Venancio Junior
O pôr-do-sol é algo deslumbrante e no
quintal da minha casa tenho este privilégio em apreciá-lo. Dias atrás, final de
tarde, chegando em casa e, como algumas vezes faço quando já me sinto
“desacelerado”, vou direto para o quintal e observo o sol se pondo. Com a vista
para as árvores balançando, sinto uma leve brisa, e, coincidentemente naquele
momento ímpar, ouvia aquelas grandes canções nas vozes dos grandes krooners
Frank Sinatra, Tony Bennetti, Harry Connick Jr, Diana Krall, o desconhecido
Matt Dusk e tantos outros acompanhados por grandes orquestras. Na rua de trás,
tem uma escola muito arborizada e o sol se pondo entre as árvores é uma coisa
muito linda. Particularmente, sou fissurado pelo final de tarde que é quando todos
se recolhem, indo para as suas casas. O número de carros diminui e o silêncio
“vai ocupando o seu espaço” e só ouvimos os pássaros findando os seus voos e os
sons definem as diversas espécies que se aninham nas árvores. Com a mesma
intensidade as pessoas também estão ansiosas para chegar às suas casas e tomar
um revigorante banho, degustar uma bela janta e rever os seus familiares. Isto
é muito confortável. Na escola também se ouve o sinal de fim de aula e as
crianças e adolescentes correm, numa gritaria, cada um para as suas casas com
toda a energia peculiar nesta fase maravilhosa da vida. Nada melhor que a
segurança da nossa casa e também o conforto e o aconchego do nosso lar neste
cotidiano. E não existe rotina mais gostosa do que voltar para casa. Quem não
se lembra de quando a professora escrevia na “velha” lousa: “Para Casa”, que
era a lição que deveríamos trazer na próxima aula e isto significava que a aula
daquele dia acabara e iríamos voltar para casa. De certa forma, é para casa que
voltamos, dando o sentido da nossa origem. Eu me extasiava em euforia. Minha
casa estava sempre me esperando. Minha família estava lá sempre me esperando.
Os meus brinquedos estavam lá também, como os deixei, me esperando. Isto também
acontece nos filmes e quantas vezes assistimos os dramas onde tudo de ruim
acontece seja um terremoto, um incêndio e até mesmo um sequestro e quando, no
final do filme, tudo volta ao normal, alguém da família diz: “Vamos para
casa!”. Que alívio! Na minha casa é onde me sinto seguro. Não conheço quem
reclame desta rotina maravilhosa. Gosto muito de voltar para casa que é onde
encontro literalmente o abrigo e o carinho que preciso. Afinal, em nossa casa é
que nos sentimos confortáveis e seguros dentro de um contexto familiar.
Infelizmente este contexto de família tem sido vítima das circunstâncias que
cada um, muitas vezes é obrigado a se submeter. Outros, de livre escolha,
decidem criar a família a seu próprio modo. Não entrarei no mérito desta
questão porque envolve outros pormenores intimamente complexos. Mas, o lar é
onde construímos os nossos valores, amadurecemos os nossos relacionamentos e
contribuímos com a sociedade quando ensinamos os nossos filhos a enfrentar as
dificuldades e os desafios da vida. Paz no lar. Lar doce lar. Todas estas
frases denotam o desejo de cada um de ter um lar onde se “respire” conforto.
Tal como aquela poltrona em que nos sentamos e não precisamos ficar nos
remexendo para nos acomodar. Assim deve ser o lar onde não precisamos ficar nos
“remexendo” tentando achar a melhor posição de conforto porque tudo o que
desejamos e o que precisamos devemos encontrar no lar, a alegria da família.
Nem tudo são flores no lar. Infelizmente, as contrariedades da vida atingem a
todos sem escolher pessoas ou lugar e o lar tornou-se o alvo principal, seja
numa crise conjugal, uma doença ou envolvimento dos filhos com drogas ou
álcool, colocando em xeque a segurança do lar. A bíblia nos alerta sobre alguns
procederes da coluna mestre do lar que é o casal formado pelo marido e a mulher.
