente como três pessoas, a Trindade Divina é distinta nas ações e, por incrível que pareça, esta tríplice manifestação e ação foi para alcançar o entendimento humano. No velho testamento Deus se apresentou como luz e como fogo e de várias outras formas que, provavelmente não foram registradas. Deus, literalmente “tomando as dores” dos homens, se apresentou também em forma humana através de Jesus e veio para cumprir a sua doutrina e “consertar” as coisas reconduzindo-nos de volta ao caminho que é Ele próprio, “...Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” João 14:6. Em Gálatas 4:6 diz que “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, para resgatar os que estavam debaixo de lei...” A partir deste ponto chamo a atenção para um fato dentre muitos que aconteceram com Jesus no Novo Testamento, especificamente no livro de Marcos 1:22 “...E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas. Este foi o comentário que surgiu sobre os ensinamentos de Jesus a respeito da sua doutrina porque os escribas, que documentavam através da escrita todos estes fatos começaram a interpretá-las de forma estranha. O mais importante é que muitos perceberam a autoridade nas palavras de Jesus e na sua doutrina, diferentemente do que estava acontecendo nas interpretações dos escribas, escreviam certo, mas a interpretação era muito equivocada. Os escribas e sacerdotes não gostaram nada desta “contraproposta” do Messias e as coisas andavam tão erradas no coração deles que as principais autoridades religiosas elaboraram um plano para matar Jesus, demonstrando claramente que eles já não mais seguiam a doutrina de Cristo. Interessante é que, quando seguimos a doutrina de Cristo confundimos até o adversário das nossas almas. Em Tito 2:7 a 10 diz: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra integridade, sobriedade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se confunda, não tendo nenhum mal que dizer de nós”. Neste caso, podemos dizer que os sacerdotes e os escribas não conseguiram confundir o diabo porque já não estavam no caminho da doutrina, mas, sim, numa condição perigosa e fatal que é exatamente o que acontece com todos que se distanciam da doutrina de Cristo e se apegam à tradição da religião. Nesta condição, as nossas comemorações da Páscoa cumprirão apenas esta tradição com comidas, bebidas, ovo de chocolate e um comportamento que não confunde mais o diabo. A espiritualidade que buscamos e que confunde o nosso adversário nasce a partir de uma postura condizente a sã doutrina que Jesus pregou e com toda humildade deixou bem claro de quem era. Leia em João 7:15,16 “Então os judeus se admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem ter estudado?” Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou”. Questionar é algo que devemos fazer com discernimento e os judeus questionaram a intelectualidade e até a divindade de Jesus. O resultado disso é que, movidos pela soberba e até com certa veemência, não reconhecem a Jesus Cristo como o Messias até os dias atuais.

Mas, quem enviou Jesus senão o próprio Deus? Se Eles constituem a mesma pessoa então a doutrina é de Jesus, o Cristo e também do Espírito Santo. Antes de Jesus ascender ao céu, declarou que nos deixaria outro consolador, o Espírito Santo João 14:16. Em Isaías 09:06 diz que Jesus é o Deus forte e o Pai da eternidade e em João 10:30 Jesus afirma que Ele e Deus constituem-se a mesma pessoa. Deus é Pai em Espírito que gerou a Jesus que é Deus em carne e osso e o Espírito Santo é quem nos dá o discernimento para compreendermos o que, da sã doutrina, nos é suficiente, digo, o suficiente porque quem poderia nos explicar o amor de Deus que preenche integralmente o nosso ser? A sã doutrina não nos deixa desviar do caminho que nos foi ensinado de que Jesus é o mesmo ontem, hoje e o será eternamente (Hebreus 13:8). Mesmo surgindo vãs filosofias que alimentam as tradições e que são incondizentes com a palavra de Deus, podemos afirmar que não precisamos de novas doutrinas ou uma nova unção, mas, de ler e meditar dia e noite para que “o vento de doutrina” (Efésios 4:14) não nos levem a qualquer lugar e percamos o rumo certo da vitória que Jesus nos ensinou, “...tende bom ânimo, eu venci o mundo. João 16:33”.

Se naquela época era difícil compreender a mensagem do Cristo, hoje em dia tornou-se ainda mais pela facilidade em ser mal influenciado pelos milhares de aventureiros que se autodenominam profetas, bispos e apóstolos e que tem surgido através de milhares de grupos com doutrinas estranhas. Muitos usam de palavras doces e persuasivas, se autoproclamam possuidores de dons espirituais e choram diante das câmeras de televisão, nas emissoras de rádio e em várias igrejas. São também eloquentes nas pregações e até usam o nome de Deus e o fazem também em nome de Jesus. Falam de Deus e não vivem o que Deus fala. Falam de Jesus e não vivem o que Jesus fala. Cuidado com estes, o próprio Deus nos alerta disso. Leia Hebreus 13:9 "Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas; porque bom é que o coração se fortifique com a graça, e não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se preocuparam". O termo “ventos de doutrina” é uma metáfora interessante porque o vento ninguém sabe de onde vem e nem para onde vai, pois, de certa forma, não tem raiz. Se nos deixarmos levar por estes ventos de doutrina seremos confundidos da mesma forma que o diabo ficou confundido com a doutrina de Cristo.

Quando Jesus foi crucificado e morto, o diabo supostamente “cantou a vitória”, porque em nenhum momento vimos alguma ação do diabo tentando impedir que Jesus morresse. O diabo ficou confundido com a morte de Jesus na cruz. Três dias após a sua morte, Jesus ressuscitou. O diabo entrou em “parafuso” de ver Jesus no inferno, tomar a chave da morte e voltar para Reino ao lado de Deus. O diabo não sabia o que estava acontecendo ficou estupefato e inerte diante desta atitude esplendorosa. Foi o golpe fatal sobre a morte. Como Jesus venceu a morte se as pessoas morrem e não voltam? A morte física não é o fim, mas, o começo da vida eterna. Jesus venceu a morte espiritual para a qual já estávamos condenados e veio para nos dar vida em abundância João 10:10. Sempre que se comemora a Páscoa o diabo lembra que a ressurreição foi o trunfo de Jesus Cristo e a maior vergonha que ele passou diante dos seus súditos. O “inimigo” esteve em seus próprios domínios e tomou-lhe a chave da vida e da morte. Quanta soberania e ousadia de Deus. Em todas as batalhas Ele peleja por nós. Esta guerra não é nossa, seres humanos porque Deus é soberano e domina sobre tudo e sobre todos e somente Ele é capaz de vencer o diabo. A peleja não é nossa, por isso que Deus intercedeu por nós enviando o seu filho Jesus Cristo para nos justificar. Até o diabo está sob o controle de Deus. O diabo não sabe de tudo o que acontece no mundo espiritual (lembre-se do texto acima descrito em Tito 2:7 a 10 em que o diabo se confundiu) por isso é que a palavra diz que devemos nos apresentar irrepreensíveis diante de Deus porque o diabo não reconhece aqueles que não são teus. E para que não sejamos confundidos e que Jesus nos reconheça, basta seguirmos a sua sã doutrina e guardá-la no coração. A tradição é boa e os bons costumes devem ser preservados, porém, o mais importante é enveredarmos pelo caminho da boa palavra de Deus onde lemos também: “Porque a Escritura diz: Ninguém que nele crê será confundido. Romanos 10:11.

Campinas, março de 2015