Venancio
Junior
Quando
se fala em antropologia ou existência, vêm à mente a questão do princípio de
todas as coisas, até da própria existência. Há três teorias em evidência no
meio acadêmico: Teoria do criacionismo – Teoria do Big Bang – Teoria da
Evolução. Este último tem mais afinidades com a segunda teoria, a do Big
Bang. Cientificamente ainda não se chegou a um denominador comum de qual o
conceito realmente válido. A teoria do Bing Bang ainda não conseguiu
explicar o princípio de tudo o que já existia. O princípio de tudo, segundo os
cientistas, foi causado por uma explosão apelidada de “Big Bang” ou tudo foi
intencionalmente criado conforme defende os criacionistas? O que vai mudar se
um ou outro conceito for comprovado? Nada vai mudar porque a existência é
autônoma e subsiste independentemente de qualquer comprovação. A existência
como matéria tem um princípio. É uma questão, de certa forma, lógica. Qualquer
uma das teorias deverá haver a sua crítica para que não tenha algum indício
de fraude nas análises. A existência tem as suas considerações e
implicações. A evolução pertence aos dois principais conceitos. Imagine comigo,
tudo o que existe tem um princípio. Isto é bem lógico. Então, neste caso, Deus
não existe, pois, não tem princípio e não tem fim. Deus simplesmente é. No
texto de Êxodo 3:14, há uma estimativa de 1390 anos antes de Jesus, quando
Moisés perguntou como deveria apresentá-lo aos israelitas, Deus respondeu
apenas como “Eu Sou”. Deus foi de certa forma, econômico nas palavras porque,
como Moisés entenderia Deus explicando a si mesmo? Isto significa que Deus não
se limita à nossa dimensão. Deus se apresentou e nos permitiu uma “conexão”. A
única forma de se ligar a Deus e compreender o seu valor, segundo a bíblia, é
através da fé. Não tente entender pela fé o que é e nem quem é Deus, a não ser
que Ele se revele. A fé não explica Deus. Se conseguisse, então, seria um Deus
lógico, consequentemente limitado, o que não é o caso. Vamos analisar seguindo
a linha do evangelho que nos foi revelado.
Quando
Deus criou a existência, especificamente o universo onde se encontra um “pontinho”
denominado planeta terra, definiu que o ser humano e os animais eram para
cuidar e manter o funcionamento tal como foram criados e usufruir de todos os
benefícios e não há qualquer menção em possuir os “produtos” da criação. Para
felicidade dos veganos, no princípio todo mundo só se alimentava de plantas e
frutos (Gênesis 1:29) e os animais se alimentavam de vegetais (Gênesis 1:30). O
ser humano parece que não entendeu o recado e, além de desobedecer e perder o
privilégio do jardim, com muita obstinação, confundiu e deseja ardentemente “possuir”
o quanto mais e tudo o que seja melhor para alimentar o ego e a vaidade. O
mundo é para usufruir e não para possuir.
Desde
este princípio (que ninguém sabe ao certo quando aconteceu) muita coisa mudou e
tomou formas que, a princípio, não era para ser deste jeito. Reconheço que,
como um simples observador da vida que se aventura e tenta aproximar o máximo
possível de uma compreensão lógica do que seja, de fato a existência, esteja
sendo extremamente ousado em abordar a sua antropologia. Imagine a junção
destas duas complexas estruturas discorridas em poucas linhas e por alguém, de
fato, limitado? A minha motivação e propósito é aprender um pouco mais sobre a
lógica (se é que tenha alguma) do conceito que aprendi sobre estes dois
assuntos. O conceito de antropologia é o estudo da existência. Neste caso, até
o inimaginável faz parte da estrutura metafísica. Daí, pensei, o porquê não fazer
esta “brincadeira literária intelectual” que irá desobstruir o raciocínio da
lógica abrangendo também o contexto espiritual. Espiritual!? Pois é, não tem
como falar sobre a vida e tudo o que a envolve sem falar da espiritualidade.
