segunda-feira, 21 de julho de 2025

A POLÍTICA DA RELIGIÃO

Venancio Junior

Quem são estes evangélicos politicamente engajados? Não muito antigamente, o único envolvimento dos evangélicos, principalmente das igrejas pentecostais, no cenário público urbano era a concentração nas praças para falar do amor de Deus. Quantos desfiles pelas ruas acompanhados de uma banda (fanfarra) enquanto se distribuíam folhetos evangelísticos? Eu, pessoalmente era um destes que distribuía estes folhetos. Ainda garoto com os meus 11 anos estava lá todos os domingos oferecendo o folheto para cada um que estava observando o desfile dos crentes que era o termo usado pelos incrédulos para identificar aquele povo que vivia à margem da política, pois, confiava somente em Deus para suprir todas das muitas necessidades que sentiam porque a maioria dos crentes pertencia a uma classe social mais pobre. O contexto social e religioso era que o rico era católico e o pobre era crente. Nem todo católico era rico e nem todo crente era pobre. O interessante é que este tipo de evento foi inspirado nos populares carnavais de rua dos anos 50 quando alguns músicos voluntários saiam pelas ruas tocando marchinhas e acompanhados por uma multidão. Os evangélicos históricos ficavam escandalizados com este tipo de evangelismo e evitavam serem chamados de crentes e se identificavam como "cristãos reformados", inclusive até mesmo para não serem confundidos com a classe pobre. O carnaval de rua surgiu porque a elite pulava carnaval nos clubes privados em que os pobres não tinham acesso e a opção era pular carnaval nas ruas. Não muito tempo depois o carnaval de rua foi democratizado e todos, sejam ricos ou pobres, pulam e brincam no mesmo bloco.

E os desfiles dos crentes, o que aconteceu? Não se vê mais nas ruas nos finais de semana. Onde estão eles? Será que são os mesmos que atualmente vão às ruas vestidos de verde e amarelo defendendo os princípios da moralidade? Qual a similaridade do grupo de ontem com o grupo de hoje? Já me adianto que este grupo religioso politicamente engajado já existia mesmo antes de Jesus nascer e quando se apresentou como o Messias veio a sofrer muito com os chamados legalistas religiosos. Neste tempo, este grupo religioso denominado de legalistas formado principalmente pelos líderes religiosos da época, os sacerdotes, já defendiam os princípios da lei que aprenderam e acreditavam e incitavam a multidão para ficar na linha de frente e reforçar o coro em favor dos seus interesses. Este grupo ainda existe e ainda continua sendo radical e não aceita ingerência de qualquer natureza, nem mesmo de Jesus.

Saibam que nem todos aqueles que saem às ruas de verde e amarelo em defesa da moralidade são, de fato, evangélicos. Na verdade, a maioria professa a religião católica e se juntou ao grupo de crentes pentecostais e também aos cristãos históricos que nunca saiu às ruas, mas, agora empunham a mesma bandeira contra o comunismo, contra o aborto e contra o homossexualismo principalmente. Para os mais novos e aos desinformados, crentes e católicos já foram inimigos históricos. Nos anos 40 e 50 os crentes eram perseguidos pelos padres que protegiam o seu rebanho dos pastores que distribuíam bíblias nas praças. Meu pai sofreu perseguição dos padres. A rixa era tão grande que nos hospitais, os médicos na sua maioria esmagadora eram católicos e não atendiam quem era crente. Minha mãe teve dois filhos que morreram ainda bebês e não poderiam ser sepultados no cemitério da cidade. Meu pai carregou o caixãozinho de um deles no ônibus e teve de sepultar bem longe da cidade porque era crente.

O que uniu este povo que antes era inimigo? O que mudou para que se unissem numa só causa e o que tem em comum estes dois principais grupos? Ninguém está preocupado com salvação, perdão de pecados, arrependimento e o reino de Deus que deveria ser as principais pautas de reivindicação. A maioria, mesmo os evangélicos, não conseguiria discorrer sobre estes fundamentos da doutrina do evangelho. A política e a religião é o campo comum, porém, agora tolerantes porque a doutrina tem diferenças fundamentais que geram até brigas noutros contextos. A conclusão a que se chega é que, se a religião é tolerante e na política não existe um debate aprofundado de ideias, então, o que restou neste cenário se chama ignorância e preconceito. A bandeira religiosa está esfarrapada de tanto que apanha e o campo político está desgastado pela ganância do dinheiro e pelo poder de influência.

A elite social brasileira tem característica de um radicalismo feudal onde se julga como a única opção de sobrevivência financeira legítima em que todos dependem dela. Qualquer outra ideologia que afronta este conceito egoísta que teoricamente vá comprometer o conforto dos dominadores é passível de repúdio. Distribuir a renda de forma que todos gerem as suas próprias riquezas é algo impensável e está fora de qualquer questionamento. Não existe riqueza sem a complacência do pobre assalariado que se submete ao sistema por questão de sobrevivência sendo responsável direto pela pior parte no processo. A ideologia que esta elite social tem repugnância é o socialismo/comunismo. É o medo de perder tudo e ficar pobre. Até mesmo o pobre se tornou capitalista como se bastasse acreditar cegamente que tudo vai melhorar. Já os crentes, ricos ou pobres, nem querem ouvir falar em comunismo porque acreditam que é uma ideologia que nega a Deus. Toda ideologia fundamentalmente é um campo aberto. Já num regime de governo democrático se pode ser socialista e capitalista ao mesmo tempo. Porque não ser rico e justamente generoso? Negar a Deus é uma prerrogativa pessoal e não existe ideologia política que seja taxativa nesta questão. Por incrível que pareça, todos aqueles que repudiam o comunismo, nunca questionaram o ateísmo que é negar a Deus e não é nem de perto um dos temas defendidos porque desconhecem o seu fundamento. Falam contra o comunismo, mas, a maior preocupação é sempre com o aborto e o homossexualismo.

