Venancio Junior
O espinho na carne é muito dolorido. Esta metáfora foi utilizada por
Paulo para demonstrar a dor profunda que estava sentindo e o pior é que ele não
seria liberto daquela dor. Leia o texto de II Coríntios 12:7b e 10b "...foi-me
dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me
esbofetear, a fim de não me exaltar...Porque, quando estou fraco, então, sou
forte". Ele pedia que o libertasse, mas, aquele sofrimento o mantinha
em comunhão com Deus. Será que Paulo parou de pedir a Deus que o libertasse
daquele sofrimento? Afinal, não adiantava orar, pois, o sofrimento era
permitido para que se mantivesse a comunhão com Deus. Outro questionamento,
será que foi um desabafo Paulo afirmar como força de expressão que aquele
sofrimento era um mensageiro de satanás para demonstrar a sua irritação? Muitas
vezes sofremos uma dor terrível, por exemplo, dor de cabeça que chegamos a
dizer que é uma “dor infernal” o que, na verdade, não é. É uma forma
aparentemente cruel e diferente de tudo o que se diz por aí sobre a comunhão com Deus e, conforme o texto, o sofrimento era a única opção. Naquele contexto, a dor desconstruía Paulo. Deus conhecia o
coração característico de Paulo. Não podemos afirmar que se tratava de uma dor
física. A única certeza é que aquela situação era profundamente desconfortável e
angustiante para Paulo. Obviamente que esta não é uma forma padrão para Deus
manter os seus filhos na comunhão. Apesar de que lemos de que Deus disciplina a
quem ama (Hebreus 12:6). Acredite, tem pessoas que não precisa de um sofrimento
qualquer para se manter na comunhão com Deus. Conheço muitas pessoas que são
bem resolvidas nesta questão e se mantêm fiéis a Deus.
Mas,
o espinho na carne não é somente aplicado como uma dor física ou emocional. Existem
situações em que pessoas ou condição que são verdadeiros espinhos na carne. Quem
não vive uma situação no trabalho em que somente pela graça é possível se
manter? Existem também pessoas que são verdadeiros espinhos na carne. Quanto mais
próxima, a dor se acentua e se aprofunda. Imagine alguém que te aborrece e não
te respeita? Mesmo esta condição que justifique uma decisão em romper os laços,
Deus diariamente coloca no coração de que é necessário a convivência para que
os seus planos não sejam frustrados. Como Deus permite este tipo de situação
tóxica, desgastante e que consome a alegria, o prazer e a motivação no
planejamento da vida? Isto acontece no trabalho, na igreja e até mesmo no
relacionamento conjugal. No trabalho é mais comum surgir contrariedades, porém,
a questão da sobrevivência é o que mais pesa e a submissão forçada é o espinho
na carne. Chefe que faz assédio moral e colegas que desejam que seja
prejudicado para benefício deles e constantemente falam mal da sua pessoa que
chega um momento que o sentimento de que esteja fazendo tudo errado domina suas
emoções. Pior é que nada muda. Este é um profundo espinho na carne. Na igreja,
por incrível que pareça, também existem contrariedades que com o passar do tempo
criam fendas no relacionamento. Disputas de poder, traição, corrupção,
adultério, ganância, orgulho, vaidade e soberba são alguns dos problemas que
acontecem. Nestes casos, o espinho na carne não está em quem tem tais práticas
abomináveis, mas, naquele que não se conforma com a podridão sendo obrigado a
conviver com estas pessoas. Como servir a este tipo de pessoa? Porque, então, Deus
não envia uma legião de anjos para colocar um fim a estas atrocidades morais? Deus
poderia jogar uma faísca que pusesse um fim a tudo isto. Pois bem, da mesma
forma que não correspondeu aos anseios de Paulo, Deus pode não fazer do nosso
jeito e, geralmente, não o faz. Tem situações que se perpetuam e parece que
nunca vai mudar por mais errado que seja o comportamento das pessoas. O sofrimento
em não se conformar é o espinho na carne porque gera também quebrantamento.
Na vida conjugal também há o espinho na carne. Conheço casamentos em que as atitudes de um dos cônjuges provocava um espinho na carne do outro. Era uma pessoa, apesar da aparência que não levantasse suspeitas, tinha uma má índole e não conseguia reconhecer o seu comportamento corrosivo. Os problemas são diversos, desde a escravidão a algum tipo de vício até o envolvimento extra conjugal. Tem outros casos que, talvez, sejam piores em que tudo parece aparentemente caminhar bem, mas, o comportamento ácido nas palavras direta ou indiretamente quando as críticas ultrapassam a fronteira do núcleo familiar ou conjugal é o cotidiano da casa. As atitudes também podem se tornar ácido em que não há propensão em reconstruir o relacionamento e ainda a pessoa se coloca como vítima. Deus permite que se permaneça nesta situação e o contexto é um verdadeiro espinho na carne para aquele que é temente ao soberano. A outra parte está virtualmente “destruída” e na bíblia lemos que é desta forma que se é forte. São os mistérios de Deus que jamais serão revelados.
Não
queira viver uma vida certinha conforme se crê. Muitas vezes o espinho na carne
é necessário para que a visão de Deus permaneça na vida daqueles que buscam uma
vida de quebrantamento e reconstrução diária da fé para que a comunhão com Deus
seja irretocável. Repito que o espinho na carne não é um padrão que Deus utiliza para manter os seus escolhidos em retidão. Cada situação é ímpar e carece de discernimento e oração onde se inclua a busca por sabedoria.
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