Tudo o que pensamos e sentimos é espiritual. Tudo o que acontece na dimensão
física tem reação na dimensão espiritual. A espiritualidade não é uma parte de
nós, mas, o todo composto é espiritual.
O
conhecimento vem através dos cinco sentidos, visão, audição, olfato, paladar e
tato. Os acontecimentos na vida são simultâneos. Os eventos se acontecem. Mesmo
com o amplo avanço da comunicação, não conhecemos tudo o que há na vida mesmo
que algo esteja acontecendo simultaneamente. Imagine quando se assiste a um
programa de televisão ao vivo? Não imaginamos e nem enxergamos o que está
acontecendo atrás do palco. Vamos avançar no raciocínio e reconhecer que atrás
das paredes dos bastidores do palco também tem muita coisa acontecendo e se
prosseguir neste raciocínio, lembraremos que indiretamente participamos de tudo
o que acontece no mundo. Numa transmissão ao vivo, estamos presentes porque
fazemos parte da mesma dimensão. Não conseguimos ver devido a visão limitada,
mas, as coisas não deixam de acontecer porque não enxergamos. Compartilhamos o
mesmo espaço. Não existe lá fora. Fora do mundo tem o universo infinito. O
nosso conhecimento é mais amplo na dimensão espiritual, pois, na dimensão
física nos limitamos a um pontinho quase insignificante no universo infinito.
Esta afirmação se refere apenas ao ambiente atmosférico. O espaço espiritual
também é infinito. Alguém conhece o “fundo do poço da alma”? O meu propósito é
discorrer sobre a perspectiva da antropologia conhecida e fazer uma analogia de
um dos principais conceitos da existência. Tomo a liberdade em partir do
princípio de que a lógica e o raciocínio são também integrantes, obviamente, da
existência, da mesma forma, que o sentimento, as emoções e, praticamente, todos
os sentidos são também seus componentes, porém, da dimensão “abstrata”.
Vamos
analisar do ponto de vista da teoria criacionista. No princípio Deus criou
tudo, inclusive o ser humano. Sem entrar no mérito da questão, este “princípio”
era do que exatamente? Na verdade, para melhor compreender e evitar discussões
infindáveis e discorrer textualmente os fatos revelados foi usada a lógica de
forma simplificada. Para não ser simplório, este princípio refere-se ao próprio
processo da criação. O autor de Gênesis enfatizou que no começo, tudo foi
criado querendo dizer que a matéria tem um início e não foi “obra do acaso”.
Com exceção da matéria vegetal e animal, o ser humano foi essencialmente dotado
de raciocínio com vontade e escolha. Será que Deus quis que o ser humano
tivesse livre arbítrio sobre suas vontades e seus destinos e também sobre toda
a existência? Um dos grandes pontos polêmicos defendida por uma das principais
linhas teológicas cristãs, a tradição reformada, defende que o ser humano não
tem livre arbítrio. Ela crê que a soberania de Deus é absoluta. Nisto eu concordo,
porém, quem definiu este livre arbítrio foi exatamente a soberania de Deus. Vou
considerar como um grande equívoco afirmar que não nos foram concedidas opções.
Lembro que o livre arbítrio vem desde antes da formação da mulher e da queda.
Vamos considerar sim e não como os fatores determinantes da
livre arbitrariedade. Esta afirmação encontramos no evangelho, especificamente
no livro de Gênesis 02:16: “E o Senhor Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de
qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do
mal, porque no dia em que dela comer, certamente morrerá”. O que significa
“O Senhor ordenou”? O que significa “livremente”? E o que significa “não
coma da árvore do bem e do mal”? Livremente significa ter opção de escolha
e, neste caso, nas variedades de frutos e entre o bem e o mal. Quem determina o
que, absolutamente, acontece na existência é o seu autor, Deus com a sua
soberania. Se Deus determinou que o ser humano teria opção, então, não há
mortal na face da terra e nem no universo que contrarie esta decisão. A árvore
do bem e do mal mesmo que nunca viesse a existir, o livre arbítrio estaria
presente porque foi concedida a opção de liberdade para o homem decidir,
inclusive, o nome dos animais e das plantas. O ser humano optou em desobedecer,
primeiramente a mulher e depois o homem. O porquê desta ordem, sinceramente,
não há uma resposta razoável. Talvez se fosse o homem sendo seduzido pela
serpente houvesse uma certa relutância. Não quero dizer que a mulher seja mais
fácil de se convencer. Será que a serpente já conhecia a personalidade de Eva?