Mas, e o capitalismo que defendem, deve ser abraçado sem conhecer os seus fundamentos? No antigo testamento era proibido emprestar com juros e no novo testamento na parábola dos talentos, o próprio Jesus expôs que o empregado que não rendeu juros no talento é um servo ruim. Na Bíblia não existe uma explanação política sobre ideologia, mas, sobre atitudes que vão além daquilo que se conhece. Todo conceito humano tem princípio nas leis de Deus e Jesus veio para cumprir estas leis (Mateus 5:17). Se atentarmos para os fundamentos daquilo que Jesus ensinou, as atitudes que o evangelho de Jesus expôs tem mais proximidade com o comunismo, pois, tem fundamentos socialistas e repudia o capitalismo quando lemos que se deve servir a Deus ou ao dinheiro. No livro de Atos 4:32 conhecemos mais sobre a igreja primitiva em que tudo o que as pessoas possuíam, lhes eram comuns, ou seja, pertenciam a todos para que ninguém passasse necessidades. Outro texto ainda mais forte na parábola em que Jesus falou ao jovem rico que vendesse a sua riqueza e distribuísse o dinheiro aos pobres (Mateus 19:21). Um evangelho radicalmente comunista de atitude que demonstra que pertencer, neste caso, não é possuir, mas, usufruir. O jovem rico possuía muitos bens e o seu coração estava nas suas riquezas e queria mais possuir do que usufruir. No princípio do Gênesis se Deus falasse para Adão que o mundo inteiro lhe pertencia, seria algo sem sentido. Ao invés disso, Deus falou que tudo era para que ele usufruísse. Porque ser rico é poder aproveitar aquilo que possui e deve ser uma benção de Deus e jamais deve ter como propósito o egoísmo, a avareza e a ganância.

Deus não está numa caixinha como se fosse de estimação conforme sua ideologia. Nem socialista, nem comunista, nem capitalista, anarquista ou qualquer outra, pois, o foco de Deus é atitude que faça diferença na vida das pessoas e que o evangelho seja comum a todos. O princípio do evangelho é a vida em Deus que não se identifica com a política e nem com a religião seja ela qual for. Este grupo que utiliza a política para falar de princípios não chegará a lugar algum e, devido ao radicalismo, as consequências é a discriminação de pessoas, a incitação ao ódio e o partidarismo. Deus permite que estes extremismos aconteçam, mas, não compactua e não designou os discípulos para falar de política e nem de religião, mas, do evangelho de salvação para todos. O nosso compromisso com Deus não é ter uma forma politicamente correta e nem falar de suas leis religiosamente corretas.

sábado, 26 de abril de 2025

PAPA NA LÍNGUA

Venancio Junior

O Papa Francisco se foi e deixou um legado religioso e político que tem feito diferença na vida das pessoas, principalmente católicas.

O papa nem sempre foi denominado como papa. Outra questão importante. Porque a sede da igreja cristã é em Roma e não em Jerusalém onde Jesus foi crucificado e sepultado? Como sabemos pelos relatos bíblicos, Roma era avesso ao cristianismo, inclusive, milhares de cristãos foram perseguidos e sacrificados em Roma. O papa é o herdeiro do legado de Pedro que morreu e foi sepultado em Roma. Conforme a tradição, o túmulo dele está sob a basílica de São Pedro no vaticano.

O título exclusivo de papa concedido ao chefe da igreja católica apostólica romana foi adotado no século III. Antes, todos os clérigos eram papas ou simplesmente bispos conforme os textos bíblicos. Papa vem do grego “pappas” ou latim “papa” que significa "papai".

Uma declaração do papa Francisco que me chamou a atenção foi: “O oposto da fé não é a incredulidade. O oposto da fé é a idolatria”. Engana-se quem julga que o papa estava se referindo aos inúmeros ídolos expostos nas igrejas católicas. Os apóstolos e as diversas pessoas comuns que se tornaram santos canonizados com as bençãos dos papas e o próprio Jesus fazem parte deste grupo de imagens de barro, de ferro, de gesso, de madeira, de ouro, de prata e de diversos materiais conforme as criatividades dos artesões. Independentemente das habilidades e sensibilidades dos artistas, todas as imagens foram destinadas para fins religiosos. Nem mesmo a cruz se livrou da idolatria, provavelmente a que tenha mais imagens espalhadas pelas igrejas ao redor do mundo. Não somente a igreja católica, mas, as imagens se tornaram um amuleto de devoção e intercessão inerente ao deus de cada segmento religioso. A idolatria ao que o papa se refere é amor e confiança aos bens materiais. Muitos se afastaram da igreja porque se julgam auto-suficientes e não precisam de um deus qualquer para seguir e depositar a sua confiança.

