Venancio
Junior
A
saga Indiana Jones e os filmes egípcios de exploração arqueológica são as
histórias mais conhecidas e exploradas pelo cinema e que reflete muito bem a
situação de uma caça ao tesouro. Requer muito preparo físico e material de
apoio porque os caminhos trilhados, muitos deles precisam ser reabertos. Se existe um tesouro é porque
alguém já passou por ali. Após esta
difícil caminhada, têm-se que explorar as cavernas para se chegar até onde o
tesouro está escondido. Sem um mapa, esta jornada se torna muito cansativa e qualquer
esforço empreendido será inútil. Pelos túneis encontra-se muitas teias de
aranha que se formaram pelo longo tempo sem a intervenção humana. Quando se
chega no local propriamente dito, as teias de aranha
já ocuparam todo o espaço escondendo o tesouro. Para as aranhas, o tesouro é
aquele local escuro e úmido sem alguém para incomodar. Exatamente isto o que
acontece quando o local está abandonado. A poeira e a teia de aranha escondem
além do caminho, todo acesso e o próprio local onde se encontra o que se
buscava. Muitos já passaram por ali e não tiveram êxito nesta aventura. Mas,
sempre tem aquele obstinado e teimoso explorador que consegue convencer a
equipe que o acompanha a acreditar que o tesouro existe, mas, está escondido e
quase inacessível para prosseguir sem desanimar apesar das dificuldades. Os obstáculos
surgiram porque alguém que escondeu o tesouro não fez a manutenção necessária,
talvez, o objetivo fosse deixar escondido mesmo. Quando este local tem regular
manutenção, permanece sempre limpo e o acesso está sempre liberado.
Usando
estas histórias como metáfora, vamos falar do altar que se encontra dentro de
nós. Trago também o texto "Onde está o seu tesouro, ali estará também o
seu coração". Porque a bíblia não colocou invertido "Onde está
o seu coração, ali estará o seu tesouro?". Porque o foco e o
questionamento é qual o seu tesouro e o caminho que o coração deverá percorrer
para encontra-lo. No texto bíblico a ênfase é para demonstrar que suas vontades
e desejos estarão sempre no coração. O que é importante atualmente e o que
ocupa a sua mente e o coração? O explorador estava com o seu coração no tesouro
escondido.
Temos
um altar que se encontra dentro de nós. O caminho que leva ao altar deve ser
bem cuidado e limpo, sendo um claro sinal de que há preocupação e regularidade
na manutenção. Infelizmente muitos altares estão sem a manutenção necessária
que promove a acessibilidade. O Espírito Santo não habita em coração inóspito. A
teia de aranha pode ser tudo aquilo que impede o agir de Deus na vida. Não me
refiro somente àquilo que tenha aparência do mal. Muitas vezes o impedimento
pode ser uma boa oportunidade na vida ou algo que fazia parte do sonho e agora
poderá se tornar realidade. Isto me faz lembrar do desafio que Jesus apresentou
ao jovem rico “...vende tudo o que tem e distribua aos pobres e depois
siga-me”. Aquele jovem rico que tinha muitos bens e ainda muitos anos de
vida para desfrutar da sua riqueza, ter uma companheira e poderia ter tudo o
que a sua riqueza poderia proporcionar deve ter pensado: “Sério isto Jesus!?”
Quando ouviu isto, não deve ter saído de imediato. Ter a vida eterna e uma vida
sintonizada com Deus era o que faltava por isto, provavelmente, ainda tenha
tentado negociar com Jesus oferecendo uma parte da riqueza aos pobres e ainda
daria muito dinheiro para as comunidades que estavam surgindo. Para Jesus não
existe meia palavra, pois, conhecia o coração daquele jovem rico e somente uma
decisão radical poderia libertá-lo daquela escravidão aos bens materiais. Muitos
estão escravizados pela vida bem sucedida, sucesso profissional, saúde em dia e
relacionamentos sólidos. Tudo isto é muito bom desde que não seja este o
tesouro que esteja ocupando o altar no coração. Tem surgido nos dias de hoje
muitas teologias baseadas nestes tesouros da vida humana. Teologia da prosperidade
ou teologia do sucesso. Ouço muito nas postagens os teólogos afirmando que
Jesus não quis dizer ao jovem rico que vendesse tudo e distribuísse tudo. O
objetivo destes teólogos é “abrir o leque” para que mais pessoas sejam
convencidas e atraídas por um evangelho fácil de diluir. São teologias teias de
aranha que obstruem o acesso do Espírito Santo ao coração. Quando isto acontece
o coração se torna enganoso (Jeremias 17:9). O evangelho de Jesus é exclusivo e
o caminho para a mente e o coração deve permanecer limpo e desobstruído. Apesar
de ter o propósito em alcançar a todos para que sejam discípulos, o objetivo
nunca foi em ter seguidores e muito menos o maior número possível de pessoas. Mas,
os poucos que se rendem ao evangelho que tenham o coração limpo das vaidades da
vida que, quando se torna tesouro, na verdade, são as impurezas que impedem o agir
do Espírito Santo no coração. Ele é o nosso tesouro que deve ter lugar no altar.
Quando o altar está cheio de teia de aranha, está inacessível e quase
desativado é porque a vida de oração não faz mais parte da rotina.
Somos
o templo e em nós habita o Espírito Santo de Deus quando afirmou que não
habitaria mais em edificações de homens, mas, habitaria no altar que foi
erigido no coração. É responsabilidade de cada um manter este altar acessível
ao Espírito Santo. Muitos são os obstáculos, a carreira profissional, a vida
conjugal, a vida social e todos os planos pessoais. Nada disto é errado. O
errado é quando não priorizamos Deus e não o glorificamos em nossa vida. Quando
se fala em vida com Deus ou em ser discípulo, isto não significa uma vida
celibatária ou confinado em um convento sem qualquer perspectiva de uma vida
normal. A vida tem muita coisa boa e sonhar é preciso, lutar para alcançar os
objetivos, porém, tudo isto só faz sentido se glorificarmos a Deus tanto nas
conquistas como também nos dias difíceis. O altar deve estar limpo e acessível
em oração contínua para se manter a comunhão com Deus. O altar é onde Deus
filtra a nossa vida por isto que deve estar sempre limpo. Nem teia de aranha e
nem poeira deve compor o altar, mas, o coração limpo e dedicado.
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