Venancio Junior
Cair da graça é quando não demonstramos
aquilo que Deus é em nós. Por nós mesmos, decaímos e perdemos os privilégios da
santificação. O apóstolo Paulo já nos advertiu em Gálatas 5:4 quando diz: “Separados
estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído”.
Fomos separados após a queda, quando houve uma ruptura na relação com Deus e o
homem sofreu uma completa e profunda desfiguração, trazendo consequências
irreparáveis do ponto de vista humano. Porém, Deus redarguiu com a sua graça ao
pecado. A graça faz parte da configuração original da criação, mesmo com esta
queda, está disponível à nós, potencializadas em Deus somente, não dependendo
de nossos esforços. Cada indivíduo tem este acesso e muitos a estão rejeitando
e se mantendo fora da presença de Deus. Em Mateus 24:10 lemos sobre o acontece
quando rejeitamos a graça de Deus aonde as pessoas irão “...trair-se
uns aos outros e mutuamente se odiarão”. Nem mesmo os evangélicos escaparam
como lemos ainda no texto de Mateus 24 no versículo 11 que é bem
explícito, “...surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos” e
na continuação, no verso 12 e que já está acontecendo, "o amor de
muitos esfriará, pois, a iniquidade se multiplicará” (Mateus 24:12). O
amor, que é a essência do nosso relacionamento com Deus, esfriou porque fogem
da sua graça e reforça ainda mais este distanciamento.
Graça é uma das manifestações de Deus.
Em hipótese alguma pode ser considerada uma oposição à sua justiça, porque é a
única forma manifestada de Deus que permite sermos reconduzidos à sua presença
novamente. Quando fomos expulsos da sua presença, Deus foi justo e quando nos
ofereceu a salvação que nos reconduz à sua presença, foi gracioso. Fomos
condenados ao inferno pela justiça de Deus. A justiça divina deve ser vista
nesta perspectiva, de que Deus não compactua com o pecado, sendo esta, uma
convivência impossível. Deus se manifestou movido pelo amor e veio em carne
para salvação do homem pela sua graça. “Porque pela graça sois
salvos...” Efésios 2:8. A graça vem de Deus que está também em Cristo
como lemos no livro de Lucas 2:40 onde há o relato do desenvolvimento de
Jesus: “E o menino crescia, e se fortalecia no espírito, cheio de
sabedoria; e a graça de Deus estava com ele”. Devemos continuamente buscar
o crescimento no conhecimento e na graça como nos adverte o apóstolo Pedro da
segunda carta no capítulo 3:18, “...antes crescei na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.
Numa sociedade em que ser evangélico
tornou-se moda, contrariamente ao que imaginávamos anos atrás que poderia
facilitar, é difícil perceber qual a marca, não da roupa, mas, da graça de Deus
que revele o verdadeiro discípulo. Vimos o esforço da maioria dos evangélicos
em cumprir com as suas “obrigações” dentro e fora da igreja numa conduta até
condizente com os princípios da palavra de Deus. E os não evangélicos, como
explicar a boa conduta? Lembrando que o princípio da moral, da ética, da
bondade, da dignidade e do respeito é a partir do evangelho. Temos a mesma
origem em Deus pela sua graça. Pelo simples fato de a pessoa não ser evangélica
não significa que ela será moral e socialmente irresponsável. Conheço muitos
destes que não seguem e nem gostam de algum tipo de religião, principalmente as
cristãs, porém, assimilam sem saber, os princípios da palavra de Deus cuidando
e amando as suas famílias, não desejando o mal ao próximo e zelando pela
integridade moral do meio em que convivem. Por que isto acontece? Simples, a
graça de Deus é concedida a todos, independentemente da condição. No entanto,
estas pessoas não têm consciência de que as boas intenções são legitimadas na
graça de Deus. Não basta ser bom, tem de ser justificado em Cristo. Por
estarmos fora da presença de Deus, perdemos a graça intrínseca, porém, todos
são alcançados e reconduzidos pela sua graça desde que renuncie à velha
criatura “sem graça”. A graça de Deus é o meio que foi concedido a todos,
principalmente, para salvação e outras benesses porque ela é abrangente. Mesmo
salvos pela graça, continuamos em pecado e incessantemente sendo justificados
em Cristo. Por meio da graça somos salvos e a superabundante graça, sendo ampla
e contínua, é o processo que nos mantem salvos.
Justificados ou não, vivemos em pecado, porém, devemos rejeitar o pecado em nossa vida. Deus não está interessado em saber quem peca pouco, quem peca muito, se é “pecadinho” ou “pecadão”, na verdade, não existe quantificação e nem qualificação de pecado. Toda citação de quantidade de pecados é uma metáfora porque estar fora da presença de Deus significa estar imerso no pecado. Quando o apóstolo Tiago fala sobre cobrir uma multidão de pecados se alguém salvar uma alma, na verdade, ele deu ênfase para que entendêssemos o fato de que salvar uma vida do inferno tem uma grandiosidade indescritível. Pedro também utilizou esta metáfora em relação ao ardente amor uns pelos outros que “encobriria uma multidão de pecados”. Quem pode mensurar o amor? É uma grande missão pregar o evangelho e deve ser feito com o amor autêntico de Deus, caso contrário, não atingirá a mente para a consciência e nem o coração que define a conversão. Esta missão em pregar até os confins da terra foi designada a todos que foram alcançados pela graça e a grande mensagem do evangelho é que todos podem ser salvos pela graça. Sem a graça, já estaríamos condenados à morte eterna sem qualquer chance de resgate porque fomos rejeitados por Deus. O pecado separa o homem de Deus. A graça permitiu o acesso. A graça de Deus e tudo o que provêm dEle são manifestações da sua presença no sentido de nos reerguer para que vivamos sob a sua graça.
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