terça-feira, 4 de julho de 2017

NEGUE-SE A SI MESMO

Venancio Junior

Esta afirmação de Jesus às multidões tem uma profundidade e uma amplitude muito maiores do que imaginamos. Ela mexe no cerne do ego humano. Exatamente no ponto onde também se define o que somos enquanto criaturas. A intenção de Jesus é exatamente expor o que somos à nós mesmos. A renúncia propriamente dita e sugerida por Jesus depende de nós. Renúncia é arrancar de dentro para fora e expor numa exata cognição submissa. A afirmação de Jesus fala sobre a relação com Ele. Não se pode servir a dois senhores, ou serve a Deus ou ao ego. A relação com Deus depende totalmente desta negação de si mesmo. Mas, esta atitude em negar a si mesmo, não se limita a caminhada espiritual. Tem-se a triste mania em separar a vida cristã do resto que compõe o gênero humano como se fossem desconectados e cada um tivesse “vida própria”. Isto se chama falta de integridade. A composição do ser humano é espírito, alma e corpo e deve haver a conexão intrínseca de forma ampla e profunda para que haja integridade. Vida cristã é a vida em si e tudo o que a envolve. Nos relacionamentos sociais e familiares adota-se este mesmo princípio. Nas relações sociais seria impossível sermos absolutos e buscar somente aquilo que nos interessa. Não existe relação sem a entrega. Em Filipenses 2:3 lemos que devemos considerar os outros superiores a nós mesmos. Isto significa dedicação ao outro e, em absoluto, não significa se desvalorizar, mas, não agir com soberba onde há uma clara intenção em se autopromover. Em qualquer nível de relacionamento para que haja estreitamento e se descubra as afinidades, isto deve ser uma prática constante, caso contrário, o distanciamento será iminente. Quanto mais perto de si mais distante do próximo estará e será impossível seguir à Jesus porque Ele é também o próximo que deve ser considerado. Talvez uma das maiores crises que o ser humano viva é a do relacionamento, seja com Deus, com as pessoas e até, pasmem, consigo mesmo. Esta, talvez, seja a pior de todas, pois, quando não se consegue conviver consigo mesmo, não se pode esperar algo de positivo quando o próximo deve ser considerado em termos de dedicação e esforço para que continue sendo próximo, uma verdadeira humilhação. Ser humilhado é diferente de se humilhar. Humilhar-se é uma atitude nobre. Humilhar o outro é arrogância. Na atitude nobre de humilhar-se, o real valor é exposto quando a casca do orgulho, da vaidade e da arrogância é retirada porque o “inchaço” do ego não tem raiz. Aquilo que não tem raiz, não tem profundidade. Aquilo que não tem profundidade, não subsiste frente as dificuldades. Devemos deixar que as pessoas nos descubram. Estes predicados vão de encontro à afirmação de Jesus. Enquanto persistir os interesses do ego, o insucesso no relacionamento baterá à porta. Jesus enquanto viveu fisicamente aqui na terra insistiu na profundidade nos relacionamentos, porém, os discípulos e os demais tinham uma visão superficial. Muitas das parábolas de Jesus eram incompreensíveis para eles devido a esta falta de profundidade no relacionamento. Muitos eram fechados pela amargura e tinham medo de se expor ou até mesmo e, principalmente, pela religiosidade. A religião judaica, na época, era muito influente e uma fiel aliada do governo romano e dominava as mentes e o coração, inclusive daqueles que Jesus escolheu para serem seus discípulos. Neste cenário era difícil promover qualquer aprofundamento. O sistema era viciado e não permitia qualquer ameaça à sua influência nas pessoas e no modo como elas viviam. O aprofundamento em qualquer relacionamento só é possível quando permitimos o acesso ao nosso córtex cerebral. Este é responsável pela maioria das reações humanas. A princípio não é saudável o controle absoluto seja de si mesmo ou de outrem. O absolutismo é uma armadilha perspicaz que subjuga as emoções a uma condição egoísta e que destrói a capacidade de aprofundar nos relacionamentos. O princípio do relacionamento do gênero humano encontra-se em Genesis 2:18, “...não é bom que o ser humano esteja só!...”, quando houve a clara intenção de Deus em promover o relacionamento. Deus acertou em fazer isto? Cada um individualmente faça a sua consideração ou uma auto-análise se é bom ou ruim. Podemos dizer com certeza de que não é bom viver só. Não somente no aspecto conjugal, mas, nos relacionamentos sociais. Em qualquer um deles teremos problemas de atritos ou, como dizem, “incompatibilidade de gênios” e num sentido mais amplo, "incompatibilidade de gêneros". O importante é não desconsiderar e saber administrar para que o grau de relacionamento se aprofunde e crie raízes. Não podemos, como dizem, forçar a amizade, existem relacionamentos que não evoluem, por uma simples questão de personalidade. O relacionamento “exige” confiança. Isto não se impõe, mas, se conquista. Para conquistar a confiança de alguém primeiramente se parte da iniciativa em abrir-se e despojar-se dos conceitos e dos costumes acumulados. Repito, isto não é despersonalização e muito menos uma desvalorização da pessoa. Isto chama-se flexibilidade e ponderação. É uma atitude muito honrada que valoriza muito a construção de um relacionamento e o torna muito sadio. Sem esta entrega de si mesmo a estrutura emocional se desgasta e todos perdem porque o relacionamento se manterá na superfície apenas. Além de nada ganharem, nada construirão e perderão o que já conquistaram. Um grande exemplo desta entrega é no relacionamento conjugal, especificamente no ato conjugal, cada um deve procurar dar prazer ao outro porque no compromisso conjugal o corpo do marido pertence a mulher e o da mulher pertence ao marido (I Coríntios 7:4) para cuidar e dar prazer. Tudo a ver com o que texto bíblico em Atos 20:35 “Mais bem-aventurado dar do que receber”. Considerar o outro superior a si mesmo é não se considerar a si mesmo. Em hipótese alguma impor que sejas melhor do que o outro. Entregar-se em prol de alguém. Estar sempre aberto para incluir alguém na vida e permitir aproximação independente se o outro merece ou não alguma consideração. Isto é muito sublime e digno de admiração. Jesus foi o maior exemplo de inclusão. Esta foi a sua missão. Não pense que foi uma tarefa fácil. Com os humildes demonstrava compaixão. Com os insensatos, arrogantes, presunçosos e ignorantes (fariseus e hereges) agia com o rigor que a situação merecia e nunca desrespeitou qualquer um daqueles com quem conviveu, nem mesmo Judas que o traiu e Pedro que o negou por três vezes. Não se respeita a pessoa por mérito, mas, pelo princípio da ética e educação. O reconhecimento do mérito para si próprio é soberba. Reconhecer o mérito dos outros é humildade. Nunca devemos excluir as pessoas da nossa vida. Ela mesma se exclui por não ter uma atitude de incluir aos outros na sua própria vida. Quem não tem disposição para incluir, provavelmente, sempre terá atitudes de exclusão, daí, surge o conflito consigo mesmo porque é impossível dissociar-se de si mesmo, vindo a depressão, a angústia que geram problemas emocionais profundos. Devemos ser pessoas livres para servir e atraentes na bondade, desta forma alcançaremos a razão do que é ser desprovido da autoafirmação do ter. Nunca devemos ser considerados por aquilo que temos, mas, pelo que somos.

Campinas - Julho/2017

O DIABO, ESTE DESGRAÇADO!

Venancio Junior

O que podemos dizer sobre o diabo que foi desmascarado pelo próprio Deus como quem peca desde o princípio?

De onde surgiu e porque ele existe? Esta reflexão não é conclusiva em absoluto e não tem a intenção em promover um caminho.

Primeiramente vamos “explicar o inexplicável” no que se refere as entidades e manifestações. A Bíblia precisa ter uma leitura apurada porque há muitas “forças de expressões” para alcançar o entendimento humano. Muitas coisas que imaginamos complexas, na verdade, foram “simplificadas” para serem compreendidas. Por exemplo, a trindade divina, esta divisão de Deus em três pessoas é para que entendêssemos a ação distinta de cada manifestação divina. Particularmente, creio que no céu não encontraremos “três deuses”, Pai, Filho e Espírito Santo. Há um só Deus, porém, manifestados de forma distintas para um propósito específico. Deus é espírito. Obviamente, o Espírito Santo também é espírito. Jesus é carne, porém, quando assuntou ao céu, voltou à forma original, ou seja, espírito porque no céu não há matéria. Se Deus é espírito, então, Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, porém, diversificado nas ações. Deus é o criador soberano. Jesus é a entidade na terra e o Espírito Santo é a manifestação de Deus.

Sendo Deus criador, então precisamos saber o que Ele criou. Primeiramente leremos o texto onde temos ciência de onde surgiu o bem e o mal e a manifestação de todas as coisas. Isaias 45:7 “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas”. Aqui é o próprio Deus se manifestando e definindo as coisas. Percebemos que o Deus supremo é o criador de tudo, até do mal. Então, chegamos à conclusão de que o bem e o mal, diria, tem a mesma origem e “se completam” e o diabo, não é um indivíduo com vontade própria, mas, sim, a manifestação do mal porque em Deus, mesmo Ele sendo o criador do mal, em si não há maldade. Surge a indagação: Deus sem o diabo não seria completo? Errado! Puro é diferente de completo. Deus é puro e a existência é completa. O mal foi criado para que a existência fosse completa. O bem e o mal não são poderes equiparados. O bem sempre vencerá o mal porque Deus é soberano e bondoso. Satanás é a manifestação do mal. A existência para ser completa, deverá existir o mal, tal como existe o bem. Em Deus não existe maldade, mesmo Ele sendo o criador do mal conforme lemos em Isaias 45:7, então o mal não foi lançado em alguém, mas, foi manifestado. Trata-se, portanto, de uma entidade. Em vários trechos da Bíblia é tratado como principado e potestade. Talvez, possamos definir que satanás é a manifestação e o diabo é a entidade. Ambos foram jogados a terra por causa da soberba e o orgulho e peca desde o princípio conforme o texto de João 8:44 “ele é homicida desde o princípio “. Tendo Deus como referência, o princípio não existe fora de Deus. Se Deus criou o mal, então, satanás “veio depois” de Deus. Daí, não podemos definir que princípio seria este. Talvez, também, a terra aqui mencionada não seja o globo terrestre em que vivemos, mas, o abismo em relação à dimensão celestial que, de igual modo, não é o céu que nós vemos.