A serpente é astuta e sabia muito bem o que estava fazendo. Será que a serpente
teve autonomia para fazer isto? Houve a permissão de Deus, isto é fato, caso
contrário, seria questionável a onisciência em não saber o que estava
acontecendo e onipotência de Deus em impedir este ato de desobediência.
De
qualquer forma, o “estrago” estava feito e tudo foi, tipo, desconfigurado e
precisava de um novo plano para que o fluxo do processo fosse revertido. As
condições foram expostas e o próprio Deus precisava se envolver pessoalmente
nesta questão. Voltando no início do texto em Gênesis, Deus se revelou em três
para que houvesse uma melhor compreensão das ações distintas Pai, Filho,
Espírito Santo. Não existem três deuses e não encontraremos três deuses no
Reino. No Gênesis houve a primeira manifestação da trindade demonstrando que se
tratava de uma mesma essência. Logo no capítulo 1:1 Deus se manifestou onde
lemos “Deus criou” e no mesmo capítulo, porém, no versículo 26 Deus demonstra a
essência da sua divindade “Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa
semelhança”. Deus é único, porém, com ações distintas no Pai, no Filho e no
Espírito Santo. Até aqui percebemos a essência de Deus se envolvendo
pessoalmente na criação e no resgate do ser humano através da encarnação de
Deus em Jesus Cristo. A primeira menção de Cristo como o Messias que viria
encarnado foi em Isaias 9:6, “Porque um menino nos nasceu...”. isto foi
profetizado 700 anos antes do nascimento de Jesus. Os dados históricos não são
importantes no processo de resgate do ser humano. O importante é saber qual o
papel desempenhado por cada profeta que anunciou a salvação e por Jesus, autor
da salvação.
Ainda
criança, sempre me vinha à mente o questionamento, se foi Adão e Eva que
pecaram, então, por que eu sou penalizado também? Grosso modo, o que eu tenho a
ver com isto? A resposta é simples. Quando Deus expulsou Adão e Eva do paraíso
é como se a raça humana fosse expulsa da presença de Deus. Isto lemos em
Romanos 3:23. Nesta condição, nascemos em pecado. Seria como viver num ambiente
poluído pelo pecado e respiraremos a poluição e seremos sujos pela poluição.
Não tem escapatória. No caso do pecado, tem, sim. Jesus nasceu, viveu, morreu e
ressuscitou. Foi isto que Deus nos ofereceu. Algo que devemos ter sempre em
mente é que Jesus, mesmo sendo divino, foi humano e precisava se comportar como
tal para que ratificasse a mensagem do sacrifício pelos pecados. Que sentido
seria Deus sofrer sem as fragilidades humanas? Deus não sofre, porém, se
permite sofrer por nós através de seu filho que é Ele mesmo encarnado. Tudo o
que existe tem como fonte em Deus, tanto o bem como também o mal. Ele sabe o
que precisa ser feito para que as coisas voltem à funcionalidade original. Esta
é a proposta do Reino e tudo o que está sendo feito na dimensão espiritual é
para a vida eterna ou morte eterna da raça humana.
Desde
o Antigo Testamento até a primeira vinda Cristo pulamos muitos fatos. Na
verdade, o foco é expor de forma sucinta o processo do início da história até
chegarmos na conclusão desta história que é a salvação da raça humana.
