sexta-feira, 5 de novembro de 2021

GEOPROCESSANDO DEUS

Venancio Junior

Sou um profissional de Geoprocessamento. Para quem não sabe, grosso modo, é captar, tratar e disponibilizar informações alfanuméricas para os seus devidos fins.

Mas, o mundo não nasceu digital e tudo era bem mais complicado. No começo de tudo, em 1988, era tudo na prancheta sendo um profissional de desenho técnico e toda as informações ainda eram disponibilizadas no papel. Uma época difícil que exigia deslocamento físico para conseguir informações simples. Quem conhecia os arquivos não precisava mais que alguns minutos para obter e quem não conhecia ficava muito tempo para conseguir a informação. Com o advento do mundo digital, praticamente tudo começou a mudar para melhor principalmente no relacionamento de dados. Alguns desavisados afirmavam que agora qualquer um poderia desenvolver os trabalhos que somente os especialistas conseguiam. O tempo foi a melhor resposta e os especialistas (mais do que nunca) conseguiam desenvolver o trabalho e avançar na busca de novas soluções. Enquanto isto, os ainda desavisados ficaram para trás e se mantiveram na ignorância.

Sou do tipo que mantenho os pés e as mãos no presente e a mente no futuro. Em 1999 Deus concedeu-me a oportunidade em conhecer e ter o primeiro contato com esta estrutura revolucionária do geoprocessamento. Nesta época, este processo ainda engatinhava, além dos recursos serem bem escassos, o conceito ainda era indefinido com pouca caminhada e muito trecho a percorrer. Diante deste horizonte promissor, logo no início de 2000 fiz o meu primeiro curso de especialização em geoprocessamento e assim começava uma grande e excitante jornada. Obviamente que me iludi julgando que as pessoas aceitariam esta inovação se prontificando, dispostos a colaborar e somar esforços para que se construísse uma estrutura que favoreceria a todos. Para enfrentar estes desafios e superar as dificuldades que, na maioria das vezes surgia no próprio contexto de trabalho, optei em mudar a perspectiva sem que precisasse mudar o cenário e nem os personagens. Empunhei a bandeira da eficiência desenvolvendo ideias e gerando soluções, pois, os recursos e o apoio eram limitados. Consciente de que o mundo digital é muito cruel, se algo não funciona, é logo descartado, cai no desuso e em pouco tempo ninguém mais vai se lembrar, expus que todo o trabalho tem de ter como referência a estrutura do projeto e não as pessoas que mudam sem comprometimento do trabalho que está sendo desenvolvido. Diante deste cenário, fiz o que precisava que resultasse em praticidade no acesso as informações. Lembro que o geoprocessamento tem a função de centralizar este acesso independentemente do número de pessoas ou do software utilizado. Diria que é um processo de multiusuário e multiplataforma utilizando e acessando respectivamente a mesma base de dados.

Todo profissional busca a sua realização pessoal e se esforça para atingir este objetivo. Atualmente, considerando as conquistas e os benefícios oriundos, julgo-me como um profissional bem-sucedido. Não financeiramente (nada a reclamar), mas, tecnicamente. Não tenho conhecimento profundo em geografia e nem em tecnologia da informação que são os pilares deste processo. Meu conhecimento se limita a disponibilização de informações ao acesso público, ora coletadas, criando caminhos sem percalços. Tudo isto é fruto de iniciativa própria ou experiências na relação com colegas de trabalho.

Exatamente neste ponto do relacionamento que quero discorrer esta reflexão. Em qualquer relação, seja profissional ou pessoal, há crescimento mesmo que tenha desgaste ou atritos, de certa forma, inevitáveis porque faz parte do processo. O importante é como reagimos a estas contrariedades que é onde acontece o crescimento ou não. Mas, o que Deus tem a ver com tudo isto? Tudo a ver e vamos utilizar esta metáfora bastante interessante. Reafirmo que a relação com Deus acontece quase a mesma coisa. Tem atritos, incompatibilidade de gênios, desgaste e tudo o que uma boa relação possui. Nossa relação com Deus como discípulo é como um geoprocessamento que é um processo para identificar/coletar as informações trituradas da nossa vida pregressa de pecado, tratar da forma adequada e disponibilizar a nossa vida no relacionamento com outras pessoas. Somos multiplataforma com as nossas diferenças que são preservadas e o contexto cultural e social muito diferentes em que fomos criados. Para Deus, isto é indiferente, pois, o importante é convergir estas multilateralidades a Deus. Desta forma, seremos, de fato, discípulos e quem está pessoalmente empenhado neste processo é o Espírito Santo que capta, trata e disponibiliza a nossa vida para servir a Deus ressignificando integralmente a nossa vida.