No livro de Ezequiel 28:17 lemos qual foi a principal causa da precipitação do diabo e de seus anjos à terra, “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei;” Ainda no texto de Isaias 14:14 onde lemos o diabo declarando, “subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”, demonstra que a soberba e o orgulho foram as principais causas da sua queda em todos os sentidos. Na carta do apóstolo Paulo de I Timóteo numa exortação a quem almeja o episcopado, foi utilizado o mau exemplo do diabo a respeito da soberba e do orgulho, “que não seja neófito (novo convertido), para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo”.

 

Na Bíblia temos fatos da manifestação de satanás. O próprio Jesus foi tentado por satanás manifestado na entidade, o diabo, no deserto e na cruz. O diabo, contrariamente do que se imagina, nunca foi “maestro” do “coro celestial”. Quando Deus criou todas as coisas, demonstrou que a criação foi um ato completo e satanás é o mal em si manifestado.

A Bíblia relata diversas ações e o coloca como o nosso inimigo. Em I Pedro 5:8 está escrito: “O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor,...” e na continuação do versículo afirma que ele é incansável e sempre pronto a nos destruir, “anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar...”.

O filósofo Luiz Paulo Pondé é conhecido como ateu. Porém, tempos atrás afirmou algo interessante quando disse: “É impossível não existir uma força do bem que se contraponha a toda maldade humana que me parece não ter limite”. Não se iludam, julgando que ele tenha se convertido. Pondé apenas se convenceu de que Deus (talvez) exista.

Talvez algo que não tenhamos que confabular seja a soberania de Deus. Pois se trata de alguém que veio antes da existência. Melhor dizendo, Deus é a própria existência. Inútil discutir isto. Tudo o que existe foi gerado em Deus, até mesmo o mal que foi manifestado em satanás. A entidade e a manifestação foram distintas conforme lemos no texto de Apocalipse 12:9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele.

Muitos questionamentos são levantados sobre qual a razão de tudo. O que mudaria na nossa vida se soubéssemos o porquê das coisas? Por que deveríamos saber tudo? Na minha tosca definição, tudo absolutamente foi manifestado para que soubéssemos como funcionam as coisas. Deus criou a existência e tudo foi manifestado intencionalmente para sabermos o seu funcionamento.

Discorremos aqui especificamente sobre a manifestação do mal e seus implicadores. Legião de demônios, principados e potestades do mal são algumas das definições da manifestação do mal. Satanás é a manifestação do mal em si. O diabo é a entidade onde o mal foi manifestado. Os demônios podemos dizer que são os anjos que foram precipitados na terra.

Creio que satanás, o diabo e seus anjos (demônios), ainda não estão no inferno. O texto que lemos em Apocalipse 12:9 diz que todos os que se rebelaram foram “precipitados na terra”. Outra coisa interessante é que sempre achamos que satanás não iria sofrer no inferno, mas, o inferno foi feito para eles e não haverá quem não sofra no inferno. Mateus 25:41 lemos que o próprio Jesus quando apresentou algumas parábolas afirmou que “o fogo eterno foi preparado para o diabo e seus anjos”. O inferno é 100% sofrimento para todos os que estiverem lá. Em Mateus 8:12 diz que lá haverá “choro e ranger de dentes”. Que Deus tenha misericórdia de nós. O fogo eterno não é fictício, é real. Não adianta tentar se aproximar de Deus com medo do inferno porque só será salvo quem ama a Deus acima de todas as coisas e não por ter medo do inferno.

Considerando que não estão no inferno, onde estão e como agem o principado e as potestades do mal? O texto em Jó 1:7, o próprio Deus manteve um diálogo com Satanás e perguntou: “De onde você veio”? E satanás respondeu: “De perambular pela terra e andar por ela”. Tremendo este episódio porque sabemos que satanás está “passeando” pela terra no meio de nós. Em I Pedro 5:8 repetindo o texto lido acima, temos um alerta de que devemos “ser conscientes e vigilantes porque o diabo, nosso adversário anda ao nosso redor como leão e procurando a quem possa devorar”. Percebemos claramente que onde estivermos temos a companhia de Deus ou do diabo. Deus se apresenta à nós se o buscarmos. Satanás se manifesta na ausência de Deus que é a única força capaz de detê-lo. Isto é muito sério. Se satanás está ao redor procurando a quem possa tragar, então, ele influencia as nossas ações e intenções. Por exemplo, no episódio em Mateus 16:23 quando Pedro fez uso de sua forte personalidade, onde tinha mais intenções políticas do que espirituais, não podemos afirmar que ele estava possesso quando Jesus expulsou satanás logo após ele ter dito que não morreria, chegando até a repreender Jesus. Leiamos o texto: “Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: 'Deus não o permita, Senhor! Isso jamais te acontecerá!' Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse: 'Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!”. Jesus não estava falando com Pedro, mas, com a influência satânica na personalidade de Pedro conforme vemos no final do texto.

A nossa vida fora da presença de Deus é um desastre porque estamos sujeitos as influências satânicas e praticamos coisas absurdas do ponto de vista moral, ético e espiritual. Por praticar tais coisas, isto não significa que estamos endemoniados. Sofremos influência na nossa personalidade dos principados e potestades do mal. Nossa vontade e pensamentos são adulterados por satanás de tal forma que achamos normal mentir e praticar imoralidades e perdemos totalmente a noção espiritual da nossa realidade e permanecemos no erro sem forças para reagir no sentido de deixar Deus cumprir o teu querer na nossa vida. Usamos até textos bíblicos tentando justificar os nossos erros e, provavelmente, ainda o fazemos em nome de Jesus. Isto é algo que causa repulsa em Deus. A Bíblia é o melhor livro como pode ser o pior livro do mundo quando distorcemos a palavra de Deus. Isto é influência satânica na nossa capacidade de discernimento, mesmo lendo a Bíblia, nos afundamos mais ainda no abismo espiritual que estamos imersos. Acredite, este poço não tem fundo e não sabemos até onde podemos chegar. É isto que faz a influência satânica. O diabo nunca foi provido da graça de Deus (peca desde o princípio), por isto é um desgraçado. Nossa luta não é contra nós mesmos. Nossa luta é contra os principados e potestades do mal (Efésios 6:12) que tentam e, muitas vezes até conseguem, dominar a nossa vontade, as nossas intenções e ações e os nossos pensamentos.

No texto de João 8:44 o diabo é tratado como homicida e mentiroso: “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira". Quando cometemos erros, a nossa principal arma para esconder a verdade é a mentira e o diabo nos faz esquecer que sofremos a influência dele tal como Pedro quando tentou evitar a morte de Jesus. Fugir da influência de satanás não é tarefa das mais fáceis. Em I João 3:8 “quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio". Este texto é extremamente cruel e não deixa margens a dúvidas. Para que tenhamos uma vida, não diria sem a presença de satanás porque, enquanto estivermos neste mundo, poderemos sofrer a influência satânica e para fugir disto e para que a nossa vida não caia em desgraça, somente seguindo o que diz no texto de I Pedro 5:6 “estando humildes debaixo da potente mão de Deus para que no devido tempo Ele nos exalte”. Este termo “exaltar” é referente a nos levantar para ficarmos fora da influência do diabo e sermos alcançados pela superabundante graça de Deus.

Deus seja glorificado!

Campinas, Janeiro de 2017

O PECADOR, ESTE INJUSTO!

Venancio Junior

Não é pecado roubar, matar, fumar, embriagar-se, prostituir-se, drogar-se, mentir e tantas outras coisas que caracterizamos como pecado. Estas práticas são, na verdade, consequências do pecado. Não herdamos o Reino dos céus simplesmente por deixar de praticar tais coisas. Existem centenas de milhares de pessoas que não praticam estas maldades, porém, não herdarão o Reino dos céus. O pecado que, de fato, nos tirou esta herança do Reino é estar fora da presença de Deus. Não existe a condição estar longe da presença de Deus. Ou se está na presença de Deus ou não está. Estar longe de Deus é apenas uma metáfora para nos mostrar que estamos no caminho errado. É como aquela antiga brincadeira de quente ou frio. Está quente quando estamos próximos daquilo que buscamos e frio quando nos distanciamos. Mas Deus derruba esta definição quando diz que vomitará quem estiver morno. O morno, no caso, é aquele que está fora e finge que está dentro tentando enganar a Deus. O próprio Deus nos expulsou da sua presença porque nos tornamos indignos. Este é o único pecado que nos condena à morte eterna e que Deus considera.

Até agora deu a entender que se trata apenas de uma opinião pessoal. Como não quero que a minha opinião prevaleça, vamos à Bíblia que é a forma como Deus se manifestou aos homens.

Primeiramente vamos ao princípio onde tudo se perdeu e saímos da presença de Deus, consequentemente ficamos sem a condição de herdeiros do Reino. Em Romanos 3:23 lemos: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Pronto, aqui teve início a peregrinação do homem na tentativa de voltar à presença de Deus. Em vão. Fomos condenados por Deus e foi uma decisão, até então, irredutível.

A partir daí as consequências desta condição tornaram-se brutais e com infinitos níveis de crueldade por parte do ser humano. Estes pecados pontuais foram caracterizados porque vivíamos sob a lei. Leiamos Romanos 7:5 “Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte…”. Antes a lei nos condenava, por exemplo, Jesus foi morto por causa da lei. Os sacerdotes e as autoridades condenaram Jesus e o crucificaram conforme lemos em Lucas 24:20 “...e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram”. Quantos textos temos na Bíblia o suficiente para nos esclarecer que não precisaria falar mais alguma coisa.

