quinta-feira, 30 de agosto de 2018

SEXO À TRÊS

Venancio Junior

A princípio, alguns ficarão chocados só de ler o título desta minha reflexão e nem se darão ao trabalho em continuar a leitura. A intenção é confrontar alguns valores, ora, mal concebidos e desmistificar esta questão com o objetivo de esclarecer à luz do evangelho bíblico para usufruir ao máximo deste nível de relacionamento. No contexto bíblico, o "sexo à três" não existe? Claro que existe. Não da forma como a sociedade secular apregoa. O sexo, como todos sabem e quem ainda não sabe que fique sabendo agora, é o ápice de um relacionamento intencionalmente embasado por direitos e responsabilidades. Quem decide compartilhar sentimento e emoção e até as despesas tem a clara intenção em abrir mão da solidão. Vamos discorrer sobre o começo, os meios e a finalidade do relacionamento conjugal.

Vivemos num mundo progressista. Nada é o mesmo que se mantenha por um longo período. As coisas mudam, assim como alguns conceitos. Toda esta mudança é provocada pela insatisfação e o desconforto emocional. As pessoas investem muito para se satisfazerem emocionalmente em todas as áreas da vida. Altas somas de dinheiro e tempo dedicado para alguns míseros segundos de prazer. No relacionamento conjugal não é diferente. O investimento na aparência visa, principalmente, atrair os olhares. Achar o seu par ou a cara metade não é fácil e pode não sair barato. Quase todo mundo busca uma vida a dois. O pior da solidão é conviver consigo mesmo. Por muitas décadas perdurou o conceito da monogamia como forma padrão de relacionamento heterossexual. Conforme o desconforto se manifesta, sente-se a necessidade de mudança e os padrões dos relacionamentos acompanham estas mudanças. Atualmente, conforme a sociedade progressista, não existe padrão heterossexual e, “pior”, no relacionamento à dois, foram incluídas uma ou mais pessoas para “esquentar” a relação. Muitos pares (relacionamento a dois independentemente do sexo), incluíram mais uma pessoa sem qualquer vínculo civil ou sentimental. Existem casais que são casados e moram cada um em suas casas e tem liberalidade para escolher os seus parceiros sexuais ocasionais. Enfim, diante de uma sociedade com conceito amplamente pluralista, é difícil dizer o que é certo ou errado. O que se difunde é que errado é ser infeliz e certo é ser feliz.

Diversidades à parte e cada pessoa sendo responsável pelos rumos da sua vida, vamos prosseguir, porém, dentro da linha cristã bíblica que foi definida por Deus. A bíblia é muito clara sobre os desígnios de Deus ao homem. O próprio Deus afirma em Gênesis 2:18 que não é bom que o homem esteja só e fez-lhe uma companheira. Se o próprio Deus soberano julgou que não é bom viver só, então, a questão do relacionamento é muito mais séria do que imaginamos. Não existe uma fórmula que alcance a perfeição no relacionamento. O que existe são princípios básicos que, aplicados em qualquer nível de relacionamento, evitam desconforto e mal-entendido. A palavra ou atitude, mesmo sendo certas, mas, na hora errada causarão um grande problema. Aliás, muitos relacionamentos começam a se desintegrar pela falta de sabedoria em lidar com as situações de contrariedade. O respeito é aplicável em qualquer situação e a qualquer pessoa. Respeito é neutro, pois, quem respeita, sempre tem razão.

E na intimidade do relacionamento conjugal, será que existe algo além do que já conhecemos e muito disseminado e avacalhado pelas redes sociais? Sim, e devemos crer que existe. Como já afirmei que o ato conjugal é o ápice do relacionamento, pelo menos enquanto a libido estiver ativa. Tudo o que acontece no cotidiano do casal se reflete na cama. Conforme o que determina a bíblia sendo esta, a palavra de Deus revelada aos homens, em outras palavras, é o próprio Deus se manifestando, qualquer convivência, mesmo sendo à dois, sempre há uma terceira pessoa. Esta pessoa é Deus através do seu Espírito Santo. Diria que, quando Jesus afirmou de que estaria presente onde dois ou três se reunissem no nome dEle (Mateus 18:20), se referia a este tipo de convivência também. Não somente na igreja, mas, Deus está sempre presente em toda e qualquer situação da vida onde se reúnem em nome dEle. Fazer sexo em nome de Jesus? Soa estranho, mas, é fato que Deus deve estar presente. Lembre-se do texto em Colossenses 3:17: “E tudo quanto fizerdes, seja por meio de palavras ou ações, fazei em o Nome do Senhor Jesus, oferecendo por intermédio dele graças a Deus Pai”.

