quarta-feira, 29 de maio de 2024

NATUREZA DECAIDA

Venancio Junior

Após a queda, Deus nos deixou à mercê de todas as possibilidades por causa do pecado. O mundo sofreu uma desconfiguração e se tornou natureza decaída. Pecar tornou-se algo normal e o pior de tudo é que absolutamente ninguém está livre de pecar por mais “boazinha” que a pessoa seja. Cada um tem as suas fraquezas ou os seus podres e deverá colocar diante de Deus para alcançar misericórdia e a graça do perdão. Não adianta “espernear” ou fazer sacrifícios, Deus não nos livra do pecado, pois, o principal propósito do processo de salvação é libertar da condenação do pecado. Enquanto vivermos nesta dimensão, será indissoluto e precisamos ter um comportamento abjeto em relação a esta propensão pecaminosa. Cada pessoa tem a sua tendência carnal, inclusive Paulo que tinha também o seu "espinho na carne" e Deus não o livrou daquele tormento dizendo que tinha o propósito em aperfeiçoá-lo na fraqueza (I Coríntios 12:9). Muitos defendem que é algo que faz parte da sua natureza íntima e não tem como lutar contra. Porém, reafirmo que a natureza em questão é decaída. Paulo relacionou algumas das tendências desta natureza decaída e foi bem radical e não poderia ser de outra forma. A salvação não tem conveniência e muito menos o “jeitinho brasileiro”. Leia o texto: "Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus" I Coríntios 6:9,10. O ponto mais controverso atualmente é a homossexualidade. Alguns dizem que houve uma tradução equivocada. Mas, porque somente um destes "pecados relacionados" é questionada a tradução, conveniência? No livro de Levíticos 18:22,23 milênios antes de Paulo, Moisés fez esta exortação ainda mais explícita porque as práticas imorais já existiam no meio do povo. "Nenhum homem deverá ter relações com outro homem; Deus detesta isso...". Mas, o homossexualismo condenado é somente masculino? Em Romanos 1:26b Paulo enfatiza "Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza". A tendência da natureza decaída é se contrapor à natureza original da criação. Como cada pessoa deve reagir diante daquilo que a domina? O imoral gosta de viver na imoralidade. O idólatra sempre coloca uma "fezinha" no seu ídolo de estimação. O homossexual se sente atraido por alguém do mesmo gênero. O adúltero não consegue colocar um basta nas suas tendências em se unir a estranhos. O ladrão sempre tem aquele desejo de se apropriar daquilo que não lhe pertence. O alcoólatra não pode se relacionar socialmente onde a bebida tem fácil acesso. E assim, cada um de nós temos as nossas fraquezas. O mesmo direito ao respeito que os homossexuais exigem, o ladrão, o mentiroso e o adúltero também tem. Imagine ouvir estes protestos: Respeitem a minha liberdade em mentir! Respeitem a minha liberdade em adulterar! Respeitem a minha liberdade em roubar! Nascemos com as nossas fraquezas, pois, não escolhemos a nossa perversidade. O que podemos escolher é permitir que esta tendência da natureza decaida nos domine ou dizer não a esta má influência. Temos um caminho que é o de amar como Deus ama a todos sem distinção! Mas, e aquelas pessoas que tendem a praticar aquilo que a bíblia afirma que Deus detesta? Continuar amando. Cada pessoa é responsável por si. Não devemos rejeitar ninguém com julgamento. Ser amado por Deus é um direito que o próprio Deus nos concedeu deliberadamente. Como em todo processo, o direito está intrinsecamente associado a responsabilidade. Seremos questionados diante de Deus se tínhamos ciência da responsabilidade para que o amor de Deus chancele a nossa salvação. Não adianta conhecer e não obedecer. Leia o texto de João 14:21: "Aquele que tem os meus mandamentos e obedece a eles, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e Eu também o amarei e me revelarei a ele". Este texto fala sobre direito e responsabilidade. O amor de Deus é incondicional para conceder o direito de salvação a todos. Mas, é preciso ter responsabilidade e obedecer para legitimar o amor a Deus.