O ser humano sempre teve o pecado como “arqui-inimigo” desde a sua criação. Afinal, é a única coisa que nos distancia de Deus, ou melhor dizendo, que nos mantem fora da presença de Deus. É, na verdade, algo intolerável para Deus. Tanto é que nos expulsou da sua presença.

Mas, quem é bom a ponto de merecer a vida eterna? Quantas vezes ouvimos: “Que pessoa boa, sempre foi correto. Quando morrer vai direto para o céu!”. Quando alguém importante morre, segue-se o comentário: “Este nos deixou, mas, como foi uma pessoa que nunca falou mal de alguém tem um lugar reservado no céu”. As coisas não funcionam desta forma. Lembre-se do texto em Romanos 3:23 onde lemos: “Porque todos pecaram...”, como Deus não tolera o pecado, todos foram expulsos da sua presença. Os “pecados pontuais” são consequências desta ação de Deus em nos expulsar da sua presença. Absolutamente ninguém é merecedor. Em Marcos 10:18 o próprio Jesus reafirmou a absoluta bondade de Deus, respondendo ao jovem rico, que na carne não existe bondade porque não poderia negar-se a si mesmo. Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um que é Deus.

As religiões têm causado mais confusão do que esclarecido esta questão do pecado. Mesmo as não cristãs, como as orientais, reconhecem o pecado. Outras negam o pecado e afirmam que não existe. Muitas outras afirmam que o próprio inferno não existe, mas, reconhecem que o pecado existe e até reconhece que o filho de Deus veio para livrar do pecado. Neste caso, se não livrar do pecado, qual é condenação para os que pecam sem perdão? Vamos nos ater apenas às religiões cristãs que já tem bagagem o suficiente para analisar. A maioria delas aceitam o pecado como o único problema que impede a entrada no céu. Até reconhecem que todos nós somos pecadores inveterados. Porém, adotam a filosofia de que o pecado é fazer algo errado. De certa forma, todos têm razão. Mas, não é isto que nos impede de herdarmos o Reino. Partamos do princípio de que não existe “pecadinho” e nem “pecadão”. Muitas atentam-se para as leis. As religiões muçulmanas e os judeus ainda se valem das leis. Em Gálatas 5:4,5 diz que: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes. Nós, entretanto, pelo Espírito aguardamos a esperança da justiça que provém da fé”. Para aqueles que ainda se esforçam e se sacrificam tentando justificar a salvação pela sua acuidade com as regras ofereço o texto contido em Gálatas 2:16: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada”. Isto significa que as regras não mudaram. Os homens é que distorceram as regras dando suas próprias interpretações. O próprio Jesus afirmou que não veio mudar as regras, mas, cumpri-las, leia Mateus 5:17,18. As regras já foram estabelecidas por Deus e os homens a distorceram e fizeram suas próprias considerações criando um reino de Deus aqui na terra, não amando o próximo, não dando a outra face, adorando deuses estranhos, dando falsos testemunhos e não reconhecendo a Jesus como o Messias, só para citar alguns. Isto demonstra como é distorcida a nossa visão da carne. Tudo isto criamos como forma em nos livrar da condenação pelo pecado.

Deus quando nos expulsou da tua presença, não foi um ato personalizado. Ele não expulsou simplesmente Adão e Eva, mas, o gênero humano. Como eu seria expulso sequer tinha nascido? Então, neste caso, não existem “pecados personalizados” ou “condenação personalizada”. Deus não irá se preocupar quem você é, mas, como você está. Todos, é absoluto, tanto para condenação como para salvação. Todos pecaram... e que ...todos sejam salvos. Nosso pecado é estar fora da presença de Deus e ficamos sujeitos a qualquer ação como consequência desta condição. Se o mentiroso não herda o Reino, então quem não mente herda o Reino? Negativo! Quem não nascer de novo, por melhor que a pessoa seja na concepção humana, não entra no Reino de Deus. No texto de Romanos 8:13 diz: “porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. Deus salva a alma que é a nossa consciência. A carne foi destinada ao pó, pois sofreu uma degeneração em consequência de estar fora da presença de Deus.

E como voltamos a herdar o Reino ou à presença de Deus? Em Romanos 6:19 lemos “Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um, muitos serão constituídos justos”. Lembrando que continuamos a ser pecadores, porém, justificados em Cristo pela superabundante graça de Deus. Em Romanos 8:3 vemos que o próprio Deus, (como tudo na vida, pois sua vontade é soberana), permitiu-nos através de Jesus Cristo em forma humana, uma nova oportunidade: “Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado”. Somos justificados em Cristo porque onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. Romanos 6:20 “Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça”. Esta condição é fruto do amor e da bondade de Deus. A superabundante graça nos resgata no mais profundo abismo. Este abismo não significa que se encontram os “piores pecadores”, mas, demonstra a profundidade da alma pecaminosa, onde não se tem mais condições de qualquer indício de fé ou de temor à Deus. Por exemplo, aqueles que estão envolvidos num ambiente totalmente desprovido da pregação do evangelho. Não precisa ser um ambiente ateu onde há a negação de Deus, mas, pode ser num ambiente religioso onde se fala de um evangelho estranho. Nesta situação, somente a graça pela fé é capaz de alcançar estas pessoas. Leia o texto de Efésios 2:8 "...portanto pela graça sois salvos por meio da fé". A graça nos alcança e, de forma, anula o nosso “eu” que é a carne que produz somente frutos para condenação. A superabundante graça nos mantém na presença de Deus em meio a abundância de pecado "...porque o mundo inteiro jaz no maligno" I João 5:19.  A graça e a superabundante graça agem na velha criatura para que uma nova criatura surja. Em Romanos 8:10 lemos que o corpo deve morrer para que a vida que há em Cristo viva em nós. “Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justificação de Cristo”. Isto não significa que haverá uma “despersonificação”. O que será anulada é a característica do pecado. Da forma como nasceu em termos de personalidade, continuará sendo a maneira como você é e cabe a si mesmo administrar. A alegria e o prazer serão, tipo, "potencializados".

Uma ideia errônea que imperceptivelmente vem a nossa mente é se somos salvos ou estamos salvos? Surge, então, aquela questão: E se Jesus vir quando eu estiver pecando? Relaxe! Lembre-se da superabundante graça. Será que podemos afirmar que a graça é para todos e a superabundante graça é para manter os justificados? A superabundante graça de Deus não é para que saiamos pecando por aí. Para aqueles alcançados por esta superabundante graça, pecador não é uma situação, mas, uma condição. Porque, nossa condição é de regenerados, porém, continuamos na situação de pecadores porque ainda estamos no mundo. Porém, Deus não nos trata conforme a nossa justiça terrena. O pecador é somente um, o ser humano. A salvação é para todos segundo a vontade e a justiça de Deus. I Timóteo 2:4 "...o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade". O que não podemos é continuar, após a conversão que significa “mudar a direção”, dando vasão à carne. Na carta de II Coríntios 10:3 o apóstolo Paulo exorta que “...embora andando na carne, não militamos segundo a carne”. Andemos em novidade de vida (Romanos 6:4) porque a palavra de Deus se renova a cada dia em nossas vidas devido o pecado que nos envelhece (Salmos 32:2). Como se renovar? Romanos 12:2 nos dá a receita: ...transformai-vos pela renovação da vossa mente!" A mente nada mais é que a alma. Renovar a mente é essencialmente não deixar que a tendência da carne prevaleça. O texto do livro de Ezequiel 18:20 diz que o pecado nos leva a morte, “...a alma que pecar, esta morrerá”. O que vai sofrer no inferno é a consciência (alma). O espírito não peca porque é uma expressão ou um sopro. Quem for para o inferno é porque não se regenerou e não porque errou muito na terra. Não se pode condenar quem já está condenado. Ninguém vai para o céu porque odeia o diabo. O céu retorna como herança para aqueles pecadores que são justificados e restaurados em Cristo Jesus para viver eternamente na presença de Deus.