Prosseguindo, já sabemos que a existência teve um início. No decorrer da
história houve uma ruptura com a dimensão original e precisava que houvesse
outra ruptura, só que agora com a dimensão do pecado que nos mantêm fora da
presença de Deus. Exatamente neste ponto que Jesus, Deus encarnado entra na
nossa história para refazer a nossa vida. Há uma controversa sobre o como
funciona este processo de salvação. Devido a isto, surgiram diversas doutrinas
e suas ramificações que mais confundem do que esclarecem que é o foco principal
do discernimento bíblico. Não pretendo ser mais um que expõe a sua versão. O
ideal é não apenas crer com o coração na palavra, mas, confirmar com a mente. A
bíblia é para o coração, porém, a porta de entrada é a mente. Temos vários
exemplos disto. “A fé vem pelo ouvir” (Romanos 10:17) e a mensagem vai
para o coração. Devemos entender que “coração” é um sentido figurado porque
fisicamente é o que bombeia o sangue e não permanecemos vivos sem ele. O real
sentido do coração é a nossa alma (consciência) onde sentimos, cremos e
decidimos o rumo da nossa vida. Deus não quer pessoas “inconscientes” que não
sabe o que esteja fazendo. A decisão em seguir a Deus é absolutamente
intencional. Fé não é um amuleto e nem pode ser depositada em objetos de
devoção e muito menos em pessoas consideradas “santas”. Os apóstolos não foram
santos e ninguém pode ser santo no sentido de empoderamento de força
sobrenatural. A não ser que Deus use uma pessoa e a condicione para cumprir uma
missão. Mesmo assim, esta pessoa não é santa por mais boa, mansa e humilde que
seja. A única condição que a bíblia nos classifica é como pecadores. Todos
pecaram, inclusive Maria é pecadora, Pedro é pecador, Paulo é pecador, o Papa é
pecador, o Pastor é pecador, Agostinho é pecador e “todos indistintamente
pecaram e foram expulsos da presença de Deus” (Romanos 3:23) e precisam de
salvação. Ninguém é santo. A bíblia afirma que somente Deus é santo. Santo
significa separado. Noutras palavras, somente Ele é totalmente separado do
pecado. A palavra santificação na bíblia é referente a ação de Jesus em nossa
vida. Morremos por causa do pecado e Jesus, tipo, nos separou do pecado, ou
seja, santificou através dEle e se permanecemos nEle, continuaremos
santificados. Isto não significa que fomos dotados de poder e nos tornamos “seres
superiores”, nada disto. Todo este processo acontece por causa da graça que nos
foi concedida. Em Efésios 2:8 está muito claro que “somos salvos pela graça
e isto não vem de nós, mas, é um dom gratuito de Deus”.
Outro
ponto polêmico que abordarei é com referência aos dons espirituais. De antemão
digo os dons não são garantias de salvação. A única coisa que nos garante a fé
é reconhecer que somos pecadores e totalmente dependentes do amor de Deus. O
apóstolo Paulo em I Coríntios 12 discorre sobre os dons com muita propriedade
atentando para o corpo de Cristo que é a igreja. São vários membros diferentes
uns dos outros, porém, bebem da mesma fonte. No último verso (31) exorta para
que se busque com zelo os melhores dons. Porque “melhores”? Excetuando a
questão da tradução, creio que a intenção de Paulo foi orientar para que busque
o dom adequado ou aquele que Deus entregar para um determinado fim. Creio
também que nos chamou para que busquemos os dons com sabedoria sem vaidade ou
arrogância como vemos por aí quando as pessoas se comportam como “santarrões”
devido a julgar que possuem muitos dons. Os dons não pertencem a uma
determinada linha cristã ou tornará mais espiritual determinado grupo. Isto é
menosprezar o corpo que é somente um em Cristo. Os dons não podem se
caracterizar como “termômetro” que ratifique espiritualidade. Os dons, conforme
o verso 07, são concedidos pelo Espírito Santo para beneficiar a todos e não a
si próprio exclusivamente. Outrossim, é possível que a pessoa julgue que não
tenha algum destes dons listados por Paulo. Particularmente creio que os dons
não se restringem a somente estes. Os dons, talvez sejam infindáveis, pois Deus
é quem definiu a diversidade dos dons, porém, com unidade no mesmo Espírito.