Julguei propício a abordagem deste tema porque há uma confusão na interpretação do que é pecado. O texto de I Coríntios na ótica humana é bem cruel. Paulo não expressou a sua opinião. Em algumas das suas abordagens, por exemplo, aos solteiros, ele é explícito afirmando que não tem mandamento e expressou a sua opinião pessoal o que não é este caso. Todos querem ir para o céu e já contam com a certeza de que o amor de Deus é muito maior que os nossos pecados, porém, sem critérios e, principalmente, sem arrependimento. A maioria das pessoas considera que basta ser boa pessoa, pagar as contas em dia, respeitar as leis de trânsito, não estacionar em vagas especiais, não matar e não roubar que esteja tudo certo para garantir a salvação. Esta é uma teologia da conveniência que é adequar o evangelho na conformidade humana. Paulo na sua carta aos Romanos 12:2 exorta: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Quando houve a queda, Deus nos colocou para fora da sua presença. O único pecado considerado por Deus é estar fora da sua presença. Tornamo-nos imperfeitos sem qualquer chance de salvação e pecar é a condição normal padrão a que fomos submetidos não importando se é pessoa boa ou não. A concepção de bondade válida é a de Deus, pois, é o criador soberano. A bondade aos nossos olhos é uma conformidade humana que muitos adotaram como referência. O problema é que se ignora o processo de recondução do ser humano à presença de Deus. Não é tão simples como se imagina ou queira. Deus quer que todos sejam salvos (I Timóteo 2:4) e a sua graça é superabundante e a sua misericórdia é inesgotável. Deus se envolveu pessoalmente na pessoa de Jesus Cristo no resgate do ser humano, afinal, é criação tua e desde sempre amou cada criatura e continuou amando, mesmo após o pecado. O amor de Deus não é e nunca foi seletivo. Escolheu a todos antes da fundação do mundo. Para a ala cristã reformada, há uma única interpretação de que esta escolha seria um prenúncio de que a queda já estaria nos planos de Deus e já definiu quem seriam os privilegiados herdeiros do Reino. Mas, porque, então, expulsou a todos da sua presença (Romanos 3:23) e não somente aqueles que sabia que não seriam salvos? A soberania de Deus é tão ampla que se dá ao luxo de anular em parte algumas das suas atribuições, por exemplo, a pré-ciência. Deus já sabe quem será salvo e quem não será salvo? Eu creio que ele faz questão de não saber. Existe uma brincadeira de gente grande quando surge uma fofoca sobre alguém e a pessoa diz que “não sabe, não quer saber e tem raiva de quem sabe”. Acho que Deus se comporta desta maneira. Se Deus se permitisse saber, então, talvez esteja brincando de Deus e sendo cruel com a raça humana. Para o quê serviria o plano de salvação? Jesus Cristo seria um fantoche diante do cenário trágico da humanidade? A morte de cruz e a ressurreição foi um deboche para aqueles que não foram escolhidos? Primeiramente, Deus se alegra por um pecador que se arrepende. "Eu digo que, da mesma forma, há alegria na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" Lucas 15:10. Alegria é expressão inesperada. Se há alegria para quem se arrepende, provavelmente haja tristeza que é frustração inesperada por aqueles que se perdem. Deus se entristece com aquele que ouve a palavra e não se arrepende. A tristeza faz parte da natureza humana cuja essência está na semelhança da composição trinitária do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Eu creio no amor pleno de Deus por nós. Quando Deus no processo da criação viu que tudo era bom, estava demonstrando que tudo foi feito com muito amor, inclusive, o ser humano. Ser (presente indicativo) humano é imagem e semelhança de Deus. Será que somos de todo mal? Afinal, somos feituras de Deus. A maldade entrou na dimensão porque Deus permitiu que assim o fosse. Qual o propósito? Se Deus fosse um tirano autoritário, simplesmente não permitiria que houvesse escolha entre o bem e o mal. Como agem os ditadores? Eliminam os seus opositores e toda suspeita de males que poderia prejudicá-los. Deus fez diferente e em amor permitiu que o mal fizesse parte da história para que fosse completa o que é diferente de perfeita. Deus criou o mal (Isaias 45:7) porque é completo e é perfeito porque é amor.

Qual a característica do amor que Deus empreende no relacionamento com o ser humano? No mundo jurídico existem as leis civis que definem os direitos e responsabilidades do cidadão. As leis de Deus também definem os direitos e responsabilidades do ser humano no relacionamento com Deus não somente dentro do processo de salvação para que não haja equivalência de interesse. E a salvação não é um direito adquirido por mérito através de sacrifícios. Fomos criados exclusivamente para adorar a Deus.

Será que o pecado foi um acidente de percurso? Não foi porque Adão e Eva sabiam o que estavam fazendo. As pessoas sabem que estão pecando e na iminência de não ter certeza da salvação procuram interpretações convenientes e julgam que Deus não manda ninguém ao inferno. Deus já mandou, pois, todos pecaram. Não foi assim diretamente e o inferno foi criado para o diabo e seus anjos (Mateus 25:41). Mas, qual o destino daqueles que estão fora da presença de Deus? Não adianta ter ódio do diabo e desprezar o inferno. O acesso ao Reino de Deus é através de Jesus Cristo pela sua justificação. Muitos julgam que odiar o mal seja o suficiente para ter certeza da salvação. É preciso amar a Deus acima de todas as coisas e isto implica cumprir com a responsabilidade e não somente se iludir exigindo os seus direitos.