Vamos considerar Deus (como se dependesse de nós qualquer consideração sobre Ele) a causa central da existência. Deus quando se manifestou, se tornou “perceptível” através do teu Santo Espírito. Desta forma, também se tornou accessível. As pessoas poderiam se chegar a Deus, conversar com Deus e se relacionar com Deus. A princípio, só existia uma forma de se chegar a Deus através dos seus signatários sacerdotes Abraão, Moisés, Josué e tantos outros escolhidos pelo próprio Deus para passar a informação do Reino porque ainda não existia a bíblia, sequer existia papel. Continuando esta metáfora, podemos identificar as pessoas como os multiusuários e a multiplataforma sendo a individualidade de cada um. Dentro desta lógica, percebe-se que não importa quem falou sobre Deus e nem onde isto aconteceu. O que importa é chegar-se a Deus que é o propósito principal. As informações que temos sobre Deus estão contidas na palavra revelada que é a bíblia. Estas informações não devem ser absorvidas de qualquer jeito sem critério de avaliação e consciência. É preciso acuidade na leitura. O próprio Deus nos orienta para ler e meditar. Isto significa que captamos o evangelho, tratamos o evangelho lendo e meditando e disponibilizamos o que aprendemos para outros como forma de cumprir o Ide de Jesus para que outros também participe deste processo.

Vivemos num mundo religiosamente confuso. A decrescência nos fundamentos da espiritualidade genuína é um desafio que nos bate à porta diariamente. Somos por natureza místicos e buscamos a qualquer custo e de qualquer forma nos aproximar de Deus. Como dizem, “não importa a sua religião, o importante é crer em Deus”. Será que funciona desta forma? Se o objetivo é a busca de Deus, então, tem processo certo e não a religião certa. Aliás, nenhuma religião nos leva a Deus. A religião criada pelo ser humano é apenas uma conveniência causada pela extrema necessidade em ter um suporte consciente e palpável e a religião vêm ocupando este espaço a milênios. No começo da vida que conhecemos, não existia religião formal. O que sempre existiu é o processo para se chegar a Deus. Geoprocessamento, óbvio, é um processo utilizado em multiplataforma e por multiusuários. O processo na relação com Deus é similar. Não importa qual a plataforma emocional no seu contexto atual de consternação ou de dúvidas sobre a vida. O possível de Deus é para cada pessoa e a sua graça é para nos beneficiar com a salvação e a superabundante graça nos mantem firmes no amor primordial de Deus. O propósito da graça é destinado aos multiusuários. O que dificulta muito a relação com Deus é que o conhecemos através de meios ilícitos e inadequados. Já expus numa reflexão anterior que as pessoas têm sede espiritual e buscam saciar esta sede em fontes inóspitas.

Qual é o verdadeiro caminho? Qual a verdade sobre Deus? Quem é capaz de trazer informações confiáveis e que não agridem o meu jeito de ser e nem o contexto cultural a que pertenço? São questionamentos difíceis, porém, solúveis na perspectiva bíblica. Mas, a bíblia não é o livro dos “crentes evangélicos”? A proposta inicial desta reflexão é dirimir as dúvidas e diluir o peso da insegurança que todos possuem, inclusive os ateus. Talvez, muitos ateístas o sejam pela dificuldade em absorver as informações acumuladas. Como explicar Deus usando palavras? Ninguém conseguiu explicar Deus, pois, não se trata de uma relação ambígua quando se dispõe do produto e do manual. Confiar em Deus é, primeiramente, desarmar-se dos conceitos humanos e se dispor a aceitar o sobrenatural como algo perceptível. O foco deve estar em Deus e não no ser humano e muito menos na religião. Deus não criou qualquer religião. Deus enviou seu filho Jesus Cristo como o único caminho para se chegar a Deus. Durante todo o processo empreendido por Jesus na terra, os seus maiores inimigos estavam na religião. A religião é inimiga de Deus. Em absoluto não quero “demonizar” as igrejas ou qualquer instituição religiosa. O que relevo a importância na espiritualidade é a relação com Deus independentemente do contexto religioso. Cada organização que se apresenta como religiosa é meramente conveniente no atendimento cultural e social ao contexto a que ela pertence. Porém, se a mensagem vem de Deus, então, os frutos irão revelar se esta instituição está no processo de depuração espiritual. Se a mensagem que fala de Deus não for condizente com o evangelho que O apresentou ao ser humano, então, deve-se questionar, como já disse, e ser diluído pelo evangelho que é o filtro que extrai a água da vida.

A finalidade de qualquer processo no contexto espiritual não é ratificar a religião, mas, é beneficiar as pessoas e tudo o que a envolve. Seja parte deste processo de transformação de vidas com atitudes que revelem a verdadeira religião no amparo às pessoas necessitadas e se manter fora da corrupção generalizada. Esta corrupção é ampla e profunda que atinge diretamente os princípios do evangelho e precisamos a cada dia e a todo momento renunciar a oferta de valores que a sociedade tenta nos impingir.

cps novembro de 2021

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