Venancio Junior
Tenho
insistido neste tema de que há declaradamente um considerável grupo de
evangélicos sem evangelho. Como assim, são evangélicos que creem no quê? A bíblia
não utiliza estes termos, mas, infelizmente há os crentes nominais ou
mascarados. Jesus combateu a tradição da religião que é o cenário destes falsos
cristãos. Nos últimos anos este grupo, que já existia, se manifestou com muita
força e com grande influência nos poderes políticos, judiciários e empresariais que são os três pilares principais para quem deseja exercer o controle da sociedade. Muitos
ou a maioria não se declaravam cristãos, mas, se aproveitaram da força
crescente deste grupo e, no caso político, conquistam votos, no judiciário influenciam nos julgamentos criminais e, no caso dos empresários, existem aqueles que ainda possuem o ranço ideológico da ditadura de que o comunismo está invadindo o Brasil e são incapazes de respeitar quem pensa diferente. Este grupo não tem projeto político. A ideologia é
completamente vazia sem fundamentos que provoquem um debate. A bandeira que defendem é apenas cortina de fumaça porque o objetivo é ganhar a confiança deste grupo influente para viabilizar os interesses de pessoas poderosas. Muitos dos seus seguidores, sequer sabem disto porque são presas fáceis pela falta de senso crítico.
O
que o evangelho aborda sobre este assunto? Vou utilizar o texto que acerta na
veia da questão. "Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus". Mateus 22:29. Jesus
estava respondendo a questionamentos diversos e foi incisivo de que não
conhecer o evangelho e nem ter a experiência pessoal com Deus invalida todos os
argumentos e ações mesmo que se fale em nome de Deus. Uma mera questão de falta
de integridade. Este comportamento é um perigo porque, de tanto insistir nesta
falsa crença que se torna uma verdade cegando a consciência eliminando o senso
crítico e o discernimento espiritual.
A
caminhada cristã é uma longa e difícil jornada de renúncias diárias. O contexto
cultural/religioso são os principais referenciais que influenciam
substancialmente a fé. Por sinal, a fé é sistematicamente desafiada e
questionada. Os absurdos são muitos e tão intensos que chegamos a questionar quem, de fato, esteja errado. Imagine um povo mal doutrinado? A perda de
referência daquilo que seja o certo se tornará algo normal. Além do mais, sem o
correto discernimento, o Espírito Santo não age na pessoa para corrigir. Cada um
é responsável pelos seus atos diante de Deus. Sofre-se as consequências por
causa disto. Desrespeitar, roubar, mentir, discriminar e cometer crimes em nome de Deus
tornou-se algo normal. O crime organizado tem legalizado dinheiro abrindo igrejas nas comunidades e tem evangélicos infiltrados nas milícias. A bíblia demonstra o contrário destas posturas. Primeiramente
exorta para que não se use o nome de Deus em vão. Segundo, pode-se fazer tudo,
caso não tenha amor, nada vale e Deus não considera mesmo que seja bem-intencionado.
Existe
um outro grupo antagonicamente radical que até conhecem e também utilizam o
evangelho nas suas posições. O problema é que alguns pontos em que acreditam, o
evangelho é distorcido e até adaptado para que haja legitimidade. Eles abraçam a todos os religiosos sem distinção. O amor de Deus inclui a todos também sem distinção para que haja arrependimento. A diferença é que ser amado por Deus não ratifica ser escolhido de Deus que deseja que todos sejam salvos. O que não se deve é ignorar o contexto dos mandamentos e das doutrinas. Adotaram
um cristianismo conveniente. O filtro de todo pensamento e consideração deve
ser o evangelho. Constam na bíblia textos que precisam de contextualização,
enquanto outros o sentido é literal mesmo. Não há margens para outras
interpretações. É neste ponto que este grupo conhecido como cristãos
progressistas se valem para incluir as pessoas sem a devida transformação de
vida. Deus incluiu a todos através do amor incondicional. Deus não
selecionou as pessoas para amar, pois, todos são chamados, mas, seleciona os escolhidos que decidiram ter uma vida íntegra diante dEle. Para isto, é preciso renúncia da vida pregressa de pecado que gerou consequências incompatíveis
com a justificação em Cristo. O pecado deforma e a justificação em Cristo
reforma para que se torne uma nova criatura. Viver em Cristo e render frutos é
a premissa da transformação. É contraproducente dizer que é cristão e que tem o
evangelho como regra de fé e ter atitudes que não revelem a transformação. Não existe um meio termo, negar-se a si mesmo e cada um carregar a sua cruz significa não seguir os seus próprios desígnios ou convicções.
Diante
deste cenário evangélico espinhoso, como ser identificado como cristão e não
ser confundido com os evangélicos sem evangelho fundamentalistas e nem com os
evangélicos progressistas que falam de amor e inclusão, mas, engasgam-se quando
o assunto é renúncia da velha criatura?
A
velha criatura é um termo para identificar aqueles que se mantem em pecado sem a justificação em Cristo. Esta justificação é que nos aperfeiçoa porque no Reino
de Deus não entra a sujeira do pecado. Isto não significa que após a conversão
nos tornamos perfeitos. Absolutamente não! A justificação acontece no momento
do arrependimento. Quando acontece o arrependimento, entende-se que o esforço em
se manter conectado a Deus é maior para construir uma fé sólida. Mesmo em meio
a lutas e dificuldades, esta fé é inabalável. Não por mérito do esforço, mas, porque
a fé é em alguém que mantem fortalecidos aqueles que confiam em Deus. Quando se
fala em fé, geralmente associa-se a uma sensação positivista. A fé não é algo
que sente agora e depois não sente mais. Fé é uma construção solidificada em
Deus. Mesmo que se sinta vazio, é possível ter fé.
Para os fanáticos fundamentalistas radicais o evangelho que acreditam é uma ideologia sem
conteúdo. Para os progressistas, o evangelho é ecumênico e recheado de teorias liberais em que Deus
abraça a todos sem que os abraçados tenham alguma responsabilidade em seguir os
princípios que desconstrói a velha criatura. Para os discípulos que decidiram viver na total dependência de Deus, o evangelho vai de encontro às
pessoas imperfeitas revelando, através do teu Santo Espírito a real condição da
velha criatura convertendo-os a Cristo e transformando em uma nova criatura frutificando em
todas as ações para o Reino de Deus. Quem é de Deus fala das coisas de Deus
contidas no seu evangelho em palavras e ações. Quem não é de Deus se limita somente às palavras ou tem atitudes com obras de uma fé morta.
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