VIVER E SOBREVIVER

Venancio Junior

No mundo dos vivos, a maioria quer viver. Luta para ter saúde, dinheiro e algo mais. Até mesmo os suicidas. Talvez sejam os que mais querem viver, porém, sem o sofrimento que os afligem. Eles querem viver e jamais sobreviver com a pressão psicológica que os escravizam e consome a alegria, o prazer e a esperança de serem felizes. Como não conseguem, então, põem um fim a vida da forma mais trágica que existe. Viver sem paz não é viver, mas, sobreviver. Só pelo fato de que para qualquer coisa que se faça para ssatisfazer algum desejo ou por necessidade precisa de muito esforço e até mesmo sacrifício já é um indício de que a melhor definição é mesmo que sobrevivemos.

Quando se fala em viver, destaco que é um verbo plenamente absoluto. Viver é diferente de estar vivo. Óbvio que, para viver precisa se estar vivo. Quando se fala que alguém quer viver a sua vida, a vontade é muito maior daquilo que se consegue e as vezes nem consegue. No contexto pleno de viver não há riscos e nem ameaças. Podemos concluir que no mundo atual ninguém vive no sentido de ter segurança de que não haverá riscos e ameaças e tudo acontecerá como se imaginou. Então, alguma coisa não está do jeito que se imagina. Se perguntarmos a cada pessoa se vive sem riscos e tem certeza de que tudo dará certo, a resposta não será afirmativa. Qualquer pessoa corre riscos e ameaças. A vida é violenta e insegura na questão urbana, financeira e na saúde. Podemos dizer que não vivemos, mas, sobrevivemos. Ninguém vive, mas, sobrevive, inclusive, os animais e vegetais. Todos que possuem o sopro de vida nascem para sobreviver e não para viver. Viver pertence a uma dimensão de um mundo perfeito. Sobreviver pertence ao mundo atual confuso e inseguro. Para muitos, este conceito de viver é uma utopia.

O único mundo perfeito que se sabe é o popularmente conhecido como céu ou o teologicamente estudado Reino de Deus. O mundo a que me refiro não é o globo terrestre. Também não está na dimensão da atmosfera, da estratosfera e nem no infinito universo. Afinal, onde se localiza este lugar perfeito? Sendo mais específico, por onde se acessa este lugar? O profeta João descreveu a sua visão metafórica do novo céu e da nova terra. Assim o descreveu: “Depois vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia mais. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus. Ela estava vestida como uma noiva enfeitada para o seu marido. Então ouvi uma voz forte que vinha do trono, dizendo: - Agora, a morada de Deus vai ser com os homens. Deus habitará com eles e eles serão povos de Deus. Então, o próprio Deus estará com eles e Ele lhes será por Deus. Deus enxugará todas as lágrimas de seus olhos e a morte já não existirá mais. Não haverá mais luto, nem choro e nem dor, porque as coisas velhas já passaram” Apocalipse 21:1 a 4. Perceba que tudo referente a vida na concepção que apresentei no início como propósito desta reflexão, foi abordado por João neste trecho. No início ele fala que o céu, a terra e o mar já não existem mais porque pertenciam à dimensão que sofreu desfiguração por causa do pecado. Tudo se fez novo. Algumas coisas são no sentido figurado, por exemplo, a nova Jerusalém é uma referência a antiga cidade de Jerusalém idolatrada pelos judeus. Pode ser que seja também a igreja porque se referiu como noiva e na bíblia há muitas referências da igreja como noiva de Cristo. O novo Israel também é no sentido figurado que é uma referência ao povo escolhido, não somente judeus, mas, gentios e todos os que foram justificados em Jesus Cristo. O país Israel atual envolvido na guerra na faixa de Gaza nada tem a ver com este novo Israel. A referência a Israel é porque foi o povo escolhido por Deus para apresentar o Salvador da humanidade, Jesus Cristo que, através dEle haveria a justificação aos que cressem. A justificação em Jesus definiu que Ele é a porta de acesso a este novo mundo de vida abundante “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo....eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente”. João 10:9,10b que Ele próprio está preparando “...pois, vou preparar o lugar” João 14:2. Ele também é o caminho: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”. João 14:6. Jesus não falou que é uma “sobrevida”, mas, vida abundante. O mundo porvir é incomparável porque há vida e que nenhum mal existirá. Releia o texto final da visão de João “.... Não haverá mais luto, nem choro e nem dor, porque as coisas velhas já passaram”. João está se referindo a vida plena no exato sentido da palavra sem dificuldades, sem obstáculos, sem tristeza e sem absolutamente qualquer contrariedade. Diante de tantas evidências bíblicas e crendo pela fé, podemos afirmar que na vida terrena atual o que temos é a sobrevida.

