Venancio Junior
Reconheço
que, como um simples observador da vida que se aventura e tenta aproximar o
máximo possível de uma compreensão lógica do que seja, de fato a existência,
esteja sendo extremamente ousado em abordar a sua antropologia. Imagine a
junção destas duas complexas estruturas discorridas em poucas linhas e por
alguém, de fato, limitado? A minha motivação e propósito é aprender um pouco
mais sobre a lógica (se é que tenha alguma) do conceito que aprendi sobre estes
dois assuntos. O conceito de antropologia é o estudo da existência. Neste caso,
até o inimaginável faz parte da estrutura metafísica. Daí, pensei, o porquê não
fazer esta “brincadeira literária intelectual” que irá desobstruir o raciocínio
da lógica abrangendo também o contexto espiritual. Espiritual!? Pois é, não tem
como falar sobre a vida e tudo o que a envolve sem falar da espiritualidade.
Tudo o que pensamos e sentimos é espiritual. Tudo o que acontece na dimensão
física tem reação na dimensão espiritual. A espiritualidade, neste caso, é uma
parte de nós.
Não
conhecemos tudo o que há na vida mesmo que algo esteja acontecendo
simultaneamente. Imagine quando se assiste a um programa de televisão ao vivo?
Não imaginamos e nem enxergamos o que está acontecendo atrás do palco. Atrás
das paredes dos bastidores do palco também tem muita coisa acontecendo e se
prosseguir no raciocínio, lembraremos que indiretamente participamos de tudo o
que acontece no mundo da televisão. Não conseguimos ver devido a visão limitada,
mas, as coisas não deixam de acontecer porque não enxergamos. O nosso
conhecimento é mais amplo na dimensão espiritual, pois, na dimensão física nos
limitamos a um pontinho quase insignificante no universo infinito. Esta
afirmação se refere apenas ao ambiente atmosférico. O espaço espiritual também
é infinito. Alguém conhece o “fundo do poço da alma”? O meu propósito é
discorrer sobre a perspectiva da antropologia conhecida e fazer uma analogia
dos dois principais conceitos da existência. Tomo a liberdade em partir do
princípio de que a lógica e o raciocínio são também integrantes, obviamente, da
existência, da mesma forma, que o sentimento, as emoções e, praticamente, todos
os sentidos são também seus componentes, porém, da dimensão espiritual.
Quando
se fala em antropologia ou existência, vêm à mente a questão do princípio de
todas as coisas, até da própria existência. Há duas teorias principais em
evidência: Teoria do criacionismo – Teoria do Big Bang. No meio acadêmico
científico a teoria do Big Bang é a única considerada. Existem mais outras 5
teorias que se baseiam no Big-Bang, então, não vou discorrer sobre elas, pois,
o foco é a essência das linhas conceituais, poderia dizer, mais relevantes.
O
princípio de tudo, segundo os cientistas, foi causado por uma explosão
apelidada de “Big Bang” ou tudo foi intencionalmente criado conforme defende os
criacionistas? O que vai mudar se um ou outro conceito for comprovado? Nada vai
mudar porque a existência é autônoma e subsiste independentemente de qualquer
comprovação. A existência como matéria tem um princípio. É uma questão, de
certa forma, lógica. Qualquer uma das teorias deverá haver a sua crítica para
que não tenha algum indício forjado nas análises. A existência tem as suas
considerações e implicações. Vamos analisar do ponto de vista da teoria
evolucionista.
Após
o Big-Bang a essência das matérias presente numa “partícula” do átomo
primordial se dispersou e cada um se adaptou para que subsistisse em meio ao
caos da explosão. Afinal, o que foi que explodiu? A matéria era uma única
espécie ou a composição era diversificada numa mesma forma disforme? Leia uma
observação sobre a teoria do Big-Bang: "Assim, o Big Bang teria dado
início ao espaço-tempo do modo como conhecemos, impossibilitando a existência
de um momento anterior". Como assim, nada existia antes da explosão? Qual
era o contexto físico deste átomo primordial? O que alimentava a sua essência?
Caso não se consiga explicar o que, aparentemente é inexplicável, chega-se à
conclusão de que esta teoria do Big-Bang avançou algumas etapas no processo de
conclusão do surgimento da matéria ou da existência. Não tem como se basear em
fatos obscuros o que tornaria esta teoria uma denúncia vazia. Desta forma não
tem como avançar, pois, a ideia é partir literalmente do princípio e a explosão
não é o princípio porque o calor e o espaço ocupado pelo átomo primordial já
existiam. A matéria só deveria ter credibilidade se conhecêssemos o seu
princípio. Obvio que vêm à mente a eterna questão, e Deus, quem sabe o seu
princípio? Deus é o criador da existência, portanto não é “auto criável” e
também não é matéria. Se alguém puder explicar, creio que avançaríamos muito em
explicar o surgimento da composição do espírito divino. Mais à frente volto a
falar sobre de onde veio Deus.
