Venancio Junior
Imagine
como é a vida das pessoas que frequentam as grandes festas e eventos de alto
nível, onde tudo é de primeira qualidade? Numa exposição de carros de luxo,
tudo é lindo e maravilhoso, impecavelmente limpo e cheiroso. A qualidade dos
carros causa emoção indescritível nos aficcionados pelo automobilismo. Até
mesmo nos “break-fest” servem produtos de excelente qualidade e sabores
diversos e insuperáveis feitos por empresas de alimentos renomados e premiados.
As pessoas que organizam visam um público de grande poder aquisitivo de fino
trato e gosto indiscutível. Este público é composto por pessoas que prezam pela
qualidade e não mede esforços em possuir o que querem investindo grandes somas
de dinheiro. Moram em áreas nobres composta por condomínios fechados de alto padrão,
frequentam os melhores restaurantes e viajam de férias anualmente de primeira
classe para lugares paradisíacos. Estas pessoas são chiques, cuidam da beleza
exterior e, muitas delas também cuidam da saúde frequentando as melhores
academias, os melhores clubes, vão ao estádio assistir o time do coração e tem
cadeiras cativas na ala destinada somente aos privilegiados sócios. Finais de
semana e nos feriados prolongados o destino são os resorts do litoral
reservados somente a elite. Outro entretenimento muito bem frequentado por esta classe são os cruzeiros de luxo nos gigantescos transatlânticos que possuem praticamente tudo, piscina, quadras de tênis, boates, academias e tudo o que o luxo pode oferecer sem dar qualquer chance ao tédio de uma viagem em alto-mar. E ainda tem as disputadas festas com a presença de
celebridades dos mais diferentes segmentos. Muita comida e muita música. Tudo
isto para aliviar a carga da rotina intensa ocupada na maioria pelo “trabalho duro”.
Uma vida que é um sonho para qualquer pessoa de bem. Com tanta atividade e
consumos de qualidade, a tristeza, pelo jeito, não tem vez neste contexto.
Será!?
Imagine
se as pessoas que frequentam este mundo de ostentação restrito a pouquíssimos
privilegiados tivessem o mesmo nível de qualidade daquilo que consomem no caráter? O lado reverso de cada uma destas pessoas,
provavelmente seja muito diferente do mundo em que vivem. A maioria constrói a
sua imagem considerando o contexto luxuoso das suas vidas. Conquistam a
confiança das pessoas (a maioria invejosas) baseada na qualidade dos produtos que consomem. Quanto
mais se consome, mais se iludem de que o valor das suas vidas acompanha o
padrão de qualidade certificado e quanto mais consomem, mais se sentem valorizadas. Em
hipótese se relacionam com alguém que não pertença ao mesmo mundo de glamour. Por sinal, sequer sabem que existem pessoas pobres. Já ouvi alguém dizer que não sabia que existiam bairros pobres na cidade e, pior, ainda tinham pessoas que (sobre)viviam nestes lugares. O
problema maior destas pessoas altamente consumistas é que nunca se satisfazem e a busca para
sustentar a imagem de sucesso se torna obsessiva. O livro de Eclesiastes 5:10 observa
esta questão: "Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama
as riquezas nunca ficará satisfeito com o que ganha". Quem está fora
deste mundo chique se consola com o ditado de que o dinheiro não traz felicidade. Quem
está dentro completa esta frase dizendo que o dinheiro não traz felicidade,
mas, manda comprar. Estas pessoas não admitem fracassos em suas vidas e fogem e as vias de fuga quando a riqueza não mais satisfaz são o vívio das drogas, da bebida e do sexo. Consomem sem critério, sem limites e sem pesar o que as consequências poderão trazer que é a ruina. As festas das celebridades
têm no seu cardápio vip quantidade de drogas e bebidas que valem uma
pequena fortuna. O sexo faz parte do pacote com mulheres lindas contratadas para este fim deplorável. Sexo sem limite, com quem quiser e quando bem entender como se mulher fosse um bem de consumo. A perversidade atingiu outros patamares e agora o sexo não é mais exclusividade da distinção de gêneros. As drogas estão à disposição como aperitivos. Quem pensa que os pobres da periferia é que sustentam os
traficantes, engana-se. Os maiores consumidores pertencem a classe média alta e
os traficantes também são "pessoas do bem" e frequentam o mesmo mundo da elite por questão de estratégia. O
tráfico nunca vai acabar enquanto as pessoas ricas e famosas forem os
principais clientes. Existem os clientes anônimos também que são ricos, porém,
não tem fama e, sem generalizar, estão "infiltrados" na classe política, empresarial e jurídica. Mexer com
eles teria que “virar a própria mesa”, mas, falta coragem porque o que aconteceria com a reputação? São totalmente dependentes dos efeitos
das drogas e do consumo excessivo de bebidas para se distraírem porque não
possuem dificuldades para viver. Isto é uma demonstração clara da total
dependência, não somente das drogas e da bebida, mas, também do dinheiro para
ser feliz. O dinheiro é o deus a quem servem. E se o dinheiro acaba? Será que
as pessoas pobres são infelizes por não ter dinheiro sobrando para consumir além
do essencial?