Existe um termo que as pessoas quando são questionadas se está tudo bem e respondem que está “sobrevivendo sem nenhum arranhão”. Podemos dizer que ninguém sobrevive sem sofrer alguma escoriação. Todos nós temos as nossas cicatrizes e arranhões. A nossa sobrevida não poupa ninguém. A melhor leitura desta afirmação é que houve mais ganho do que perdas e poderia afirmar que “apesar de tudo, continua feliz”. O contexto da nossa sobrevida é muito difícil. Mais difícil para a maioria que não dispõe de recursos para enfrentar a fome e o frio e que não nasceram numa família que pudesse oferecer o suporte necessário na fase ainda de dependência emocional e financeira. Mesmo as pessoas bem estruturadas sobrevivem porque não estão totalmente protegidas de alguns imprevistos que não dependem necessariamente do dinheiro. As pessoas fisicamente saudáveis também sobrevivem porque não garantem que não sofrerão algum acidente ou problemas de saúde. As pessoas religiosas também sobrevivem porque o próprio Jesus que também sobreviveu devido a diversos fatores que sofreu, inclusive morreu de forma cruel, não estava protegido dos riscos que, como humano, precisava sofrer e afirmou que no mundo teríamos aflições, inclusive, que Ele mesmo sofreu e há vários textos revelando as suas aflições, "Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" João 16:33. Reafirmo que Ele é a porta de acesso a uma dimensão sem riscos e sem sofrimento. Tornou isto possível pela vontade do Pai e a promessa de vida eterna, de fato, é para todos, creia ou não. Porém, o acesso é somente para os que creem.

terça-feira, 14 de maio de 2024

A RIQUEZA DA GENEROSIDADE

Venancio Junior

Imagine como é a vida das pessoas que frequentam as grandes festas e eventos de alto nível, onde tudo é de primeira qualidade? Numa exposição de carros de luxo, tudo é lindo e maravilhoso, impecavelmente limpo e cheiroso. A qualidade dos carros causa emoção indescritível nos aficcionados pelo automobilismo. Até mesmo nos “break-fest” servem produtos de excelente qualidade e sabores diversos e insuperáveis feitos por empresas de alimentos renomados e premiados. As pessoas que organizam visam um público de grande poder aquisitivo de fino trato e gosto indiscutível. Este público é composto por pessoas que prezam pela qualidade e não mede esforços em possuir o que querem investindo grandes somas de dinheiro. Moram em áreas nobres composta por condomínios fechados de alto padrão, frequentam os melhores restaurantes e viajam de férias anualmente de primeira classe para lugares paradisíacos. Estas pessoas são chiques, cuidam da beleza exterior e, muitas delas também cuidam da saúde frequentando as melhores academias, os melhores clubes, vão ao estádio assistir o time do coração e tem cadeiras cativas na ala destinada somente aos privilegiados sócios. Finais de semana e nos feriados prolongados o destino são os resorts do litoral reservados somente a elite. Outro entretenimento muito bem frequentado por esta classe são os cruzeiros de luxo nos gigantescos transatlânticos que possuem praticamente tudo, piscina, quadras de tênis, boates, academias e tudo o que o luxo pode oferecer sem dar qualquer chance ao tédio de uma viagem em alto-mar. E ainda tem as disputadas festas com a presença de celebridades dos mais diferentes segmentos. Muita comida e muita música. Tudo isto para aliviar a carga da rotina intensa ocupada na maioria pelo “trabalho duro”. Uma vida que é um sonho para qualquer pessoa de bem. Com tanta atividade e consumos de qualidade, a tristeza, pelo jeito, não tem vez neste contexto. Será!?