O que a bíblia fala sobre os ídolos? Será que são os mesmos ídolos que o papa se referiu ou vai muito além abrangendo toda e qualquer forma de idolatria? O primeiro relato de idolatria na história bíblica foi o famoso bezerro de ouro construído pelo povo hebreu após serem libertos da escravidão no Egito. Moisés era o líder e tinha subido ao Monte Sinai para receber as orientações de Deus para aquela jornada em busca da terra prometida. O povo estava impaciente com a demora e pediu a Arão, irmão de Moisés para que permitisse fazer um deus, pois, precisavam de uma “adoração palpável”. Fizeram um bezerro de ouro. Porque um bezerro? No Egito era comum adorar o touro Ápis e a vaca Hator que representavam força e fertilidade. Os hebreus para não se assemelharem aos egípcios optaram pelo bezerro que tinha a mesma consideração de força e fertilidade. Obviamente que Deus não gostou nada disto em ser substituído por um objeto inanimado e que representava a riqueza material. Este comportamento demonstra que a fé que boa parte do povo hebreu praticava era passível de questionamento. Deus nunca havia se materializado e o povo tinha uma enorme dificuldade em crer e confiar em algo ou alguém que não enxergavam. O povo religioso gosta e exige um deus palpável para criar uma relação de textura miometrial em que não há qualquer alteração no princípio da fé. Ela brota e vai crescendo até vir à luz teoricamente saudável. Este termo é utilizado quando o feto está bem protegido no útero e se encontra em perfeitas condições na sua evolução. Moisés desceu alertado pelo próprio Deus e quando viu aquilo ficou furioso e Arão afirmou que o povo tende ao que é mal.

Moisés recebeu de Deus os dez mandamentos que começa assim:

"Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus...". Imagem de escultura é absolutamente tudo o que se faz para adoração e para prestar culto. Não importa se é a imagem de uma pessoa ou de um objeto. Neste caso, a cruz também é uma imagem de escultura. O que mais se vê nas igrejas nas celebrações de festas de páscoa é a cruz. O único símbolo permitido por Deus é o pão em que Jesus afirmou na celebração da ceia com os apóstolos “Em memória de mim...”I Coríntios 11:23. Este símbolo não é para criar uma imagem, mas, para se lembrar de que o corpo foi sacrificado e o vinho representa a aliança do sangue derramado para o perdão dos pecados. Tudo o que se faz fora disto é idolatria. Adorar imagem e prestar culto é abominação ao Senhor e tem o mesmo deboche da veneração ao dinheiro e a riqueza. Jesus fez o gesto apenas para se lembrar do que foi feito na cruz.

Este mesmo Jesus foi perseguido e desacreditado pela religião. Os judeus não adoravam e não cultuam imagens, porém, rejeitam Jesus como o Messias. Jesus foi enfático quando criticou os religiosos que valorizavam mais a tradição de qualquer religião do que o evangelho e o poder de Deus. “...E assim abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos às tradições dos homens” Marcos 7:8. Jesus nunca deixava para depois e falava o que precisava ser dito. A idolatria que é o culto e adoração a imagens desde o tempo de Moisés se tornou uma tradição religiosa condenada por Jesus dentre outras coisas. Afirmar que os cristãos pertencem ao cristianismo e dizer que acreditar em Deus é ser religioso é limitar o poder de Deus a uma denominação meramente humana. E o que Jesus fez não foi para libertar a humanidade da religião, mas, da condenação do pecado que mantem as pessoas fora da presença de Deus.

Vamos a alguns textos sobre idolatria. Isaias foi cruel no sentido de profundidade crítica em relação a idolatria. "...nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar". Isaias 45:20. No texto de 46:6 a referência é de ídolos de ouro e prata que não se movem. No novo testamento também há diversos textos referentes a idolatria. Em I Coríntios 10:14,15,16 Paulo coloca a idolatria como o oposto do que Jesus demonstrou com o pão representando o seu corpo e o vinho representando o seu sangue. Quem tem comunhão representado pelo pão e o vinho deve fugir da idolatria. “Portanto, meus amados, fugi da idolatria. Falo como a sábios; julgai vós mesmos o que digo. Porventura, o cálice de bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo?”. Da mesma forma que as imagens de deuses e pessoas, não se deve participar do cálice e do pão diante da cruz ou de qualquer outro ídolo. Jesus não estava com uma cruz na ceia. Estava com o pão e depois o vinho “...este é o meu corpo e este é o meu sangue”. Orar diante da cruz ou de qualquer outra imagem é inútil. Obviamente é idolatria, pois, a cruz não representa comunhão. Devemos orar sempre a Deus em nome de Jesus foi o que ele nos ensinou.

Sem “papas na língua” digo que a afirmação do papa não faz qualquer sentido quando diz que o oposto da fé é a idolatria. O oposto da fé é a incredulidade e o oposto da idolatria é a liberdade. A idolatria é uma prisão da fé. Até mesmo o cético crê. Crer ou não crer são opostos antagônicos e precisam de parâmetros para coexistirem. Devemos seguir o que a bíblia diz: “O crente deve ser fiel a Palavra” Romanos 2:16. Em nenhum texto bíblico se encontra alguma fidelidade a ídolos. Pelo contrário, a adoração aos ídolos é condenada na bíblia.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

SEXUALIDADE AVACALHADA

Venancio Junior

Já escrevi sobre sexualidade e o tema sempre volta à tona porque o mundo é imoral e considero o relacionamento sexual um envolvimento espiritual porque transcende a racionalidade. O orgasmo e o êxtase sexual não é algo programável e ninguém consegue descrever. Qual é a cara e o sentimento do ápice do sexo? Não existe resposta inteligível. Será que esta é a resposta da sedução? Será que é por isto que as pessoas são mutuamente atraídas? A atração sofreu uma profunda desconfiguração. Atração pelo sexo oposto não é mais privilégio dos heterossexuais. O sexo contíguo se tornou atraente também.