Um relacionamento conforme o critério bíblico é profundamente salutar a vida espiritual. O ato conjugal nada mais é que um servindo ao outro com desejo e entrega de si. Em I Coríntios 7:3 e 4 lemos “O marido deve cumprir seus deveres conjugais para com sua esposa, e, da mesma forma, a esposa para com seu, marido. A esposa não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas, sim, o marido. Da mesma maneira, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas, sim, a esposa”. Muitos julgariam um absurdo Deus estar presente num momento de intimidade do casal. O cristão que se preza é íntegro. Absurdo seria, Deus não fazer parte da nossa vida de forma integral em tudo o que nos envolve. Em relação ao ato conjugal, Deus, com certeza, só não está presente no relacionamento extraconjugal. O maior desconforto que sofremos é causado pela ausência de Deus nos nossos relacionamentos. Eu digo que Deus, além de presente, potencializa o prazer e o desejo deste ato que é bíblico. “Não vos priveis um ao outro...” diz o texto de I Coríntios 7:5. Este texto não se refere somente ao ato sexual puro e simples em si, mas, em ser "criativo" na relação e não impor limites na busca do prazer.

Alguns detalhes precisam ser esclarecidos. Quais os papéis do homem e da mulher na sociedade? Ninguém tem dúvida de que são distintos e, desta forma, deve permanecer na sua essência. O desempenho de cada um reflete diretamente no relacionamento sexual. O homem sempre foi visto e se comporta erroneamente desta maneira como um “dominador inveterado". Este domínio que acompanha gerações tem fundamentos distorcidos que o machismo oculta por uma questão de “preservação da dignidade masculina”. Parece que a honra depende em dominar sempre em qualquer circunstância e a qualquer custo. Para tristeza da classe masculina, primeiramente reconheço que o homem, de fato, mesmo sendo controverso, é o dominador e isto é bíblico para horror das feministas, mas, este domínio não é para impor suas vontades de forma possessiva e de forma absoluta. O domínio do homem primeiramente de si mesmo é para servir e cuidar, neste caso, da mulher. Esta característica de dominação se estende para o cuidado de tudo o que o envolve no planeta terra. Quem não gosta e não precisa de proteção, cuidado, carinho, afeto e dedicação? Com a mulher não é diferente. No ato conjugal, o homem é sempre o ativo no sentido de provocar o desejo e proporcionar-lhe prazer. Orgasmo e prazer são diferentes. Enquanto o orgasmo é resultado de um estímulo natural do corpo e que dura apenas alguns segundos, o prazer a dois no ato conjugal é o calor da sensualidade mesmo sem a penetração, sendo contínuo e incessante permanecendo enquanto ambos mantiverem o compromisso da mutualidade em provocar um ao outro de forma sadia e respeitosa. Muitos, tem um comportamento egoísta quando busca somente os seus interesses e não se importa se o cônjuge está sendo satisfeita(o) e os prazeres exauridos não correspondem à realidade dos fatos no convívio. Nesta condição, a frustração começa a ocupar a zona de perigo. Qualquer relacionamento se desgasta com o tempo, sendo necessário uma reavaliação do propósito assumido no começo. O Espírito Santo, uma vez sempre presente, é o agente capacitador das nossas emoções. Num ambiente de desgaste ou não, é preciso sempre envolver a terceira pessoa da trindade, o Espírito Santo, para se redescobrir dentro do relacionamento. De forma egoísta e independente, muitas vezes buscamos as nossas próprias soluções e quando tomamos o nosso próprio rumo, ficamos à mercê dos conceitos que a sociedade defende que o errado é ser infeliz e acaba por envolver uma terceira pessoa estranha no convívio do casamento numa tentativa de ser feliz.