Não vou entrar num embate envolvendo a psicologia e nem a psiquiatria porque, obviamente, não sou profissional destas áreas. Sei que muitos evitam abordar estes problemas na ótica bíblica. Ainda existe muito preconceito em relação ao que a bíblia fala sobre tudo o que envolve o ser humano. A bíblia, não somente cuida das questões espirituais, mas, também das que afligem o ser humano na área da psicologia. A perspectiva bíblica aborda com precisão cirúrgica a relação do ser humano com o dinheiro e suas consequências. No texto de I Timóteo 6 há uma exortação muito pesada e desafiadora “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” I Timóteo 6:9,10. A maioria destaca este último trecho fora do contexto dando uma conotação generalizada. Paulo não afirmou que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males possíveis e imagináveis, mas, ratificou que é de todos os males daqueles que querem ficar ricos. Esta carta de Paulo foi destinada a Timóteo que era o seu filho na fé e estava em Éfeso. Paulo era específico relatando os problemas que envolviam as igrejas sob os seus cuidados. Observo que o problema não é o dinheiro ou ser rico, mas, amar as riquezas e se sacrificar por ela. Observe o texto de Mateus 5:3 em que Jesus discorre sobre as bem-aventuranças: "Bem-aventurados os pobres de espírito...". Pobre de espírito é alguém que também possui riqueza, porém, o coração está desvinculado daquilo que possui, seja pouco ou muito. A maior riqueza que alguém pode ter é a generosidade ajudando os fracos com os próprios recursos. Para isto é preciso ser livre do amor ao dinheiro. Leia o texto de Atos 20:35 em que Paulo faz um alerta de que todo o seu sustento foi obtido com o trabalho árduo de suas próprias mãos e ajudou na medida do possível a todos com generosidade. Esta palavra é proibida aos ricos que consideram a generosidade como uma loucura. Porque tem de ajudar os pobres? A bíblia distingue o pobre do mendigo. O pobre pode mendigar o pão e não ser um mendigo. Paulo afirmou que quem não quiser trabalhar que também não coma (I Tessalonicenses 3:10). Em Provérbios lemos que o preguiçoso tem de seguir o exemplo da formiga (Provérbios 6:6). O pobre é aquele que trabalha e se esforça para ganhar o seu sustento e recebe uma quantia insuficiente para ter um mínimo de dignidade, por isto precisa ser ajudado. Qual o sentido em doar àqueles que tem pouco daquilo que se conseguiu com sacrifício? Isto seria como um balde de água fria no orgulho e na vaidade. As pessoas chiques não sabem que dar um pouco de si mesmo aos outros é muito mais que um luxo, é essencial para ser plenamente feliz e satisfeito. Esta é a regra que deve ser aplicada na relação com o dinheiro. Isto é loucura para os que se perdem. “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; ...Para que nenhuma carne se glorie perante ele” I Corintios 6:27 e 29. “...pois, “não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro" Mateus 6:24b. Coloquei os dois textos de autores diferentes propositadamente porque um complementa o outro. A pessoa se julgando merecedora da riqueza, busca com obsessão cada vez mais e ter muito nunca será o suficiente se tornando o seu escravo. Não se iluda julgando que pelo fato de a pessoa ser pobre, não exista o amor ao dinheiro. O pobre pode ter muito mais orgulho e desejo pelo dinheiro do que o rico. A questão não é possuir ou não possuir em qualquer quantidade, mas, a qualidade da relação com o dinheiro é que faz toda a diferença. O ganancioso tem uma má qualidade na relação com o dinheiro, enquanto que o humilde tem uma boa qualidade. A oferta da viúva pobre é o maior exemplo em não ser escravo do dinheiro. Foi alguém genuinamente rico em generosidade. Em nenhum momento demonstrou que a intenção era se vangloriar porque deu tudo o que tinha. Uma pessoa rica iria rir daquela atitude, pois, o valor era de alguém com poucos recursos, porém, Deus não se preocupa com a pobreza da soberba do rico, mas, com a riqueza da humildade do pobre.
Motivos para ser generoso não faltam. Há muitas pessoas necessitadas, não somente de dinheiro, precisam também de palavras de incentivo, um abraço envolvente, uma disposição voluntária e atitudes que farão diferença na vida delas. Não seja seletivo ao fazer o bem. Não pense em ajudar como desencargo de consciência pensando mais em si mesmo. Também não é para demonstrar que seja uma boa pessoa. Lembre-se: "Quando ajudar alguém que precisa, que a mão esquerda não saiba o que mão direita está fazendo" Mateus 6:3.
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