Imagine se as pessoas que frequentam este mundo de ostentação restrito a pouquíssimos privilegiados tivessem o mesmo nível de qualidade daquilo que consomem no caráter? O lado reverso de cada uma destas pessoas, provavelmente seja muito diferente do mundo em que vivem. A maioria constrói a sua imagem considerando o contexto luxuoso das suas vidas. Conquistam a confiança das pessoas (a maioria invejosas) baseada na qualidade dos produtos que consomem. Quanto mais se consome, mais se iludem de que o valor das suas vidas acompanha o padrão de qualidade certificado e quanto mais consomem, mais se sentem valorizadas. Em hipótese se relacionam com alguém que não pertença ao mesmo mundo de glamour. Por sinal, sequer sabem que existem pessoas pobres. Já ouvi alguém dizer que não sabia que existiam bairros pobres na cidade e, pior, ainda tinham pessoas que (sobre)viviam nestes lugares. O problema maior destas pessoas altamente consumistas é que nunca se satisfazem e a busca para sustentar a imagem de sucesso se torna obsessiva. O livro de Eclesiastes 5:10 observa esta questão: "Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas nunca ficará satisfeito com o que ganha". Quem está fora deste mundo chique se consola com o ditado de que o dinheiro não traz felicidade. Quem está dentro completa esta frase dizendo que o dinheiro não traz felicidade, mas, manda comprar. Estas pessoas não admitem fracassos em suas vidas e fogem e as vias de fuga quando a riqueza não mais satisfaz são o vívio das drogas, da bebida e do sexo. Consomem sem critério, sem limites e sem pesar o que as consequências poderão trazer que é a ruina. As festas das celebridades têm no seu cardápio vip quantidade de drogas e bebidas que valem uma pequena fortuna. O sexo faz parte do pacote com mulheres lindas contratadas para este fim deplorável. Sexo sem limite, com quem quiser e quando bem entender como se mulher fosse um bem de consumo. A perversidade atingiu outros patamares e agora o sexo não é mais exclusividade da distinção de gêneros. As drogas estão à disposição como aperitivos. Quem pensa que os pobres da periferia é que sustentam os traficantes, engana-se. Os maiores consumidores pertencem a classe média alta e os traficantes também são "pessoas do bem" e frequentam o mesmo mundo da elite por questão de estratégia. O tráfico nunca vai acabar enquanto as pessoas ricas e famosas forem os principais clientes. Existem os clientes anônimos também que são ricos, porém, não tem fama e, sem generalizar, estão "infiltrados" na classe política, empresarial e jurídica. Mexer com eles teria que “virar a própria mesa”, mas, falta coragem porque o que aconteceria com a reputação? São totalmente dependentes dos efeitos das drogas e do consumo excessivo de bebidas para se distraírem porque não possuem dificuldades para viver. Isto é uma demonstração clara da total dependência, não somente das drogas e da bebida, mas, também do dinheiro para ser feliz. O dinheiro é o deus a quem servem. E se o dinheiro acaba? Será que as pessoas pobres são infelizes por não ter dinheiro sobrando para consumir além do essencial?

Não vou entrar num embate envolvendo a psicologia e nem a psiquiatria porque, obviamente, não sou profissional destas áreas. Sei que muitos evitam abordar estes problemas na ótica bíblica. Ainda existe muito preconceito em relação ao que a bíblia fala sobre tudo o que envolve o ser humano. A bíblia, não somente cuida das questões espirituais, mas, também das que afligem o ser humano na área da psicologia. A perspectiva bíblica aborda com precisão cirúrgica a relação do ser humano com o dinheiro e suas consequências. No texto de I Timóteo 6 há uma exortação muito pesada e desafiadora “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” I Timóteo 6:9,10. A maioria destaca este último trecho fora do contexto dando uma conotação generalizada. Paulo não afirmou que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males possíveis e imagináveis, mas, ratificou que é de todos os males daqueles que querem ficar ricos. Esta carta de Paulo foi destinada a Timóteo que era o seu filho na fé e estava em Éfeso. Paulo era específico relatando os problemas que envolviam as igrejas sob os seus cuidados. Observo que o problema não é o dinheiro ou ser rico, mas, amar as riquezas e se sacrificar por ela. Observe o texto de Mateus 5:3 em que Jesus discorre sobre as bem-aventuranças: "Bem-aventurados os pobres de espírito...". Pobre de espírito é alguém que também possui riqueza, porém, o coração está desvinculado daquilo que possui, seja pouco ou muito. A maior riqueza que alguém pode ter é a generosidade ajudando os fracos com os próprios recursos. Para isto é preciso ser livre do amor ao dinheiro. Leia o texto de Atos 20:35 em que Paulo faz um alerta de que todo o seu sustento foi obtido com o trabalho árduo de suas próprias mãos e ajudou na medida do possível a todos com generosidade. Esta palavra é proibida aos ricos que consideram a generosidade como uma loucura. Porque tem de ajudar os pobres? A bíblia distingue o pobre do mendigo. O pobre pode mendigar o pão e não ser um mendigo. Paulo afirmou que quem não quiser trabalhar que também não coma (I Tessalonicenses 3:10). Em Provérbios lemos que o preguiçoso tem de seguir o exemplo da formiga (Provérbios 6:6). O pobre é aquele que trabalha e se esforça para ganhar o seu sustento e recebe uma quantia insuficiente para ter um mínimo de dignidade, por isto precisa ser ajudado. Qual o sentido em doar àqueles que tem pouco daquilo que se conseguiu com sacrifício? Isto seria como um balde de água fria no orgulho e na vaidade. As pessoas chiques não sabem que dar um pouco de si mesmo aos outros é muito mais que um luxo, é essencial para ser plenamente feliz e satisfeito. Esta é a regra que deve ser aplicada na relação com o dinheiro. Isto é loucura para os que se perdem. “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; ...Para que nenhuma carne se glorie perante ele” I Corintios 6:27 e 29. “...pois, “não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro" Mateus 6:24b. Coloquei os dois textos de autores diferentes propositadamente porque um complementa o outro. A pessoa se julgando merecedora da riqueza, busca com obsessão cada vez mais e ter muito nunca será o suficiente se tornando o seu escravo. Não se iluda julgando que pelo fato de a pessoa ser pobre, não exista o amor ao dinheiro. O pobre pode ter muito mais orgulho e desejo pelo dinheiro do que o rico. A questão não é possuir ou não possuir em qualquer quantidade, mas, a qualidade da relação com o dinheiro é que faz toda a diferença. O ganancioso tem uma má qualidade na relação com o dinheiro, enquanto que o humilde tem uma boa qualidade. A oferta da viúva pobre é o maior exemplo em não ser escravo do dinheiro. Foi alguém genuinamente rico em generosidade. Em nenhum momento demonstrou que a intenção era se vangloriar porque deu tudo o que tinha. Uma pessoa rica iria rir daquela atitude, pois, o valor era de alguém com poucos recursos, porém, Deus não se preocupa com a pobreza da soberba do rico, mas, com a riqueza da humildade do pobre.