A princípio, o sexo é relação de corpo de gêneros distintos dentro do contexto humano. Quando se fala em sexo, logo vêm à mente o pecado. Quando que o sexo é pecado? Conforme a bíblia nos mostra, é no relacionamento extraconjugal, no relacionamento quando ainda não há compromisso conjugal e a bíblia trata isto como fornicação e nos relacionamentos homossexuais que contrariam o termo dos opostos que se atraem. Isto está diretamente relacionado aos órgãos genitais que são opostos (diferentes) entre si. Atualmente as pessoas exigem que as opiniões sejam respeitadas. Concordo, porém, a verdade é uma só, as demais são apenas versões. Não existem duas ou mais verdades. Uma questão de lógica.

O sexo no contexto do mundo atual não é diferente dos tempos bíblicos quando aconteciam as orgias, o homossexualismo era discreto, mas, existia, prostitutas, traições e toda espécie de comportamento sexual difuso, tais como a zoofilia que é o relacionamento com animais que não pode ser considerado uma relação sexual. O problema da imoralidade é que se perde a elegância, o charme e o respeito. Isto vale para os homens também. A consideração da sociedade é que o envolvimento do homem com o sexo indistintamente é algo natural e demonstra virilidade. Para as mulheres, o envolvimento compromete a honradez que a torna uma pessoa vulgar. Tanto para um como para outro, estas práticas, seja no adultério ou casual quando não se tem compromisso conjugal não deixa de ser imoral comprometendo a qualidade da pessoa devido o envolvimento em práticas de baixo nível. Porque o homem é admirado quando esbraveja que “pegou todas” e a mulher é mal vista quando faz parte da lista do homem que “pegou todas”? O homem não deve ser valorizado por “transar” com todas e nem a mulher por “transar” com qualquer um. Admiro pessoas que se comportam aquém dos avanços da sociedade e se preservam sendo respeitosas no comportamento.

A imoralidade prossegue e atinge aqueles que ainda não conseguem sobreviver sem o apoio dos pais. Com a facilidade dos recursos das redes sociais, a postagem de vídeos envolvendo a sexualidade se tornou algo banal. Não existem mais limites. Outro dia assistindo a um filme de uma família normal para os padrões de hoje, a mãe se dirigiu ao quarto do filho ainda adolescente e flagrou uma amiga do filho fazendo sexo oral e o amigo estava filmando e ainda deram uma bronca na mãe por não bater na porta. A mãe se desculpou e saiu. Algo normal, não choca mais. Porque estava filmando? Obviamente para postar nas redes sociais. Banalização de algo que deveria ser um prazer e com responsabilidade e compromisso. E não é somente isto. Já existe nas festas de adolescentes (geralmente acontecem nos bailes funks) em que não há uma supervisão de adultos a “roleta-russa” do sexo. Numa roda de cadeiras com garotos com o pênis ereto e a garota escolhida vai sentando em cada um até alguém ejacular. Numa destas “brincadeiras” uma garota, ainda criança de apenas 13 anos ficou grávida e, obviamente, ninguém saberia quem era o pai. Típico sexo avacalhado.

Porque a bíblia considera como imoral estes diversos tipos de relacionamentos? Afinal, a busca é sempre por prazer. Tudo aquilo que agride a natureza de Deus é passível de ser considerado imoralidade. O próprio Deus nos deixou a própria sorte (possibilidades) às tendências da carne. Leia Romanos 1:24-31: “Deus entregou as pessoas a desejos vergonhosos, paixões e uma disposição mental reprovável, por causa do seu pecado e desprezo pelo conhecimento de Deus”. As pessoas se entregam a estas práticas porque se distanciaram de Deus. Conhecer a Deus é algo ultrapassado e as pessoas querem que Ele esteja fora dos seus caminhos e querem fazer o que bem entender com as suas vidas. O prazer da imoralidade alimenta o ego que precisa se submeter a Deus. As debilidades humanas nos afastam de Deus. O mundo está cada vez mais independente de Deus e o seu destino é o pior que se possa imaginar. Muitas religiões e pouco de Deus que nada tem a ver com religião. Deus deve ser visto da perspectiva da criatura que precisa de Deus. Deus criou a existência demonstrando todo o seu carinho e bondade. Porém, o ser humano está cada vez mais cheio de si e vazio de Deus. Muitos procuram Deus na religião, enquanto outros abominam a religião e consideram que seja uma alienação. Nos dois casos as pessoas andam erradas. O primeiro grupo busca a Deus e se ilude com o deus da religião. O segundo grupo vive uma vida à margem espiritual e se sente auto-suficiente.

