Venancio Junior
Como
agem ou reagem os zumbis? Os zumbis não existem. É um estereótipo criado nos
filmes de terror. Mesmo não existindo, há uma definição de comportamento cujas
características são estranhas e sem vontade própria, pois, trata-se de um
morto-vivo. O zumbi não tem alma e não tem sentimento que foram extirpados por
um vírus sanguíneo. Apesar de estar junto com outros, não existe convivência e
nem compartilhamento de afinidades. Poderíamos dizer que é um pária da
sociedade. Vive à margem da civilização por razões óbvias porque perdeu
totalmente a capacidade cognitiva o que impede uma eventual ressocialização.
Mas,
o que seria um zumbi emocional? Acho que a característica mais próxima daquilo
que pretendo expor é a definição de morto-vivo. A característica da sociedade
atual é pautada pelas redes sociais. As pessoas conseguem conviver nas redes
sociais, porém, não convida ninguém para um encontro presencial o que
implicaria em se dispor ao outro e isto deve revelar o real sentimento do
convívio. Preferem viver suas religiosidades em frente a tela dos computadores,
televisão ou celular. Até mesmo o trabalho profissional tornou-se “home-office”
em que não há qualquer risco em se relacionar com o colega de trabalho de forma
fisicamente próxima. Quem nunca ouviu falar e até mesmo experimentou o namoro
virtual? Prosseguindo mais profundamente, existem casais casados (não é
redundância) que estão juntos no casamento, mas, moram em casas separadas.
Digo
de antemão que nada tenho contra as facilidades da comunicação virtual. É possível
conversar em vídeo com alguém olhando nos olhos do outro lado do oceano de
forma remota. A comunicação tem este papel, com a intensidade do processo,
trouxe mais responsabilidades com as palavras. Pior, fica tudo registrado. Muitos
documentos nem precisam ser assinados. Existe a assinatura digital que é válida
no campo jurídico. O mundo digital nada mais é que linhas de programação onde
se consegue descobrir o início do processo de contato.
Toda
esta estrutura mudou o nosso modo de ser. Continuamos sendo pessoas, mesmo com
o advento do metaverso onde não existem pessoas imperfeitas e fora de moda. Todos
são absolutamente iguais. Aparentemente pode até ser igual, mas, o que geralmente
diferencia as pessoas umas das outras é a reação frente às situações. Quando alguém
age para prejudicar alguém, esta pessoa tem a maldade enraizada no coração. Já,
a reação é diferente, pois, é caracterizada por um gesto impetuoso.
O que tudo isto gera em nós? Depende. Cada dia deve ser diluído conforme a demanda emocional. Os cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato, paladar) são os únicos meios de captar as mensagens externas. Diria que são membros auxiliares do cérebro que rege e nos define o que somos. A bíblia define a nossa mente (ou cérebro) como sendo a nossa alma. Mente e coração em alguns textos bíblicos se confundem, mas, são distintos conforme lemos em Provérbios 2:10: “Porquanto a sabedoria entrará no coração e o conhecimento será agradável a sua alma”. Tudo o que desejamos está no coração e tudo o que conhecemos está na mente. Existem dois textos que, de certa forma, esclarece esta composição. Primeiro vamos ao texto contido em Provérbios 16:01: “O coração do homem pode fazer planos, mas, a resposta certa vem do Senhor”. Está claro que a vontade vem e está no coração. Outro texto que fala sobre a alma ou conhecimento está em Filipenses 4:8: “...tudo o que é verdadeiro, tudo o que é venerável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, seja isso o que ocupe a vossa mente”.
Diante
deste contexto bíblico e do contexto social vigente, como reagir proativamente para
diluir a gama emocional que nos domina e controla as nossas reações?
A
princípio não pode se precipitar sumindo das redes sociais e abrir mão da
convivência social mesmo que de forma virtual. O que se deve fazer é não tornar única esta forma de relacionamento e deixar dar as diretrizes do cotidiano. Tem práticas, por
sinal boas e fundamentais que não mudam, por exemplo, dedicar tempo adequado
para dormir bem. Um dia excelente sempre começa com uma excelente noite de
sono. É uma “matemática” cujo resultado nunca dá errado. Lembre-se que zumbis
não dormem. Outra prática simples e que precisa de dedicação exclusiva. Tomar banho
sem a preocupação com a agenda. Dedique tempo ao seu banho. Por incrível que
pareça, o banho não é somente para limpar a sujeira externa, mas, serve também
para limpar o acúmulo de sujeira emocional. Zumbis também não tomam banho. Se ampliarmos
estas práticas para o nosso contexto social, percebemos que existem pessoas que
precisam exclusivamente do nosso tempo. Xiii! Eu acho que agora as coisas
começam a ficar pesadas e as vontades do coração precisam ser equalizadas e
aquilo que ocupa a nossa mente, talvez não exatamente desocupar o lugar, mas, precisa
ser melhor distribuído. A sobrecarga nunca é algo saudável, pois, sempre
desgasta as vontades, consequentemente perde-se a emoção em usufruir. Não existe
zumbi que faça uma análise introspectiva para que suas práticas construam
valores capazes de fazer diferença positiva no meio em que se vive e,
principalmente, para as pessoas do seu convívio. Diluir o composto do nosso ser
é a melhor forma de conviver consigo mesmo. Perder a capacidade cognitiva da
vida é o caminho mais curto para a ansiedade que gera depressão. Tristeza,
frustração, raiva, ódio e outros sentimentos nocivos à saúde até mesmo física, nada
mais é que sobrecarga emocional. Isto precisa constantemente ser diluído. Lembre
dos acumuladores, cujas casas tornaram-se inabitáveis. Os móveis e utensílios adquiridos
para trazer conforto, foram sufocados pelos objetos acumulados e trouxe junto muita
sujeira. Da mesma forma é o nosso interior, não devemos ser acumuladores de
emoção que sufoque aquilo que adquirimos com muito carinho e nos define o que
somos para nós mesmos e para os outros, principalmente os familiares e as
pessoas próximas no nosso convívio.
Os
zumbis não amam, não se emocionam e só espalham destruição e o vírus para que
outros se tornem também zumbis. Zumbis não tem perfis em redes sociais. Por incrível
que pareça, alguns comportamentos parecem de zumbis, mas, são de pessoas que
reagem como zumbis. Utilize a capacidade de definir suas vontades do coração e
de organizar o conhecimento contido na mente e tenha práticas que releve a si
como alguém de valor e que tenha muito a oferecer ao próximo seja através das
redes sociais ou presencial principalmente.
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