O sexo à três deve ser praticado à dois somente, sendo o ato conjugal abençoado por Deus na pessoa do seu Espírito Santo!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

PECADO DE ESTIMAÇÃO

Venancio Junior

Primeiramente devemos saber o que é pecado e como age em nós. Sem lei, não há pecado. Para o ser humano, a lei começou quando Deus falou que “não se podia comer e nem tocar no fruto da árvore do bem e do mal” (Gênesis 3:3) porque “onde não há lei, o pecado não é levado em conta”, Romanos 5:13. Não estou dizendo que não existia pecado antes deste fato que mudou toda a história da raça humana. Pecado é tudo aquilo que contraria a Deus. O pecado é uma afronta a Deus. Quando falamos de pecado, não podemos ignorar aquele que peca desde o princípio, o diabo. Lemos isto em I João 3:8. Que princípio seria este? Na minha concepção, este princípio é quando houve a manifestação do mal. O diabo não é Deus, ele é a manifestação do mal. O diabo é o fomentador do pecado porque é inimigo de Deus e de todos aqueles que o amam Pois bem, onde tudo começou em relação ao pecado e porque o pecado foi impingido a toda raça humana? O pecado existia, mas, ainda não influenciava o ser humano. No livro de Gênesis 3:6 Adão e Eva comeram do fruto. O pecado foi a desobediência à Deus e no livro de Romanos 3:23, o apóstolo Paulo enfatizou que “Todos pecaram e foram expulsos da glória de Deus”. Perdemos o manto da glória porque saímos da sua presença. Desde então, tudo o que a carne milita é pecado porque pecado, na verdade, é estar fora da presença de Deus. Respiramos em pecado, pensamos em pecado, sentimos o pecado e tudo o que fazemos é em pecado. Conhecemos o ditado “quem está na chuva é para se molhar”. O texto de Paulo aos Romanos 7:19 reflete o como sobrevivemos: “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico”. A nossa relação com o pecado é desta forma e sempre estaremos envolvidos ou submersos no pecado. Mesmo que aos olhos do mundo sejamos pessoas corretas, cumprindo com todas as obrigações sociais e religiosas e podemos até ajudar os pobres, nada feito, fora da presença de Deus fomos condenados por causa do pecado que está em nós. Como se resolve isto? Morrer é a solução definitiva. Não me refiro à suicídio, mas, submeter-se a uma força maior que o pecado capaz de anular toda influência do pecado na nossa vida. O pecado é extremamente nocivo. O evangelho nos diz que o pecado nos impõe um envelhecimento precoce. No Salmo 32:3 lemos “Enquanto eu calei os meus pecados, envelheci de tão cansado”. Tem um texto bíblico muito difundido e utilizado nas situações de cansaço físico ou emocional, mas, na verdade, este texto se refere exclusivamente à culpa pelos nossos pecados. Leiamos o texto de Mateus 11:28: “Vinde a mim todos vós que estão cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei”. O pecado, envelhece, debilita, cansa, sobrecarrega e nos desgasta a ponto de sucumbirmos frente ao peso da culpa porque somos incapazes de anular a força do pecado. Jamais devemos ignorar esta força que é muito maior que nós e nos faz ter práticas que nos mantem fora da presença de Deus que é o único lugar seguro onde estaremos fortalecidos para resistir ao diabo, Tiago 4:7. O pecado considerado por Deus não são focos como se pudesse afirmar que nunca estamos em pecado mesmo após a conversão. Muita gente se preocupa, quando no arrebatamento se não estiver pecando será salvo, tipo, “se Jesus voltasse agora eu subiria porque neste exato momento eu não pequei” ou o contrário disto quando diz, “se Jesus voltar quando estiver pecando, não serei salvo”. Isto é tolice. As coisas não funcionam desta forma. As práticas espiritualmente erradas são consequências, pois, habita em nós o pecado original, pode-se dizer que é o “pecado de estimação”. O pecado age em nós contínua, incessante e incansavelmente. Se um evangelho qualquer me convence de que esteja sem pecado mesmo sendo convertido, então, este evangelho é digno de repúdio e desprezo. O evangelho legítimo nos convence sempre de que somos errados porque o pecado habita