Venancio Junior
Jesus
sempre teve boa relação com as mulheres. Não no tipo de relacionamento que
muitos deduzem e constroem uma narrativa própria para gerar impacto nas
pessoas. Jesus sempre foi cordial, respeitoso até mesmo com mulheres que
perderam a credibilidade na sociedade machista da época. Sempre estava atento
às suas necessidades. Curou a hemorragia de uma que estava na multidão. Sendo
judeu, conversou publicamente com uma samaritana sobre religião e expulsou
demônios de Maria Madalena que, inclusive foi a primeira a saber pelo próprio
Jesus que havia ressuscitado e foi logo avisar os apóstolos.
O
contexto social das mulheres no tempo de Jesus era muito difícil, sendo quase
sub-humano e serviçal dos homens. O patriarca trocava as filhas por bens numa
relação conjugal de interesse. As mulheres eram destinadas exclusivamente para
as tarefas domésticas.
Esta
submissão da mulher é consequência de um tremendo mal-entendido bíblico. Muitos espertinhos
se aproveitam disto e maltratam, não somente suas esposas, mas, as mulheres em
geral desrespeitando e não dando o devido valor merecido. Os maiores e principais
grupos de maus tratos às mulheres são os religiosos. As religiões mais antigas
são as que mais submetem as mulheres a um sistema que radicalmente não permitem
qualquer ação que as deixem em evidência.
Na
bíblia não existe qualquer texto que afirme que a mulher é submissa ao homem. A
submissão é no contexto conjugal, porém, um pertence ao outro em igualdade de
condições. Vamos ao texto. Exatamente iguais: Gênesis 2:24 “...e se une à
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. Submissão ao marido por causa
do pecado. Gênesis 3:16 “...o teu desejo será para o teu marido, e ele a
governará”. Em contrapartida, observe que o “castigo” do homem foi que deveria trabalhar para
poder comer: Gênesis 3:17 “...em fadigas obterás dela o sustento durante os
dias de tua vida”.
É
fato que na lei judaica do pentateuco a mulher é subjugada e não tem qualquer
papel definido no contexto da família, exceto o de cuidar dos filhos e da casa.
Inclusive até na questão da crise conjugal em que se decide pelo divórcio, é o
homem quem concede a carta de divórcio. A mulher fica livre para se unir a
outro homem. Sem esta carta, ninguém aceitaria uma mulher que neste contexto é
repudiada. Engraçado é que desde aquele tempo o homem que se unia a uma
prostituta para se satisfazer não era mal-visto. Por outro lado, a mulher solteira
que se unisse a muitos homens era considerada prostituta. Atualmente esta
triste consideração ainda se mantem.
Estas
definições em relação a vida conjugal que trouxeram para o relacionamento social entre homem e mulher foram ratificadas no antigo testamento e Jesus veio para reinterpretar a lei
conforme a sua graça quando também redefiniu as atribuições conjugais do casal além da função da mulher na sociedade. No contexto conjugal um pertence ao outro em igualdade de condições e no contexto social homem e mulher tem os mesmos direitos e responsabilidades.
A
grande questão após esta breve contextualização é o que será que motiva este comportamento
extremamente reprovável de o homem em qualquer circunstância ainda se julgar
superior e até mesmo proprietário da mulher? Mesmo sabendo que haverá
consequências graves, porque hoje (deve-se considerar que a violência contra a
mulher é crime) alguns homens ainda insistem em ter estas atitudes covardes? Será que
a mulher assumindo um papel de protagonismo na relação fere o brio masculino? Será
que o homem se torna menos homem se for, de certa forma, rejeitado? Será que se
a mulher for a maior responsável pelas finanças da família o homem perde sua masculinidade?
São questionamentos que não podem ser generalizados. O contexto de cada casal é
diferente, principalmente porque as pessoas são diferentes. Independentemente dos motivos em que nenhum deles justifica a violência, não tenho outro
adjetivo para classificar a violência contra a mulher senão a de covardia. Ultimamente estas
atitudes covardes têm se intensificado e parece que as autoridades não reagem
com a mesma intensidade para fazer frente a estas arbitrariedades cometidas por pessoas
fracas e estúpidas.
Antigamente, antes da revolução feminina na década de 60, não se ouvia muito falar neste tipo de
violência. Isto não significa que a humilhação e a violência contra as mulheres
não aconteciam. Na verdade, as mulheres sofriam caladas porque todo o mundo
masculino era contra elas. Por incrível que pareça, a frase “até calada está
errada” era muito considerada e para os covardes, ainda está valendo. Conheço casos de algumas mulheres que preferiram se separar
(quando possível) a se submeterem mais ainda a uma exposição vexatória de
agressão.
Por
incrível que pareça, no meio religioso onde os princípios da crença deveriam
reger o comportamento de paz e harmonia mesmo em meio ao conflito, também tem acontecido estas atrocidades. Por que alguém
decide dar vazão ao seu ímpeto violento? Conheço até pastores que descem do
púlpito e descem o porrete na esposa e nos filhos. Falam de amor da boca para
fora. Falta integridade que revele caráter elevado propagandeado nos púlpitos.
Contrariando o movimento feminista, ainda considero a mulher como o “sexo frágil”. A força da mulher não está no
vigor físico ou nos músculos. Mesmo aquelas que praticam halterofilismo e lutas
são frágeis em relação aos homens. A estrutura física feminina é diferente e não inferior ao masculino. O valor do
homem e da mulher são iguais no caráter. A mulher deve ser admirada no respeito que
ela impõe, na elegância que ela transmite e no charme que ela inspira. Perdendo
estas qualidades por qualquer motivo, creio que jamais se reconquiste novamente.
São valores da pessoa que pertencem tanto a mulher como também ao homem e devem ser
preservados com muito rigor. Estes atributos não pertencem a terceiros e nem
devem ser considerados como moeda de troca.
Quanto
ao homem, alguns tem tido um comportamento reprovável e que merece todo o
desprezo possível. Pensam que se impor como homem é através da violência como
exercício de masculinidade. Admiro os homens de verdade que ainda praticam a
gentileza em considerar a mulher como uma peça frágil de cristal em que o manuseio
tem de ser com delicadeza. Não quis me referir a mulher como sendo um objeto, é apenas uma metáfora no sentido de materializar a fragilidade. Amar a mulher é se submeter a toda esta delicadeza
com cuidado, proteção e respeito. O homem deve ter um caráter elevado mesmo que
se sinta inferiorizado em algumas situações. Da mesma forma que a mulher, o
respeito, a elegância e o charme, assim como também o corpo não devem ser moedas
de troca e numa relação conjugal não pertence a si mesmo, mas, ao cônjuge para
cuidar e amar. Estas características pertencem à pessoa e não ao gênero.
Violência
física, agressão verbal e intimidação são práticas dos fracos e covardes que
não conseguem se impor porque estão sempre num nível abaixo. Isto é um recado aos homens, mas, vale também para as mulheres.
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