Campinas – 20/09/2016

O ANTICRISTO

Venancio Junior

Desde criança ouvia falar que o anticristo era os soviéticos e depois disseram que seria o papa e até mesmo um muçulmano de nome Maltreya que já estava infiltrado e agindo no oriente médio, especificamente no Marrocos. Mas, afinal, o anticristo é uma pessoa ou uma ideia? Principiou-se numa pessoa que, no caso, é o diabo quando foi expulso do paraíso. Podemos incluir, “por mérito”, os seus anjos que foram igualmente expulsos e tornaram-se na dimensão espiritual também anticristo. Mas na nossa dimensão há milhões de anticristo espalhados pela terra que negam a Cristo e este sentimento se prolifera em redor do mundo que jaz no maligno e conscientes ou inconscientes, todos que O negam é um anticristo. Existem também grupos organizados de combate aos evangélicos, inclusive com proibição de Bíblias e outras literaturas cujo objetivo é o de extinguir a igreja ou o povo evangélico. A cada dia somos confrontados, como neste caso, naquilo que cremos e chegará o dia em que perguntarão se somos contra ou a favor de Cristo. Nada disto é novidade e é bíblico que a igreja sofra perseguição, leia II Timóteo 3:12 “E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições”. Mas a Bíblia é muito clara quando lemos que todo aquele que nega que Jesus é o Cristo é o anticristo. O ex-Beatle John Lennon declarou ainda no auge da carreira dos Beatles que eles eram mais famosos do que Jesus Cristo. Talvez ele tivesse razão no que diz respeito a ser mais conhecido porque hoje em dia ainda existem pessoas que nunca ouviram falar de Jesus. Deus não está preocupado com quem é mais famoso ou menos famoso e até mesmo quem tem mais seguidores ou simpatizantes, prova disso é que o apóstolo Paulo afirma em I Coríntios 9:22 que “...fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns” e no livro de Mateus 22:14 Jesus diz que “...muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos”. Todo o esforço e capacidade de Paulo não foram o suficiente para ganhar a maioria daqueles que ouviram a pregação e no outro texto o próprio Jesus chamou a muitos e, destes, poucos serão os escolhidos. E, ainda sobre John Lennon, ele concluiu esta infeliz declaração dizendo que o Cristianismo sumiria do mapa. Admiro suas músicas e sou fã dos Beatles, mas John Lennon se enganou e, talvez, posteriormente tenha se arrependido de tal declaração. Como ele sofreu algumas mágoas na infância devido à instabilidade da sua família e dentro de uma cultura, poderíamos dizer cristã que é o Reino Unido, talvez tenha ficado decepcionado com as imposições da sociedade britânica e pode ser também que as asneiras que ele falou sejam “apenas” um reflexo da sua extrema vontade de acertar. As pessoas famosas e influentes, geralmente, apelam em suas declarações quando percebem que todo o poder de convencimento que eles detêm perde a força. John Lennon cantou e defendeu verdades que pertencem ao princípio do Cristianismo, por exemplo, ele falava muito de paz e esta era uma de suas maiores bandeiras e também falava de amor. Assim como o ex-Beatle, existem muitos outros grupos e pessoas individualmente que se dizem contrários ao Cristianismo e sentem até aversão a esta "ideologia", porém, o maior anseio destes é viver conforme os princípios descritos na palavra de Deus que é de onde conhecemos os fundamentos do Cristianismo. Dentre estes, podemos citar os grupos fundamentalistas religiosos, porém, não cristãos que também combatem o Cristianismo. Se já não bastassem tantas adversidades, existem também os grupos denominados (pasmem) evangélicos que falam de Cristo, mas são aqueles em que Cristo disse que usam o seu nome e Ele não os reconhecem. Falar é fácil o difícil é viver e seguir o que Cristo deixou. Somente os que são convertidos a Cristo é que conseguem a “duras penas” assimilar a mensagem de Cristo em suas vidas. E os convencidos são descompromissados e não se acham na “obrigação” de serem mensageiros da verdade. Há uma diferença entre os convertidos e os convencidos. Enquanto os convertidos se valem da fé os convencidos optam pela razão e pela lógica e, estes pertencem ao grupo do anticristo. Jô Soares um dia declarou que é impossível olhar para uma flor e afirmar que Deus não existe. Eu acho que ele apenas se convenceu de que Deus existe. Para crer em Deus precisa se ter fé. Na Bíblia está escrito que “...sem fé é impossível agradar à Deus” e quem não agrada à Deus é contra Deus mesmo sem a intenção de contrariar. A Bíblia diz que quem não segue a Cristo é anticristo. Simples e radical, mas foi o próprio Jesus quem afirmou e em vários textos encontramos esta declaração e um deles está em Lucas 11:23 “...quem não é por mim é contra mim e quem não ajunta espalha”. Para ser um anticristo basta ser omisso, não falar e não viver o que Cristo ensinou. Não existe, em absoluto, um meio termo de vida espiritual. Em I João 2:18 diz: “...conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado.” e no versículo 22 a conclusão desta afirmativa: “Quem é o mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho.” Com certeza não se pode concluir que alguém recebeu o "título" de autoridade “suprema” de anticristo. O diabo que foi, podemos dizer, o primeiro anticristo não tem poder sobre si mesmo, sequer para delegar outro que fosse igual a ele. Na verdade, ele não tem autonomia de poder porque tudo e todos estão sob o controle de Deus. Mas, conforme está descrito na Bíblia, o nosso adversário é o próprio diabo (I Pedro 5:8). O diabo é a encarnação do mal nas pessoas. Lembre-se, não existe meio termo ou somos a favor de Cristo ou somos anticristo. Podemos afirmar que o anticristo pode ser qualquer um, basta ser contra Cristo. Até mesmo aqueles que falam em nome de Cristo podem ser anticristo e, diria que são os piores porque Deus foi incisivo quando criticou e disse que fôssemos frios ou quentes, mas nunca morno porque Ele nos vomitaria (Apocalipse 3:15,16). Podemos dizer que morno é aquele que diz que é, mas na prática não o é. Quando sabemos que algo é perigoso, com certeza, não confiaríamos. Mas quando algo demonstra confiança tentamos nos aproximar e nos sentimos seguros, porém, somos traídos com uma falsa mensagem ou um cristianismo deturpado. Uma verdadeira armadilha é o excesso de confiança. A confiança não existe verbalmente porque a confiança se demonstra na entrega de algo ou de si mesmo a alguém. A Bíblia enfatiza a ação de confiança e se não confiarmos em Deus não existirá a relação de Pai para filho. Aqueles que traem a confiança são os denominados usurpadores da Palavra para fins ilícitos e estes usurpadores estão levando milhares para o inferno. Como poderíamos chamá-los? Anticristo! E para se ter convicção em quem cremos é preciso uma vida transformada na conformidade da doutrina de Cristo. Vários são os textos em que Jesus afirma que devemos carregar a nossa cruz e segui-lo. Chamo a atenção para o texto de Lucas 14:27 em que Jesus é enfático “...Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo”. Carregar cada um a sua cruz é algo muito pessoal e ninguém poderá carregar a cruz do outro. Renunciar a si mesmo, obviamente, somente você poderá fazê-lo e a doutrina de Cristo requer renúncia às práticas da velha criatura. Ninguém quer renunciar aos seus valores. Diante deste quadro o diabo "já pode tirar as suas férias". Lógico que isto é apenas uma metáfora porque sabemos que o príncipe deste mundo (João 14:30) não descansa e age nestes grupos de anticristo através das pessoas. Nossa missão é propagar o evangelho, isto é ser de Cristo e se não pregarmos ou dar testemunho daquilo que o evangelho fez na nossa vida corremos o risco de sermos anticristo porque o próprio Cristo não nos reconhecerá. O apóstolo Paulo já falou: “Ai de mim se não pregar o evangelho” I Coríntios 9:16. Por que Paulo afirmou isto? Exatamente pelo fato de que ele deveria demonstrar de que lado estava se não ele também seria um anticristo. Ser a favor de Cristo é renunciar a velha criatura e deixar de ser anticristo e receber aquilo que Deus ofereceu de melhor que é o livramento da condenação eterna. O Cristianismo não morreu e nem morrerá porque Cristo ressuscitou e vive eternamente.

campinas sp 13/07/2012

PORQUE SOMENTE O ÊXTASE ESPIRITUAL NÃO RESOLVE

Venancio Jr

O dia de Pentecostes foi de fato um “divisor de águas”. Desde então a manifestação dos dons espirituais se tornou a marca do pentecostalismo a ponto de adotar-se como “termômetro” de espiritualidade, em vista disso, esta manifestação deixou de ser privilégio dos evangélicos pentecostais e foi literalmente assimilado pelos católicos carismáticos que buscavam evidências desta espiritualidade. Em qualquer um dos casos, o principal motivo é a busca de um êxtase espiritual que evidencie comunhão com Deus.

Não creio em êxtase espiritual a rigor de deuses estranhos e distantes dos princípios bíblicos. No livro de Marcos capítulo 13:22 Jesus alertou os apóstolos a respeito destas manifestações estranhas: “Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos”. Em II Coríntios 14:01 Paulo enfatiza que devemos procurar com zelo os dons espirituais, sejam línguas estranhas, profecias ou revelações e parece que ele previu a usurpação no uso destes dons. Paulo amava a Deus e travou uma batalha interior conforme lemos em Romanos 07:25: “De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”. É a luta do homem natural com o homem espiritual. Mas ele teve atitude para que o homem interior (espiritual) prevalecesse. Ele teve atitude também para cumprir o que Jesus expôs, em Mateus 22:37, quando mostrou a legitimidade do êxtase espiritual: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento”.

O poder de Deus foi liberado, não pela nossa vontade, mas a de Deus conforme lemos em João 01:12,13 que diz: “Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”. Jesus também foi enfático no texto de Atos 01:08, “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo...” Depois do êxtase espiritual o que acontece? A nossa vontade deve ser submetida a Deus porque, tanto o querer como o efetuar, pertencem a Ele (Fp 02:13). Coube a nós apenas nos dispor a Deus e praticar a sua boa obra. “Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma” Tiago 02:17. O êxtase espiritual nesta boa obra será legitimado se na prática seguirmos o que está escrito na sequência de Atos 01:08, “... e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.”.

campinas sp 08/08/2007

obs. Este título foi-me sugerido pelo Pr Carmo Ribeiro quando ainda pastoreava a igreja Metodista Livre em Campinas e pediu-me que escrevesse algo a respeito.

A IGREJA SEM GRAÇA

Venancio Junior

“A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo”.

Eu sofro atualmente de uma crise de insatisfação. Muitas, mas muitas vezes eu julgo que o problema sou eu e não o que acontece a minha volta. Sou viciado em jogar futsal e não abro mão deste meu “vício”, porém, não consigo mais assistir futebol de tão sem graça que está. Também não consigo ouvir as novas músicas da nossa mpb e também as internacionais. As denominadas evangélicas ou música gospel não fogem à esta regra que é a falta de graça. Falta musicalidade, poesia e sentimento e muita honestidade. Antes eram raras as emissoras de rádio que tinham programas interessantes. Atualmente é raríssimo quem ouse reviver os grandes autores e intérpretes nacionais e internacionais não falo de estilo de música ou qualquer outra forma de arte. Existem algumas formas de expressão artística que não aprecio, talvez por ignorância, mas percebo a honestidade e sentimento empreendidos ali. Lembrando que até aqui é apenas uma explanação de como me sinto atualmente. Onde foram parar os grandes atletas do futebol porque os outros esportes não sobrevivem sem a qualidade dos seus atletas, enquanto no futebol, qualquer perna de pau com o apoio da mídia vira um fenômeno milionário. No tênis, no voleibol, basquete e em alguns outros esportes não existe meio termo ou se é habilidoso ou sucumbe em meio a técnica do adversário. O importante disso tudo é não sermos escravos daquilo que nos dizem. A imprensa é mestre em tentar manipular sentimentos e emoções por que a nossa tendência é investir naquilo que achamos que supostamente tenha valor. Exatamente neste ponto é que a Bíblia diz: “Porque onde estiver o teu tesouro, ali estará também o teu coração”. Mateus 6:21. Que tesouro é este que perdemos? Qualquer coisa que não tenha sentimento é algo duvidoso nas suas finalidades. Não deixa saudades.

