Venancio Junior
Sou um profissional de Geoprocessamento. Para quem
não sabe, grosso modo, é captar, tratar e disponibilizar informações
alfanuméricas para os seus devidos fins.
Mas, o mundo não nasceu digital e tudo era bem mais
complicado. No começo de tudo, em 1988, era tudo na prancheta sendo um
profissional de desenho técnico e toda as informações ainda eram
disponibilizadas no papel. Uma época difícil que exigia deslocamento físico
para conseguir informações simples. Quem conhecia os arquivos não precisava
mais que alguns minutos para obter e quem não conhecia ficava muito tempo para
conseguir a informação. Com o advento do mundo digital, praticamente tudo
começou a mudar para melhor principalmente no relacionamento de dados. Alguns
desavisados afirmavam que agora qualquer um poderia desenvolver os trabalhos
que somente os especialistas conseguiam. O tempo foi a melhor resposta e os
especialistas (mais do que nunca) conseguiam desenvolver o trabalho e avançar
na busca de novas soluções. Enquanto isto, os ainda desavisados ficaram para
trás e se mantiveram na ignorância.
Sou do tipo que mantenho os pés e as mãos no
presente e a mente no futuro. Em 1999 Deus concedeu-me a oportunidade em conhecer
e ter o primeiro contato com esta estrutura revolucionária do geoprocessamento.
Nesta época, este processo ainda engatinhava, além dos recursos serem bem
escassos, o conceito ainda era indefinido com pouca caminhada e muito trecho a
percorrer. Diante deste horizonte promissor, logo no início de 2000 fiz o meu
primeiro curso de especialização em geoprocessamento e assim começava uma
grande e excitante jornada. Obviamente que me iludi julgando que as pessoas
aceitariam esta inovação se prontificando, dispostos a colaborar e somar
esforços para que se construísse uma estrutura que favoreceria a todos. Para
enfrentar estes desafios e superar as dificuldades que, na maioria das vezes
surgia no próprio contexto de trabalho, optei em mudar a perspectiva sem que
precisasse mudar o cenário e nem os personagens. Empunhei a bandeira da
eficiência desenvolvendo ideias e gerando soluções, pois, os recursos e o apoio
eram limitados. Consciente de que o mundo digital é muito cruel, se algo não
funciona, é logo descartado, cai no desuso e em pouco tempo ninguém mais vai se
lembrar, expus que todo o trabalho tem de ter como referência a estrutura do
projeto e não as pessoas que mudam sem comprometimento do trabalho que está
sendo desenvolvido. Diante deste cenário, fiz o que precisava que resultasse em
praticidade no acesso as informações. Lembro que o geoprocessamento tem a
função de centralizar este acesso independentemente do número de pessoas ou do
software utilizado. Diria que é um processo de multiusuário e multiplataforma utilizando
e acessando respectivamente a mesma base de dados.
Todo profissional busca a sua realização pessoal e
se esforça para atingir este objetivo. Atualmente, considerando as conquistas e
os benefícios oriundos, julgo-me como um profissional bem-sucedido. Não
financeiramente (nada a reclamar), mas, tecnicamente. Não tenho conhecimento
profundo em geografia e nem em tecnologia da informação que são os pilares
deste processo. Meu conhecimento se limita a disponibilização de informações ao
acesso público, ora coletadas, criando caminhos sem percalços. Tudo isto é
fruto de iniciativa própria ou experiências na relação com colegas de trabalho.
Exatamente neste ponto do relacionamento que quero
discorrer esta reflexão. Em qualquer relação, seja profissional ou pessoal, há
crescimento mesmo que tenha desgaste ou atritos, de certa forma, inevitáveis
porque faz parte do processo. O importante é como reagimos a estas
contrariedades que é onde acontece o crescimento ou não. Mas, o que Deus tem a
ver com tudo isto? Tudo a ver e vamos utilizar esta metáfora bastante
interessante. Reafirmo que a relação com Deus acontece quase a mesma coisa. Tem
atritos, incompatibilidade de gênios, desgaste e tudo o que uma boa relação
possui. Nossa relação com Deus como discípulo é como um geoprocessamento que é
um processo para identificar/coletar as informações trituradas da nossa vida
pregressa de pecado, tratar da forma adequada e disponibilizar a nossa vida no
relacionamento com outras pessoas. Somos multiplataforma com as
nossas diferenças que são preservadas e o contexto cultural e social muito
diferentes em que fomos criados. Para Deus, isto é indiferente, pois, o
importante é convergir estas multilateralidades a Deus. Desta forma, seremos,
de fato, discípulos e quem está pessoalmente empenhado neste processo é o Espírito
Santo que capta, trata e disponibiliza a nossa vida para servir a Deus
ressignificando integralmente a nossa vida.