Quando estamos fora da presença de Deus tudo aquilo que é imoral, indecente ou pecado não choca mais. A sociedade vive de uma forma que a única coisa que é má seja aquilo que prejudica o outro. Estes limites pertenciam aos anos 40. Atualmente, o prejuízo de qualquer espécie do outro não incomoda mais. As tragédias que surgem as pessoas em volta querem tirar uma self para postar nas redes. Ninguém se importa em socorrer quem sofreu um acidente. Na sexualidade é a mesma coisa, tiram uma self do sexo casual e postam nas redes sociais. Quanto mais horrendo, mais as pessoas querem expor para ganharem likes. Quanto mais humilhante, parece que é um trunfo. Banalização é uma palavra até suave. Avacalhação acho que reflete melhor o baixo nível.

TEIA DE ARANHA NO ALTAR

Venancio Junior

A saga Indiana Jones e os filmes egípcios de exploração arqueológica são as histórias mais conhecidas e exploradas pelo cinema e que reflete muito bem a situação de uma caça ao tesouro. Requer muito preparo físico e material de apoio porque os caminhos trilhados, muitos deles precisam ser reabertos. Se existe um tesouro é porque alguém já passou por ali. Após esta difícil caminhada, têm-se que explorar as cavernas para se chegar até onde o tesouro está escondido. Sem um mapa, esta jornada se torna muito cansativa e qualquer esforço empreendido será inútil. Pelos túneis encontra-se muitas teias de aranha que se formaram pelo longo tempo sem a intervenção humana. Quando se chega no local propriamente dito, as teias de aranha também já ocuparam todo o espaço escondendo o tesouro. Para as aranhas, o tesouro é aquele local escuro e úmido sem alguém para incomodar. Exatamente isto o que acontece quando o local está abandonado. A poeira e a teia de aranha escondem além do caminho, todo acesso e o próprio local onde se encontra o que se buscava. Muitos já passaram por ali e não tiveram êxito nesta aventura. Mas, sempre tem aquele obstinado e teimoso explorador que consegue convencer a equipe que o acompanha a acreditar que o tesouro existe, mas, está escondido e quase inacessível para prosseguir sem desanimar apesar das dificuldades. Os obstáculos surgiram porque alguém que escondeu o tesouro não fez a manutenção necessária, talvez, o objetivo fosse deixar escondido mesmo. Quando este local tem regular manutenção, permanece sempre limpo e o acesso está sempre liberado.

Usando estas histórias como metáfora, vamos falar do altar que se encontra dentro de nós. Trago também o texto "Onde está o seu tesouro, ali estará também o seu coração". Porque a bíblia não colocou invertido "Onde está o seu coração, ali estará o seu tesouro?". Porque o foco e o questionamento é qual o seu tesouro e o caminho que o coração deverá percorrer para encontra-lo. No texto bíblico a ênfase é para demonstrar que suas vontades e desejos estarão sempre no coração. O que é importante atualmente e o que ocupa a sua mente e o coração? O explorador estava com o seu coração no tesouro escondido.

Temos um altar que se encontra dentro de nós. O caminho que leva ao altar deve ser bem cuidado e limpo, sendo um claro sinal de que há preocupação e regularidade na manutenção. Infelizmente muitos altares estão sem a manutenção necessária que promove a acessibilidade. O Espírito Santo não habita em coração inóspito. A teia de aranha pode ser tudo aquilo que impede o agir de Deus na vida. Não me refiro somente àquilo que tenha aparência do mal. Muitas vezes o impedimento pode ser uma boa oportunidade na vida ou algo que fazia parte do sonho e agora poderá se tornar realidade. Isto me faz lembrar do desafio que Jesus apresentou ao jovem rico “...vende tudo o que tem e distribua aos pobres e depois siga-me”. Aquele jovem rico que tinha muitos bens e ainda muitos anos de vida para desfrutar da sua riqueza, ter uma companheira e poderia ter tudo o que a sua riqueza poderia proporcionar deve ter pensado: “Sério isto Jesus!?” Quando ouviu isto, não deve ter saído de imediato. Ter a vida eterna e uma vida sintonizada com Deus era o que faltava por isto, provavelmente, ainda tenha tentado negociar com Jesus oferecendo uma parte da riqueza aos pobres e ainda daria muito dinheiro para as comunidades que estavam surgindo. Para Jesus não existe meia palavra, pois, conhecia o coração daquele jovem rico e somente uma decisão radical poderia libertá-lo daquela escravidão aos bens materiais. Muitos estão escravizados pela vida bem sucedida, sucesso profissional, saúde em dia e relacionamentos sólidos. Tudo isto é muito bom desde que não seja este o tesouro que esteja ocupando o altar no coração. Tem surgido nos dias de hoje muitas teologias baseadas nestes tesouros da vida humana. Teologia da prosperidade ou teologia do sucesso. Ouço muito nas postagens os teólogos afirmando que Jesus não quis dizer ao jovem rico que vendesse tudo e distribuísse tudo. O objetivo destes teólogos é “abrir o leque” para que mais pessoas sejam convencidas e atraídas por um evangelho fácil de diluir. São teologias teias de aranha que obstruem o acesso do Espírito Santo ao coração. Quando isto acontece o coração se torna enganoso (Jeremias 17:9). O evangelho de Jesus é exclusivo e o caminho para a mente e o coração deve permanecer limpo e desobstruído. Apesar de ter o propósito em alcançar a todos para que sejam discípulos, o objetivo nunca foi em ter seguidores e muito menos o maior número possível de pessoas. Mas, os poucos que se rendem ao evangelho que tenham o coração limpo das vaidades da vida que, quando se torna tesouro, na verdade, são as impurezas que impedem o agir do Espírito Santo no coração. Ele é o nosso tesouro que deve ter lugar no altar. Quando o altar está cheio de teia de aranha, está inacessível e quase desativado é porque a vida de oração não faz mais parte da rotina.