A saudade de alguém querido é devido à relação de sentimento. A esta altura desta reflexão existe uma forte tendência em direcionar a opinião para o saudosismo. É exatamente neste ponto a minha crise. Saudosismo é, na verdade, um forte desejo de reviver grandes emoções tão raras hoje em dia. Regularmente vou à igreja assistir aos cultos e gosto de visitar algumas outras, principalmente onde tenho amigos e irmãos na fé. Sempre fico na expectativa de apreciar músicas que foram bem ensaiadas e uma palavra bem aplicada. Geralmente saio frustrado e indignado e me pergunto: onde foi a graça de todas estas coisas? Grandes igrejas cheias de pessoas e de grandes grupos, porém, sem graça. Apresentações “aguadas”, sem brilho com raríssimas exceções. Pregações que parece aquelas goteiras que sempre que chove lá vem a goteira, meio que óbvio. Mesmice, sem profundidade e assuntos fora do contexto. Em se tratando de igreja, os sentimentos são distintos e peculiares porque a motivação é estritamente espiritual. Quando me lembro disso fico pior por não sentir a emoção que as palavras dos cânticos ou da pregação exprimem. Onde está a graça dos pregadores? Onde está a graça dos grupos de cânticos? Onde está a graça dos corais? Aliás, onde estão os corais? Nunca as igrejas tiveram tantos bons e excelentes músicos e o acesso a seminários presenciais e também virtuais. Mas onde está a graça? Grupos ruins e pregadores ruins que gritam, esperneiam e usam de jargões para despertar alguns “glória a Deus e aleluias" tem se multiplicado. Certa vez fui a uma igreja a convite de amigos para uma apresentação especial e fiquei profundamente frustrado e triste com o rumo que aquela igreja estava tomando. Apresentações sem graça e não tinha o mesmo número de frequentadores que antes frequentavam a igreja nestes eventos. Será que aquela igreja estava perdendo a graça? Não me refiro a graça de Deus. Existe uma enxurrada de cânticos de louvores que, onde se vai, ouve-se as mesmas músicas e a cada ano é a mesma coisa e se torna uma coisa maçante. Falta inteligência nas letras, não me refiro à complexidade poética ou ortográfica. A composição de uma igreja não é algo tão complexo para se definir. A complexidade está em sermos igreja com o que temos. Somos agraciados por Deus com os talentos e o apóstolo Paulo discorreu sobre a diversidade dos dons e incluo aqui os talentos também. Mas uma igreja pode ficar sem graça mesmo não tendo algo que comprometa a integridade espiritual dos seus membros. E o que falta para que uma igreja com a graça de Deus tivesse graça na sua liturgia? É puro sentimento e motivação. A motivação é adorar a Deus, esta é a premissa do crente e a prática da adoração deve ser provida do sentimento. Isto é a essência da honestidade. Qual a motivação dos trabalhos e quais os sentimentos desprendidos? Em Efésios 3:8 o apóstolo Paulo explanou a riqueza da graça: “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo”. A graça de Deus é tão rica e Ele nos capacitou para que o que fazemos tivesse graça. A graça com graça depende de nós. Muito daquilo que é apresentado hoje é como faca sem corte e sem ponta, não penetra, não se aprofunda e causam apenas escoriações. Os “hits” e as pregações não causam nenhuma mudança na nossa vida exatamente porque não se aprofundam e jamais alcançarão o nosso coração devido a superficialidade de suas mensagens. Ter graça é ter a graça de Deus e exprimir com o talento que Ele nos deu para O adorá-lo e atrair outros para que O adorem também.

campinas sp 16/02/2012

OS TEMPLOS ESTÃO CHEIOS...DE VAZIOS

Venancio Jr.

É muito gratificante, principalmente em nosso país, encontrar muitas igrejas e quase uma em cada esquina e rapidamente se tornam grandes igrejas e todas elas bem frequentadas, muitas superlotadas e logo imaginamos que as pessoas estão à procura de Deus ou, na pior das hipóteses, buscando equilíbrio espiritual que, teoricamente, traria satisfação, conforto, consolo, segurança e tudo o que uma boa e sadia espiritualidade proporcionaria para as suas vidas. Se não conseguimos ver pessoalmente, assistimos pela televisão programas religiosos ao vivo, sejam evangélicos e até mesmo os católicos com os templos cheios. O que será que atrai tanto as multidões?

         Sou um “assíduo leitor” das manchetes publicadas nas revistas, jornais e na internet. Na sua maioria, os assuntos são frívolos, com conteúdo extremamente fúteis e tendenciosos. Numa destas assiduidades um assunto me chamou a atenção. Não comprei a revista porque não me interessei em ler o conteúdo que, geralmente é repetitivo e sendo óbvio a “guerrinha” dos católicos e evangélicos em quem arrebanha mais fiéis, inclusive usando a mídia para inflamar mais ainda esta disputa. Neste número, a revista Época publicou uma matéria falando sobre os megatemplos. É um assunto que já foi explorado por alguns periódicos e focavam principalmente os megatemplos evangélicos. Na matéria os evangélicos foram citados, mas a foto da capa era a do Padre Marcelo e o assunto principal era o “seu” mega templo para 100 mil pessoas. Fico me imaginando num local fechado com mais 99.999 pessoas chega a ser assustador e, para quem sofre de pânico é um local nada recomendável. Imagine se o Pastor ou o Padre quiser falar com alguém sentado na última fileira? Ainda bem que a maioria dos líderes se interessam mais pela multidão do que com os que a compõe. Voltando ao tema da matéria, os megatemplos já não são novidades. Desde a década de 70 os evangélicos já vem construindo os seus megatemplos, por exemplo, a igrejaDeus é Amor em São Paulo comporta 60 mil pessoas sentadas e a igreja Assembleia de Deus em Cuiabá no Mato Grosso, um pouco mais “modesta” com capacidade para 25 mil pessoas sentadas e agora os católicos (carismáticos e simpatizantes) que se sentem atrás dos evangélicos também em muitas outras coisas resolveram impressionar e acomodar os seus fiéis em confortáveis templos. Nada contra e totalmente a favor ao conforto que se deve ter nas grandes e também nas pequenas igrejas fisicamente falando. Mas o tema discorre sobre fidelidade que é a matéria de capa da revista, “Os megatemplos para reforçar a fé”. Esta frase é típica de quem não lê a Bíblia e desconhece totalmente a doutrina de Jesus. Se a fé se materializasse da mesma forma que se constroem os grandes templos, estaria fácil adquiri-la e medir o nível espiritual dos fiéis, porém, é um erro gravíssimo a colocação a partir deste ponto de vista. Mas na Bíblia diz que temos de crer para ver e não ver para crer. Lembramos da exortação de Jesus à Tomé a respeito da fé quando enfatiza de que “...bem-aventurados os que não viram e creram”. Ainda sobre a fé, em Hebreus 11:1 diz que fé é o firme fundamento daquilo que se espera e a convicção daquilo que não se vê. Fé e lógica é uma mistura heterogênea enquanto fé e obras é uma mistura homogênea uma não sobrevive sem a outra.  Leia Tiago 2:26 onde está escrito que a fé sem obras é morta.  Estas obras poderão ser também físicas no tocante a conformidade terrena, mas a finalidade tem caráter espiritual que é a regeneração do ser humano e não a opulência de grandes construções que incham a vaidade. Será que algum católico viu através da fé este templo e foi fiel nos dízimos para que esta obra fosse realizada ou outro tipo de fé viabilizou esta mega construção? Acho que está havendo um equívoco muito grande no título da matéria. Isto é totalmente incoerente com o texto contido em Atos 17:24 onde está escrito que o Deus Altíssimo não habita em templos feito por mãos humanas. Ele enviou o Espírito Santo que faz parte da nova aliança nossa com Deus e o nosso corpo se tornou o santuário de Deus. Se temos fé, é em Deus que a temos. No antigo testamento por determinação divina eram construídos e ornamentados “grandes” templos que não eram tão grandes assim, por exemplo, o grande templo do Rei Salomão media ± 30m x 15m, qualquer casa média hoje em dia tem estas medidas, mas a grandiosidade encontrava-se no que o templo representava e não pelo tamanho físico. E nestes grandes templos praticavam-se os rituais que reforçavam ou renovavam a fé, inclusive com sacrifícios de animais. Porém, no Novo Testamento veio o tempo da nova aliança com Deus que nos concedeu a sua graça e o nosso corpo se tornou o seu templo e somos medidos pela importância que Deus nos dá e não pelo que somos, seja pobre, rico ou qualquer raça Deus nos nivelou por baixo na queda do homem e com o tempo da graça nivela por cima aqueles que aceitam a sua verdade que é Jesus Cristo o seu filho. Dentro desta contextualização de templo é que soa estranho afirmar que uma simples construção, apesar da grandiosidade física, é motivo para que a fé seja reforçada. É pura usurpação da Palavra de Deus porque a finalidade é ilícita. E a fé não é algo que se apalpa. Até tentaram comprar a fé. O grande templo do vaticano foi construído com a venda de indulgência que é o perdão dos pecados. Não estou provocando os católicos, mas relatando fatos. Apesar de a matéria ter como foco principal o grande templo católico, a minha explanação é para todos os religiosos que precisam da fé para alcançar a graça de Deus e esta não depende do que se vê. Não se pode pregar o evangelho a uma multidão e continuar tratando o indivíduo apenas como uma pequena parte desta multidão. O evangelho por atacado. As questões são individuais. Por isto que digo, sem medo, que em muitos destes grandes templos de hoje e até mesmo nos pequenos templos estão cheios de pessoas vazias que, por um motivo ou outro, se encontram apenas na dimensão religiosa das tradições e se alimentam do “evangelho algodão-doce”, grande no volume, branco como a neve, doce no sabor, mas é somente aparência e o sabor dissolve na saliva. Não sustenta. Em outras palavras, é uma fé morta. Milhares estão crendo nestas mensagens efêmeras. Diria que muitas das grandes igrejas de hoje são semelhantes ao mundo tecnológico. Investem bilhões em tecnologia produzindo deslumbrantes aparelhos reprodutores de vídeo e áudio e de comunicação, porém, o conteúdo que reproduzem são vazios, fracos e sem profundidade. É como a casca que a cigarra abandona, tem somente a casca, porque dentro está vazio, nada tem. Muitos destes megatemplos são assim, bonitos, práticos, confortáveis e muitos até admiráveis na sua arquitetura, mas vazios de almas, vazios de doutrina, vazios de amor, vazios de fé, vazios de esperança, vazios de humildade, vazios de santidade, vazios de sacrifício, vazios de evangelismo, vazios de humildade, vazios de sabedoria, vazios de quebrantamento e, de tão cheias de vazios que servir à Deus não tem qualquer significado.   

