Venancio Junior
Primeiramente
quero desmistificar o conceito de santo dedicado aos apóstolos. Nenhum deles
era santo e nem se comportavam como pessoas especiais. Todos eles sem exceção
eram pessoas comuns que tinham dificuldades, limitações e suas crises.
Creio
que todas as pessoas já sentiram uma pedrinha no sapato que se tornou uma metáfora
de algo que incomoda muito. Ainda mais dolorido que a pedrinha no sapato é o
espinho na carne ilustrado por Paulo que, não somente incomoda, mas, machuca
mesmo. Eu acho que ele tinha uma perturbação na área sexual e tudo leva a crer
que era uma angústia mal resolvida e que nunca houve um final feliz. O apóstolo
Paulo era solteiro e viveu esta questão entre a cruz e a espada até a sua morte.
A ilustração revela que havia uma “perfuração dolorida” e que o incomodava
muito. Isto confrontava os seus próprios valores e os do seu caráter agora
convertido.
Esta
confissão de Paulo despertou a curiosidade do mundo cristão e dos que, mesmo
não professando a fé cristã, são estudiosos da teologia e que ainda buscam uma
vírgula que revele o que seria, de fato na prática, esta figuração utilizada
por Paulo. Muitos ateus aceitam a teologia porque não há como negar os fatos da
história. Eu tenho o meu palpite baseado nos próprios relatos de Paulo que,
para mim, deixou algo revelador. Não tenho dúvidas sobre a minha conclusão. Esta
reflexão não é somente sobre o episódio e o sofrimento de Paulo. Por mais “santo” que a pessoa se sinta, cada um de nós
tem o espinho na carne. Já escrevi uma reflexão falando dos nossos pecados de
estimação.
Vamos
ao texto: “...foi-me dado
um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar” 2 Coríntios
12:7. Paulo culpou o mensageiro de Satanás como sendo o espinho na sua
carne, mas, qual era a tentação? É bíblico que haja alguma presença maligna na tentação? Sim, é bíblico a
tentação ao pecado é somente influenciada pelo maligno. Lembro que o diabo, o
nosso adversário está ao nosso redor pronto a nos devorar (I Pedro 5:8). Deus também
permitiu que o diabo tentasse a Jó que, mesmo com todo o sofrimento, não pecou.
O próprio Jesus foi tentado no deserto. Ele pensou em tudo no que o diabo
falava, mas, não pecou. Provavelmente Paulo era tentado e não tivesse pecado?
Pensava no pecado e pecava. Leia o texto de Romanos 7:15 “Não entendo o que
faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio”. Ninguém morre porque
pensou em suicídio. Ninguém também não fica drogado só em pensar nas drogas.
Interessante é que o adultério é diferente e acontece já no pensamento. Parece
que a bíblia, na maioria das vezes tratava a mulher como mera coadjuvante na
história. Como o contexto da época era culturalmente masculino, então, foi
utilizado a cobiça do homem em relação a mulher, mas, o inverso também é factível.