Não
vou falar de fé e muito menos de religião quando diversas delas tem este
princípio do criacionismo em suas crenças. A teoria do criacionismo não tem um
princípio racional absoluta, pois não se trata de lógica, por exemplo, basta
saber ou ler sobre esta teoria que já se tem certeza do início de tudo. Muito
simplório, mas, ressalto que, antes saiba que defini a lógica como a linha de
raciocínio, afinal, estamos falando de antropologia. Vou me ater somente no que
a bíblia diz, pois, é a única referência da teoria da criação e será a base sem
complicações e também não existe outra fonte fidedigna que aborde o início de
tudo conforme esta teoria. Apesar de se ter uma compreensão na leitura somente
pela fé, vou sugerir a mudança de perspectiva para que a minha exposição faça
sentido. O campo da antropologia tem a lógica como linha de raciocínio porque o
objetivo é se aproximar ao máximo do que seja “palpável compreensível”.
Contrariamente
a observações de muitos, se adotarmos a fé como o único recurso, não seria tão
difícil de compreender a criação. A fé não permite nenhuma sequer abertura para
compreendermos pela lógica. Então, devemos ler sem questionar alguns detalhes
porque não tem como ser algo conclusivo pela falta de referências lógicas. A
única lógica é que alguns relatos humanos são apenas para se ter uma
referência, obviamente, lógica nos escritos. Houve a preocupação em trazer à
consciência e se ocuparam apenas com o registro dos fatos da história. Por
exemplo, sete dias da criação pode não ser o tempo que conhecemos. Como afirmar
se ainda não havia dia e noite? Talvez Deus, sendo presciente, já tenha se
antecipado e já sugeriu este formato de tempo para que nos organizássemos tal
como é hoje (Gênesis 1:14). Isto são detalhes que em nada vai mudar a concepção
da criação porque é algo que já foi preestabelecido.
Eu
sempre sou pego em flagrante nos pensamentos quando começo a escrever sobre
aquilo que penso. Esta louca ideia em escrever sobre a existência de Deus
partiu do princípio da lógica. Muitos questionam a existência metafísica de
Deus, que, na verdade não existe, pois, Deus é espírito (João 4:24) e
simplesmente é. Se Deus criou a existência, como ele pode se “auto-existir”?
Existência tem um princípio e é finito. Mas, e Jesus não é Deus? Jesus é a
encarnação de Deus para um fim específico. Deus estava em espírito em Jesus que
era um corpo glorificado. No Antigo Testamento Deus se apresentou na sarça
ardente e algumas interpretações diz que era Deus como fogo, na verdade, o anjo
acendeu o fogo na sarça que não se consumia e logo depois Deus se apresentou a
Moisés neste fogo, mas, não era o fogo (Êxodo 3:4).
A
única referência da existência de Deus que temos é a sua própria criação. Fora
da criação nada existe. Porque não explicar a lógica da criação naquilo que é
visível, palpável, sensível, audível e aromático? Será que não houve
intencionalidade em diversificar as cores? Imagine se as verduras fossem todas
da mesma cor? Imagine se o mundo inteiro fosse tudo da mesma cor? E o cheiro,
porque existe o mal cheiro, muitos até insuportáveis como o da carniça e o
cheiro agradável, por exemplo de uma boa comida. Por que o cheiro da comida é
diferente do cheiro do perfume? No caso da audição, por que a música agrada e
até causa emoção? Algumas até provocam a dança. Por que sentimos dor? Qual é a
cor e a forma da dor? Não vemos, mas, sentimos, algumas seriam insuportáveis
sem os medicamentos adequados. Porque algo que não vemos, mas, sentimos provoca
destruição como o vento? Por que não vemos o oxigênio que é necessário para a
respiração? Porque o fogo queima e o gelo, de certa forma, também queima sendo
opostos entre si? Porque a mão, o pé, os braços, as pernas obedecem ao cérebro?
Por que o intestino não faz a função dos rins? Por que o coração não assume
também a função do fígado? Por que quando vemos comida sentimos fome
despertando os órgãos do sistema digestivo e quando vemos uma pessoa do sexo
oposto sentimos desejo sexual despertando a libido e os órgãos genitais? Por
que quando sentimos sede tomamos água? Por que quando sentimos fome queremos
comida? Por que dormimos quando sentimos sono? São tantos porquês que fica
difícil imaginar que não houve intencionalidade em criar toda esta estrutura de
funcionamento. Seria difícil também dizer que tudo foi se adaptando. Pode até
ser, porém, esta adaptação parte de um princípio da lógica intencional. A água,
o ar, o vento e toda matéria não tem iniciativa se não tivesse sido predefinida
a sua função lógica.
Perdemos
muito tempo pensando sobre a lógica das coisas e não aproveitamos a beleza da
criação e saiba que houve um investimento carinhoso para fazer sentido à vida.
Ninguém é dono de terra alguma e muito menos da vida do outro, sejam seres
humanos ou animais. Acho engraçado quando alguém diz que possui muitas terras.
Toda a criação é para usufruir e não para possuir.
Será
que conseguimos concluir todos estas abordagens? Obvio que não. Não somos
deuses para compreender a essência de nós mesmos. De onde viemos só será
compreensível quando se souber para onde vamos.
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