Há três tipos de igrejas vazias. Uma é vazia porque deixou de ser um local até socialmente interessante. Outra é vazia porque o foco é enchê-la, mas, de pessoas, porém, vazias do propósito principal do evangelho de Deus. Uma terceira igreja vazia é aquela cujas pessoas tem a consciência de discípulos e estão vazias das tradições da instituição. Buscam encher-se e renovar-se do evangelho que os desafiam a tornarem-se vazias de si mesmos e não se confundem mais com a multidão.

Por que as pessoas estão vazias do evangelho mesmo ouvindo todos os dias? Encerraríamos a conversa apenas dizendo que isto é uma tendência do fim do mundo que não será com terremotos e violência urbana, inclusive isto já foi dito por Jesus “...ainda não será o fim!”. Creio que o fim do mundo estará muito próximo quando as pessoas ou pelo menos a maioria, ouvirá e conhecerá o evangelho, porém, não assimilará em sua vida, consequentemente, estará vazia de Deus. Esta é uma condição em que não temos controle sobre as nossas ações. Nos submetemos a ação de Deus em nossa vida através do Espírito Santo ou ficamos à mercê do inimigo de nossas almas cuja intenção é somente roubar, matar e destruir. Imagine um mundo dominado pelo mal? Não existirá mais vida, apenas morte. Porém, ninguém morrerá, desejarão ardentemente a morte e ela não virá, restará apenas o sofrimento. Este destino é consequência do vazio de Deus nas pessoas. As pessoas estão se esvaziando de Deus e se enchendo de superficialidades que lhe são oferecidas. Os religiosos estão se enchendo de tradições e os não religiosos são vazios pela razão óbvia. Não adianta culpar os pastores ou a liderança pela falta de apoio. Quem decide pela vida somos nós mesmos. Quem decide o que devemos absorver para a nossa alma e intelecto somos nós mesmos. Estamos cheios de nós mesmos e devemos nos esvaziar e nos encher do Espírito Santo de Deus. Na prática é ter atitudes que o torne discípulo de Jesus e faça a diferença no meio da multidão e não seja confundido com ela.

Campinas SP 08/05/2012

O LEGALISMO

Venancio Jr

As recentes manifestações por todo o Brasil exigindo mudanças e o cumprimento das leis em vigor nos traz um questionamento. Precisava que o povo saísse às ruas para exigir que os responsáveis (executivo/legislativo) cumprissem com a obrigação para o qual foram eleitos? Se já existe a lei, então, por que não se cumpriu? Nós temos a triste mania de acomodar até naquilo que precisamos fazer e não o fazemos. É o velho costume de agir somente quando somos exigidos e a sermos honestos somente “sob os holofotes”. No caso dos nossos governantes, estes, são obrigados, por força dos cargos que lhes foram confiados, mas acomodaram e se esforçam apenas em praticar a justiça (deles) em benefício próprio. Muitas coisas não funcionam, simplesmente porque não se cumprem as leis que, na maioria, são boas, outras, a minoria, precisa de atualização. Será que precisamos de mais leis? Talvez, no máximo, mudar algumas delas para adequá-las aos anseios da maioria das pessoas. Isto é praticar justiça mesmo que não contemple a totalidade da população.

O que seria a lei propriamente dita? Qualquer ação, quando envolve duas ou mais pessoas, é amparada pelos dispositivos que definem os direitos e responsabilidades de todo cidadão sem distinção.

Para o quê serve uma lei? A lei tem um princípio lógico. Quando alguém a infringe aplica-se as penalidades para uma sentença justa. Isto é lógico e não existe controvérsia quanto a esta questão.

Quanta indignação nós sentimos quando alguém comete algo que contraria a lei e este alguém usa a mesma lei para se livrar da pena imposta. São as famosas “brechas”. Como a lei, provavelmente, “pertença” à ética, então, pode ser que ela não seja absolutamente justa, porque agir com ética, de certa forma, não é ter razão absoluta.

Existem duas perspectivas da visão de um conjunto de leis. Uma afirma que as leis são para nos aprisionar e a outra defende que é para nos libertar. Quem está certo? Discorremos esta reflexão dentro do conceito de que a liberdade total não existe porque fomos compostos para integrar e não para agir individualmente o que seria de certa forma, desintegrar. Quando agimos julgando que temos total liberdade, na verdade, estamos nos decompondo como sociedade. Se não seguimos a lei perdemos a compostura moral e ética. Estes atributos são fundamentados nas leis de Deus que é o princípio de todas as leis e quando pecamos nos desintegramos espiritualmente e o processo do plano de Deus é para nos recompor individualmente e nos reintegrar no corpo.

Será que a lei de Deus precisa também mudar adequando-a aos interesses da maioria? Os cinco primeiros livros da Bíblia denominado o Pentateuco são conhecidos como os livros da lei. O trecho mais conhecido é os Dez Mandamentos em que Moisés foi designado para redigi-la e expô-la ao povo. Com isto, Deus se tornou “visível” ao homem. Antes mesmo de conhecer estas leis, o homem já a infringiu devido o pecado original em que perdeu o rumo e o prumo. Antes da queda, a natureza humana estava intimamente ligada a Deus e não existiam leis porque o próprio Deus é o início e o fim de todas as coisas. Após este período quem ficou designado para continuar a observação das leis e repassá-la ao povo? O escriba era o que redigia os fatos e tinha o observador das leis que zelava pela sua aplicabilidade e a defendia com rigor para que nada fugisse dos ritos tradicionais. Jesus denominou estes observadores como fariseus porque a preocupação destes com a lei estava acima do próprio temor a Deus. Percebemos que os que mais contestavam a Jesus eram os observadores da lei. A lei estava acima de qualquer coisa e os fariseus eram radicais nas suas aptidões. Eram os verdadeiros legalistas ou podemos simplesmente dizer que eram estritamente ritualistas. A parábola do homem rico talvez seja a que mais retrate o legalista. "Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe. Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. Mas ele triste se retirou porque possuía muitos bens". Marcos 10;19:22. O homem rico afirmou que fazia tudo o que estava dentro da lei, porém o coração dele, que é onde estava o seu tesouro, ainda não tinha se disposto a Deus. "Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração" Mateus 06:21. Num destes encontros com os fariseus, o próprio Jesus foi incisivo dizendo que "Este povo me honra com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim;" Marcos 07:06. Ele se referia às pessoas que cumpriam fielmente os seus compromissos, porém, o espírito estava cheio dos valores da terra. Quanto mais perto de Deus mais longe do mundo. Esta é a premissa da lei. É deste desvinculo do espírito da riqueza do mundo que o jovem rico foi desafiado. E a Bíblia fala sobre os pobres de espírito que herdarão a terra. Esta pobreza é o espírito desvinculado das coisas materiais possua ou não bens. Lembremo-nos de Jó. Um homem literalmente rico, mas, ninguém foi fiel como ele. Contraditório? Não! Ele tinha um espírito livre, despojado de bens materiais, tanto é que tudo lhe foi tirado, inclusive família, todos os bens e sua saúde, mesmo neste estado de miséria o seu espírito manteve-se inalterado, não perdendo a sua liberdade em manter-se fiel à Deus.

Existem pessoas que pelo fato de envolver-se na igreja em qualquer atividade ou praticar boas ações seja o suficiente para agradar a Deus, desta forma, garante a vida eterna. Isto é legalismo. Não basta ser bom, religioso e fiel cumpridor das leis, é preciso reconhecer que Jesus não morreu por causa dos nossos "pecados de estimação" que, de fato, nos distanciam de Deus, mas pelo pecado original em que todos foram destituídos da sua presença. Deus precisou cumprir sua lei.

