Tudo
o que se fala sobre Israel em ser o povo escolhido tem de considerar o contexto
da trajetória do povo de Deus. Particularmente acho muito estranho e não há
referência bíblica considerar que o Israel atual enquanto país seja considerado
como sendo o povo exclusivamente escolhido. Não vejo desta forma e muitas das
explanações disponíveis na internet e até em pregações as pessoas utilizam erroneamente
tudo o que seja relacionado a Israel para extrair comoção nas pessoas. Aquelas que
são menos esclarecidas, se tornam mais susceptíveis ao engano e não conseguem
construir uma narrativa conforme o texto bíblico que não pode ter uma tradução literal. Caso assim fosse, as afirmações e colocações de Jesus
seriam incompreensíveis. Primeiro que não sabemos o porquê Deus escolheu um
povo do oriente médio para se manifestar e apresentar o plano de salvação. O que
foi exposto é que Jesus teria de ter nascido de forma natural e alguém,
obviamente, seria o privilegiado. Os judeus ainda não eram reconhecidamente uma
nação e nem um lugar para se estabelecer tinham e saíram do Egito após 430 anos de
escravidão em busca da famigerada terra prometida baseada nas promessas do Deus que
veneravam. O povo escolhido ainda não era também denominado como Israel, mas,
como judeus por causa da Judéia e também como hebreus referentes ao vale de
Hebron que fica na Judéia. Israelitas veio do fato de que eram os descendentes da
família de Jacó que veio a ser posteriormente a ser chamado de Israel e que era
filho de Isaque, irmão mais novo por parte de pai de Ismael de quem descende os
palestinos.
Israel
é o povo escolhido por Deus para iniciar o projeto de salvação da raça humana e
restauração de toda a criação à sua configuração original. Conforme a história,
no seu início antes de ser constituído como escolhido, os judeus eram um povo
muito sofrido e até os dias atuais é perseguido principalmente pelos
descendentes de Ismael, os palestinos que reivindicam também como direito a sua terra
prometida porque são filhos do mesmo pai Abraão.
No
Antigo Testamento, Israel foi o povo oprimido com promessas de serem
bem-sucedidos profetizado por Isaías 61:1. E no Novo Testamento, será que é o
mesmo povo oprimido citado no evangelho de Mateus 11:28? Tenho consciência de
que todas as promessas de Deus ao seu povo têm como foco o seu Reino vindouro. Muitos
confundem os termos, talvez causadas pela ansiedade em viver o Reino de Deus na
terra. Isto é impossível. A dimensão do Reino de Deus é absolutamente diferente
e os termos utilizados é para compreensão humana. Por exemplo, quem nunca ouviu
falar que as ruas do céu são de ouro? Há somente um versículo que fala e fica
no livro de Apocalipse quando João descreve a Nova Jerusalém. Que valor teria o
ouro no Reino de Deus? Nenhum, porque é uma metáfora baseada naquilo que temos de
valor na terra. Qual seria a definição do valor daquilo em que consiste o Reino
de Deus que nos “seduziria” para que pudéssemos visualizar? O apóstolo Paulo
definiu de forma bem objetiva o Reino de Deus, sendo composto de paz, justiça e
alegria do Espírito Santo. Podemos descrever o que Paulo afirmou. Paz porque é
um mundo sem conflitos de qualquer espécie. Justiça porque a justificação em
Cristo é que proporcionou a herança do Reino. Alegria do Espírito Santo porque é
o sentimento e a sensação mais legítima que podemos usufruir. Sem esta alegria
não teríamos como sentir a emoção da salvação e de desejar que todos venham a
conhecer o amor de Deus.
Quem
são os legítimos herdeiros deste Reino? Creio que o texto de Paulo aos Gálatas
resume muito bem sem barreiras e sem distinção. “Não pode haver judeu nem
grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um
em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão, e
herdeiros segundo a promessa” (Gál. 3:28-29). Descendência de Abraão e
herdeiros segundo a promessa esclarece e define quem é o novo Israel e quem é a
Igreja dos escolhidos. Judeus, palestinos, árabes, africanos, europeus,
latino-americanos são igualmente herdeiros do Reino a partir da justificação em
Cristo.
Por
que muitos consideram o país Israel ainda como o povo escolhido? Os judeus que
compõem o país Israel ainda aguardam o Messias prometido por Deus e rejeitaram
Jesus como sendo o libertador da nação de Israel (João 1:11). Jesus não é o
messias para libertar exclusivamente a nação de Israel ou somente os judeus,
mas, indistintamente veio para todos os que creem (João 1:12). O Israel país,
caso não seja uma nova criatura em Cristo, o Messias, terá o mesmo destino daqueles
que rejeitam à Deus. Jerusalém também é muito “idolatrada” pelos novos
evangélicos. Não podemos confundir a cidade de Jerusalém com a nova Jerusalém. É
um sentido figurado para compreendermos que tudo no contexto bíblico será
restaurado. A bíblia está em sintonia com o sentimento do povo escolhido e a
melhor forma de apresentar este novo céu e esta nova terra é falar daquilo que tradicionalmente
tem valor para este povo que é a terra prometida e a cidade santa que é a
capital religiosa de Israel. Este grupo que ainda crê nesta
teologia é chamado de dispensacionalista e são os mesmos que seguem a teologia da prosperidade. Creem na doutrina da graça de Jesus,
porém, valorizam também a tradição judaica que aspira a conquista literalmente da terra prometida liderada pelo messias que, segundo a tradição judaica, ainda não veio. Provavelmente esta crença seja causada pela
falta de discernimento, confundem e desejam reviver o mesmo sentimento do povo
sendo liberto da escravidão egípcia. Leia o texto de Apocalipse 21:1,2 “Então
vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra
desapareceram, e o mar sumiu. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo”.
João estava falando aos judeus para reacender a esperança da terra prometida
que não era mais na vida presente que desapareceu, mas, a terra prometida no
Reino de Deus representada neste texto pela nova Jerusalém.
Saiba
que todas as promessas de Deus desde o início da trajetória na história que
conhecemos são efetivamente aplicadas para o mundo vindouro que será restaurado.
“Minha paz vos dou” (João 14:27) não é promessa para a vida presente. A paz de
Deus é muito mais do que uma ausência de guerra. A justiça de Deus é para perdoar
os erros cometidos ou as transgressões praticadas na terra. Caso Deus
considerasse não estabelecer esta justiça, a condenação eterna seria mantida. Quanto
a alegria do Espírito Santo, Jesus afirmou que foi enviado prioritariamente como
consolador (João 14:16) porque no mundo teríamos muitas aflições para justos e
injustos e o Espírito Santo seria o consolador exclusivamente para os
justificados em Cristo.
Creia que o novo Israel e a nova Jerusalém é para o povo escolhido que crê “Pois esta é a ordem que o Senhor Deus deu a nós, o seu povo: “Eu coloquei você como luz para os outros povos, a fim de que você leve a salvação ao mundo inteiro.”. (Atos 13:47)
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