em nós. O evangelho não é para nos deixar acomodados, mas, incomodados pela situação de pecado. O pecado é um incômodo. Paulo é considerado o intelectual dentre os autores dos evangelhos pela profundidade das suas explanações e não há como imaginar que ele próprio, mesmo sendo um dos apóstolos, sofreu a ponto de afirmar que o pecado que habitava nele é quem agia, “...não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim”. Romanos 7:17. Chego à conclusão de que Cristo não morreu na cruz para nos livrar do pecado, mas, para nos libertar da condenação do pecado. Pecado é uma situação de imersão. Tudo o que fazemos, de certa forma, é absolutamente pecado porque tem origem na corrupção humana e o mal ainda habita em nós e continuará em nós. O texto de I João 1:10 se refere aos convertidos, onde se lê: “Se dissermos que não temos cometido pecado, nos tornamos mentirosos e a palavra de Deus não está em nós”. Estamos atolados até o pescoço no pecado, mas, uma vez justificados em Cristo, não pertencemos mais ao pecado. Cristo morreu e ressuscitou para nos livrar e mudar a nossa condição de condenados pelo pecado. Ser livre do pecado em Cristo é não carregar mais a culpa, pois, levou esta culpa na cruz. Porém, devido ao corpo pecaminoso, não estamos livres, pois, o pecado habita em nós até recebermos um corpo glorificado definitivamente livre e também liberto da condenação do pecado quando não terá mais influência em nós porque o Espírito Santo assume o controle das nossas ações, nos convencendo também do pecado. Um exemplo bem interessante aconteceu com Jesus numa de suas peregrinações terrenas quando, disseminando o seu evangelho, deparou-se com situações que nos traz uma nova visão do que permeava o seu ministério. O Espírito Santo influenciava diretamente o ambiente em que Jesus estava inserido. Por exemplo, o episódio da mulher adúltera que estava prestes a ser apedrejada, quando Jesus desafiou a todos os que estavam com pedras na mão, prontos para arremessá-las, o Espírito Santo agiu no coração de cada um, os convencendo de que todos estão errados. Jesus também não a condenou e disse que partisse e não pecasse mais. Jesus quis dizer que saísse daquela vida que a mantinha fora da presença de Deus. Engana-se quem pensa que quando Jesus assumiu a nossa culpa, cruzamos os braços e nada precisamos fazer. O pecado continuará tentando nos derrubar porque age em nós continuamente. No livro de I Pedro 5:8 lemos que “...o diabo, vosso adversário, anda ao nosso redor, rugindo como um leão, pronto a nos devorar”. Percebe-se que este texto também se refere aos convertidos em Cristo, por isto que está ao redor. Os não convertidos, além de carregar o peso da culpa, sofre as consequências desta culpa. Esta culpa não é relativa às “pessoas más” de acordo com as nossas rasas considerações, mas, a todos, porque fomos condenados e não tem como o corpo retroagir na sua essência sem a ação do Espírito Santo de Deus. O único meio de ser livre é por meio da graça e justificação de Cristo vivendo em nós. Precisamos morrer para que as ações da carne sejam anuladas e a vida em Cristo sobreviva. Leia este texto de Romanos 8:10 “...se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça”. Isto é plena justificação. Esqueça o que te disseram que os crentes não pecam. Não tem como fugir do pecado, no máximo, evitar ou impedir a aparência do mal (I Tessalonicenses 5:22). A diferença é que, mesmo estando em meio ao pecado, não pertencemos mais ao pecado. No livro de II Coríntios 10:3 o apóstolo Paulo, dentro de um contexto espiritual, diz que “...embora andando na carne, não militamos segundo a carne”. Estamos no mundo, mas, não pertencemos ao mundo porque Cristo nos justifica e vive em nós. Qualquer processo humano, sejam rituais ou autoflagelo, absolutamente será incapaz de nos livrar desta condenação. É preciso uma conversão. Para não ser somente convencido, mas, sim, convertido é preciso sentir este incômodo do evangelho que nos mostra o caminho, a verdade e a vida livres da condenação do pecado, Jesus Cristo, João 14:6.