Motivos para ser generoso não faltam. Há muitas pessoas necessitadas, não somente de dinheiro, precisam também de palavras de incentivo, um abraço envolvente, uma disposição voluntária e atitudes que farão diferença na vida delas. Não seja seletivo ao fazer o bem. Não pense em ajudar como desencargo de consciência pensando mais em si mesmo. Também não é para demonstrar que seja uma boa pessoa. Lembre-se: "Quando ajudar alguém que precisa, que a mão esquerda não saiba o que mão direita está fazendo" Mateus 6:3.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

A IGREJA DE NOSSOS DIAS

Venancio Junior

A igreja de nossos dias vive uma extensa e profunda crise de integridade. Mesmo o propósito sendo correto, muitos pastores ensinam errado e, apesar de muitos negarem, os fins são escusos. As pessoas têm um destino certo na mente, porém, estão trilhando o caminho errado. Isto descaracteriza a igreja que se torna apenas uma instituição frequentada por pessoas bem-intencionadas. A igreja verdadeira não tem CNPJ, talvez tenha razão social além do propósito em fazer diferença no contexto das empresas, das famílias, dos clubes, das ruas e até aos confins da terra que é onde a igreja que está em cada um de nós deve atuar.

A descaracterização da igreja não é algo recente. Desde o seu início como instituição eclesiástica quando foi lançado os seus fundamentos por Jesus Cristo, a igreja nunca teve sossego, pois, a sua função é se contrapor ao sistema que, de um lado, há o império político controlado pelo capital e do outro uma sociedade libertária que se ilude em defender uma falsa liberdade. A igreja está exatamente no meio para fazer diferença em ambos os lados e de lá nunca saiu e nem deve sair. Tem um texto bíblico que revela este posicionamento imersivo da igreja na sociedade. Saulo ainda era oficial do exército romano e perseguia a igreja. Observo que nesta época, a igreja se reunia nas casas e Saulo mandava invadir e prender os homens e as mulheres recém-convertidos e os que ficavam dispersos continuavam a pregar (Atos 8:3,4). A igreja regular já existia e estava se espalhando.

Os grupos que se denominam como igreja cresce a cada dia e defendem os seus princípios e cada uma delas apresenta o seu deus. Todas são unânimes em assumir que seguem o evangelho de Jesus Cristo. Conhecemos o velho ditado em que “cada cabeça há uma sentença” e isto não fugiu à regra no surgimento de cada igreja com sua sentença conforme o evangelho que tem sido adaptado para conveniência dos seus principais líderes e seus asseclas. Por exemplo, leia o texto de I Coríntios 6:9,10,11 “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”. Este texto tem algumas coisas que passam desapercebidas. Quando fala sobre os injustos, não está se referindo as pessoas que não tem a bondade como princípio de vida, mas, àquelas que ainda não foram justificadas em Cristo. Outro ponto, “Não erreis”. Se alguém erra é porque está tentando acertar. Então, subentendem-se que a igreja de Corinto era bem-intencionada e tinha a missão de falar sobre a salvação. Porém, provavelmente, estava errando em algumas das coisas citadas por Paulo. A dúvida que surge é, porque somente a palavra “efeminado” que alguns estudiosos pertencentes a linha evangélica progressista afirmam que houve um equívoco na tradução? Somente o adjetivo sodomita já abrange todas as más condutas relacionadas no texto de Coríntios. Paulo foi direto, incisivo e não deixou margem para dúvidas doa a quem doer. Será que roubadores, mentirosos, bêbados, idólatras, ladrões, adúlteros e avarentos não houve também uma má interpretação? Talvez estejam magoados porque foi colocado no mesmo pacote das pessoas literalmente más. Lembro que a pessoa boa na perspectiva humana não é boa na perspectiva de Deus conforme conhecemos no evangelho.