Somos o templo e em nós habita o Espírito Santo de Deus quando afirmou que não habitaria mais em edificações de homens, mas, habitaria no altar que foi erigido no coração. É responsabilidade de cada um manter este altar acessível ao Espírito Santo. Muitos são os obstáculos, a carreira profissional, a vida conjugal, a vida social e todos os planos pessoais. Nada disto é errado. O errado é quando não priorizamos Deus e não o glorificamos em nossa vida. Quando se fala em vida com Deus ou em ser discípulo, isto não significa uma vida celibatária ou confinado em um convento isolado sem qualquer perspectiva de uma vida normal. A vida tem muita coisa boa e sonhar é preciso, lutar para alcançar os objetivos, porém, tudo isto só faz sentido se glorificarmos a Deus tanto nas conquistas como também nos dias difíceis. O altar deve estar limpo e acessível em oração contínua para se manter a comunhão com Deus. O altar é onde Deus filtra a nossa vida por isto que deve estar sempre limpo. Nem teia de aranha e nem poeira deve compor o altar, mas, o coração limpo e dedicado.

GULA DIGITAL

Venancio Junior

Imagine ter uma incontinência alimentar e que ficasse beliscando um doce ou salgado a cada minuto? E se ficasse mais de três horas comendo sem parar nem um pouquinho? Como será que o organismo reagiria? Colesterol, açúcar no sangue em excesso, obesidade, fígado, rins e coração comprometidos seria uma tragédia anunciada. O sistema digestivo colapsou. Será que para usufruir dos sabores e dos nutrientes das vitaminas não seria melhor dosar o consumo ou ingestão? Dar uma pausa entre as refeições, descansar o corpo para que possa ter o tempo necessário para fazer a digestão e ter os benefícios de uma vida equilibrada é uma decisão sensata.

Será que existe este comportamento desregulado na vida digital onde o alimento são as milhares de informações absorvidas diariamente? Nem preciso exemplificar porque já vivemos desta forma desvairada e sem limites. Ficar três horas no celular não é muita coisa porque chegam milhões de informações a todo instante que nem se vê o tempo passar. Como o cérebro reage com tanta informação ao mesmo tempo? Não temos capacidade nem para absorver 0,00000001% das informações que nos chegam diariamente e a maioria para nada serve e não mudará a vida significativamente. Não seria melhor acordar com tempo para uma boa espreguiçada (da mesma forma que o cachorro quando acorda) e olha para o teto para se reconectar ao ambiente, vai ao banheiro lava o rosto e se dirige a cozinha para o café matinal? Tudo com leveza e ainda sem mexer no celular. Se você tem este costume, também não ligue a televisão para ver o noticiário. Este procedimento diário fará de você a melhor versão de si mesmo. Não fomos feitos para fazer tudo ao mesmo tempo e não precisamos também disto. A bíblia afirma que há tempo para tudo (Eclesiastes 3:1). Isto não é automático. É preciso dar este tempo a si mesmo. O mundo digital quer e também precisa que se consuma para que mais conteúdo seja produzido. Quanto mais, melhor. Acredite, nem tudo que está nas redes precisa ser “consumido”. Tudo está ao alcance e disponível, mas, quem escolhe é você. Fazer nada é o seu tempo precioso exclusivo que o mundo digital quer roubar. Já roubou o seu tempo e agora quer a sua autonomia para decidir o que fazer da sua vida. O cérebro precisa muito deste tempo “ocioso” para não permitir esta intromissão e se reorganizar para poder oferecer o melhor para si e compartilhar o seu melhor com as pessoas queridas do seu círculo de relacionamento. Antigamente quando a pessoa queria demonstrar que sua vida não tinha segredos afirmava que “minha vida é um livro aberto”. Agora mudou e se diz que “minha vida é um celular sem senha”. Roube a minha vida, mas, não roube meu celular. Infelizmente muitos perdem a vida por causa do celular e se esquece que sem a vida, de nada serve o celular. Então, a vida é mais importante que o celular mesmo que julgue que a vida esteja no celular. Praticamente tudo o que se pensa em termos de vida digital, o celular é o mundo que cabe no bolso. Agora, tente absorver todas as atividades ao mesmo tempo? Quem nunca teve um celular ou um computador travado? Nem o próprio sistema suporta tanta informação simultânea se não ampliar os limites das memórias de armazenamento e de processamento o que pode provocar um bug ou um colapso. Mesmo assim é impossível absorver tudo o que está sendo publicado e o cérebro não conseguirá absorver toda informação instantaneamente. Isto gera muita ansiedade. Nada mudará significativamente a vida se não houver uma propensão em absorvê-los seletivamente. Pode deixar o celular no modo vibrar ou, preferencialmente no modo silencioso e controle o acesso. Você no controle não deve ser somente para os gastos, mas, para o consumo de tempo também. Dedicar tempo com serenidade e com equidade gera qualidade de vida emocional e psicológica.