Sendo Deus o Alfa e o Ômega, ou seja, o princípio e o fim de todas as coisas, enviou seu filho Jesus para cumprir a lei e não para eliminá-la. "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir". Mateus 05:17. Por que Jesus disse isto? Simplesmente porque muitos daqueles zelosos da lei desconheciam a própria lei e estavam desvirtuando e interpretando equivocadamente. Mas como Deus, na pessoa de Jesus, ao mesmo tempo critica os legalistas e afirma que veio cumprir as leis e não a mudar? Muitos deles não reconheciam a Jesus como o Messias prometido. Isto estava na lei e deveria ser cumprido. Este cumprimento da lei nos resgata do pecado original. Jesus não era legalista, mas veio cumprir a lei na íntegra e não apenas o que interessa ao homem. Jesus era bem radical nestas questões e com veemência exortava aqueles que cumpriam apenas uma parte da lei. "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas." Mateus 23:23. Observe no final deste texto que as coisas estavam acontecendo dentro da conveniência humana. Impuseram o legalismo e aos poucos foram dirimindo o que julgavam desnecessários à convicção humana. Porém, a salvação que todos buscavam não era mais pelas leis, porque não existe lei sem justiça e justo seria sermos condenados, aliás, fomos todos condenados, conforme a lei, mas, agora vivemos o tempo da graça e somos salvos por esta graça. Efésios 2:8. E qual a diferença entre a lei e a graça? A lei era para o velho testamento onde Deus agia apenas com justiça e nos foi exposta a linha tênue que define a lei e os seus princípios que foram mantidos no tempo presente, que é o da graça. Muitos diriam: “Olha só que beleza, Deus se tornou flexível!”. É uma interpretação extremamente equivocada achar que, como estamos no tempo da graça, então, Deus perdoa tudo sem alguma regra. Basta se confessar, pagar algumas penitências e tantos outros rituais que estará tudo “quites”. Deus perdoa tudo, mas na conformidade da sua graça. Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê. Ninguém pode se apropriar da justiça porque Deus já se apropriou dela e tornou possível a nossa salvação pela graça. Em Jesus somos justificados. Ele é o início e o fim de todas as coisas. A lei é o início de como Deus é para a nossa compreensão e a graça é como Ele faz para a nossa salvação. A graça de Deus não se explica. Tudo o que Deus faz é para a salvação do homem demonstrando todo o seu amor porque já tínhamos sido condenados. Na lei dizia que Deus viria encarnado como filho para morrer pelos nossos pecados. A morte de Jesus seu filho é exclusivamente para nos reconduzir de volta à presença de Deus Pai. A morte de Jesus foi em cumprimento de uma lei e o início da justificação pela graça. A graça de Deus é para manter aqueles que creem, fiéis até a morte. Note o que diz o texto em Romanos 5:20: "...onde abundou o pecado, superabundou a graça". Mesmo sendo convertidos, porém, resgatados, ainda somos pecadores e padecemos o sofrimento do pecado, porém, a superabundante graça de Deus nos mantém firmes que é manifestada para os convertidos em Cristo que reconhecem as suas fraquezas. E esta graça está “amarrada” com a lei conforme está escrito no versículo 21: "...assim viesse reinar a graça pela justiça". Esta graça é diferente da que é derramada sobre bons e maus, justos e injustos como a chuva e o brilho do sol. Esta graça não é para a salvação, mas demonstra a multiforme graça de Deus e isto é fruto da sua infinita bondade e todos são contemplados. Enquanto a graça da salvação é fruto da justiça de Deus pela qual fomos justificados em Cristo Jesus. Romanos 8:23 diz: “Quem intentará acusação contra os escolhidos? É Deus quem os justifica.”

A lei de Deus é perfeita (Salmos 19:7).

campinas sp 07/08/2007

MANIFESTAÇÕES DA CARNE E DO ESPÍRITO

Venancio Jr

Acho que estamos perdendo muito o foco e nos descaracterizando pela febre da política atual do nosso país. Não creio em políticos e não creio na política como forma de transformação das pessoas e nem de uma nação inteira. Será que mudando o governo as coisas irão melhorar? Não é isto que Deus diz em II Crônicas 7:14 quando lemos: “...e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.

Como identificar quem é de fato o povo de Deus? Em Jeremias 24:7 encontramos a resposta: “E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração”.

Conforme este contexto bíblico, as manifestações da carne se tornaram nulas para a transformação que a nossa nação precisa. Esta transformação nascerá no coração dos verdadeiros adoradores pelos quais Deus está à procura (João 4:23). Será que encontrará algum nas manifestações motivadas pela carne? Será que encontrará algum votando as leis? Será que encontrará nas igrejas feitas por mãos humanas? Com certeza não! "Deus não habita em templos feitos por mãos humanas" (Atos 17:24). A Bíblia diz que somos agora o templo do Espírito Santo que se manifesta em nós e também age em nós e através de nós. Sinto-me mal todas as vezes que leio esta palavra. Como pode Deus habitar num corpo pecador? Todos somos pecadores, porém, há diferenças cruciais. Um corpo pecador é diferente de um corpo em estado pecaminoso. A graça de Deus nos alcançou para que não morrêssemos, enquanto a superabundante graça, age para que cresçamos também em conhecimento. É o que diz em II Coríntios 4:16 "Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia". É a palavra de Deus se renovando para o nosso corpo envelhecido pelo pecado. O Espírito de Deus não nos deixa perder o fôlego de vida que precisamos para louvá-lo e adorá-lo. Em Salmos 150:6 lemos que “Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!

Este texto do livro de Salmos reafirma de que não existem limites quando se trata de louvor à Deus que, para isto, basta apenas um coração livre. Não me refiro a ser livre para uma mera manifestação política, o que não é errado, aliás, reafirme sua convicção política, mas não se esqueça de que nossa liberdade inicia em Deus. Em Deus não temos limite para louvá-lo. Louvá-lo? Mas não é só com música que O louvamos? Definitivamente não é somente com música que O louvamos. Louvar é uma expressão esotérica, para entender melhor dentro do contexto desta reflexão, é uma manifestação exclusiva à Deus. No texto bíblico acima mostra que louvor não é exclusivamente música porque tudo quanto tem fôlego deve louvar ao Senhor. As plantas e os animais têm fôlego e naturalmente não entendem absolutamente nada de música. Também percebemos que não há limites, no caso, este louvor sendo música para qual tipo de instrumento que deva ser usado para louvar à Deus. Muito menos o ritmo foi definido e nem o estilo para esta demonstração de louvor, caso contrário, nem a “agitada” e nem a “lenta” irão alcançar o trono da Graça.

A ação do Espírito Santo não se limita à nossa conformidade. Não podemos afirmar que o Espírito Santo se manifesta quando se tem música agitada e da mesma forma não é somente no silêncio que o Espírito Santo age. A ação do Espírito Santo, diria, é “metafísica”. O Espírito Santo se manifesta quando existe espaço para Ele na nossa vida porque, muitas vezes o orgulho, a vaidade, a indiferença, o preconceito, a inveja, o medo, a religiosidade, o partidarismo, a descrença, o materialismo, o exibicionismo, os instrumentos, o ritmo, a falta de amor, a cobiça, a leviandade, a preguiça, a família, o emprego, o carro, os amigos, o dinheiro, a aparência, a fama e o sucesso já ocuparam todo o espaço disponível e Deus não quer o tempo que sobra, (se é que sobra algum), Ele quer exclusividade, caso contrário estaremos alimentando a nossa hipocrisia. Muito pesado? Muito mais pesada foi a cruz incrustada pelos nossos pecados que Ele carregou para que você pudesse louvá-lo hoje. Este é um grande motivo para nos manifestarmos. Alguns apoiam a ordem dos fatores daquilo que deva ser prioridade. Eu coloco da seguinte forma. Deus sendo soberano e como está sob o seu controle, então, Deus em primeiro lugar, o tudo vem depois, cada qual no seu devido tempo e lugar na conformidade de Deus.

O que Deus criou, aliás, Ele criou o tudo e tanto pode ser usado para o bem como para o mal. Uma bela faca de cozinha tanto pode desfiar uma bela carne suculenta como pode matar alguém. Forma errada de uso. Uma bela mulher tanto pode ser uma excelente esposa como uma destruidora de lares. Lugar errado. Da mesma forma que o homem aparentemente belo tanto pode ser um exemplar marido e pai como um fracasso para a família. Não existe forma, existe postura que caracterize a integridade que dará honestidade à sua manifestação de louvor.

O que é um coração honesto? A princípio imaginamos como que os frutos se caracterizam. A honestidade é exprimir exatamente o que acontece dentro de nós, é como um raio-x. O Espírito Santo nos desmascara, nos constrange, nos esmiúça e nos coloca numa posição de pecador arrependido. Por isto devemos ter cuidado com o que cantamos, porque, geralmente não vivemos o que cantamos e, graças à Deus, que também não cantamos o que vivemos (imagine uma letra que reflita a nossa vida), então é melhor não cantar quando não há honestidade. Mas numa situação inversa onde o coração anseia por transformação, a partir daí Deus começa a perceber algo diferente em nós e nos liberta da velha criatura. Esta libertação altera até o nosso humor, leia Salmos 64:10 diz: "O justo se alegrará no Senhor e confiará nele, e todos os de coração reto cantarão louvores". Quem são os de coração reto? Os perfeitos? Não! São os sinceros e arrependidos! Não estou falando de pessoas perfeitas, daquele tipo que foi estereotipado pela igreja: “Olha, aquele pecador se arrependeu, agora ele anda certinho!”. Nada disso. Talvez o arrependimento nasça na necessidade do que na vontade. O próprio apóstolo Paulo tinha dificuldades em “andar certinho” tal como citei quando declarou em Romanos 7:19: “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico!”. Paulo foi um pecador arrependido e sincero. E esta sinceridade não o desqualificou a ponto de Deus rejeitar a sua adoração. Uma das definições da sinceridade que mais se aproxima desta atitude de Paulo seria a lealdade. Lealdade é ser fiel até o fim. Em João 15:04 diz que se permanecermos nEle, (Jesus) Ele permanecerá em nós. Qual a motivação que nos leva a sermos sinceros ou não na expressão de louvor? Este é um ponto bastante controvertido, discutido e mal interpretado atualmente. A partir da “nova unção” amplamente disseminada pelo movimento gospel na década de 90, o púlpito foi transformado em palco e também palanque, os músicos em profissionais, os ministros em artistas e começou algo diferente em meio a tanta motivação estranha. Apoio integralmente qualquer ação no sentido de qualificar tanto a música como também os músicos, afinal, Deus é o principal dos artistas e sua obra é perfeita. Mas a forma de utilização pode ser errada.

A música por si só consegue arrancar belos arrepios porque ela atinge o nosso sentimento e este arrepio é muito confundido com manifestação do Espírito Santo. Muitas músicas causam verdadeiro “frisson” e que nos impulsiona a dançar e até a pular. Isto também confunde a nossa espiritualidade pueril. A espiritualidade é percebida quando a mensagem das músicas, independente do estilo e do ritmo, o impulsiona a adorar à Deus e fazer discípulos. Conheço muitos que se arrepiam e abrem sorriso quando movidos por alguma música, porém seus lares estão desfeitos, o linguajar é comprometedor, a fonte espiritual de alimentação está seca e o comportamento gera questionamento e também não existe a intenção em mudar a situação, porém, a música ainda continua a arrepiá-lo, nada mais que isto, apenas arrepios. Quando assistimos algum filme de suspense também ficamos arrepiados, isto não quer dizer que somos medrosos, é apenas uma reação natural. Não existe magia na música tradicional ou contemporânea e também não são remédios para se tomar em doses homeopáticas durante os cultos. A música é expressão de um sentimento causado por uma transformação de vida e que rende louvor e adoração à Deus a partir de um coração sincero. A adoração e o louvor através da música não são um todo, mas parte de um todo liberto do pecado e que agora manifesta o seu sentimento através das músicas.