Onde aconteceu a primeira igreja organizada? Conforme o que a igreja da Etiópia acredita e defende, quando Filipe batizou (Atos 8:38) o funcionário eunuco da rainha etíope que cuidava do seu tesouro, teve início, então, a primeira igreja pós-Jesus Cristo. Se considerarmos o mandamento de Jesus “Ide e fazei discípulos” (Mateus 28:19), não teria como contestar esta afirmação dos etíopes, exceto se lermos o texto de João 4:39 em que muitos se converteram em Samaria por causa do testemunho da famosa mulher samaritana do poço que conversou com Jesus (João 4:28,29) que revela que a igreja já estava atuante antes da conversão do eunuco. A própria afirmação de Jesus de que estaria presente onde dois ou três estivessem reunidos no nome dele (Mateus 18:20) demonstra que a igreja já se reunia regularmente.

Após este êxtase quando a igreja ia pipocando aqui e acolá, houve muitos questionamentos. Paulo já havia levado uma rasteira de Jesus e se converteu, sendo um dos principais fundamentalistas do evangelho. Aconteceram alguns embates e discussões no famoso concílio de Jerusalém que foi um divisor de águas da igreja cristã. Surgiu uma dúvida entre os presentes, se os gentios (todos os não judeus) quando se convertessem se precisariam seguir a lei mosaica (lei de Moisés). Pedro respondeu que a salvação era pela graça. Após isto, Tiago, irmão de Jesus e bispo da igreja de Jerusalém ratificou esta decisão em não molestar os gentios que se convertiam. A igreja estava tomando forma, não somente espiritual como o corpo de Cristo, mas, também como instituição eclesiástica. De lá para cá, os seareiros lançavam a semente do evangelho e as que caiam em terra fértil, brotavam e geravam frutos. Assim funciona a igreja lançando a palavra em obediência ao Ide de Jesus.

Muita coisa mudou e o mundo se modernizou com inúmeros recursos que facilitaram a vida e seguem o que Paulo afirmou que utiliza de todos os meios para pregar o evangelho a tempo e fora de tempo. O fundamento do evangelho, mesmo se contextualizando, não acompanha esta mudança e se mantem intacto desde a época dos apóstolos. Se não houve mudança nos fundamentos, por que se prega um evangelho diferente? Algo que não consigo entender é que a igreja é um corpo só em Cristo, porém, há centenas de ramificações doutrinárias. As principais são a conservadora, regular, reformada, pentecostal e a progressista liberal. Dentre estas ramificações existem outras subdivisões e cada uma segue a orientação dos seus “gurus” que se colocam como iluminados. Desta forma a igreja primitiva ficou sufocada neste imbróglio denominacional. Para complicar mais ainda, existem os desigrejados que é a "igreja" que mais cresce no mundo. O que seguem estes que não frequentam nenhuma igreja? Em parte, até concordo porque o mundo institucional religioso está confuso. Mesmo com a proposta de que todos seguem o mesmo Deus independentemente de qual seja a denominação, não tem como respirar e deixar fluir a famigerada sã doutrina defendida pelos nossos antepassados. Observe o que Paulo escreve na carta a Timóteo: “Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos” (II Timóteo 4:3). Esta exortação foi direcionada aos aproveitadores da inocência alheia que distorciam as suas recomendações doutrinárias. Pregam o que as pessoas querem ouvir e jamais falam daquilo que gera arrependimento porque isto machuca o orgulho do pecado.