Este é o mesmo Espírito presente na criação da existência e do ser humano.
Outro
questionamento a respeito da salvação é sobre a eleição. De cara já exponho o
texto de Romanos 2:11 onde lemos que “...em Deus não há acepção de pessoas”.
Será que existe mais alguma referência neste sentido? Alguns dizem que Deus
escolheu somente algumas pessoas para serem salvas. Concordo em parte na
questão dos escolhidos. O próprio Jesus afirmou isto em Mateus 22:14 de que “...muitos
são chamados, mas, poucos são os escolhidos”. Muitos aceitam a mensagem e
seguem, porém, se perdem pelo caminho e são, podemos dizer reprovados porque
não seguiram conforme o evangelho e preferiram seguir os ventos de doutrinas
que a bíblia se refere no livro de Efésios 4:14 e que induz as pessoas ao erro.
Outro ponto a ser esclarecido é que esta eleição não é pessoal, tipo, fulano será
salvo e beltrano não será salvo. Tem vários textos que falam sobre
quem crê e quem não crê. Julgo adequado para esta reflexão o texto de João 3:18
que diz “...quem nEle crê não é condenado e quem não crê já está condenado”.
Os outros textos afirmam que quem não crê será condenado. Vemos que não há
pessoalidade nesta afirmação. Há uma clara opção em crer ou não crer. Na
verdade, o texto de Romanos 3:23 exposto anteriormente diz que estamos fora da
presença de Deus e o texto de João afirma que o que não crer já está condenado.
Se manter fora e não crer é opção. Mesmo aquela pessoa que a vida toda cumpriu
com as suas obrigações na questão moral e ética praticando obras de relevância
para a sociedade, caso não tenha crido no unigênito filho de Deus, está
condenado. Da mesma forma que a fé sem obras é morta, a fé não é pelas obras
para que ninguém se julgue merecedor da salvação. Algumas linhas cristãs adotam
esta doutrina como fator preponderante de salvação. Os dois exemplos estão em
Tiago 2:26 “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim
também a fé sem obras é morta”. e Efésios 2:8;9 “Porquanto, pela graça
sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem
das obras, para que ninguém se glorie”. Faço questão de mostrar as referências
bíblicas de todos os questionamentos. Outro texto que desconstrói a doutrina da
eleição nominal encontra-se em I Timóteo 2:4 onde lemos que “a vontade de
Deus é que todos sejam salvos”. Jesus morreu por todos para que todos sejam
salvos II Coríntios 5:15 “E Ele morreu por todos para que aqueles que vivem
já não vivam mais para si mesmos”. Isto define que os eleitos são os que
creem independentemente de quem seja.
Outro
questionamento é a respeito da garantia da salvação. Uma vez salvo, salvo para
sempre. Não funciona desta forma. Na verdade, ainda estamos em via de sermos
salvos. Enquanto estivermos vivendo na dimensão do pecado, a salvação só é
garantida em Jesus Cristo. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura”
II Coríntios 5:17. Estar é condicional. Em I Timóteo 4:1
observo um texto muito forte sobre o abandono da fé: "Mas o Espírito
expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé...".
As pessoas a que se refere são aquelas que ouviram e creram no
evangelho. É possível a pessoa desistir da caminhada. Apostatar é
abandonar o que já havia garantido. Podemos afirmar com todas as letras que se tratava
de pessoas que já haviam “conquistado” a fé. A jornada de fé é um caminho longo
e que exige renúncia da vida pregressa ainda sem a justificação em Cristo. Não
faz qualquer sentido ter um Deus que se importou com todos e praticar a
incoerência da injustiça quando privilegia quem não esforça para se manter
firme por mera escolha sem critério plausível. Neste caso, o próprio Deus é
quem arranca fora aqueles que deixaram de crer. Observe o texto de Romanos
11:22;23 “Considera, portanto, a bondade e a severidade de Deus:
severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para contigo, desde
que permaneças firme na bondade dele; do contrário, também tu serás excluído. E
quanto a eles, caso não permaneçam na incredulidade, serão reconduzidos,
porquanto Deus é poderoso para enxertá-los novamente".
