Venancio Junior
Esta reflexão é para aquelas pessoas que sempre
questionam de que seus presentes foram trocados. Insatisfação no trabalho
quando produz muito e ganha pouco ou não é exatamente a atividade profissional
dos seus sonhos ou da sua escolha, ou seja, alguém trocou os seus presentes.
Pode ser também aquelas pessoas frustradas nos seus relacionamentos quando as
pessoas não eram exatamente a dos seus sonhos, alguém também, na última hora
trocou os seus presentes. Pode até ser mesmo aquela pessoa frustrada com a sua
religião quando as práticas e os dogmas não satisfazem e perderam o sentido e a
religião que segue e acredita não é exatamente o presente escolhido, alguém
também trocou o seu presente. Talvez o presente que as pessoas buscam e desejam
entregar a si mesmas seja o de ser feliz. Vontade todo mundo tem e a busca em
se satisfazer é a primeira coisa a ser pensada quando acorda pela manhã. Mas, a
realidade para boa parte das pessoas é que são infelizes e esperam que o outro
a faça feliz e até mesmo o trabalho a faça feliz. Esta é a expectativa de quase
todo mundo que se julga merecedor em ser feliz e os fatores externos ou as
outras pessoas têm a “obrigação” em fazê-la feliz.
O maior desafio da atualidade é sentir-se
plenamente feliz e o contexto dos relacionamentos é onde se encontra os maiores
desafios em ser bem-sucedido no amor, com os familiares, no trabalho e com os
amigos. Não conheço alguém que seja bem-sucedido no trabalho e mal-sucedido no
relacionamento familiar e afirme que seja feliz. Ser feliz é bem diferente de
estar feliz. Ser feliz é o contexto, mesmo que surjam contrariedades, é
possível ser feliz por causa do contexto. Estar feliz é situação em que num
momento se está feliz e noutro momento a situação mude e esgote o ar de
felicidade. Não confundir com a alegria em que deve ser considerada como uma
expressão e não uma condição. Na vida isto é muito normal. Quanto ao que se
vive ou com o que se tem, quem não conhece pessoas que aparentemente tudo
possua, só não possui a felicidade? Casa boa, emprego bom, saúde e família bem
encaminhada e muitos amigos, mesmo assim, não se é feliz. Por quê!? A questão é
que a felicidade tem um movimento de dentro para fora da vida humana. Os bens e
tudo o que seja, como diria, palpável, são fatores externos e, obviamente, não
preenchem o vazio que deve ser ocupado pela felicidade. A felicidade não surge
do nada. Felicidade é uma construção difícil e requer um material de boa
qualidade que componha toda a estrutura que está sendo edificada. Esta
construção irá precisar de manutenção e de muita atenção. Mesmo com todo este
cuidado, não significa que esteja garantida a felicidade, pois, trata-se de um
processo contínuo de investimento e não pode se acomodar porque a infelicidade
é o presente que sempre está na caixa de surpresa.
Nesta época de festas, a troca de presentes, o
reencontro e as conversas com as pessoas queridas são apenas parte deste
processo de cuidado e atenção para se manter a felicidade. É tempo de expressar
muita alegria e desejar alegria em dobro para os nossos familiares e amigos. A
sensação de festas e comemorações é inigualável e há muito esforço para que
este sentimento se perpetue durante todo o ano. Mas, não, parece que, voltando
a rotina, têm-se a sensação de que se ganhou o presente da caixa de surpresa e
terá de continuar convivendo com pessoas que também não queria e voltar à
rotina do trabalho que nunca desejou. Fica a clara sensação de que todos os
presentes na vida foram trocados novamente. A vontade de querer ganhar a vida
presente que o amigo tem e desejar muito a vida presente que o familiar
conquistou é muito forte e envolvente. A urgência é grande em fazer algumas
mudanças na vida que resgate a alegria e volte a ser feliz. O incômodo em viver
num ambiente, pode ser o país, a cidade ou até mesmo a casa que se mora são
fatores de insatisfação que geram melancolia. Será que a pessoa nesta situação
teve os presentes trocados? Considerando que Deus detém o controle sobre tudo,
será que Ele trocou os presentes? A pessoa possui o que não queria e convive
com quem não quer? De quem será que é a culpa? Geralmente culpa-se a vida e as
suas circunstâncias. É bem mais fácil do que fazer uma reavaliação e, caso os
reconheça, assumir os próprios erros.
Algo que se deve colocar na consciência é de que a
vida não é perfeita para absolutamente ninguém. Seria bem mais fácil se a vida
fosse como um "vale-presente". O vale-presente elimina qualquer fator
de risco. Imagine ter certeza de que tudo vai dar certo e vai acontecer como
desejou? A felicidade em ser bem-sucedido tem origem na insegurança em não
conquistar o que deseja. Neste caso, o vale-presente, de certa forma, não traz
felicidade. Pessoalmente não gosto de vale-presente. Prefiro correr o risco da
expectativa ao comodismo do óbvio. A felicidade se inicia em como enfrentar o
dia que raiou e tudo o que ele “preparou” para se viver e descansar da
intensidade deste dia ao anoitecer. Esta é a rotina que não muda. O que
muda são as reações frente aos desafios e aos presentes trocados. Muitas vezes,
estes presentes não é exatamente o que desejava, mas, é o presente que precisa.
Esta perspectiva é muito difícil de perceber. Creio também que o que se deva
fazer quando se está nesta situação é redefinir um ideal que deveria ter sido
construído quando a vida ainda estava na fase das escolhas. Talvez já tenha
feito isto, mas, a vida muda e, mesmo assim, não é garantia de que
posteriormente vá acertar sempre. Lembro que nunca se deve perder esta
autonomia da escolha. Esta é a graça da vida quando surgem os desafios e os
obstáculos. Neste caso, qual a melhor escolha? Superar, óbvio! Caso não
consiga, recomece. Nunca se deve perder esta vontade de recomeçar. É muito
importante para a renovação da vida interior. Talvez não precise mudar o
cenário e nem os personagens, mas, a perspectiva está muito desgastada e
precisa ser alterada. Se a situação requer algo mais radical, não se culpe se
precisar trocar o cenário e os personagens. A troca de presentes sempre é algo
que permite o compartilhar de emoções resgatando, desta forma, a alegria e
restaurando a felicidade.
Por mera questão de escolha, como se faz para
trocar os presentes que a vida deu? Há somente duas opções, manter os presentes
numa nova perspectiva ou trocá-los e fazer uma nova reconfiguração da vida.
Lembre-se que a sensação dos presentes trocados será sempre uma sombra pelo
caminho.
Jesus sendo a razão de ser do Natal, será que foi
feliz?
obs. "a foto acima é do meu aniversário
de 4 anos. Morava na Rua Sales de Oliveira onde passava o bonde em Campinas.
Percebe-se que todo mundo estava feliz, menos o aniversariante porque o meu pai
trocou o meu presente, pois, eu queria um volkswagen (fusquinha) e ele comprou um
carro diferente que está na minha mão"
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