O que seria esta doutrina sadia que saciaria a nossa sede tal como a mulher samaritana no poço da cidade de Sicar? Parece que as mensagens de Jesus são um tanto quanto evasivas. Quem tem sede vêm a mim e beba. A promessa é de que nunca mais terá sede. Mas, como isto funciona? Ao mesmo tempo que diz “Eis que estou à porta e bato” lemos que Jesus é a porta que conduz a salvação quem entrar por ela terá salvação eterna. Existe duas portas e onde ficam? Outro trecho diz que Deus não faz diferença de pessoas, portanto, todos são iguais perante Ele presumo. Mas, noutro trecho ele chamará somente os escolhidos. Jesus morreu por todos e Deus quer que todos sejam salvos, então, por que somente alguns privilegiados herdarão o Reino de Deus? Todas estas dúvidas são causadas por insistir numa compreensão literal, tal como aconteceu com Nicodemos que imaginou que voltaria ao ventre da mãe e nasceria de novo. Jesus usou de sabedoria para ser compreendido com estas metáforas, mesmo que, a princípio seja difícil assimilar. Primeiro ele chamava a atenção para si e depois despertava a consciência para a sua mensagem. Jesus não queria convencer ninguém, mas, converter o coração a partir de uma mudança também da mente.

A igreja atual é composta por pessoas, na sua maioria, convencidas. Permanecer numa igreja e se envolver em suas atividades sem compreender o evangelho não o torna um discípulo. A compreensão do evangelho é a partir do ouvir a palavra. As pessoas têm ouvido muita besteira, muito mais do que imaginamos. Deus não mandou ninguém falar as besteiras que ouvimos por aí nas igrejas que se reúnem regularmente. As pessoas têm sido iludidas com promessas infundadas e que servem somente para satisfazer o ego de centenas de milhares de pastores. Muitos querendo ser reconhecidos como maiorais porque o orgulho inchou seus egos, não coube mais na função pastoral e assumiram títulos nobres da hierarquia eclesiástica. Os dons espirituais são subterfúgios para causar comoção e uma impressão de alto nível espiritual. Em muitas igrejas há mais emoções que manifestação espiritual. Pense comigo, os dons não é termômetro de espiritualidade. Os dons do espírito se manifestam de forma ordeira e, principalmente objetiva. Nas igrejas de nossos dias acontecem cultos de adoração conforme os líderes preconizam e a exposição da palavra e as músicas muito bem apresentadas provocam arrepios e até mesmo manifestação espiritual. O problema é que quando o culto acaba tudo o que aconteceu cessou com o final do culto. Não rende frutos. Sem querer julgar, mas, conheço muitos evangélicos que tem uma vida diferente fora da igreja. Será que aprenderam errado? Com certeza, não. O problema é que fé sem obras é morta. Viver o que aprendeu é integridade sadia e os frutos acontecem naturalmente.

Jesus é onde se resume a doutrina bíblica e que afirmou para fugir dos falsos profetas e pelos frutos se conhece a árvore (Mateus 7:15,16). Tudo o que estes falsos profetas andam dizendo por aí, caso não seja fundamentado no amor à Deus e ao próximo é passível de desprezo. Jesus nunca enfiou goela abaixo a sua doutrina e sempre procurava relevar à mente da pessoa ouvinte para que tivesse a iniciativa em decidir conscientemente. Tudo o que se faz para o Reino de Deus é em conformidade com a doutrina do evangelho que tem o único propósito em revelar Deus as pessoas para reconduzi-las à sua presença. Igrejas institucionais não tem de acumular dinheiro e nem patrimônio e muito menos os seus pastores enquanto existem milhões de pessoas passando fome e desempregadas. Tanto na camada social, como também, nos problemas emocionais e psicológicos e nos relacionamentos a igreja deve ser atuante e eficaz seguindo a doutrina do evangelho e jamais a do ser humano. O que falta também é a igreja sair da “bolha romântica” e ter a ousadia em confrontar os falsos valores que estão sendo apregoados nos púlpitos com evangelho frívolo e distorcido e nas redes sociais onde o mundo está a cada dia mais explícito nas suas maldades, na corrupção, nos palavrões, na violência, nos roubos, nas mentiras e no sexo explícito que qualquer criança tem acesso pelo celular. E o evangelho tem de ir muito além do explícito conforme o texto de Paulo aos Romanos5:20 “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”. O evangelho tem de avançar muito além dos limites do pecado numa contraofensiva de restauração da vida humana. Por outro lado e no mesmo objetivo, muitos pastores falam de Deus e do evangelho, porém, estão aquém daquilo que o evangelho pode fazer na pessoa porque é apresentado de forma capenga e duvidosa. A igreja também tem de ultrapassar os limites da sua tradição religiosa arcaica e mofada para alcançar as pessoas que sofrem no cativeiro do pecado. Quando se lê um periódico em qualquer formato, percebe-se que os articulistas cristãos não têm a mesma dinâmica e ousadia da sociedade libertária e falam para um público acomodado na liturgia dos seus cultos. É preciso ter o evangelho no coração e intrepidez para viver a integridade e ser igreja para os não convertidos, para os religiosos e para os desigrejados.