Será que é somente o celular ou laptop que rege a vida digital atualmente? Você pode dizer que não mexe muito no celular ou no computador, mas, assiste muitos filmes e programas de entretenimento. Desculpe, mas, dependendo do tempo dedicado pode-se dizer que isto é sedentarismo. Quanto tempo da vida é dedicado a visitar uma mata? Observar o horizonte sem prédios, carros e movimento de pessoas é muito relaxante. Isto deve ser feito com regularidade. Quanto tempo da vida é dedicado a uma prática esportiva que, muitas vezes não é a preferida, porém, muito necessária? Uma boa caminhada já faz muita diferença no bem-estar e na saúde. Quanto tempo é dedicado a boas leituras? Ler um livro é a melhor forma de colocar um freio na rotina intensa, pois, exige paciência e atenção para observar o conteúdo reativando a cognição. A prática de leitura é um processo lento facilitando a absorção das informações e dando tempo para que tudo do cotidiano se desconecte e você se recomponha. Outros processos que ajudam na estabilidade interna é ouvir música e deixar que os ritmos e melodias desobstruam toda os caminhos do prazer, conversar com alguém intimamente ou na roda de amigos sem pressa e sem assuntos desconfortáveis, se reunir com os familiares e se interessar pela vida do outro não para fofocar, mas, para saber se está tudo bem com ele. Estas práticas deverão ser feitas sem obrigatoriedade e sem cobrança. Se não quiser fazer nada disto, que seja algo consciente e leve. Não precisa ser ativo a todo tempo. Desligue-se da rotina e saiba que você é o personagem mais importante para fazer diferença no seu contexto de vida. Nas redes sociais, a maioria das pessoas querem viver como celebridades provocando inveja e orgulho alheio. Não espere reconhecimento dos outros via redes sociais e não interessa para ninguém o que esteja fazendo. Em tempos de violação de privacidade, o melhor é não expor em redes sociais a vida familiar. Mantenha a racionalidade e a leveza emocional e psicológica o que resultará numa vida fisicamente saudável sem engasgo. 

sexta-feira, 28 de março de 2025

O DEUS DA RELIGIÃO

Venancio Junior

Qual é o deus da religião?

Pode ser qualquer um. De madeira, de ferro, de gesso ou esculpido numa pedra. Pode ser branco, preto, moreno, careca, cabeludo com ou sem barba. A vantagem em ter um deus assim é que pode levar a qualquer lugar. Ele não se importa com o frio, com o calor e pode deixar em qualquer lugar, no cemitério e nos locais de oferendas porque não tem problema se encher de bolor, pode desgastar e estará imóvel sem se incomodar. Outra grande vantagem também é que o deus da religião não tem regras definidas, pois, segue a conveniência do seu portador. Na verdade, ele não tem regras. Na linguagem da informática, já vem sem plataforma para que instale conforme o gosto do “usuário”. Ele não se importa com o que o religioso faz, seja algo bom ou ruim. Não se importa também se é fiel ou infiel com a religião ou com as pessoas do convívio. Qual a sua religião? Não importa. O deus da religião é ecumênico quando considera que todas as religiões estão certas.

Será que deus é uma entidade criada pelo ser humano? Conforme a religião, sim, o ser humano criou um deus. O deus da religião é aquele descrito em Isaías que não ouve, não se mexe e não pode salvar. Isaías 45:20,25

Vivemos o tempo da religião e a cada dia surgem os aproveitadores e mercenários da fé que enganam e se aproveitam da carência das pessoas para alimentar os seus interesses. Não me refiro somente aos falsos pastores, mas, existem falsos líderes em todas as religiões. Com o passar do tempo, estes oportunistas aventureiros criam suas próprias maneiras para manter o controle das emoções dos seus fiéis. Existem milhares de religiões e cada uma tem o seu deus de estimação ou, na melhor das hipóteses, estimam o mesmo deus, porém, com visões diferentes. Ninguém duvida de que cada religião limita o seu deus nas suas verdades e não permite que ultrapasse a linha de controle da sua crença. Será que é verdade que não importam os dogmas e as crenças, o importante é que o mesmo deus com nomes diversos age em todas as camadas místicas de diversas formas? Parece que cada pessoa criou a sua forma de se chegar a deus, daí, surge a religião. Para muitos, a religião não precisa ter um tipo de doutrina reguladora e muito menos de um deus exclusivo. As pessoas se sentem confortáveis quando não se é exigido algum sacrifício. É bem mais cômodo crer desta forma. O problema é que viver como bem se quer é muito arriscado, pois, acabamos por ser absolutos em nossas convicções e escolhemos somente aquilo que nos agrada e nos faz bem não importando se o outro com quem convivemos também está bem e ignoramos também as diferenças que, de certa forma nos molda como sociedade. É uma falsa liberdade que anula a nossa consciência. Por onde se vai este pensamento nos acompanha e nos leva a sermos egoístas e a cada dia blindados contra o amor ao próximo nos tornando pessoas frias e com nenhuma disposição em nos doar para completar um ao outro. É um mundo que vive enclausurado nas suas próprias crenças e aprisionados pela tradição e Deus veio para nos libertar da religião seja ela qual for, pois, não criou nenhuma delas.