Vamos considerar Deus (como se dependesse de nós
qualquer consideração sobre Ele) a causa central da existência. Deus quando se
manifestou, se tornou “perceptível” através do teu Santo Espírito. Desta forma,
também se tornou accessível. As pessoas poderiam se chegar a Deus, conversar
com Deus e se relacionar com Deus. A princípio, só existia uma forma de se
chegar a Deus através dos seus signatários sacerdotes Abraão, Moisés, Josué e
tantos outros escolhidos pelo próprio Deus para passar a informação do Reino
porque ainda não existia a bíblia, sequer existia papel. Continuando esta
metáfora, podemos identificar as pessoas como os multiusuários e
a multiplataforma sendo a individualidade de cada um. Dentro desta
lógica, percebe-se que não importa quem falou sobre Deus e nem onde isto
aconteceu. O que importa é chegar-se a Deus que é o propósito principal. As
informações que temos sobre Deus estão contidas na palavra revelada que é a
bíblia. Estas informações não devem ser absorvidas de qualquer jeito sem
critério de avaliação e consciência. É preciso acuidade na leitura. O próprio
Deus nos orienta para ler e meditar. Isto significa que captamos o evangelho,
tratamos o evangelho lendo e meditando e disponibilizamos o que aprendemos para
outros como forma de cumprir o Ide de Jesus para que outros também participe
deste processo.
Vivemos num mundo religiosamente confuso. A
decrescência nos fundamentos da espiritualidade genuína é um desafio que nos
bate à porta diariamente. Somos por natureza místicos e buscamos a qualquer
custo e de qualquer forma nos aproximar de Deus. Como dizem, “não importa a sua
religião, o importante é crer em Deus”. Será que funciona desta forma? Se o
objetivo é a busca de Deus, então, tem processo certo e não a religião certa.
Aliás, nenhuma religião nos leva a Deus. A religião criada pelo ser humano é
apenas uma conveniência causada pela extrema necessidade em ter um suporte
consciente e palpável e a religião vêm ocupando este espaço a milênios. No
começo da vida que conhecemos, não existia religião formal. O que sempre
existiu é o processo para se chegar a Deus. Geoprocessamento, óbvio, é um
processo utilizado em multiplataforma e por multiusuários. O
processo na relação com Deus é similar. Não importa qual a plataforma emocional
no seu contexto atual de consternação ou de dúvidas sobre a vida. O possível de
Deus é para cada pessoa e a sua graça é para nos beneficiar com a salvação e a
superabundante graça nos mantem firmes no amor primordial de Deus. O propósito
da graça é destinado aos multiusuários. O que dificulta muito a relação com
Deus é que o conhecemos através de meios ilícitos e inadequados. Já expus numa
reflexão anterior que as pessoas têm sede espiritual e buscam saciar esta sede
em fontes inóspitas.
Qual é o verdadeiro caminho? Qual a verdade sobre
Deus? Quem é capaz de trazer informações confiáveis e que não agridem o meu
jeito de ser e nem o contexto cultural a que pertenço? São questionamentos
difíceis, porém, solúveis na perspectiva bíblica. Mas, a bíblia não é o livro
dos “crentes evangélicos”? A proposta inicial desta reflexão é dirimir as
dúvidas e diluir o peso da insegurança que todos possuem, inclusive os ateus.
Talvez, muitos ateístas o sejam pela dificuldade em absorver as informações
acumuladas. Como explicar Deus usando palavras? Ninguém conseguiu explicar
Deus, pois, não se trata de uma relação ambígua quando se dispõe do produto e
do manual. Confiar em Deus é, primeiramente, desarmar-se dos conceitos humanos
e se dispor a aceitar o sobrenatural como algo perceptível. O foco deve estar
em Deus e não no ser humano e muito menos na religião. Deus não criou qualquer
religião. Deus enviou seu filho Jesus Cristo como o único caminho para se
chegar a Deus. Durante todo o processo empreendido por Jesus na terra, os seus
maiores inimigos estavam na religião. A religião é inimiga de Deus. Em absoluto
não quero “demonizar” as igrejas ou qualquer instituição religiosa. O que relevo
a importância na espiritualidade é a relação com Deus independentemente do
contexto religioso. Cada organização que se apresenta como religiosa é
meramente conveniente no atendimento cultural e social ao contexto a que ela
pertence. Porém, se a mensagem vem de Deus, então, os frutos irão revelar se
esta instituição está no processo de depuração espiritual. Se a mensagem que
fala de Deus não for condizente com o evangelho que O apresentou ao ser humano,
então, deve-se questionar, como já disse, e ser diluído pelo evangelho que é o
filtro que extrai a água da vida.
A finalidade de qualquer processo no contexto espiritual não é ratificar a religião, mas, é beneficiar as pessoas e tudo o que a envolve. Seja parte deste processo de transformação de vidas com atitudes que revelem a verdadeira religião no amparo às pessoas necessitadas e se manter fora da corrupção generalizada. Esta corrupção é ampla e profunda que atinge diretamente os princípios do evangelho e precisamos a cada dia e a todo momento renunciar a oferta de valores que a sociedade tenta nos impingir.
Renúncia no contexto da salvação é jamais tentar readequar Deus ao seu modo de vida.
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