Venancio Junior
Quem
não conhece lojas que vendem móveis e eletrodomésticos novos, porém, com
pequenas avarias? É um segmento que cresceu muito nos últimos anos. O público com
renda média tem a oportunidade de adquirir produtos de marcas conhecidas pela
sua qualidade e que tem um arranhão ou um pequeno amassado, mas, com
funcionamento perfeito e que são vendidos com um bom desconto. Esta clientela
não se importa com estes pequenos defeitos, desde que funcione bem e retorne a
qualidade que se espera, tudo bem.
Usando
como uma metáfora na espécie humana, será que existem pessoas com pequenas
avarias ou que possuam mais defeitos que outras? Não,
não existem! Todos nós somos igualmente maus e temos a essência do pecado. Alguns poderão
contestar dizendo: “Lá vem ele com esta história de pecado novamente!”. Já
afirmei noutras reflexões que pecado não é somente uma má ação, mas, tudo o que
esteja fora da presença de Deus é pecado, sendo este, o único considerado por
Deus. Não tem como praticar a bondade fora da presença de Deus. As más atitudes
são consequências de um contexto espiritualmente desconfigurado. Surge então, o
questionamento, como alguém que esteja fora da presença de Deus tem boas ações?
Isto é possível, pois, Deus age nas pessoas independentemente da sua condição. Ser
usado não significa que haja comunhão com o próprio Deus. O faraó que escravizava
o povo hebreu no Egito não tinha qualquer sintonia, porém, foi usado por Deus
que endureceu o seu coração. Não vou entrar neste mérito porque se trata de um
assunto muito vasto.
Em plena época em que imagem é tudo e as redes sociais facilitaram muito esta exposição, as pessoas buscam intensamente fugir desta condição de que sejam essencialmente más e se esforçam para demonstrar que não possuem defeitos aparentes. Investem na aparência e até fingem serem cordiais e respeitosas e que até transparecem ter algo de valor a oferecer. Procuram de todas as formas possíveis externar que são pessoas “perfeitas” como se a beleza exterior fosse reflexo do interior o que na maioria das pessoas não é. Esta contradição, muitas vezes se observa, seja na vida real ou nos filmes em que a pessoa para conquistar alguém de interesse se torna muito diferente (para melhor) daquele que se tornará (para pior) após a conquista. A cara e o corpo atraentes servem apenas para chamar a atenção, sendo irrelevantes naquilo que somos (de verdade) bonitos ou não. Cordialidade, respeito e caráter elevado são apenas recursos descartáveis utilizados somente para esta conquista. Lembro que o melhor de si "exige" iniciativas e sacrifícios, enquanto, o pior de cada um faz parte da natureza decaida e que, de certa forma, não exige qualquer "esforço" para ser revelado. Uma leve reação já extrapola todos os limites da boa pessoa expondo o pior que tem a oferecer. O que mais temos hoje em dia são pessoas com fraturas emocionais expostas, amassados com afundamento de caráter e personalidades com muitos arranhões. Poderíamos ser boas pessoas neste contexto do pecado? Sim, poderíamos se o controle no processo da relação Santidade-Ser humano-Pecado fosse diferente. O problema é que não temos este controle e a tendência do ser humano é somente pecar porque já nascemos com grandes e profundas avarias.
Absolutamente todos se tornaram pessoas más. Esta maldade é intensificada na personalidade e na falta de controle. As pessoas comedidas geralmente não expõem, poderia dizer, em grande escala as suas maldades, enquanto outras são bem explícitas e intensas. Somos essencialmente maus e demonstramos isto nos relacionamentos, nas atitudes e nas situações simples ou complexas. Porém, podemos demonstrar o oposto se a tendência da carne for anulada. Somente desta forma será possível demonstrar os valores da configuração original antes do pecado. Em Romanos 8:10 lemos que o corpo precisa estar morto: "Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da sua justificação" e na sequência do texto no verso 12 está escrito: "Portanto, meus irmãos, nós não devemos viver segundo as inclinações da natureza humana". Infelizmente tem muitas pessoas que revelam facilmente esta inclinação da natureza humana. O poder de vingança e de não se sentir inferiorizada e ser passada para trás, são as principais causas de maldade. Ao invés de demonstrar força quando são desafiadas, preferem dar vazão a estas inclinações. Este poder, na verdade, é perda de controle. Não devemos nos iludir julgando que temos poder para controlar a nossa vontade. É pura ilusão e os resultados por estas más atitudes poderão gerar feridas incuráveis em si mesmos e em outras pessoas. O apóstolo Paulo fez uma afirmação de si mesmo de que o mal habitava nele e queria praticá-lo constantemente, mas, o bem relutava em fazê-lo. "Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço". Romanos 7:19. A nossa vontade deve ser submetida ao controle do Espírito Santo de Deus.
O mal está em todo lugar. No aglomerado urbano das cidades, nas casas agindo nas famílias, nas empresas, nos templos religiosos, nos relacionamentos sociais e conjugais. Repito, para praticar o bem é preciso iniciativa, esforço e até sacrifício. Jamais pratique o bem com expectativa de reconhecimento e também não deve ser feito apenas aos amigos e familiares, isto é muito fácil, mas, se deve fazer o bem também aos inimigos. Isto é extremamente difícil porque a motivação natural é fazer o mal para quem nos faz mal. Em Romanos 12:20 lemos: "Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". É uma questão de sabedoria, mas, não seja sábio aos seus próprios olhos (Provérbios 26:12). A prática do bem no anonimato é uma virtude que Deus considera muito.
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