A bíblia nos revelou um Deus diferente daquilo que imaginamos e somos traídos pelos nossos próprios valores religiosos. A espiritualidade é relacional. O relacionamento com Deus parte do princípio de que devemos nos relacionar uns com os outros. Dizer que ama a Deus que não vê e não ama ao próximo que vê é hipocrisia. Muitos falam de amor e a religião tem se utilizado da facilidade da comunicação para revelar a igreja da superfície que é a religião e camuflar a profundidade da igreja. A religião só tem o amor da propaganda e tem usado da persuasão para manter as pessoas na superfície. O amor que as pessoas vivem é um pseudo amor e só causa destruição dos valores fundamentais necessários para um relacionamento sadio. Amar é se dedicar ao outro incondicionalmente. Deus, não somente se dedicou, mas, se entregou em carne para que percebêssemos que o seu amor por nós foi incondicional. Tornou-se servo para nos servir em amor. Tornou-se homem para poder nos sentir de perto e ouvir as nossas lamentações. Amar ao próximo é demonstrar o amor a Deus. Dedicar tempo e, muitas vezes, ir além deste gesto não deve ser um ritual religioso. As religiões, sem exceção, não é, em absoluto, o caminho para Deus. Ninguém chega à presença de Deus pela religião. Pelo contrário, a religião afasta as pessoas de Deus que exige fidelidade às suas conveniências porque é uma instituição humana. O deus que pertence a alguma religião é um falso deus. A religião enquanto uma instituição que leva a deus, é falsa. A religião não é o caminho, nem a verdade e muito menos vida. Jesus o Deus encarnado é o único mediador entre Deus e os homens.

1 Timóteo 2:5 “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

O AMOR DE DEUS NÃO GARANTE A SALVAÇÃO

Venancio Junior

Atualmente tem se propagado que Deus ama a todos sem distinção incondicionalmente. Isto é verdade e creio nisto também, porém, o processo de salvação não é, em absoluto, uma ação unilateral. Ser amado por Deus somente não significa ter a garantia de salvação. Tem um condicionante fundamental em que há o mesmo peso no processo de salvação que é a pessoa amar a Deus acima de todas as coisas reconhecendo-se como pecador que gera o arrependimento. Amar a Deus não é somente um sentimento, mas, demonstrar que ama de verdade com práticas que revelem este amor. Ser amado significa que Deus deseja o bem para todos e está disposto a tudo para que se tenha o melhor da vida. Deus nos criou para viver e jamais para morrer. Houve um atropelo nos planos originais de Deus que, contrariamente ao que dizem, Deus não é arbitrário. Leia o texto “Quem crer será salvo, quem não crer já está condenado “. Tudo o que se imaginar na natureza que foi criada sofreu desconfiguração na sua característica. Esta criação na qual se inclui a natureza começou literalmente a apodrecer e a vida humana e animal agora tem um fim. A água que era potável, com a intervenção humana agora é poluída e precisa de um processo de purificação. A natureza orgânica precisa ser cuidada para não apodrecer. Os metais enferrujam caso não seja aplicado o processo de lubrificação. O único processo em que não houve modificação foi o da reprodução. Tudo o que tem fôlego de vida é composto por macho e fêmea para que se multiplique. A formação sofreria deformação e o pecado é a única e principal causa da desfiguração do caráter aplicado somente a quem tem alma que é o ser humano. O pecado tornou-se um composto da alma. Portanto, os demais componentes da vida humana que não tem alma, estão fora das consequências do pecado. O texto diz que “A alma que pecar, esta morrerá”. Toda alma peca porque nasce no contexto do pecado e precisa de um processo de resgate e Deus quer saber quem deseja ser liberto o qual todos perderam o seu direito concedido por ele próprio. Repito, como Deus não é arbitrário, então, cada um decide pelo seu futuro. É necessário ter predisposição e iniciativa confiando e abandonando a vida de pecado. Vida de pecado é a desfiguração da característica original. Enquanto houver fôlego de vida, isto deve ser contínuo tendo a fé em Jesus como mediador que nos justifica a Deus. Confiando em Deus, a sua salvação está garantida mediante o seu amor quando somos aperfeiçoados em Cristo que nos justifica diante de Deus.

        Afinal, como funciona este processo de salvação? Será que basta saber que Deus existe e acreditar que tudo pode sem assumir qualquer compromisso com o criador que estará tudo resolvido? Deus nos amou primeiro, isto é fato, pois, somos criaturas feitas com amor. E o amor da criatura para com o criador? Não existe amor inconsequente. O amor é sempre para construir. Antes de perder a conexão, o amor era pleno e absoluto. Tudo era consequência do amor, por isto que a bíblia diz que nos amou primeiro porque fomos feitos por amor. Após a queda, Deus preocupou-se e se envolveu pessoalmente em Jesus para nos trazer de volta a sua presença. O condicionador desta religação é crer em Deus e saber que tudo isto aconteceu, tanto a ascensão da criatura à presença de Deus como, também, a sua destituição. Se houve um processo para sermos banidos, obviamente, há um outro processo para a recondução. Deus sempre nos amou e condicionou por livre arbítrio a salvação para quem quiser se submetendo a este processo que tem o seu início pela fé. Somos salvos mediante a fé. Será que a fé é apenas um sentimento que não precise demonstrar na prática confiança e arrependimento? Fé e arrependimento estão de mãos dadas neste processo. A fé vem primeiro, logo em seguida vem a consciência de pecador e consequentemente vem o arrependimento. Um não subsiste sem o outro.