Qual a história das nossas músicas? Elas revelam situações vividas por uma igreja? Elas revelam condição humana? Será que é tudo verdade o que diz a música ou os compositores querem apenas nos fazer arrepiar ou dançar? A música particularmente julgo que deva ser “encorpada”. Não falo de arranjos ou muitos músicos e instrumentos. Encorpada a que me refiro é a história por trás da música. Para o verdadeiro louvor à Deus o compositor antes de tudo deve ser um pecador arrependido e posteriormente um adorador em potencial. O ministro de louvor tem o seu valor intrínseco e não usa de subterfúgios para convencer a igreja porque ele é apenas um instrumento e não o principal naquele momento de adoração e o “dono” da unção, agindo assim ele usará de soberba, consequentemente o Espírito Santo não o usará mais como instrumento.

Nem músicas tradicionais e muito menos músicas contemporâneas farão qualquer pessoa chegar-se a Deus caso ela não tenha um espírito desarmado de todos os conceitos pré-estabelecidos. Tudo o que se fala sobre música, louvor e adoração caso não seja assimilado com um espírito quebrantado sentiremos apenas a emoção da música e será apenas uma cantoria e não louvor que agrade a Deus. O que nos fará chegar a Deus é termos uma só fé, um só amor e o mesmo Espírito agindo em nós este é o sentimento de todas as músicas sejam novas ou antigas e de todos os momentos em qualquer lugar de que somos um corpo só em Cristo. Ao contrário do que acontece hoje, não seremos nós que manifestaremos, mas Deus se manifestará através do Espírito Santo na sua igreja que somos nós e somente desta forma toda uma nação será sarada das suas feridas.

campinas sp 02/01/2007

POLÍTICA & RELIGIÃO

Venancio Junior

        Pronto! Agora, salvação somente por decreto. A igreja não precisa mais orar. Não precisa criar estratégias de evangelismo. Não precisa nem ir aos cultos. A lei nos garante a salvação. Confesso que os benefícios quanto mais fáceis, melhor. Salvação, então, nem se fala. Quando irão promulgar esta lei? A nossa bancada evangélica é, a cada dia, mais influente. Da forma como as coisas caminham, os “evangélicos” se tornarão o maior partido do Brasil, com influência no poder público e nas decisões que darão um novo rumo ao nosso país. Seremos, enfim, um país justo. Será que Jesus morreu na cruz para este tipo de justificação? Eu acho que já vi esta história. Política e religião uma mistura sempre sob suspeição. Isto não é novo e vem desde os tempos bíblicos. O próprio Jesus sofreu perseguição política até a sua morte. Os apóstolos de Jesus foram escolhidos pela ideologia política? Para muitos, foi exatamente este o critério adotado por Jesus. Apesar das características e da condição de cada um, tudo levou a crer que o critério político foi o motivo principal. Baseado nisto, surgiram milhares de seguidores que o aclamavam como o salvador da pátria e, talvez tenham até dito: “Roma sentirá o gostinho da derrota! Chegou aquele que acabará com esta palhaçada, e mudará estas leis que sufocam o povo e provocam a injustiça". Jesus, porém, afirmou que não veio mudar as leis, mas cumpri-las. Estes novos seguidores ficaram surpresos com esta declaração. Mesmo assim continuaram seguindo-o na esperança de estabelecer um novo reino, uma nova política para os mais pobres e para os judeus. Mas Jesus surpreendendo novamente disse que o Reino dEle não era deste mundo. E agora? Do que Ele está falando? Perguntou o povo estarrecido. Os líderes religiosos que antes o viam como um forte aliado, principalmente pelo seu discurso persuasivo que conquistava multidões, começaram a desconfiar destas doces palavras. Como nada entendiam, preferiram continuar usando as armas da política. Perguntaram para Jesus, onde estão as suas armas? Segundo os líderes religiosos da época, somente uma decisão política, que era no que realmente acreditavam, resolveria todos os problemas. Enquanto isto, daquela enorme multidão, boa parte já tinha deixado de acreditar e seguiu o seu próprio caminho. Alguns outros ainda o seguiam porque não se conformavam com a injustiça do governo tirano que os dominava e o sistema político da época era muito forte e influente. Porém, estes, ainda insistiam na busca por uma solução política e, obviamente, tentando conquistar (e até conseguindo) poder e influência para definir leis que regem a população. Por que até mesmo os religiosos da época usavam os meios políticos para conquistar a confiança das pessoas e desta forma conseguir influência nas decisões que envolviam questões de sobrevivência? Simplesmente porque o poder só se conquistava pelos meios políticos. Quem tem poder, domina as pessoas e as coisas se tornam mais fáceis para impor os projetos pessoais ou aquilo que julga necessário para as pessoas. Os que acusaram Jesus foram movidos pela política. Todo o processo que envolvia as acusações sobre Jesus era puramente político. Então podemos afirmar que política e igreja “andam de mãos dadas” desde a muito tempo. Será que hoje é diferente? Atualmente os líderes religiosos, principalmente no meio evangélico, estão buscando influência política. Envolvem-se na política e muitos faz o jogo da política porque somente desta forma (e nós sabemos disso) é que se consegue influência nas decisões. A bancada evangélica está no inferno, tentando mudar o inferno, utilizando as armas do inferno. Não conseguirão. Fora do universo político, especificamente dentro das igrejas, foi também criado um campo político onde, muitos líderes, implantaram em suas próprias igrejas um sistema idêntico e usam de alguns subterfúgios para se manterem no poder. Chegam ao absurdo de adaptarem suas teologias usando a própria Bíblia. Lemos na Bíblia que não devemos nos conformar com este mundo. Poderíamos até afirmar que o mundo “não é mais um problema” porque jaz no maligno, ou seja, não presta. Perceberam que as pessoas não têm mais vergonha de se declararem aquilo que antes era vergonhoso e todos aceitam tranquilamente? Este é o sentimento do mundo. O pecado já não os incomoda porque somente a ação do Espírito Santo nos traz à realidade do pecado. Mas e as igrejas, o que Jesus tem a dizer sobre ela? Jesus fala claramente sobre os lobos com peles de ovelhas. Tem também o texto que diz que muitos são chamados, mas poucos são escolhidos. Esta referência é da igreja. Então qual o maior problema da igreja atualmente? O maior problema da igreja é a própria igreja. E o diabo sabedor disso tem usado a própria igreja para destruir a igreja. O sentimento do mundo está no diabo. E o sentimento da igreja onde está? Quem nunca ouviu alguém dos mais antigos pregar que o mundo está entrando na igreja? Isto está acontecendo hoje e não me refiro aos costumes que sempre foram motivos de questionamentos, mas o sentimento do mundo está entrando na igreja. Lembra-se dos lobos com pele de ovelhas? No mundo não existe ovelha, somente na igreja e quem são os lobos? A Bíblia afirma que devemos ser o sal da terra e também a luz nas trevas. Em linguagem simples isto quer dizer que devemos ser diferentes do mundo. E dentro das igrejas, como ser diferente? Como ser sal dentro do saleiro e luz dentro da luz? Imagine um governo evangélico, como seria? As leis seriam: É proibido se prostituir! É proibido fumar! É proibido se drogar! É proibido roubar! É proibido mentir! É proibido ingerir bebida alcoólica! É proibida a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo! Imagine o caos. A cadeia deveria ser os estádios de tanto transgressor das leis. Este mundo está assim porque o próprio Deus criador permitiu esta situação em consequência da queda do ser humano e quem somos nós para proibir? Estamos tentando desfazer aquilo que Deus fez. Será que nunca leram que a nossa guerra não é contra a carne e, sim, contra as potestades do mal? O diabo está rindo daqueles políticos que tentam impedir a sua ação através de leis. Só existe uma saída e não é através de leis. Um joelho em oração é muito mais eficiente do que toda a bancada evangélica e mais alguns simpatizantes. Será que as leis são maiores do que Deus? Uma igreja formada por convertidos pelas leis é como um cemitério cheio de sepulcros caiados. No inferno está cheio destas pessoas que foram, como dizem, politicamente corretas, mas espiritualmente podres. Não será por meio de leis que iremos converter as pessoas das suas transgressões espirituais. Não se conformar com este mundo não é mudar as leis, mas, é não fazer o mesmo que o mundo faz. É não ter o mesmo espírito. O mundo busca solução para os teus problemas mudando e criando leis. Em que temos avançado com milhares de leis naquilo que nos é essencial? Aliás, como igreja, o que nos é essencial? A maioria das pessoas não rouba porque é proibido? Não se prostituem porque é proibido? Não “desmunhecam” por que é proibido? Não matam porque é proibido? Tudo isto tem se intensificado e esta situação putrefaça tende a piorar por consequência do pecado mesmo apesar das leis. As leis dos homens não são as leis de Deus que já existem desde antes da “fundação” do mundo. As leis dos homens darão um retoque no exterior, porém, o interior tem só podridão. Isto é uma armadilha. Somente o evangelho transforma o coração do ser humano. A Palavra vivifica. A Palavra nos renova a cada dia porque o pecado nos envelhece. Sejamos transformados pela renovação da nossa mente e não pela criação de leis. E a palavra de Deus não precisa de leis para ser legitimada porque ela é inspirada pelo Espírito Santo e quem pode questioná-la? O que acontece hoje é que tentamos adaptar a nossa teologia à Bíblia. Deve-se acontecer o inverso disto, vivermos a Palavra dentro da igreja. Fazer uma igreja conforme a Palavra de Deus. Como fazer isto? Viva a Palavra na sua casa. Viva a Palavra no seu trabalho. Viva a Palavra no seu namoro. Viva a Palavra no seu casamento. Viva a Palavra nas suas amizades. Esqueça a sua igreja se ela não vive na conformidade da Palavra de Deus.

 campinas sp 26/04/2013