Qual é o deus da religião?
Pode ser qualquer um. De madeira, de
ferro, de gesso ou esculpido numa pedra. Pode ser branco, preto, moreno, careca,
cabeludo com ou sem barba. A vantagem em ter um deus assim é que pode levar a
qualquer lugar. Ele não se importa com o frio, com o calor e pode deixar em
qualquer lugar, no cemitério e nos locais de oferendas porque não tem problema
se encher de bolor, pode desgastar e estará imóvel sem se preocupar. Outra
grande vantagem também é que o deus da religião não tem regras definidas, pois,
segue a conveniência do seu portador. Na verdade, ele não tem regras. Na
linguagem da informática, já vem sem plataforma para que instale conforme o gosto
do “usuário”. Ele não se importa com o que o religioso faz, seja algo bom ou
ruim. Não se importa também se é fiel ou infiel com a religião ou com as
pessoas do convívio. Qual a sua religião? Não importa. O deus da religião é
ecumênico quando considera que todas as religiões estão certas.
Será que deus é uma entidade criada
pelo ser humano? Conforme a religião, sim, o ser humano criou um deus. O deus
da religião é aquele descrito em Isaías que não ouve, não se mexe e não pode
salvar. Isaías 45:20,25
Vivemos o tempo de muitas religiões e,
como não poderia deixar de ser, por trás de cada uma delas tem os oportunistas
e vendilhões da fé que enganam e se aproveitam da carência das pessoas para
alimentar os seus interesses. Não me refiro somente aos falsos pastores, mas,
existem falsos líderes em todas as religiões. Com o passar do tempo, estes mercenários
aventureiros criam suas próprias maneiras para manter o controle das emoções
dos seus fiéis. Existem milhares de religiões e cada uma tem o seu deus de
estimação ou, na melhor das hipóteses, pode até ser que estimam o mesmo deus,
porém, com visões diferentes. Ninguém duvida de que cada religião limita o seu
deus nas suas verdades e não permite que ultrapasse a linha, pois, está sob o controle da sua crença.
Será que é verdade que não importam os dogmas e as crenças, o importante é que
o mesmo deus com nomes diversos age em todas as camadas místicas de diversas
formas? Parece que cada pessoa criou a sua forma de se chegar a deus, daí, surgiu
a religião para agradar a todos. Para muitos, a religião não precisa ter um tipo
de doutrina reguladora e muito menos de um deus exclusivo. As pessoas se sentem
confortáveis quando não se é exigido algum compromisso. É bem mais cômodo crer
desta forma. Viver como bem quer é muito cômodo, porém, arriscado, pois,
acabamos por ser absolutos em nossas convicções. Atraímos para nós aquilo que
nos agrada e nos faz bem não importando se o outro com quem convivemos também
está bem e ignoramos também as diferenças que, de certa forma nos molda como
sociedade. É uma falsa liberdade que anula a nossa consciência responsável. Por
onde se vai este pensamento nos acompanha e nos leva a sermos egoístas e a cada
dia blindados contra o amor ao próximo nos tornando pessoas frias e com nenhuma
disposição em nos doar para suprir uma virtual necessidade que alguém, não
importando quem, esteja passando. É um mundo que vive enclausurado nas suas
próprias crenças. Estão aprisionados pela tradição e Deus veio para nos
libertar da religião, pois, não criou nenhuma delas. Religião é somente
tradição. Se seguissem o que Deus determinou saberiam que a tradição as afasta
de Deus. Então, quanto mais próximo da religião, mais distante de Deus. Os
valores da tradição sufocam os valores de Deus. Isto vale para todas as
religiões, aliás, repito, Deus não criou nenhuma delas.
A bíblia nos revelou um Deus sem
religião e muito diferente daquilo que imaginamos. Por isto que somos traídos
pelos nossos próprios valores que vivem blindados pelo egoísmo. Para combater
esta blindagem é preciso viver uma espiritualidade relacional. Parece que estou
andando em círculos porque relacionamento sem a religião não existe. Existe sim
e deve ser exercida sem a máscara da religião. Igreja instituição não deve ser
confundida com religião. É possível e necessário viver a igreja sem a religião.
O relacionamento com Deus parte do princípio de que devemos nos relacionar uns
com os outros. Dizer que ama a Deus que não vê e não ama ao próximo que vê é
hipocrisia. Muitos falam de amor e com a facilidade da comunicação, isto
tornou-se quase que banal. Da mesma forma que a comunicação, o
amor também se vulgarizou. Perdeu-se o parâmetro em se doar para construir. O
amor que as pessoas vivem não é amor porque o resultado sempre trás a destruição dos valores
fundamentais e necessários para um relacionamento sadio. Amar é se dedicar ao
outro incondicionalmente. Isto pode ser feito através de uma comunidade cristã
ou voluntariamente. Deus se voluntariou e se empenhou pessoalmente através de Jesus Cristo para que percebêssemos
que o seu amor por nós foi também incondicional. Tornou-se servo para nos servir
em amor. Tornou-se homem para poder sentir a nossa humanidade de perto. Amar ao
próximo é demonstrar na prática o amor a Deus. Dedicar tempo e, muitas vezes,
ir além deste gesto não deve ser um ritual da tradição. As religiões, sem exceção,
não é, em absoluto, o caminho para Deus. Ninguém chega à presença de Deus pela
religião. Pelo contrário, a religião afasta as pessoas de Deus que exige fidelidade
às suas conveniências porque é uma instituição humana. O deus que pertence a
alguma religião é um falso deus e a religião enquanto instituição que leva a
deus, também é falsa. A religião não é o caminho, nem a verdade e muito menos vida.
Jesus, o Deus encarnado é o centro e o propóstio do evangelho e não da religião.