terça-feira, 10 de outubro de 2023

ISRAEL: O POVO ESCOLHIDO E OPRIMIDO QUE REJEITOU JESUS

Venancio Junior

Tudo o que se fala sobre Israel em ser o povo escolhido tem de considerar o contexto da trajetória do povo de Deus. Particularmente acho muito estranho e não há referência bíblica considerar que o Israel atual enquanto país seja considerado como sendo o povo exclusivamente escolhido. Não vejo desta forma e muitas das explanações disponíveis na internet e até em pregações as pessoas utilizam erroneamente tudo o que seja relacionado a Israel para extrair comoção nas pessoas. Aquelas que são menos esclarecidas, se tornam mais susceptíveis ao engano e não conseguem construir uma narrativa conforme o texto bíblico que não pode ter uma tradução literal. Caso assim fosse, as afirmações e colocações de Jesus seriam incompreensíveis. Primeiro que não sabemos o porquê Deus escolheu um povo do oriente médio para se manifestar e apresentar o plano de salvação. O que foi exposto é que Jesus teria de ter nascido de forma natural e alguém, obviamente, seria o privilegiado. Os judeus ainda não eram reconhecidamente uma nação e nem um lugar para se estabelecer tinham e saíram do Egito após 430 anos de escravidão em busca da famigerada terra prometida baseada nas promessas do Deus que veneravam. O povo escolhido ainda não era também denominado como Israel, mas, como judeus por causa da Judéia e também como hebreus referentes ao vale de Hebron que fica na Judéia. Israelitas veio do fato de que eram os descendentes da família de Jacó que veio a ser posteriormente a ser chamado de Israel e que era filho de Isaque, irmão mais novo por parte de pai de Ismael de quem descende os palestinos.

Israel é o povo escolhido por Deus para iniciar o projeto de salvação da raça humana e restauração de toda a criação à sua configuração original. Conforme a história, no seu início antes de ser constituído como escolhido, os judeus eram um povo muito sofrido e até os dias atuais é perseguido principalmente pelos descendentes de Ismael, os palestinos que reivindicam também como direito a sua terra prometida porque são filhos do mesmo pai Abraão.

No Antigo Testamento, Israel foi o povo oprimido com promessas de serem bem-sucedidos profetizado por Isaías 61:1. E no Novo Testamento, será que é o mesmo povo oprimido citado no evangelho de Mateus 11:28? Tenho consciência de que todas as promessas de Deus ao seu povo têm como foco o seu Reino vindouro. Muitos confundem os termos, talvez causadas pela ansiedade em viver o Reino de Deus na terra. Isto é impossível. A dimensão do Reino de Deus é absolutamente diferente e os termos utilizados é para compreensão humana. Por exemplo, quem nunca ouviu falar que as ruas do céu são de ouro? Há somente um versículo que fala e fica no livro de Apocalipse quando João descreve a Nova Jerusalém. Que valor teria o ouro no Reino de Deus? Nenhum, porque é uma metáfora baseada naquilo que temos de valor na terra. Qual seria a definição do valor daquilo em que consiste o Reino de Deus que nos “seduziria” para que pudéssemos visualizar? O apóstolo Paulo definiu de forma bem objetiva o Reino de Deus, sendo composto de paz, justiça e alegria do Espírito Santo. Podemos descrever o que Paulo afirmou. Paz porque é um mundo sem conflitos de qualquer espécie. Justiça porque a justificação em Cristo é que proporcionou a herança do Reino. Alegria do Espírito Santo porque é o sentimento e a sensação mais legítima que podemos usufruir. Sem esta alegria não teríamos como sentir a emoção da salvação e de desejar que todos venham a conhecer o amor de Deus.

Quem são os legítimos herdeiros deste Reino? Creio que o texto de Paulo aos Gálatas resume muito bem sem barreiras e sem distinção. “Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa” (Gál. 3:28-29). Descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa esclarece e define quem é o novo Israel e quem é a Igreja dos escolhidos. Judeus, palestinos, árabes, africanos, europeus, latino-americanos são igualmente herdeiros do Reino a partir da justificação em Cristo.

Por que muitos consideram o país Israel ainda como o povo escolhido? Os judeus que compõem o país Israel ainda aguardam o Messias prometido por Deus e rejeitaram Jesus como sendo o libertador da nação de Israel (João 1:11). Jesus não é o messias para libertar exclusivamente a nação de Israel ou somente os judeus, mas, indistintamente veio para todos os que creem (João 1:12). O Israel país, caso não seja uma nova criatura em Cristo, o Messias, terá o mesmo destino daqueles que rejeitam à Deus. Jerusalém também é muito “idolatrada” pelos novos evangélicos. Não podemos confundir a cidade de Jerusalém com a nova Jerusalém. É um sentido figurado para compreendermos que tudo no contexto bíblico será restaurado. A bíblia está em sintonia com o sentimento do povo escolhido e a melhor forma de apresentar este novo céu e esta nova terra é falar daquilo que tradicionalmente tem valor para este povo que é a terra prometida e a cidade santa que é a capital religiosa de Israel. Este grupo que ainda crê nesta teologia é chamado de dispensacionalista e são os mesmos que seguem a teologia da prosperidade. Creem na doutrina da graça de Jesus, porém, valorizam também a tradição judaica que aspira a conquista literalmente da terra prometida liderada pelo messias que, segundo a tradição judaica, ainda não veio. Provavelmente esta crença seja causada pela falta de discernimento, confundem e desejam reviver o mesmo sentimento do povo sendo liberto da escravidão egípcia. Leia o texto de Apocalipse 21:1,2 “Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar sumiu. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo”. João estava falando aos judeus para reacender a esperança da terra prometida que não era mais na vida presente que desapareceu, mas, a terra prometida no Reino de Deus representada neste texto pela nova Jerusalém.

Saiba que todas as promessas de Deus desde o início da trajetória na história que conhecemos são efetivamente aplicadas para o mundo vindouro que será restaurado. “Minha paz vos dou” (João 14:27) não é promessa para a vida presente. A paz de Deus é muito mais do que uma ausência de guerra. A justiça de Deus é para perdoar os erros cometidos ou as transgressões praticadas na terra. Caso Deus considerasse não estabelecer esta justiça, a condenação eterna seria mantida. Quanto a alegria do Espírito Santo, Jesus afirmou que foi enviado prioritariamente como consolador (João 14:16) porque no mundo teríamos muitas aflições para justos e injustos e o Espírito Santo seria o consolador exclusivamente para os justificados em Cristo.

Creia que o novo Israel e a nova Jerusalém é para o povo escolhido que crê “Pois esta é a ordem que o Senhor Deus deu a nós, o seu povo: “Eu coloquei você como luz para os outros povos, a fim de que você leve a salvação ao mundo inteiro.”. (Atos 13:47)

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