Outro
tema muito difícil é sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo. O meu objetivo
é que não haja mais dúvidas sobre isto. Este assunto é pesado e se
torna ainda mais complexo porque foi abordado pelo próprio Jesus que
afirmou que é um pecado sem perdão. Antes de entrar no assunto, vamos relembrar
todo o contexto desta situação. No texto de Marcos 3 a partir do verso
primeiro há todo um cenário bastante interessante, porém, muito confuso onde
Jesus foi confrontado até pelos próprios familiares. Imagine um judeu que
se diz enviado por Deus entrar numa sinagoga e curar no sábado? Pois é, Jesus
fez exatamente isto. Primeiro Jesus confronta a tradição religiosa. Depois cura
uma multidão de pessoas que passam a segui-lo e os fariseus a persegui-lo
tentando encontrar uma justificativa para condená-lo. Uma grande multidão de
todas as partes da região o seguiam. Os endemoniados se atiravam aos seus pés
declarando Ele ser o filho de Deus e Jesus expulsava a todos os demônios. Logo,
em seguida, Jesus subiu ao monte e escolhe os doze e os chama de
apóstolos. Segundo algumas traduções originais, Jesus, logo que os chamou, não
denominou como apóstolos estes doze. Isto agora não importa. Em seguida Jesus
foi para casa e a multidão era tão grande que sequer conseguia comer o pão com
os discípulos. O igualmente absurdo e que deixou Jesus tenso é que os seus
próprios familiares também afirmavam que Ele havia perdido o juízo. Os mestres
da lei diziam que Ele estava possuído por Belzebu e expulsava os demônios
em nome do príncipe dos demônios. Exatamente neste episódio que houve a
blasfêmia contra o Espírito Santo. Durante todo o seu ministério de cura,
libertação, expulsão de demônios e exposição da palavra, Jesus sempre
estava possuído pelo Espírito Santo que se manifestava em suas ações. Não
fazia sentido a acusação que os mestres da lei que, na verdade, eram os líderes
religiosos, apresentavam. Chamar o Espírito Santo de demônio é uma blasfêmia
absurda e sem perdão. Jesus até deu exemplo de que como satanás expulsaria
satanás? Outro exemplo é que se um reino estiver dividido contra si mesmo não
subsistirá. A esta altura, o ânimo de Jesus estava a "flor da pele"
e, em meio a multidão, chegou os seus familiares que o chamaram para conversar.
Jesus simplesmente ignorou e falou que os familiares dEle são aqueles que fazem
a vontade de Deus. Não quero achar um jeitinho de amenizar esta afirmação muito
séria de Jesus. Como se todas as outras não a fossem, porém, esta é uma das
mais polêmicas. Parece que todos querem encontrar uma brecha ou uma vírgula que
mude o significado do pecado sem perdão. Como pode um pecado sem perdão? Mas, é
isto mesmo que Jesus falou. Lembrando que o que provocou esta afirmação foi a
grave acusação inculta dos mestres da lei.
Jesus
se envolveu pessoalmente com os problemas das pessoas e deve ter ouvido muita
besteira, principalmente dos religiosos, cujo cuidado era somente com a
tradição da religião. Mas, a única preocupação que Jesus tinha era encontrar
corações quebrantados pela mensagem do Espírito Santo de
forma íntegra e contextualizada. Ele sabia que todos eram
pecadores. Deus sempre está disposto a se relacionar com a sua criação e faz de
tudo para que isto se intensifique. É projeto vital reconstruir uma relação
ilibada e reconstruir tudo como era antes na época da criação. O ser humano é
projeto pessoal de Deus e jamais teve a intenção em descartar esta relação.
Infelizmente, a causa e consequência é um fato que ainda precisa ser
considerado nesta relação. Se a causa é o pecado, então, a condenação é justa.
Mas, se a causa é a fé, somos justificados em Jesus Cristo que estava presente
na criação e se envolveu pessoalmente nesta expropriação pelo pecado.
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