Venancio Junior
O
Papa Francisco se foi e deixou um legado religioso e político que tem feito
diferença na vida das pessoas, principalmente católicas.
O papa nem sempre foi denominado como papa. Outra questão importante. Porque a sede da igreja cristã é em Roma e não em Jerusalém onde Jesus foi crucificado e sepultado? Como sabemos pelos relatos bíblicos, Roma era avesso ao cristianismo, inclusive, milhares de cristãos foram perseguidos e sacrificados em Roma. O papa é o herdeiro do legado de Pedro que morreu e foi sepultado em Roma. Conforme a tradição, o túmulo dele está sob a basílica de São Pedro no vaticano.
O
título exclusivo de papa concedido ao chefe da igreja católica apostólica romana
foi adotado no século III. Antes, todos os clérigos eram papas ou simplesmente bispos
conforme os textos bíblicos. Papa vem do grego “pappas” ou latim “papa” que significa "papai".
Uma
declaração do papa Francisco que me chamou a atenção foi: “O oposto da fé
não é a incredulidade. O oposto da fé é a idolatria”. Engana-se quem julga
que o papa estava se referindo aos inúmeros ídolos expostos nas igrejas
católicas. Os apóstolos e as diversas pessoas comuns que se tornaram santos
canonizados com as bençãos dos papas e o próprio Jesus fazem parte deste grupo
de imagens de barro, de ferro, de gesso, de madeira, de ouro, de prata e de
diversos materiais conforme as criatividades dos artesões. Independentemente das
habilidades e sensibilidades dos artistas, todas as imagens foram destinadas
para fins religiosos. Nem mesmo a cruz se livrou da idolatria, provavelmente a
que tenha mais imagens espalhadas pelas igrejas ao redor do mundo. Não somente
a igreja católica, mas, as imagens se tornaram um amuleto de devoção e
intercessão inerente ao deus de cada segmento religioso. A idolatria ao que o
papa se refere é amor e confiança aos bens materiais. Muitos se afastaram da
igreja porque se julgam auto-suficientes e não precisam de um deus qualquer
para seguir e depositar a sua confiança.
O
que a bíblia fala sobre os ídolos? Será que são os mesmos ídolos que o papa se
referiu ou vai muito além abrangendo toda e qualquer forma de idolatria? O primeiro
relato de idolatria na história bíblica foi o famoso bezerro de ouro construído
pelo povo hebreu após serem libertos da escravidão no Egito. Moisés era o líder
e tinha subido ao Monte Sinai para receber as orientações de Deus para aquela
jornada em busca da terra prometida. O povo estava impaciente com a demora e
pediu a Arão, irmão de Moisés para que permitisse fazer um deus, pois,
precisavam de uma “adoração palpável”. Fizeram um bezerro de ouro. Porque um
bezerro? No Egito era comum adorar o touro Ápis e a vaca Hator que
representavam força e fertilidade. Os hebreus para não se assemelharem aos
egípcios optaram pelo bezerro que tinha a mesma consideração de força e
fertilidade. Obviamente que Deus não gostou nada disto em ser substituído por
um objeto inanimado e que representava a riqueza material. Este comportamento
demonstra que a fé que boa parte do povo hebreu praticava era passível de
questionamento. Deus nunca havia se materializado e o povo tinha uma enorme
dificuldade em crer e confiar em algo ou alguém que não enxergavam. O povo
religioso gosta e exige um deus palpável para criar uma relação de textura
miometrial em que não há qualquer alteração no princípio da fé. Ela brota e vai
crescendo até vir à luz teoricamente saudável. Este termo é utilizado quando o
feto está bem protegido no útero e se encontra em perfeitas condições na sua
evolução. Moisés desceu alertado pelo próprio Deus e quando viu aquilo ficou
furioso e Arão afirmou que o povo tende ao que é mal.
Moisés
recebeu de Deus os dez mandamentos que começa assim:
"Não
terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem
semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o
Senhor, teu Deus...". Imagem de escultura é absolutamente
tudo o que se faz para adoração e para prestar culto. Não importa se é a imagem
de uma pessoa ou de um objeto. Neste caso, a cruz também é uma imagem de escultura. O que
mais se vê nas igrejas nas celebrações de festas de páscoa é a cruz. O único símbolo
permitido por Deus é o pão em que Jesus afirmou na celebração da ceia com os
apóstolos “Em memória de mim...”I Coríntios 11:23.
Este símbolo não é para criar uma imagem, mas, para se lembrar de que o corpo
foi sacrificado e o vinho representa a aliança do sangue derramado para o perdão
dos pecados. Tudo o que se faz fora disto é idolatria. Adorar imagem e prestar
culto é abominação ao Senhor e tem o mesmo deboche da veneração ao dinheiro e a
riqueza. Jesus fez o gesto apenas para se lembrar do que foi feito na cruz.
Este
mesmo Jesus foi perseguido e desacreditado pela religião. Os judeus não
adoravam e não cultuam imagens, porém, rejeitam Jesus como o Messias. Jesus foi
enfático quando criticou os religiosos que valorizavam mais a tradição de
qualquer religião do que o evangelho e o poder de Deus. “...E assim
abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos às tradições dos homens” Marcos
7:8. Jesus nunca deixava para depois e falava o que precisava ser dito. A idolatria
que é o culto e adoração a imagens desde o tempo de Moisés se tornou uma
tradição religiosa condenada por Jesus dentre outras coisas. Afirmar que os cristãos pertencem ao
cristianismo e dizer que acreditar em Deus é ser religioso é limitar o poder de
Deus a uma denominação meramente humana. E o que Jesus fez não foi para
libertar a humanidade da religião, mas, da condenação do pecado que mantem as
pessoas fora da presença de Deus.
Vamos
a alguns textos sobre idolatria. Isaias foi cruel no sentido de profundidade
crítica em relação a idolatria. "...nada sabem os que conduzem em
procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus
que não pode salvar". Isaias 45:20. No texto de 46:6 a referência é de
ídolos de ouro e prata que não se movem. No novo testamento também há diversos textos
referentes a idolatria. Em I Coríntios 10:14,15,16 Paulo coloca a idolatria como
o oposto do que Jesus demonstrou com o pão representando o seu corpo e o vinho
representando o seu sangue. Quem tem comunhão representado pelo pão e o vinho
deve fugir da idolatria. “Portanto, meus amados, fugi da idolatria. Falo
como a sábios; julgai vós mesmos o que digo. Porventura, o cálice de
bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos
não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo?”. Da mesma forma que as
imagens de deuses e pessoas, não se deve participar do cálice e do pão diante
da cruz ou de qualquer outro ídolo. Jesus não estava com uma cruz na ceia. Estava
com o pão e depois o vinho “...este é o meu corpo e este é o meu sangue”.
Orar diante da cruz ou de qualquer outra imagem é inútil. Obviamente é
idolatria, pois, a cruz não representa comunhão. Devemos orar sempre a Deus em
nome de Jesus foi o que ele nos ensinou.
Sem
“papas na língua” digo que a afirmação do papa não faz qualquer sentido quando diz
que o oposto da fé é a idolatria. O oposto da fé é a incredulidade e o oposto
da idolatria é a liberdade. A idolatria é uma prisão da fé. Até mesmo o cético
crê. Crer ou não crer são opostos antagônicos e precisam de parâmetros para
coexistirem. Devemos seguir o que a bíblia diz: “O crente deve ser fiel a
Palavra” Romanos 2:16. Em nenhum texto bíblico se encontra alguma
fidelidade a ídolos. Pelo contrário, a adoração aos ídolos é condenada na
bíblia.
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