Afinal,
qual era este tormento de Paulo? Ele reafirmou no verso 19 que continuava
fazendo “Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero
fazer esse eu continuo fazendo”. Todos conhecem o esforço e dedicação de Paulo em proclamar o evangelho. Era uma grande missão que ele cumpria. Afinal, o que ele fazia de tão errado? Para compreender alguém é preciso
conhece-lo nas suas atitudes e palavras. A maioria das doutrinas bíblicas foi
exposta por Paulo. Ele é muito criticado por algumas colocações e pelas
revelações. As colocações ele afirma que são opiniões pessoais. Porém enfatiza
que as demais são revelações doutrinárias dadas por Deus onde não há
interpretação dúbia ou descontextualizada. Paulo era solteiro e nalgumas destas
revelações apresentou as principais questões do sexo dentro e fora do
relacionamento conjugal. Porque Deus escolheu um cara solteiro para revelar a
teologia do sexo no contexto conjugal? Paulo também fazia este questionamento o
que aumentava ainda mais o seu tormento. Eu creio que Deus queria alguém neutro e sem qualquer influência pessoal de uma vida conjugal. Nenhum relacionamento é igual e os exemplos não podem ser generalizados. Um cara desprendido de qualquer natureza conjugal, a princípio, era o cara ideal. Mas, e o sexo? Provavelmente Paulo não era virgem. Foi um
oficial do exército romano, uma corporação poderosa e influente e que
periodicamente realizava as suas orgias regadas a bebidas e muitas mulheres. Paulo era um oficial de alta patente do exército romano e gozava de algumas regalias. Estes oficiais eram os alvos principais das mulheres, dentre eles, Saulo que era o seu antigo nome. Algumas
mulheres na época, logo após o ciclo da primeira menstruação, literalmente já procuravam
homens capazes de sustenta-las e se entregavam para convencê-los de que era a
mulher ideal para as suas necessidades. Não, não era assim que acontecia. Boa
parte delas não se expunha e se mantinha recatada e pura. Os pais da boa moça é
que tinha a responsabilidade em encontrar alguém estável e de bom caráter para
entregar a sua filha. Um homem com estabilidade financeira e membro do exército
romano era tudo o que o pai da moça procurava e uma mulher precisava. Poderia
ser até feio, segundo a história, como Paulo. Mas, Paulo não era bem visto pela
sociedade por causa da sua forma violenta em defender a lei. Era alguém de má
fama e por isto que nenhum pai entregou a sua filha a Paulo. Então, a sua única
companheira era a excitação. Esta excitação sem se extravasar com uma
companheira o acompanhou e foi com ele para o túmulo. Nos seus relatos sobre a
sexualidade, há diversos pontos em que procurou ser excessivamente comedido
onde deixou fortes suspeitas em como pensava em se aliviar.
Paulo
refere-se a alguma parte do seu corpo como “membros”. Na bíblia há diversos
contextos de membros, por exemplo, membro do corpo de Cristo se referindo a
igreja. Não é do corpo da igreja que Paulo está se referindo, mas, a algumas
partes do seu corpo que, por prudência classifica como membro. Ainda nos dias
atuais as pessoas mais conservadoras referem-se ao órgão genital masculino como
membro. Paulo era conservador, tanto é que defendia a lei até com excesso de
zelo e após a conversão, o caráter mudou, porém, a sua personalidade se manteve
conservadora, então, jamais iria ser explícito com algo que as pessoas
consideravam imundas que são os órgãos sexuais.
Na minha opinião pessoal não
tenho dúvidas de que Paulo se masturbava. O texto de Romanos 6:12 diz: “Portanto,
não permitam que o pecado continue dominando o corpo mortal de vocês, fazendo
que obedeçam aos seus desejos”. Façam o que eu digo, mas, não façam o que
eu faço. Apenas lembrei do texto em que afirma que continua fazendo o que
odeia. Este texto não está na bíblia. Observe a parte deste texto primário de
Romanos 6:19 que consta na bíblia “Assim como vocês ofereceram os membros de
seu corpo em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade...”. Agora leia
o trecho deste texto secundário de Romanos 7:23: “...mas vejo outra lei nos
membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me
prisioneiro da lei do pecado (mensageiro de Satanás) que atua em meus membros”. Ele está falando para as mesmas
pessoas. Observe que membros está no plural, então, é mais de um membro e ele
separa membro e corpo. Tudo leva a crer que membros que ele cita é o órgão
genital e as suas mãos. Não poderia ser os pés? Claro que não! Ele poderia
dizer: “...outra lei que atua no meu corpo”. Nem precisaria ser extenso,
mas, foi específico classificando os membros do corpo. Será que se referia aos olhos?
Ou à boca? Ou será que seriam os ouvidos? Nunca ouvi alguém citar os olhos, a
boca ou os ouvidos como membros do corpo. O livro de Mateus cita os olhos e as
mãos como sendo membros do corpo. É óbvio que são membros do corpo, porém, o
contexto é completamente diferente.
Não quero ser tácito nesta questão porque todos estudaram o corpo humano na disciplina de ciência. Em nada muda a teologia ensinada por Paulo. Sendo verdade esta suposição, é uma alegria saber que as pessoas que consideramos como santos, são pessoas comuns e isto nos aproxima muito daquilo que somos, pecadores e todos eles são gente como a gente.
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