Sobre o homem, encontramos o alerta: “Qual a ave que vagueia longe do seu
ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lugar”. Provérbios
27:8. Qual é o lugar do homem? Este texto não se refere exatamente a um lugar
físico, mas, da responsabilidade e o seu compromisso como homem. Quando assume
um relacionamento conjugal, o seu lar será o seu mundo onde todo esforço e
dedicação deverão ser para propiciar segurança, conforto, alegria e prazer no
convívio com aqueles que dependem do lar. Abrir mão desta responsabilidade é
tornar vulnerável aquilo que lhe foi confiado. Quanto à mulher, não existe
responsabilidade maior ou menor em relação ao homem, mesmo que aparentemente
impute uma carga maior de trabalho. A bíblia mexe no cerne da questão quando lemos
que “Toda mulher sábia edifica o seu lar. A insensata, com as próprias mãos
o destrói”. Provérbios 14:1. Esta repreensão serve tanto para a mulher como
para o homem. Toda ação deve ser feita com amor que, neste caso, é atitude que
reflete diretamente no bem-estar do lar que o torna confortável mesmo em meio
às dificuldades que a vida impõe. Muitos buscam este conforto no luxo que são
situações díspares onde o piso, as portas e os utensílios de cada cômodo
custaram uma pequena fortuna. O lar não se constrói com dinheiro e muito menos
precisa do luxo. A casa serve para o conforto do nosso corpo abrigando-o do
frio, da chuva e do calor, enquanto o lar é o conforto para o espírito. E é
onde, também, compartilhamos sentimentos, sonhos, desejos, fazemos planos e
traçamos metas. Creio que o maior exemplo, para este caso de desconforto é a do
filho pródigo que, sem pensar, decidiu sair de casa. Deixou e menosprezou a
segurança do seu lar para conhecer o mundo além das fronteiras da sua casa.
(Lucas 15:13). Padeceu horrores sofrendo humilhações e privações do conforto da
casa e do lar. Quando já não dispunha mais dos recursos que ainda o mantinham
em condições decentes, sem opção, começou a se alimentar do que os porcos
comiam e veio-lhe a lembrança do conforto da sua casa onde dispunha de roupas,
uma cama confortável, comida à vontade e da melhor qualidade e, acima de tudo,
o carinho da sua família. No versículo 18 dá-se a entender que ele disse:
“Quero voltar pra casa!”. Nunca em sua vida ele valorizou tanto aquela rotina e
“mesmice” da sua casa onde desfrutava do conforto do lar. Que situação
decadente sofremos quando desprezamos a nossa casa e, consequentemente,
perdemos o conforto do nosso lar. Não falo simplesmente de deixar a casa, mas o
abandono do lar. Existem milhares de pessoas que não saíram das suas casas, mas
estão distantes dos seus lares. Mesmo não abandonando a casa, muitos precisam
voltar para o lar. Em contrapartida, mesmo saindo de suas casas para construir
sua vida, existem também aqueles que, por motivos diversos, não estão sempre
nas suas casas, mas não abandonaram o lar. O conforto do lar sempre está de
“braços abertos”, mas quando perde este conforto ele deixa de ser um lar. Todos
precisam de um lar. Não se trata de opção, mas de necessidade. Fora do lar
estamos sujeitos às intempéries, as paixões lascivas, a insegurança diante das
tragédias emocionais e corremos o risco de comer junto com tantos outros porcos
sem lares. O lar é um lugar perfeito para pessoas imperfeitas como nós. O lar é
onde nascemos, crescemos, amadurecemos. O lar é onde iniciamos a nossa vida.
Quando abandonamos o lar nos perdemos e ficamos sem rumo. A caminhada
espiritual nada mais é que o retorno ao lar. Quando pecamos perdemos o vínculo
do lar e Jesus nos religa novamente a Deus e nos reconduz sendo Ele próprio o
caminho no retorno ao lar. O lar é o nosso ponto de origem que é o ventre
materno e o nosso ponto de destino que é o lar celestial.
Arrebentou,mano!
ResponderExcluir🌹 🌺 🌹 MARAVILHOSO.... PARABÉNS PARABÉNS VC É MUITO BOM.... 💋 ❤ 💋
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